segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Toda beleza


Blog de artesarantes :desenho e pintura, QUADRO DO FILME POR DO SOL


Nesta tarde de alaridos,
Entre um canto de sabiá,
Um parque e a meninada que há,
E um passeio despretendido,
E mais um tempo, e eu ia perdido,
E me lembrei quando, passando-me de passear,

Porque com o Sol vem o entoar,
Do canto do dia, desde a matina,
Já tem gosto de manteiga e gelatina,
De café e broa, requeijão de passar,
De requeijão de cortar,
E toda sorte de petiscaria fina...

Numa mesa mineira, mesmo a sina,
Tendo-nos feito nascer em tantos,
Quantos foram os pedaços e cantos,
Que neste mundo nos fez que Minas,
Nos fez de lá, que é cá, de nosso peito mina,
Seu jeito e povo, Brasil em seus encantos.

E do passeio perdido no meio dos cantos,
Encontrei com o desejo da gentileza,
Da fina doçura, em pães de queijo e fineza,
Onde se secarão todos os prantos,
Ode aos que fizeram-nos libertar quebrantos,
Canto ao eterno, etéreo, toda beleza

domingo, 29 de setembro de 2013

Caminho no Sol

FotoPintura2
 Trabalho fotográfico de Michael Brandt



Eu caminho vendo cada desenho incrível,
Que os galhos de algumas árvores constroem,
Me encantam galhos nus de pau-ferro, que sobem,
Altos e esguios, duas cores, uma sombra indizível.

Por vezes me assombra um arbusto de flores roxas,
Por vezes uma sombra no caminho a chegar,
Uma folha vermelha que boia rio acima devagar,
Um encanto pequenino, água de rio nas minhas coxas,

Pois que o belo se inusita ao ponto da vertigem,
Pra quem cedo se habilita ao trato do inusitado,
Do que nunca foi cozido, que se dirá experimentado,

E o único modo de se cozinhar o galo vivo da orígem,
É pelo calor dele mesmo cantando pro Sol despertado,
Chamando o Rei Astro no horizonte, canto iluminado.

sábado, 28 de setembro de 2013

O chão e tudo




Então, o que será isto, a que chamo chão?
Onde piso, repasso, insisto, caminho buscado,
E cuspo e urino, e vou pra todo lado,
E ainda assim é de onde vem nosso pão?

Então, o que será isto a que chamo de água?
Onde limpo minhas tristezas e vilezas, sujas certezas,
E de onde recebo sempre fartura e beleza,
E por onde meu coração meu canto deságua?

Pobre mais ainda seria meu inexistente cantar,
Se não fosse esta ventania de velhas cantigas,
Que nos providencia o ar, misteriosa liga,

Que nos une e faz meu fogo quente crepitar,
Labor pra seguir pelas veredas mais belas e antigas,
Calor que me liga à vida e à todo elementar.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Um Ipê abençoado



Um velho Poeta então com cara de adolescente,
Disse num refrão que marcou nossa história:
"Tem dias que a gente se sente..."
E dia atrás de dia é o caminho da Vitória.
E lembrar todo dia disto faz eu, a gente,
Crer sempre com a fé que é fermento de memória.

E isto tudo, não fosse suficientemente complicado,
Antes que meu rancor mostrasse dentes,
Eu, em cima da bicicleta montado,
(A "bike" veio depois. Já sou passado)
Eu vi um Ipê florido, que me deixou despretendente,
Um Ipê atrevido, ali ao lado, insolente,
Independente de tudo que corre ao seu lado.

