domingo, 31 de julho de 2016

Domingos na gente


Um beijo de netinho,
em manhã de domingo,
cria, nos desalinhos,
com o Café perfumando,

vislumbres do infinito.

É como arranhar a casca,
ver por fora a pasta,
de cantares tão bonitos

que encantam Joões de Barro,
e suas Joaninhas encantadas,
com alegria pelas madrugadas,

e duetos de cristal raro!

E as pinturas do Sol nascente,
fazem nascer domingos na gente.

sábado, 30 de julho de 2016

Olhar que emoldura


O amarelo dos olhos
permite ver no escuro,
torna suave, o duro,
e é o olhar que escolho

como o mais lindo
entre tantos que tem...
Se bem que... Tem também...
Mas os olhos luzindo

da Coruja que investiga,
no fundo mais profundo
neste e n'outro mundo,

me fazem pensar numa cantiga,
que me verte em formosuras,
deste olhar que te emoldura.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Um canto multiplo


Um mesmo canto
pode ser cantado,
vertido, gerado,
de tanto jeito, tanto...

Uma mesma canção,
cada vez que parida
aquece o coração

e acolhe, dá guarida,
aos baixos do Violão,
ardidos da dor sentida,

na Violinha cantadeira,
nos Zabumbas e Pandeiros,
Triângulos e Bombos Laneros,
Charangos e Rabecas faladeiras.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Passarinha Violeta


Uma passarinha canta
pelo Tempo, seu céu azul,
por dentro do Vento sul,
Mapuches lembranças...

Tempos de farturas libertas,
de belezas onde o Povo,
tão sofrido, pari o novo,
cantando pelas frestas,

onde lhes permitem respirar,
os donos senhores das minas,
que ferem a terra, as matinas,

os meninos, que podemos cantar!
Em seu Canto Violeta pequenina,
acalenta a nós, Estrela menina.
 

quarta-feira, 27 de julho de 2016

O que é, o que sou, o que trago comigo


Quero dizer que o Vento,
leva dor, traz alegria,
leva as tristezas do dia,
e quando vem, traz alento...

Querer eu quero... Posso?
O que traz meu irmão,
que anda em toda direção,
do alto céu, ao fundo poço?

E ainda assim digo,
porque o dizer determina
a vida, que então, me ensina,

e eu a tudo bendigo,
e a cada instante minha sina
será a Alegria que trago comigo.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Maternas águas


Os cantos dos povos
de nossas Mães, cantavam!
E os Reis, de novo e de novo
tentavam apagar, tentavam...

Mas a Mãe floresce
onde se pensa seco,
nos asfaltos, nos becos,
Ela sempre aparece...

Ela vem das águas,
Iara encantada,
Dona Janaína amada,
que nos lava as mágoas...

Em Nu Gua o mundo
se equilibra e se gera.
Em Isis, a flor de tudo,
pelo Amor, nos regenera.

Em Nanã, água de mangue,
é onde a vida brota mais,
onde os filhotes acham Paz,
pra suas almas, seu sangue...

E na avózinha do Altíssimo,
naquela que gerou Maria,
S'Antana, água do dia,
Mãe da Mãe do Amor Vivíssimo!

O mundo se cria
nas maternas águas
da alegria!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Olhar de Gata


A vida que habita
a planta, o Periquito,
habita a Gata que fita
inadvertida o infinito,

e questiona, e pergunta:
até onde corre
este rio, de quem aguenta,
e também de quem morre?

A Gata, na moldura,
observa os movimentos
que se fazem com o vento,

e que produzem as criaturas
em suas danças/fundamentos:
seu olho pergunta e procura.

domingo, 24 de julho de 2016

Crianças


Crianças são antenas,
do que somos e sentimos.
Sons indistintos e finos,
e graves, as mesmas,

as velhas idiossincrasias,
nós, os meninos,
as meninas e o destino,
brincando heresias,

sem medo e vergonha.
Cremos e dançamos
cantamos e seguimos,

e, do que se componha,
esta lida que nos damos,
por crianças, festamos e rimos...

sábado, 23 de julho de 2016

Cantiga de Sol raiante


Aquele canto,
como um estalo,
se ouvia em todo
lado, a lado, alado,

voando como pena,
sabor do vento,
cor, leveza, alento,
aquele canto acena,

e mostra um novo,
um trilho inda antes,
nunca, mais distantes,

fossem os de meu povo,
trilhássemos caminhantes:
vermos este Sol raiante...

sexta-feira, 22 de julho de 2016

As horas do dia


Um suave talco
cobria minhas vestes
que são um palco
que ostentam hostes,
(destes "mim mesmos")
hostis e risonhos.

