sexta-feira, 30 de novembro de 2018

...consome...


Um mês concluído,
cada dia trabalhado,
em cada lida, no mercado,
na guarita, mês vivido...

Por quem tem emprego,
e por quem espera,
e pede a Jesus, e ora,
e vê a vereda, apesar dos pregos...

Em cada alimento
consumido com o salário
morre em que, o missionário?

Qual o maior tormento?
O suplício da fome,
ou matar a arte que me consome?

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Vazio e distante


O tempo retarda, 
mas não alivia
a dor sem valia
que a gente se acerta...

Eu vinha e lambia
e toda a certeza,
que posta na mesa
queimava e ardia...

Mas antes de tudo,
sei lembrar das horas,
feito uma Portuguesa senhora,

ou um navegante no mundo,
verei nascer dias, onde antes,
era vazio, e distante...

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Movimento


A dor que me excrucia
há de ter em si, raízes,
pra além das cicatrizes
que o tempo dá todo dia...

A tristeza que me banha
há de ser visível desde fora,
de muito pra lá da estratosfera,
pra eu merecer a gentileza ganha..

É o que rogo o tempo
todo, neste solo que toco,
em Luares, sentado em tocos,

passo a passo, sendo vento,
cansado de só, e tão pouco,
incrivelmente letal movimento...

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Tablas


Num tempo, entre aqui e eternidade,
o que soa é a cantiga, tanto moderna,
quanto quadrada, interna, externa...
S ó  penso mesmo é na efemeridade...

Eu viajei em sobre luz, na Galáxia,
marquei os pedaços e os sonhos,
nem mais felizes ou medonhos,
mas antes cantores com dislexia...

Que antes, a gente não sabia,
sabe? Destes nomes de disfunções,
pros que fugimos dos padrões,

pros modos  outros da cantoria,
repensada em solos e bordões,
animada por mil Tablas de rebeldia...

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Nas mãos...


O novo te assusta? Tu salta?
Tu pensa que perdeu a esteira?
Acha que se enrolou, na rabeira?
Pois, te saber é o que te falta?

Tu estás no tempo certo,
do momento mais profundo,
neste, ou qualquer lugar do mundo,
muito longe, muito perto...

E tudo que vivemos, é eterno,
como o foi quem pelejou
e nas durezas, se quebrou,

pra mostrar o caminho terno,
de amor e compreensão,
que teima em nos escapar às mãos...

domingo, 25 de novembro de 2018

Dentro e fora


Fora daqui, tudo excede,
transmuta a Luz serena
que separa Joios e Verbenas,
e verte-se em trigos e peles...

Dentro de mim, ou no que me sucede,
catarei papoulas e jasmins,
ferverei em ampolas e cadinhos,
na tecitura do perfume que me segue...

O tempo se rasga, aqui, agora,
e o improvável canta,
no Grilo, no Sapo, na planta,

e mostra, nesta atemporal memória,
a beleza sem par do que é simples,
na essência dos simples viventes...

sábado, 24 de novembro de 2018

Desaprendição


O que a gente aprende,
é que as plantas daqui,
são piores que as de outro aqui...
E é isto o que nos prende...

É que a gente deste lugar
é (des)melhor que o de longe,
que em outra língua, esconde,
nosso direito de gritar:

Que nossa terra é linda!
Nossa gente embeleza profundo
com o frescor mais fecundo

da beleza masculina ou feminina...
Há fartura neste mundo,
que nem hoje começa, ou termina...

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Muito bons...


Mesmo sem ter,
ouço uma Cigarra...
Aquele som que te agarra,
e te zune pelo éter...

É certamente parte
da Sinfonia multi-multipla,
que ao Universo inteiro acopla,
e canta, e faz toda arte...

Por isso, escutamos as notas,
as bases, os solos, as plantas,
pois tudo que existe, canta,

neste nosso canto/horta,
onde cultivamos comida e sons,
ambos, muito, muito bons...



Pra Zé Nobre

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Não perfeito...


Foi num sopro de mar,
qualquer, vagas e ventos,
subir e descer, no tempo,
por cima tudo, e o luar...

Foi numa beira de rio,
a beleza ali, cantando,
a água majestosa, passando,
e eu suspeitando desvario...

O eterno e inacreditavelmente
belo, é antes insuspeito...
Como a Lua aparece de um jeito,

e num outro, se apresenta diferente...
Não tá na Lua... Tá na gente,
que somos maravilhosos, não perfeitos...

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Desafio


Em tempos de exatidões,
verei lembranças, e certezas,
restos de banquete, à mesa,
gostos de adagas, amarguidões...

Então nem serei elas,
nem verei mares, portos,
calores, sabores, vivos, mortos,
e sobretudo abrirei as velas...

Mas a definitiva experiência
de tudo que verbaliza e olha,
como a cor de cada folha,

é mais que olhar, é ciência,
no sentido do fazer, que molha,
e tece, e fia, desafia a existência...

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Mar(idades)


Um certo mar, incerto,
no amor de si consigo, incesto,
inverso em ondas e sargaços, disperso,
ventado em prosas e versos, por certo...

Nele naveguei, absorto,
sempre um barco a chegar, no porto,
na beirada, onde tudo está, vivo ou morto,
toda vida que na vida há, longe ou perto...

Caminhei na areia, mergulhei,
no mais profundo do profundo,
e ainda mais fundo, frio e escuro,

ou no tórrido Sol me queimei,
em toda água que existe no mundo,
onde tudo é mais imundo e mais puro...

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Da dor, e do que vai chegar...


Amargor na boca, nos cantos,
nas tristezas de ver a dureza,
dos embrutecidos pela indelicadeza,
afogados na dor que se refaz nos prantos...

O dia começou marcado pelo medo,
que pra esta semana, dá início
numa corrida fadada ao precipício,
e mostra o já anunciado enredo...


Aquele mesmo que de tempo em tempo
se revê nas linhas tortas da história,
nas amarguras mais duras da memória,


mas, que sei, se irá com o vento,
quando a manhã de Sol apontar
e o dia da Alegria, veremos chegar...

domingo, 18 de novembro de 2018

Em busca do canto leve...


Senti uma dor que me habitou,
na forma duma infelicidade, destas...
Fatal cantoria, nas mais tristes festas,
ou desfaçatez, pela Paz que se arredou...

Sabe? No terror da guerra nefasta,
na imbecilidade nascida do pavor,
que na ponta da faca faz ardor,
e corta a vida, e de morte a infesta...

Pois, a tristeza veio travestida
da beleza chorante nas melodias,
das crianças gritantes, das desalegrias,

e se mostrou brutalidade na lida...
Mas, apesar das levezas arredias,
haverá canto leve, pra curar as feridas...

sábado, 17 de novembro de 2018

Feliz vivente



O dia se matinou das delícias
da alegria de ter realizado,
um velho sonho esperado,
e vivido nas bordas de carícias...

Por que o belo, vem do carinho.
Tem que haver ternura, e paixão,
como o vento tem pelo chão,
como a mãe, pelo nenenzinho...

Então, o sonhado se fez música,
se fez comida boa, boa bebida,
e nesta festa, se re-fez a vida...

E este sonhador se viu sem dúvidas,
como um Passarinho no galho,
um vivente, sem ato falho...

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Monolito


A certeza lidera a solidez
da pedra, parada no caminho.
O seixo solto tem seu ser sozinho,
quando distinguido do que se fez...

Sabe? O monolito grande,
de onde toda pedra pequena
separada, áspera ou amena,
miúda ou crescida, descende... 

Meu canto é leve e voador,
anti-rocha feito de penas,
pesadas e diáfanas, serenas,

agitadas pela presença da dor,
alegres como a vida mesma,
como tudo, vindo de pedregulho maior...

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Loas


Carlinhos Piaui, tristemente,
em sua ausência nos comprova
que o mal ao corpo, faz bem à obra
e a morte valoriza o artista/gente...