E, como estivesse eu preparado,
Pra visitar um monumento,
Uma praia, um campo com bichos cercado,
Um açude de água fresca e alento,
Um pedaço do que dá prazer a vida,
E a fazê-la nova e renovada, nos convida,
Eu passei por, (e trouxe comigo) aquele Ipê abençoado.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Da vida nas touças




Enquanto eu tendo forças,
Hei de me encontrar comigo,
Nas tardes de prazer sem castigo,
Nas vidas que colho nas touças,

Do mato que vivifica como poucas,
Coisas pequenas, imensas, inauditas,
Delicadas, passageiras, leves e infinitas
E nos ensina a inventar a vida toda,

Com as cores da beleza deste destino,
Que me encontrar comigo pode trazer,
Pra este coração, sempre a correr,

Atrás de si mesmo, como um peixe fino,
Onde o arpão não tivesse onde ser...
Mas, vida e caminho, que forças hei de ter!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Caminho novo, velhos passos




Pois alguns algos já não posso mais permitir,
Em mim, de mim, para o que devo fazer,
Com o que vim, pra nestas terras conhecer,
Pelo que tenho o compromisso de ainda produzir.

Eu sei que tantas e tantas vezes permito,
O impermissível, apenas pelo abandonado fato,
De que não creio que eu esteja certo de fato,
E que em todas as variações da realidade existo.

Então, quem serei eu pra levantar meu mastro,
E dizer que a verdade é minha? Que vejo o que se não vê,
Que minha fala se avizinha do real, não letra que se lê,

Mas bola que se joga, deste meu navio o lastro.
Tenho mais que não permitir, antes e sempre fazer,
Novo caminho pra que estes velhos passos, eu dê.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Estrada Mestra



Tantas são as histórias, tantos os descaminhos,
As trilhas cruzadas, desfiladeiros de emboscadas,
Pontos de encontro de namorados com namoradas,
Flores de sem tamanha beleza, e seus espinhos.

Que eu, velho caminhante sem peneiras,
Sigo em busca de novas visagens, paragens
Persigo em mim mesmo novas linguagens,
Em que expressar velhas sempre novas esteiras,

Por onde seguir este nosso caminho de iluminuras,
Este caminho de flores ao largo da estrada,
Pois que antes de tudo nascemos pra virada,

Que nós compomos o dia como sendo uma pintura,
Damos as cores e as formas conforme a caminhada,
E hemos de ver a glória de quem não teme a estrada.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A ser



Me encontro, quando largo-me ao largo,
Como uma manhã sem rumo, um passarinho,
Que voasse no sentido oculto, e antônimo,
Qual gesto de rasura em que uma manhã abarco...

E sigo entre morto e temperante, vivo e esfuziante,
Como uma porção de sonhos a me tecer,
Como uma razão sem pontos, onde descer,
Quando chegar, quem encontrar, meu ser presente,

Por minha lapidaria rota, certamente.
Mas, a quem dói, de que lhe vale saber,
Que a dor da passada, que se faz descer,

Sobre o costado da Burralha, a puxar a canção dolente,
Do Carro de boi que canta, seu canto de parecer,
Toda dor e todo encanto, eu a passar a ser.

domingo, 22 de setembro de 2013

Esta empresa

Desenho no computador de Hever Nogueira, no site http://noguever.webnode.com.br


Lá nas verduras, onde o pasto sustenta olhos e bocas,
E as frutas frescas sucedem outras comidas,
E a água da vida é farta, e alegra e sacia as vidas
Lá, que é aqui quando quisermos e não sonharmos coisas poucas,

Pois que a mesquinhez gera possibilidades tacanhas,
Madrinhas da avidez tamanha que quer destruir o mundo,
Que é tão generoso como seu solo fecundo,
Onde nascemos almas, espíritos com sangue entranhas,

Que nos permitem a delícia da vida, do corpo transição
Pra volta do todo que se permite a beleza,
Do beijo, da mão, do cheiro, da mordida, da leveza,

Do mundo re-criado, re-cozido nas planuras, no sertão,
Que ao meu coração habita, em cada canção, na certeza,
Re-nascendo eu, o outro, que vou até o final desta empresa.


sábado, 21 de setembro de 2013

Missão




Não sei te dizer,
Nem mesmo a Poesia, com sua altitude e leveza,
Com sua magnitude, alegria e beleza,
Dão conta de trazer do peito à voz o que se precisa dizer.