O vento cortava
as horas do dia,
e na intensa letargia
tudo se dava...

A rapadura era feita,
o chão capinado,
o feijão colhido,
o arroz pilado,
o café torrado,
e  a vida, nestes
afazeres, se consumia.

Só o vento cortava
as horas do dia.

E um suave talco
cobria minhas vestes.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Llibre Vermell*


Cantamos pelas ruas
há tanto tempo...
Éramos insensatos, atentos,
fortes eram as emoções cruas...

Nas antiguidades,
homens de reza resolveram
escrever dos cantos que ouviram
nas ruas da cidade...

E uma capa vermelha
cobriu  todas as notas,
escritas e soltas.

E um nova alegria velha,
meu corpo encontrou,
e nele, de novo, dançou

*Livro Vermelho

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Do dia que espero


No velho Cerrado
de pedras e Condombás,
niveladoras, retros e pás,
ajustam o traçado,

da rodovia que sulca,
e avança e seca,
e viola e peca,
em balneário de repulsa...

Eu que ainda vi
alguma cor e tempero,
dos matos e seus cheiros,

mais do que sucumbir,
tenho o dever sincero
de construir o dia que espero.
 

terça-feira, 19 de julho de 2016

Rei no ar


Nesta casa,
que dizem de Jorge,
o guerreiro de lança...

Numa dança,
que em fogo se forja,
e em pedras se embasa,

cheguei pra cantar.
Cantigas pra Ogum,
da guerra como nenhum,
minha cabeça de lutar!

Cantigas pra Oxalá!
Príncipe que me chamou
destas minhas lidas Xangô,
e por toda harmonia, Rei no ar!

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Caminho à esmo


Um canto se projeta
sobre os campos,
neste trilho estranho,
estrada que se decreta...

Existem os que creem
que não temos direito,
esquerdo, vontade no peito,
e por isso, latem,

seu latido de autoridade!
Gritam como acreditassem
que são o que se fazem...

Chefes d'alguma alteridade,
que não eles mesmos...
Lá se vai, seu caminho à esmo...

domingo, 17 de julho de 2016

Tão ruim


Nem nada.
Tudo que vento,
apenas invento,
mentirada...

E nem deveria,
e nem a estrada,
nem a caminhada
desta porcaria,

que sinto e sou.
E quem de mim
se iludiu, tadim,


nunca nem sonhou
que o que me sobrou
é tão ruim assim...

sábado, 16 de julho de 2016

Azul voado


O canto dos Passarim
voa e se alimenta
do que veste e esquenta
mas, mais do azul sem fim...

Que este tal azul
pra Passarim é cama,
onde deita e se esparrama,
e se cobre sobre tudo...

Então, meu canto,
um Passarinhar assanhado
que as vezes, voa errado,

mas, azul, mais quanto
vier, será cantado,
comido, coberto, voado...


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Divinizante

Kammatthana_Yantra

Quanto do caminho
é tombo?
Haja lombo
pra tanto espinho...

E se não tombo sozinho?
E se eu,
tombador e tombante,
erro, e o espinho,
que doeu,
passo adiante?

Haja leme,
pra nós, gente que geme,
a dor lancinante,
lembrarmos
de nossa realidade
Divinizante!

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Re-ter-ser-se a si


O medo me isola,
e me rala.
Custa a saber,
que a ocasião é cara...
Não no sentido
do preço,
mas do apreço
que se sente e fala...
Entende?
Entendido?

E no que diz respeito
às rimas claras,
sempre fui mais
dos rumos raros.

Devo dizer,
que eu, sozinho,
sempre preferi
atalhos novos,
que velhos 
caminhos.

Hei de seguir
porque a Estrela
está em não estalar
quando tudo apontar
(des)existir...

Então, seguir,
seguir, seguir...

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Estrada


Um passo além
de mim,
do que se sopra,
disto que enfim
canta e sobra
em meu sangue carmim...

E tudo porque corro
a corrida respirada
a certeza perdida
na alegria achada
de saber que vivo, e morro...

O Tempo é Lago.
Água/Luz que lava
e re-faz o que foi estrago.

A vida,
estrada,
onde se correr, chego,
rio que se movimenta
se se nada...

terça-feira, 12 de julho de 2016


Cada um
dos incríveis lugares
com que a vida nos brinda,

nos mostra
e nos mantra,
em cada uma de nossas
coisas lindas!

(E ainda que não haja
mais nada a dizer,
esta nova estrofe,
quis fazer...)
 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Minuano


O vento me deu
um presente frio
lindo, chuvoso, rio
que corro pro de meu.

