segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Ato criativo


Quem busca
o ato criativo
pensa em síntese?

Quando é 
que a criação 
se enxuga?

Um canto,
pode plantar
nas almas, delírio?

Ou o prazer,

se infiltra sutil,
e desvia o pensar?

A quem,
quem cria,
deve se reportar?

Tantas são as perguntas por perguntar.
Tantos são os pecados, marcados em cada um que apontar.
Então, quem a criar se preza, arranja imensa empresa pra trabalhar.
Canção, e soberba beleza em cada desdobramento que chegar.

domingo, 29 de novembro de 2015

Instante


Como escorresse
caldo grosso
          e delirante...


Um Universo raso, que
se ampliasse, rápido e incessante
          desta insensata sensação
de que o tempo é rio,
                            e vai,
de fio à pavio
   numa direção
                       constante....

Pois que conste
que é esta 
uma particular
      e rara forma de imaginar
                             o
                                     instante.

sábado, 28 de novembro de 2015

Sou eu nisto


Sou do tanto,
quanto sonho,
tendo o tanto que disponho
nos quatro cantos.

E em mim, feito amuleto,
em cada composto
todo nervo exposto
fez-se obsoleto.

E uma floração no terceto,
não (des)denuncia a prova
que marca e reprova,

ou eleva e contrapõe, de certo,
e de certo nada é mais nova,
que a velha forma de Soneto.

Pra Jorge Amâncio


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Luzir


E o Sol borda o dia,
este, o de ontem,
e antes, e sabe quem?
Quem sabe, diria?

Verto de mim, signos,
sentado no fundo
da caverna do mundo,
vendo fagulhas, imagino,

o mundo real, além daqui,
e aqui, e em toda cova,
que nem esta, que a nós desova

neste sonho de luzir,
cada uma e um de nós,
desde os nossos mais antigos avós...

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Inclusivos


E era gente sem teto,
sem tato, lado ou tampa
e em cada bueiro infecto,
ainda há quem lamba...

E era vasto sem vista,
como um armazem
onde ninguém tem
e querem que se invista..

Viver então comporta,
remédios e largos curativos,
nos mantendo vivos,

feito a cantiga que exorta,
re-planta matagais nativos,
que nós todos, pensemos inclusivos!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Aprender que é ensinar


Se me ponho olhando,
o que realmente aprendi,
nem me lembro bem...

O aprendizado é sendo,
um "do que vivi"
e do que ainda vem.

Eu canto esta cantiga
nebulosa e clara,
fecunda, vulgar, rara,
novíssima e tão antiga,

porque sou só cantar,
ar que reverbera,
vento pela terra,
num aprender que é ensinar...

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Histórias


Vim foi cantar estas,
velhas minhas histórias,
sofridas e alegres memórias,
de prantos e festas,

de portos e costas,
de estradas e vilarejos
de céus, dons, desejos,
alguma Luz, muita noite posta...

Pois sigo a caminhada,
e se me segue soturna,
uma suspeição noturna,

chegarei à madrugada,
como tenho chegado
e minhas histórias contado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Música


É dentro, in,
de si, insofismável,
canta e é admirável,
e veste-se, assim,

cores graves esvoaçantes
contas de belezas leves
e ventanias breves
em dedos delirantes,

voando sobre as cordas,
acordes em verde,
em saciação de sede,

em mim de tudo acorda,
de saber desta rede,
que em tudo, a cada veste.

domingo, 22 de novembro de 2015

Lamber as luvas


Os encantos da corrida,
que o dia pede, e solta,
e pelas idas e voltas,
em cada coisa ganha vida.

E então corremos,
ao encontro de tudo
do sempre absurdo
do que não temos.

E nas penumbras,
lousas, lingeries, chapéus,
separando o corpo do céu,

ensinando a lamber as luvas,
e dos altos, ver as pelejas,
aqui, além, onde quer que seja...

sábado, 21 de novembro de 2015

Vagas espetaculares


Em minhas praias,
há frio, há medo,
há a alegria do enredo,
de buscar outra praia,

nestes meus tantos mares,
digo que um barco iria,
suas velas levantaria,
só pelo prazer dos novos ares,

das novas cores e alegrias
das tristezas de nova cor
de vinhos de outro sabor,

de pratas, ouros e especiarias,
porque, nestes meus cruzares,
me perco entre vagas espetaculares...