E na calçada, o pago velho,
Largado porque já não tão veloz e arisco,
Risca o céu com sua faca de amargura feito um corisco,
E sai da cena da rua, de um corpo no chão, um espelho.

Da vida, seus estertores e mandamentos.
Um chão que não se corta,
Um passo, que a mais ninguém importa,

Disseram que meu santo é o da alegria e contentamento,
Ai de mim, velho entre velhos, que já viu a morte à porta,
E que lanço-me nestes tormentos com a missão mais torta.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Do Bem-virá




Hoje, enquanto sonho grandezas e vertigens,
Acrobacias de voos, lampejos de genialidade,
A agudeza de uma dor me faz lembrar, que na realidade,
Tudo que há tem a essência da inessência da viagem.

Pois que este nosso estado estágio é de passagem,
Transito alado entre a costa bravia e o costado,
De calados profundos, lindo e fecundo de meu barco alado,
Com que corto ondas e voltas, e novas paisagens,

E venho pintando esta música que se ouve,
Quem para pra ouvi-la, se se permitir ouvirá!
Como o ar que canta, uma bem-te-vi, um tangará,

Um motor que ronca como quem se move,
E move a vida, nossa busca pelo bem-virá,
Terras onde a existência será bendita, e nos acolherá.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Antigo navegante



Então, da pressa com que corri rumo ao mar,
Só pude ir vendo as paragens, arestas, aragens,
Quando o vindouro cheiro de sal nas brisagens,
Em minha alma, e no meu nariz, começaram a chegar...

Tudo que eu queria era ver de novo as vagas,
O sobe e desce das marolas, o crispado,
Branco do cimo do lombo do burro indomado,
Do balanço da água, que ao meu barco amava...

Eu era marujo, Deus sabe quando isto foi.
Mesmo quando ainda eu menino, e mesmo antes,
Mesmo quando os sonhos pequeninos e infantes,

Valiam a esperança que supera sempre o que dói,
Num tempo antes do tempo eu já era navegante,
E já singrava mares, me sangrando as veias distantes...


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Na tarde que te sorri




Uma tarde destas, eu sorri você todinha,
Sem deixar uma escama de fora,
Aliás, toda cama em que alguém chora,
É uma cama triste porque vazia.

E quando eu te sorri, pouca coisa havia,
Que eu não já tivesse visto, beijado, cheirado,
Lambido, assado, pelo meio ou pelo estrado,
Das estradas de tudo que em ti há, ou se fazia...

Pois que das ancas das prendas de minha casa,
Eu, ancestral vendilhão, que a tudo sempre acompanhei,
E vendo astros em colisão com barros, apanhei,

Digo que nada disso deste fardo hoje me embasa,
Porque te sorrir, meu amor, me faz re-ser
O ser sem medo de suas asas bater!


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Porque eu assobio




Nesta manhã, os assobios me deram a dica da cor
Com a qual eu poderia pintar as cores deste dia,
Como uma cor de fundo que emerge pela alegria,
Como uma manha bem vinda pelo que manda o Amor...

Nesta manhã, o ar que quer cantar pelo corpo cantor,
Se solta pra além da voz só com o compromisso da melodia,
Como se a música toda de vez quisesse ser ventania,
O ar se solta assobiando e se mostrando cantante encantador,

Pois que o assobio é o passeio do ar infinito pela canção,
Pela memória mais de dentro de tudo o que realmente somos,
Pela certeza no futuro de sermos melhores que sempre fomos,

Nasce de tudo que somos este passarinhar em ação,
Venta por campos e serras, vales, subúrbios e rios,
Marca de menino que sigo brandindo, porque eu assobio...

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O que fazer, pra re-fazer sem quebrar?




A violência de uma arma de fogo,
Mesmo numa mão generosa não se mede!

Nada pode ser mais violento pro nosso povo,
Do que as industriais armas de fogo que se vende...



