quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Se dará


Na porta nova e velha
o real de um retrato,
um passo ou fato,
exposto sem telha...

Refeito e potente,
do amor mais furioso,
o tempo todo em gozo,

que é a sina da gente:
ser incauto de alegria
e acreditar que, claro dia,

um dia, tudo se virará,
(o que será como quando)
o retrato mais brilhando,
e total nova idade se dará...

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Amém


A claridão de cada dia,
irrompe distinta...
Hoje, claridade fosca e fria,
amanhã, clareza retinta,

destas de ferir retinas,
num céu de radiações,
e num chão de imensidões,
Luz clareante, se inclina,

sobre cada um de nós.

E nas belezas do Cerrado,
cachoeiras por todo lado,

cantam louvores na voz,
pela Luz que vem
com a chuva, Amém.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

De Natureza


O desmantelo
desmata a mata
corta a jornada
pelo meio.

E na borda
a má e santa
e torta e planta,
canta e borda,

então, o capricho,
mais que um verso
um Poema universo,

uma pelagem de bicho
de tão perfeita,
de Natureza, feita

domingo, 27 de setembro de 2015

Nem tudo



Nem tudo
             está escrito.

Tem sempre
                  um cantinho,

ainda
          infinito!




Nem tudo
              está composto...

Tem sempre
                Loa nova,

Canção pra todo gosto!

sábado, 26 de setembro de 2015

Chuva que chega



Onde o trovão,
retumbava
e o clarão apontava,

alguma Viola chorava?



Algum cantador
sem nome,
algum sujeito sem calor
que o próprio calor consome?



Dentro de mim
retumbam trovões de mágoas.


E num canto qualquer
desta tristeza,
que se me fez alma,
a solta vala falsa, uma
a uma nossas vidas quer...


Onde o trovão retumbava
só eu,
era que chorava?

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Arrelia


Louça lavada
e pé na estrada:
já rompe o dia,
e os Bem-te-vis,
cantam por quem?

Ou cantam além,
do que seja onde,
(o Sol, "se esconde"?)
na areia peneirada,
pequenos Sóis brilham
n'Água brilhantes Lambaris.

Eu  via o que de bom,
e mais nada
o vazio me angustiava,
como um ardor aqui, ali...
E o ronco do motor, on, rom, rom...

Que a estrada continua,
além de toda lida,
quem verte cantigas,
quem rompe barricadas vivas,
de uma insana certeza crua.

Na penumbra do dia,
o Sol, em meu peito,
arrelia.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Por viver


Quem pode sentar,
é quem corre mais
e não olha pra trás,
ou de algum mal-andar?

Onde, nos testamentos, escrituras
se disse que mulher, preta, sapata
ou homossexual, ou outras praças,
tem menor valor em sua criatura?

Há de vir
novo tempo a nos guiar
novos dias de celebrar,

em que sentir
não será pecado de matar
e não se matará ninguém por seguir.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Baobá Banto



Um Baobá! A Africanidade
neste antigo senhor,
de 3 mil anos de penhor,
se enraíza na humanidade!

Seus frutos e guarida,
a nossos ancestrais
inda hoje a tantos mais
alimenta e cura feridas,

que d'África se verte
em todos os cantos,
em todas as plantas,

que o nosso olho, ver-te,
é o porquê de alguém ser santo,
feito o eterno Baobá Banto.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Vozes puras


Cantiga e vento.
Na estrada tudo,
sons e reverbérios mudos...
E do ar, movimento.

Eu visava e cantava
como um guri,
que nem lá, aqui,
transito me dominava.

Achava em cada canto
este canto de mim
este corolário carmim

em que me desmando
nas horas de alturas,
e das vozes mais puras.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Deste tanto de nós

Músico Nigeriano

























Pros Iorubanos
a Cabaça representa
o Universo, que se assenta
na cabeça, que rege planos.

Bantos pensam que a vida,
flui feito um rio,
e nas ondas do mar bravio
Kalunga dança e brinda.

O povo da Umbanda,
que é uma, e tantas
e nos desenha e espanta,

do que nos dizem as ondas,
Caboclos e Giras,
magia que viver conspira. 

domingo, 20 de setembro de 2015

Rei Urubu



Em todo lugar
o Sol nasce.
De estar no alto, sabe
o Urubu, e seu voar.

Em todo canto
se vê a Lua.
Vendo do alto a rua,
ele sabe, sem espanto.

Eu voava,
na leve graça
do seu voo que passa.

E me encantava
e me encanto, no azul,
onde o sublime Rei Urubu

sábado, 19 de setembro de 2015

Amenas


A antítese
entre o tema
e o tido.

A hipérbole
é extrema,
de um ponto fixo.

O incógnito
vomita Aspargos,
e a passos largos
aponta o precipício.

A etérea antena
em tudo se precipita
se projeta e habilita
o infinito de raízes amenas.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Antes do ocaso


Nem sempre
o que parece
se compadece
ou vence.

Tantas vezes
o mar e as ondas
calmas, revoltas,
malvadas ou boas...

Antes do ocaso
o Sol nos perdoa
caso a caso.

E a vida, à toa, 
enquanto for prazo
este viver entoa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Fino tecido

Bordado Palestino - Trecho do "Afresco das Rosetas"

Canções retumbavam
das paredes do poço
por onde meus ossos
desciam e voavam.

E os sons ad vertidos,
vazavam espaços
floravam terraços,
Universo, fino tecido...

Que não se tece
se solta e balança
ritmo e contra de criança...

E na dança que acontece
de ossos descendo em voo
eu aqui este canto entoo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Barco/Idilio


Verto-me em verbos,
em agires colossais,
Pirâmides e o que mais,
nestes Pântanos soberbos,

E se é que desço
vasteio-me em tudo que meço.

E se me abasteço
é deste Universo.

Sabe este Universo?
Este aqui,
onde pensamos,
que nos enxergamos?

Vive bem aqui,
nestes planos,
nestes anos,
que vivi.

E seus ventos perfumados,
de Jasmins,
Com seus carmins,
e dourados...

Ventos que enfunam
este espirito
este barco/idílio,
em que flutuam!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Cantos de aqui estar





























E eu me perguntava
como faria pra nadar,
já que por todo lugar,
só água se apresentava.

Pois que me auto-inqueria,
como me deixar levitar,
ser sem mais do que o ar,
e como, assim, voaria.

Depois me lembrei
que basta me sentar,
sendo eu, um altar,

e lembrar que sei,
que sempre soube cantar,
os cantos de aqui estar.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

As cores da obra


Folhas caem
em sinfonia
com as arrelias
que cores tecem...

Pássaros passam
nas grades pousam
e no ar ousam
(o que) desejos sonham...

Inda assim
sento e vejo,
que de lampejo,

voo sem fim,
em cada manobra,
nas cores da obra.

domingo, 13 de setembro de 2015

Loas que se chora


Sempre via,
cantava e alardeava
as cores com que o dia
a cada dia brindava.

E em mim mesmo
o brinde atônito
com poder atômico
mínimo, força à esmo...

Emergia e cantava,
o som de tudo na borda
no centro que transborda,

e a energia que me colorava
me animava a toda hora,
cantando as loas que se chora...

sábado, 12 de setembro de 2015

Dos enredos.


Coberto de pó,
estrada por cima,
por baixo a sina,
passo, passo, e só.

O caminho alonga
o percorrido trilho
e vazado o exílio,
na volta, as sombras

que nos assombram
desde a vinda
de cada um à vida,

de fato não contam.
Maior que os medos,
o seguir, seus enredos...

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Mansidão


No princípio
o caos
o bem
o mal.

O bem
de novo
fez o ovo
e o que vem.

O mal
fez viagem
ida e voltagem

mas, tal
é a dimensão
tudo mansidão.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Do pensamento


Era simples,
e praiano,
e pra lá das horas,
e todos os planos,

só apontavam agora
e mostravam garras,
e cantavam glórias,
e soltavam amarras,

e o barquinho seguiu
onda trás onda,
vento trás vento,

e o novo surgiu,
Sol que desponta
do pensamento.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

As pretas e a água

Debret: Negra tatuada vendendo cajus, 1827

A rampa do bica,
do poço, neste sonho,
a pretinha de olho tristonho
carregando água e cantiga...

Vergonha repetida,
como normal, criança
preta desesperança,
desde nova sua lida...

E o desdém, e a ferida,
não fera só a menina,
fere o tempo e nossa sina,

e a bonita rampa, sentida,
mais que água traz,
o que havemos de nunca mais...

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Candieiro


Candieiros
levaram a fogueira
onde nunca antes..

Pirilampos festeiros,
a luz pequena inteira
agora caminhante.


Nossa história revela
que nos defendemos
do que não sabemos
e nomeamos treva.

Armas de mão
lamparinas de liberdade
pros caminhos claridade,
a amenizar a escuridão.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

De cada tempo



Canto uma ode,
à seca,
que o inusitado pinta
de cores improváveis e frescas,

cores difusas e ocres,
como o farpado da cerca,
dum cinza que se enfeita
de flores e tons fortes,

pedra vermelha,
por do sol na terra,
cor de caminho e erva,

que neste tempo se assemelha
à morte, irmã eterna
vista na seca esperando a vida, terna.

domingo, 6 de setembro de 2015

Vital enredo


De que vale
atravessar?
Melhor falar,
ou que me cale?

Depois da lida,
que vai sobrar?
Quem pode ganhar
a marcada corrida?

Talvez o segredo
seja nem correr,
mas deixar ser,

sem culpa ou medo,
porque há de verter,
todo o vital enredo.

sábado, 5 de setembro de 2015

Acrobacia


O vento fazia tremer
as casas
as asas e suas acrobacias rasas
sobre as casas arremeter...

E na loucura que parecia,
o espaço,
e seu berço raro e raso,
onde este mesmo espaço se concebia.

E o lá e cá de tudo
se desfez, se refez,
refém de si, toda vez,

e o avião e seus absurdos,
desconstrói medos mudos,
e nos devolve voz, Paz, vez.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Dia quente


Qual é o passo,
afinal, a ser dado?

O berço e o laço,
em cada um, todo lado?

Canto as cantigas
mais senhoras, cadenciadas,

matronas antigas
potrancas apaixonadas,


e sobre tudo,
e sob cada marcado,
um soluço
um prego na roda fincado,
de manhã, um russo,
dia quente anunciado.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Canção da sobra


Fiz uma canção,
atéia, 
de Louva-a-deuses 
e batéias de aluvião...

Cantei de mim
uma cantiga
das flores antigas
que brotavam num jardim,

que abandonado,
feito o que planto,
rebrota em todo canto,

dizia Cassiano Ricardo,
com figuras de espanto:
de tudo, um Louva-a-deus sobrando...

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Vencendo


E disto
que me consome?
O que me une,
o que me some?

E desta 
dor inaudita?
O que me resta,
enquanto se dita?

Um vento
soprou sutilezas.
Era calmo, lento

macio rebento,
feito as incertezas,
que vamos vencendo...

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Da Paz


Nem tudo
vento, ou passo,
lance ou laço,
falador e mudo.

Quase nada,
nem vertigem
árvores ou fuligem,
rios e enseadas...

Comigo e longe,
nisto que velejo,
ao antes antevejo,

no passado esconde,
tanta dor, não mais,
que o Reino será da Paz!