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Na hora


Se fosse sempre,
se cantasse quando
e diante do espanto
de corar me erguesse...

Se houvesse júbilo,
e se o perjúrio
nunca mais espúrio,
fosse enfim nulo,

e de mim, só restou,
um avanço de rota,
uma perna "meiquitorta",

mas que o chute acertou,
e nas horas do agora,
firme, acertará, na hora!

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pelo fim da agonia


Cada pão
tem o gosto do aço
o peito, e o choro,
e uma aflição,
que pediria abraço,
pediria namoro...

Tão raro,
o ser se encontrar
com o que veio fazer,
seu presente caro...

No mais a pessoa 
é forçada a acreditar
que o que ela pode dar
(tem sempre que soar)
no lugar triste, onde ela sua...

E eu aqui ouso, já ver,
este tempo de cada flor,
colorir onde havia dor,
e cada um poder, só ser,

pra chegarmos juntos ao dia
em que o prazer, não o pavor,
traga na labuta a festa e o calor,
e não mais a dolorida agonia. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O céu que cantam as trovas


Mulheres negras em marcha neste dia












Hoje marcaram
e hoje marcham,
e marcharam mulheres!

Pés pequeninos,
sempre tão fortes,
seu passo marcam.

Estes pés pretos,
que o caminho cortam
mulheres transportam
pra um novo tempo,

em que ainda veremos
e saborearemos,
e nas águas novas
o céu que cantam as trovas...

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Minúscula imensidão

Artesanato Iraniano

Então me virei,
e o que vi,
e chorei, e nem cri
e em tudo notei,

que estava eu
em todo assistido,
participado e vivido,
um sequente apogeu

com um final des-seguido,
assustado e ferido
na escuridão.

Um des-corpo sentido,
futuro e passado perdidos,
minúscula imensidão.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Lampejos


A peleja pulsa,
o dia
pula pra lá, pra cá,
alegria e repulsa...
Então, cantar!

Ainda bem cantar,
o que ainda por tecer
a manhã, o quente arder
da tarde, o anoitecer, luar...

Tudo é matéria,
e nada cala.
E se a sombra é etérea,
seu contorno fala.


Lampejam em mim
confetes do banquete,
da festa e dos foguetes,
de saber, enfim...

domingo, 15 de novembro de 2015

Manhã de chuva


Canta seu João,
lembrando que o canto,
nestes nossos cantos,
é o caminho são,

o caminho da alegria,
que da casa alegre,
canta a resposta leve,
a linda dona Joaninha.

E de lá, um Sabiá,
atalha um canto grave,
um alarido que cabe,

desde o galho do Jatobá,
ao reverberinho da chuva,
que a nós todos lava.

sábado, 14 de novembro de 2015

Imensidão


Como quem renovado,
entre as flores
e além das dores
me via sentado,

e me via insuflado,
vagando aos sabores,
nas vagas de cores,
velas nos costados,

e se o caminho
segue a direção,
das palmas das mãos,

com todos e sozinho,
pr'onde aponta o coração
ainda veremos a imensidão...

sexta-feira, 13 de novembro de 2015


Quem nasce só?
Quem estava acompanhado,
quando o chumbo trocado
quis te dizer que não dói?

Quem está com os demais?
Quem se parte por si,
ou espera, ali, aqui,
e chora quando se esvai?

Quem de nós, realmente sabe?
Quem nas horas se vale,
e nos ventos se repare,

até que um dia se acabe,
ou se complete e soe,
e só e junto todo ser voe...

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Só cantar


(VALSA)

Era um vaso, bem raso
e fundo feito o mar
e nele tudo tem seu lugar...

Eu o porto, de onde
minha nau se lançar
todo canto está no meu cantar...

E por todo horizonte,
e aqui neste versar
manifesta-se em mim
Rouxinol, Bem-te-vi,
só cantar, só cantar...

       
    (CAPOEIRA)

                   Tem nego que se sobe a ladeira,
                         engrena na Capoeira...

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Canto


Só cantar significa,
só o canto leva
o que, em cada pedra,
é a poeira que fica.

E de poeira feitos,
nos sentimos vastos
dos espaços infestos
de vazio rarefeito...