O tempo todo a maldade tenta nos convencer,
De que nós somos nosso próprio inimigo

E que o nosso pé sempre põe tudo a perder,
E por isso devemos lhe dar um tiro, de castigo...



E assim, tiro no pé, seguimos manquitolando,
E a maldade de longe, vendo o momento propício,

Pois que depois de só observando, observando,
A maldade nos empurra pro doloroso precipício...



As armas de fogo são invenção daquela maldade,
Que nos habita, e que permeia nossos dias,

E que tem causado tanta, tanta calamidade,
Que o único jeito de a combater, e ganhar, é pela alegria.



Pois que a maldade se desfaz ante a leveza,
E sucumbe ante o gesto mínimo de carinho,

E muito mais forte que a arma de fogo, é a gentileza,
Muito melhor que a dor é saber que não estamos sozinhos...

domingo, 15 de setembro de 2013

Infinita água



A água me serve, me sorve, me supera,
Em tudo que existe pela clareza de servir,
Superior generosidade que faz-nos sentir,
O poder que a servilidade consciente gera...

Com a mesma Graça que cai da cachoeira,
Supera montanhas, forma mares e rios oceânicos,
Verte miúdo, singela, fresco presente Tupânico,
Que nos deu o Trovão, e que me é a vida inteira.

Água é hino, é cantoria na fogueira,
Não se opõe ao fogo, antes operam juntas,
Constróem mundos novos, com cinzas fecundas,

Dos vulcões onde água e fogo são a chocadeira,
Onde nosso mundo sai do ovo, pra ser,
A vida plena que a infinita água nos faz ter.

sábado, 14 de setembro de 2013

A Sagrada bebida


Rei Arthur e os Cavaleiros na Távola Redonda


Quis e me servi da melhor bebida,
Como quem se vira na tumba antes
Que o desmovimento infecunte cante
Sua canção de silêncio pós-partida.

Bebi a passos largos, como se a sede,
Antes de me ter tivesse secos corpos,
Que não a saciassem, imundos porcos,
Pintando a lei dos animais na parede,


Eis que me tem sido assim, neste não ser,
A vida como contaminasse-se a si,
Como a vela queimando seu corpo em si,

Pra fazer pra quem tá por perto se enclarescer,
O tempo de se sorver a vida bebida que bebi,
Com a sede de ser, virar e ver o que já vivi.


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pedinte de Encantos




Tem melodias que só se as ouve,
Se se cessa todo ruído não natural,
Como as teclas que teclo neste terminal,
Um pensar e criar como antes não houve,

Onde o inusitado é sempre o que sempre coube,
Ali, se ouvirá aquela melodia passarinha,
Vento de asa de Borboleta na Douradinha,
Papagaio de penas canoras, o eu que me move..

E por sentir em minhas penas esta eterna melodia,
Hoje, amanhã, desde antes do tempo se contar,
Eu já a ouvia, e a cantava, e a canto sem parar,

Em todo canto que canto nesta minha arrelia,
Neste meu sonoro desacalanto de cantar,
Pedinte de encantos, pra poder me encantar!



São Francisco de Assis. Desenho de Luana Almeida.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Biruta inteligente



As vezes em que me vento,
Colho o frescor do tempo,
Nas frestas e alturas
Nas vacuidades e canduras...
Eu me sento,
Em mim que sou vento,
E viajo em minhas imaginaturas...

E o que sou, por fim?
Quem sou eu, este em mim?
Quem me habito e a cada volta,
Do infinito em suas desvoltas,
Revoltas em mim,
Do tempo sem fim
De tantas, tantas voltas...

Mas aprendi que ao final, viver,
É entender como aprender a entender,
E se voltar pra ver o recente,
De novo olhar o novo, novamente,
Como um tecido a se re-tecer,
Como um pedido, a interceder,
Vento e sentido, biruta inteligente.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Borboleta na Douradinha

















O Cerrado sempre surpreende quem se avizinha!