Então me encontro
neste Porto  como de vistas,
árvores e Sabiás ariscas
e benevolentes do tanto,

que o Tempo me tem dado,
de ver estes pedaços
tão lindos, que me refaço,

e me sigo, lado a lado,
pelos seguidos passos,
porque, este destino faço.
 

domingo, 10 de julho de 2016

Que late em mim



Antes que a dor de uma
angústia latente,
distante e demente,
por fim me consuma,

vou cantar cantos azuis,
entre as cores sob o céu,
entre as flores, tu e eu,
em canteiros de Blues,

em Milongas de asfalto,
em Xaxados arrastantes,
em agudos triangulantes

e graves Zabúmbicos altos!
Pra fazer Música do fim
desta dor que late em mim.

sábado, 9 de julho de 2016

Sucinto


O que é eterno
e infinito,
dentro e fora
destes botões meus,
por chãos e céus,
é etéreo
e bonito.

E eu,
sou e sinto.

Como são as coisas de Deus:
ser tudo
e ser sucinto.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Anotações que tenho feito

Velhos escritos, guardados,
mostram um mundo
de infinitos redondos,
chapados, triangulares, quadrados...

Antigas anotações
são diárias pendengas,
são Corcéis nas refregas,
repisando os corações,

que certa vez, fomos.
Vê-se cada peito,
se esvaindo de um jeito,

cada rima que soma,
cada riso de efeito,
anotações que tenho feito.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Do que converso


Eu visitava minhas,
as paisagens velhas,
o limo nas telhas,
o vento nas linhas

de um trem que apitava.
Bem antes já vinha,
e pra quem se atinha,
o apito anunciava...


E esta visita, então,
nada mais demonstrou
do que de onde se gerou

firmando a profunda relação
entre a orígem do que verso,
e o dia a dia, de que converso... 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Cantante errante


Me lembrei das águas,
frias, num mês ventante,
num dia frio e distante,
em que atravessei léguas,

e encontrei paisagens
que nunca visto antes,
que nem nas estantes,
nos livros das viagens,

e eu estava ali, diante,
do improvável recorrente
da vida galopante/estridente,

e só pude pensar cantante,
e me pus a compor correndo,
esta canção que foi nascendo.

terça-feira, 5 de julho de 2016

A história


O tempo se vertia
em oceano e movimento,
maré, água se movendo,
e o mesmo lugar havia:

Só o mar, único,
em sua pequenês,
sempre houve e se fez,
feito cantarolar telúrico,

numa canção que se
compusesse, pintasse,
como um quadro que falasse,

ou um cantor que dançasse,
e o mundo então se encantou,
e toda sua história, ganhou!

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Novo dia


Uma canção de lindezas
se caçava e cozia
da cozinha com pia
às bordas e redondezas...

E nos invernos das praias,
o vento e neblina
cores de beleza fina,
euforia das interiores raias.

E neste por dentro, e fora,
e antes e depois, a vida,
em cada canção vertida,

em toda ação que cora,
e se embebeda de Alegria,
e a cada vez, inaugura novo dia

domingo, 3 de julho de 2016

Feito cachorrinho




Nem sempre consigo entender

o prazer dos cachorros,

em sentir um toque, um sopro,

uma atenção do perceber



da gente, na barriga, no torso,

com a ponta do pé,

com uma atenção que nem é

tanto (dá até remorso),



pois primeiro os bichinhos,

querem estar perto,

e dizer, sem dizer, de certo,


que qualquer troca será carinho,

quando a alma se lamber

e se trocar, feito cachorrinho.

sábado, 2 de julho de 2016

Nova madrugada


Neste dia se celebrou,
se viu e vê o brilho
com que se fizeram filhos,
e tudo que se criou,

e cada história vertida,
e toda emoção que escorre,
e tudo que se nega e não morre,
e a alegria desta nossa vida.

E só, e sempre, sozinho,
visto-me dos ventos,
antes, depois, por dentro,

pois que, mãos dadas no caminho,
caminhamos rumo a nada,
certos de uma nova madrugada.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Donas e donos do mundo - quem trabalha


O vão do mundo,
onde moramos,
é vasto e fecundo,
pra que o fecundemos.

E fecundado, nasçam,
de nós, por todo lado
flores e frutos sagrados,
pra que os meninos crescam

na Fartura que nos cabe,
na beleza que foi feita,
por quem trabalha, e se deita,

no final da lida que sabe,
começa no dia seguinte
em canções, e tudo que existe.