Nada, então, voará,
e nada no chão,
e tudo constará, então,
do que nadará

em águas de infinito,
em algum canto bonito.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Cantar ao sabor das horas


imagensdouniverso.blogspot.com
Cantei porque era,
e ainda é o que resta,
minha parte na festa:
Era o canto, ou a fera!

Que me ataca por dentro,
e nas horas de chuva,
calor e sabor Bocaiuva,
vou veloz como o vento,

me esconder na imensidão,
me largar aos sabores,
das cálidas e distintas cores,

que ao cantar, minha canção,
ganharei o vigor de Amoras,
e soarei o sabor das horas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A própria


Medo.
E o mar do mundo
batendo ondas
entre as pedras e o fundo,
tanto e tantas neste enredo.

Ainda bem que
ainda tem quem
cante cantigas...

Ainda bem que
infinda e além,
a própria vida.

Sonho e me sinto bem.

E se canto, é porque comigo vem.

domingo, 8 de novembro de 2015

Sigamos





















Cantiga do cotidiano,
leve, arguto e mordaz,
e na frente, por traz,
leva e traz leviano.

Mas, seguem-se os planos.
A rota, de sua essência,
verte-se em veemência,
e sapateia-se em panos,

e por mares de anos,
milênios de ventos,
em cada dia sedento,

se bebe de nossos manos,
re-feitos em novos nascimentos,
sigamos, sigamos, sigamos...

sábado, 7 de novembro de 2015

Do céu estrelado

















Vazante e vasto,
instantâneo e nulo,
pupa e casulo
num só arrasto,

numa mesma lida,
ventada a tantos anos,
quando nem mais planos,
já se lançavam na vida,

de lá, vou me lançando.
Foguete destas estrelas
que me habitam de vê-las,

e ser o barco que tripulando,
navegar céus de alegria,
hoje, amanhã, todo dia...
 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Mistérios


O canto achou meios,
e o rio uns voares,
e a montanha, fluíres,
e o que tudo suporta, esteios...

E então, pude me fazer
o que me ventei e trouxe,
como um menino e seu doce,
como um destino a verter

e nas encostas da dor,
cantei meus verbérios
e desdisse impropérios,

como quem, navegador,
rio, risse, se me pedem sério,
saúdo a vida, e seus mistérios.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Vá se lamber


Saberia dizer
     se a arte
           tem que
                vender,
pra crescer,
        ou o
           contrário,
  (se você inverter)?


              Saberia tecer,
                 ou compor,
          e neles tudo por
   que nada te quer dizer?


          Sabe se lamber?

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Agora


Num passado canto,
me encanto, peço e laço
e faço deste cansaço
o corpo novo do espanto.

E se vou, é porque visto,
porque insisto no texto,
e pra lá dos contextos,
acordo, aprendo, imprimo.

Então, ventar é o passo.
Pra onde se pensa,
que nem vento tem... Pensa?,
e viajar muito além do vaso

que tem me contido,
e como brandisse latidos,
me contento.

E de dentro do mais fora,
gritarei minhas forras,
e esporei minha sina, agora.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

na Paz


A guerra,
crua, suja,
sumarenta,
acontece em nossa terra,
e a tudo, em cuja,
existência se apresenta,
arrebenta.

A guerra,
Ananás de veneno,
seduz o coração pequeno,
e a todos des-terra.

Se há algum sonho,
que sonhe,
que me des-consome,
e constrói,
é que isto, que tanto dói,
seja só um lembrar bisonho.

E que por todo mundo,
antes de qualquer mais,
se entenda o partilhar fecundo,
que nasce e cresce na Paz.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015


Em cada cantinho
me faço e fazia
em desenho
e Poesia.


Em cada pintura
me canto e cantava
em alegria pura
ou Liturgia ignava 


E do pó colorido que me deu Jasmins
                          sobrou só,
                            eu    e    o     fim.

domingo, 1 de novembro de 2015

Sambando


Caramba!,
gritou o menino,
vasto, miúdo, fino,
e se fez o Samba.

E a Semba,
a festa da massa,
de cada um e casa,
caminhantes na senda,

sombra e sentido.
E da rua,
santa e crua
toda cria sentindo

a liberdade nua,
ninguém se amua, sambando.