Como a Cagaita que desde longe avisa com seu perfume,
Como a Mutamba cuja casca dá, da rapadura o gume,
Como a perfeição inesperada da Borboleta na Douradinha.

Uma pétala do oceano da beleza, uma gota de flor,
Uma pitada infinita de asas alaranjadas e pretas,
Uma enxurrada delicada de perfumes, sons, palhetas,
Tudo contido no que pode ser entendido como nada menor...

Assim, uma borboleta que pouse inconsequente,
Numa Douradinha suculenta, dadivosa e sensual,
Pode pensar: "Não pode haver nisso nenhum mal",

Ou será que nem pensa a borboleta, apenas sente,
Que a força infinita da gratuidade da existência é tal,
A ponto de borboleta e flor serem maiores que tudo, afinal?

Foto: Evando F. Lopes
Estação Ecológica Águas Emendadas

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Atrevimento



E as flores que amarelam este dia,
Dos Ipês que também, aqui e ali,
Uma cor roseada, branco da flor do pequi,
E foi se pintando esta manhã que nascia,

Entre os ventos de setembro, e a galhardia,
Do Cerrado em fins de seco, tão florido,
Variando amarelos em dourados tintos,
Espaçamentos de capim, e toda a minha alegria.

Pois que a secura que já me entristeceu,
Hoje mostra a enormidade de cada tempo,
Tudo se completando pelo contentamento,

De perceber que a beleza das flores se nos deu,
Pela necessidade de praticarmos o avivamento,
De olhar pra beleza, e vê-la em nós, atrevimento.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Chegado o tempo da felicidade em essência

Crianças brincando
Desenho de Laís Brevilheri

É agora que o tempo se dá,
O tempo da Paz, o da beleza,
O tempo da serenidade e da leveza,
É sempre em mim, e por mim que ele se dá.

Não porque seja melhor que alguém,
Ou porque a Luz do Sol vem me alumiar,
Mais que a qualquer outro alumiar...
É que percebo que quando vejo, crio o trem...

Meu olhar me cria e cria meus olhos,
Minhas dores e penas, minhas alegrias,
Meus sucessos, novenas e fantasias...

E por isso à partir de hoje escolho os molhos,
Que darão sabor ao prato desta existência:
É chegado o tempo da felicidade em essência!

domingo, 8 de setembro de 2013

A Idade do Espirito Santo




Ouvi em cada uma das palavras,
Escondida na pronúncia que exige iniciação,
De um idioma de defesa e libertação,
Deste meu povo de folias e lavouras,

Palavras de idiomas de antiguidades e bravuras,
E bravejos, e cortejos, e a mais alta ligação
De um povo com a ainda ignota, mas em identificação,
Raiz em terras tantas em diversas ligaduras,

Ouvi as palavras como quem se ouve,
Num tempo passado que já não é este,
Assolado pela mesma assolação deste,

Mas encantado pela eterna novidade,
Nova idade, esta do que em Espírito vieste,
Santo que virá, do bom de tudo que nos deste...

sábado, 7 de setembro de 2013

Acordar




Cada manhã,
Toda manhã,
Vem perguntar,
Qual é a cor,
Que cada um
De nós quer dar,

Cada Manhã,
Toda Manhã....





sexta-feira, 6 de setembro de 2013

(Minha) Ode à alegria



O que será, onde se esconderá a alegria
Que plantou pontes onde nada antes,
Quando ondas de palavras criogenavam instantes,
Mantendo-os no prassempre da própria rebeldia?

Onda andará aquela formosa mãe, filha, sobrinha, tia,
Aquela encantante Diva que mantém viva
A sede de estar vivo pra provar-lhe a saliva,
E de quem a chama lépida aquece toda arrelia?

Volta e fica sempre, minha parceira de todo dia,
Que me dá cor de ver com olhos, tantos, tantos,
São os pontos que vazamos construindo-nos encantos,

Onde o pranto fez passada sua vida atrapalhada, fugidia,
Sem mais fugir, e dormir leve ao som de um alegre acalanto,
Pra acantoar quinas, e acastoar gemas finas, ao meu canto.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Onde o melhor se tece...





