quinta-feira, 10 de abril de 2014

Meu sopro


Desenho autoral de Maria Nanim

Então, cantar não é mais que sopro.
Não é mais que sombra, sóbrio samba,
Em que canto belezas firmes e bambas,
Mas, tudo é sempre sobra de sopro.

O etéreo é a mais dura rocha que existe.
O vazio do vácuo, que imaginamos sem ar,
É o ar em seu mais intenso e forte pulsar,
O vazio é tudo, até qualquer existir triste.

Ou qualquer existir alegre, saltitante,
Um existir sem franjas, sem colares e pulseiras,
Ou um existir "Boi de Laurentino" em Caieiras,

Lantejoulas crianças em brilhosos instantes,
Onde o inaudito se lança às carreiras,
Este meu sopro de cantar a me enfeitar as eiras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário