quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Chegar

Gravei em mim mesmo paradigmas
Onde o infinito aponta suas cancões
E eu me esforço para decifrar enigmas
Onde, sem mais, suporto as sanções
Que me imponho com calor e vento
Apontados pela biruta solta dos meus lamentos.

Mas sei que o momento de voar
Me é chegado, e me vou
Rumo aos céus mais altos
Que é o meu lugar
Que ao meu caminho me restou.

E este lugar hemisfério de assombros
Planisfério de escombros,
Onde firmo meus mastros,
É o jardim dos perfumes inflamados,
O portal de onde mais se avistam astros,
Quando nos olhamos por sobre os ombros,
Nossos mesmos,
Fazedores de belezas, e encantados,
Nos reconhecemos criadores perfumados.

Eis que então chego ao querido divisar,
(E sinto seu perfume, que de tudo deriva)
Sinto o desejado odor,
Que exala da apetitosa diva,
(Fonte de prazer e calor)
Habitante excelsa de onde estou a chegar.

E aqui chegar exigiu tantos passos,
Exigiu catacumbas submersas de segredos,
Permitiu que me ameaçassem meus medos
Me impeliu abaixo a poços profundos
A me entregar, sem mais, a amares fecundos,
E a conhecer de perto a lei dos fracassos,
E sobretudo, assim,
Eis-me aqui, gargalhando pra mim.

Pois que deste meu jornar,
Estou neste momento a beber o tato
Do macio das flores, neste momento exato
Em que a maciez perfeita permita
Apreciar com ainda muitos anos de vida,
Tudo que existe do lado de cá da travessia,
Hoje, amanhã, todo dia,
Neste grande prazer da lida,
Que surge,
Quando se consegue chegar!

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