Sei que o caminho é árduo.
Já tinham me dito, mesmo antes de eu começar a andar.
Sei que quando já há o medo, vem o fogo fátuo,
No meio do escuro da floresta, de nenhum lugar.

Sei que na noite fria, onde a Luz da Lua não chega,
Canta maravilhosamente o misterioso Bacurau,
Que sempre está, mas quase nunca se vê o tal,
Assim é a vida, suas surpresas de pega-pegas...

Sempre sei, soube, eu caminhando saberia,
Que o melhor se esconde onde não parece,
Estando às nossas vistas, entre as nossas preces,

Precisamente quando as fazemos todo dia,
Ou as esquecemos, parecendo que não carece,
Ali mesmo o melhor, nascido da dureza, se tece...

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Veredas lá dentro






Ah!
Se aprende tanto do certo e do errado
Quando se olha com atenção
Pra cada pedacinho de cada planta que nasce sobre o chão,
Deste nosso Cerrado!

Se se olha em ação o Serra-Toco,
Cortando sólidos cipós,
Perfeitos cortes feitos sem dó,
Mas com a ciência que sabe achar o oco...

O canto onde o inusitado vem nos assaltar!
Ah!
Este Cerrado que tanto me encanta, e tem,
E por isso mesmo, se conhecendo tão bem,
Um chão que transcende o Certo e o Errado.
Muito além,
Este meu Cerrado....

Numa manhã de chuva fina e céu nublado,
Uma vagem de sedas se abriu menina,
E iluminou feito a mais Candiosa lamparina,
Minha vida e tudo que já foi cantado...


terça-feira, 3 de setembro de 2013

De que lado da estrada?



Eu, que a tanto tempo caminho comigo,
Hoje quero das asas deste voo voar,
Na direção de a mais ninguém machucar,
E nunca mais magoar um amigo.

Só aos amigos podemos magoar.
Quem nunca me apreciou nunca espera,
Menos que a dor da dentada da fera,
Que em tudo que não é amigo há...

Mas quando do amigo vem o duro golpear,
Nada que se diga diminui a dor da pancada,
Quando se pensa em quantos degraus de escada,

Pra na sequencia esquecer, e se lembrar,
Que nas espirais de todas as vidas e cada,
Sempre estivemos deste mesmo lado da estrada?



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Prussiguimento.





E o tempo passa como um bólido,
Nós de nós que nos cozemos na vida,
Vivendo os dias como se algo fosse sólido,
Insensatezas, ideias perdidas, nos prova a lida...

Fazer sempre, agora, viver a alegria de criar,
E deixar a maré do tempo, sua onda lamber,
A praia onde a linda poesia se deixou escrever,
Só pra desaparecer, e totalmente renovada voltar...

Uma lambida do tempo molha toda a existência,
Da água sagrada da criação. A água que gera,
Em mim, em nós a certeza de que prolifera,

Este acordo de sermos, tendo no tempo mediância,
Meio de caminho, esteira que caminha nesta esfera,
Como se uma colcha de finitos, que o infinito costura...

domingo, 1 de setembro de 2013

A árvore deste mundo




No meio dos trigais,
Outros matos, outras tantas,
Compunham um composto de plantas,
Que ao pão dava forças e sais,
Que nos permitiam rampas,
Por onde transitávamos com os vegetais...

Agora não mais.

Agora, nossas plantações só tem uma planta.
Uma só cor, uma só forma, um só ser.
Multiplicado muitas vezes, só pra parecer,
Tudo uma coisa só, desinfetada, que cansa....
Que faz a alegria da múltipla arrelia desaparecer....
Que faz parecer nunca ter havido do vento a dança...

O novo é a árvore deste mundo!
Haverá de chegar de novo a Primavera,
Um tempo do fim da espera,
Da felicidade de um mundo fecundo.