sábado, 6 de abril de 2013

Que nem se diga

... Mas me escapa a razão de parar.
Nada, nem nunca houve alguém alado,
Que ventasse a vida, e assim ainda ao lado,
Que nem aquele velho, filho da areia com o mar...

Ou este velho, que faço estes alfarrábios,
Como uma conta de contas coloridas,
Como um unguento pra todas as feridas...
Sou um velho que sonha um dia ser sábio.

Nasci velho, e já em bem tenra idade,
Sabia que sabia do que ainda nem sonhava,
Ainda que em sonho por vezes aparentava,
Que até em meu sem saber havia claridade.

Eu ainda era menino e já parava, por nada
Num canto escuro e claro, como o infinito,
Pra buscar o ar, inspiração, de um grito,
Que chamaria velhas experiências, re-visitadas.

Desde o começo que tudo sempre foi um caleidoscópio:
Sem fim de cores e belezas, sem nenhum ordenamento,
Toda a inspiração e nenhum anterior procedimento,

Que me passasse por sobre a dor, e que o estetoscópio,
Só ouvisse de meu coração sua batida de contentamento,
Acompanhando uma minha canção, pr'alma alimento.

E o mar, este mesmo mar que me trouxe de ares distantes,
Cantou-me importantes acordes da canção mais antiga,
Soprou sua flauta de corais, e se ouvia ondas na cantiga,

E me pediu que me lembrasse sempre, depois, agora, antes,
Que eu sempre terei por perto sua mão forte e amiga,
E que eu mesmo sou um inteiro feito de partes que nem se diga.

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