Mestre Zezito, que nos alegrava,
em sua falta ganhou "Mostra"...
Porque na vida, esta, sua mestra,
pelo ordinário alimento muito suava...

A arte é alento pras pessoas,
torna leve o Fado das caminhadas...
Mas pra quem a faz, quase nada,

da vida, do cuidado, das coisas boas,
além da própria arte inventada,
que, também alenta quem canta as Loas...

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

(Re) encontros


A beleza dos (re) encontros
se divulga no tempo,
feito cheiro bom, no vento,
e nos traz de volta ao centro.

A leveza destes momentos
canta cantigas novas,
refaz ancestrais trovas,
colorindo nossos sentimentos...

Eu lembro, cada vez que vejo,
dos sorrisos nos olhares,
das eternidades, dos pesares,

das certezas, das dores e beijos,
que me são matéria de Poesia,
de Canto, de memória, de Alegria...

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Seres alados


Um perfume me ventou
os olhos marejados de dor...
Que antes, nem via mais flor,
onde um jardim já se plantou...

Uma certeza canta minhas horas:
a de que bradarei assombrado
a leveza dos seres alados,
mesmo quando a desalegria vigora...

E me gorjeiam então, assim,
Passarinhos alegres coloridos,
com seus tititis e alaridos,

sendo a força e a vida, enfim,
antes dos começos dos sentidos,
de tudo o que sinto em mim...

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Liberdade



As pedras que levantamos,
os ares em vento trocados,
as linhas dos dias passados,
e tudo mais que esperamos,

são os mesmos sonhos cantados,
nas odes de honra e de dor,
nas promessas plenas de amor,
nas certezas dos desejos encantados...

Pois que ontem, e hoje nos levantamos,
seguramos firmes as bandeiras
da Paz, da Justiça, da brincadeira,

da leveza que em nós materializamos,
porque do povo trabalhador é a dianteira
na luta pela liberdade, que amamos...

domingo, 11 de novembro de 2018

Meninos


Picar alho e cebola,
fritar arroz e feijão...
Um dia a dia, celebração,
de simples alegria tola,
porque tolo é o coração...


Ou será que não?
Será esta felicidade
aquela da simplicidade
que surge na imensidão,
e se cristaliza na verdade?


Eu apenas vejo a claridão,
da leveza do desatino,
que colore nossos destinos,
e se cria de nossas mãos,
desde nós todos meninos...

sábado, 10 de novembro de 2018

Canto


Um canto pra uma pessoa,
viver, ouvir, falar, chorar,
sentir a brisa do mar,
e criar no seu tempo atoa...

Um espaço pra se voar,
com calças de linho leve,
sentenças de eternidade breve,
e alegrias pra alma encantar...

A vida pede força e perícia,
calor, amizade, vontade,
intensa lida, com bondade,

e tanto quanto possível, carícias,
pra gente se verter inteiros,
libertos, como flores nos canteiros...

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Haver...


Eu vim pra cá pra tocar,
pra servir ao mundo pelo som,
pela canção, pelo seguir do tom,
pela atenção que fiz soar...

Estou então sentido,
feito o mais distante falado,
feito o queijo, a faca, o prato,
sem a fome, e o que lhe dá ouvidos...

Seguirei então esta glosa,
que os cabelos arrepia,
na forma das cores do dia,

e aos cabelos molhados tosa....
Eu e este dia a dia
com tudo mais que há, e havia...

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Tentação


Quem de nós saberá, ou sabia,
da noite cantada por grilos,
da dor excruciante do exílio,
da maldade que povoa estes dias?

Quem imaginava essa letargia,
a retardar as sombras e luzes,
povoar nosso medo de cruzes,
e cantar horrores à revelia?

A história se apresenta insólita,
e chuta nossa bunda, inadvertida
e seguidamente grita que a vida,

pode nos jogar contra a parede sólida,
e por isso, pede nossa atenção,
pra nos salvar da armadilha da tentação...

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Caminhada


Uma velha canção, se fez nova,
mostrou-se intransigente e fina,
cantou-se nas tardes e matinas,
firmou-se em Loas e Trovas...

E eu, cantor das arrelias,
andante, ventado nas estradas,
não vendo pouso ou parada,
sigo pra me encontrar com o dia...

Pois que a noite sem guarida,
é tempo de seguir caminhada,
sem temer a rota atribulada,

mas, antes, por amor à vida,
ter nos passos seguidos, comida,
e na sequencia dos rumos, morada...

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Ânimo



Nem bem sabia quanto tempo
os invernos destes dias contariam,
e as verdades velozes voariam,
pra mostrar os perfumes do vento...

Nem ainda esperava as horas,
e tudo que vertia de mim cantava
feito a onda que a praia beijava,
ou a leveza que nos levaria embora...

No mais, apenas penas e risos.
Soprarei sobre os dias, intenso,
como a beleza do que vivo e penso,

não sendo exagerado, ou conciso,
mas verdadeiro com meus sentimentos,
triste e alegre, animado no abatimento...

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Gratidão a Seu Badia Medeiros


Uma raiz na ancestralidade
deu troncos, folhas e luzes,
tocou toadas de cores Andaluzes,
Africanas, e de Goiáses Mineiridades...

Veio de seiva na árvore Medeiros,
cantador, domador, dançador,
fazedor de Burros de sela, de valor,
tocador de toadas, batidas, ponteios,

este senhor/nome, de devoção à abadia,
dedicou a vida à universalidade,
pra contar histórias de valor e verdade,

porque nunca abriu mão da alegria,
da beleza, da leveza da sinceridade...
Ele hoje, cantou pra subir pra eternidade...

domingo, 4 de novembro de 2018

Sina


Uma cantiga se espalhou
nos ares e seus perfumes,
nas estrelas e seus lumes,
clareando a noite que passou,

deixando lugar pro dia,
mostrando pra nós a certeza
da vida cheia de belezas,
e tristezas, em cor e rebeldia...

Eu atinjo tudo, e além
as certezas e suas alegorias,
incertas, feito o dia a dia,

cantantes, distantes e que vem
da lida humana e sua sina,
que em tudo, em nós, nos ensina...

sábado, 3 de novembro de 2018

Além


Quanto tempo posso passar
sem ver a Poesia se proceder,
ou o etéreo, sutil suceder
os mistérios de não se cansar?

Quantas horas sem perceber,
o voo da vida nas eternâncias,
o riso dos pequenos, nas distâncias
percorridas e por percorrer?

Sei que sigo feliz, e aleatório,
como o vento no campo florido,
um Beija-flor no jardim colorido,

ou o Sertão de dentro, notório,
no que se verá cantante e divertido,
cooperativo, pra além de predatório...

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Seguindo


Vou tentando plantar Roseiras
nestes chãos que amam espinhos...
Eu sei que não sigo sozinho,
e muita gente segue esta esteira,
só que as vezes a canseira é tanta,
como se só Espinheiras Santas...

Sei que a Rosa também nos fura,
as mãos ávidas por suas flores...
São símbolos clássicos dos amores,
signo máximo do que nos cura,
mas vejo, que de dentro de mim
brotam pontas de não e sim...


Opto então pela fé na certeza,
de que em nós, e em tudo
nascerão sementes do amor infindo,
que deposita fartura nas mesas,
pra ganharmos o céu mais lindo,
e voarmos nesta terra, seguindo...

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O que toco e penso


Na véspera destas horas,
no eterno deste dia ancestral,
muito mais distante, que mal,
entendo o que de fato vigora...

Sabe? Na esteira das eternidades,
onde se canta a alegria certeira,
e a leveza chega ligeira,
e se fortalece diante da verdade...

Nem saberia, agora, se visse,
o vau das horas, do tempo,
que traz perfumes no vento,

e certezas, do que se contradisse,
mas cantaria como o cheiro intenso,
de grande beleza, o que toco e penso...