sábado, 4 de outubro de 2014

Carranca


E eu vivia como um harpejo, 
me decompondo em cada nota,
em cada pedaço, laço, vaso, porta,
Rosa ou prosa, Cangaço e beijo.

Eu sentia como sente o vento,
que passa em todo canto
que se exala em febre e espanto,
em cantiga de boi, acalanto lento...

E nas beiras de tantos rios,
ventava galhas, soprava a água acesa,
lento como sonhos de leveza,

veloz como estados de delírio,
amplo como a mais pífia miudeza,
feito uma carranca descendo a correnteza.

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