segunda-feira, 30 de abril de 2018

Da passagem


O que parecia eterno
se desfaz, soluto solvido
resolvido e resolto, mexido,
misturado ao de aparência, moderno....

Um som como um amálgama,
uma mistura de timbres:
Cobres, Zincos, que a gente lembre,
quando a sós andássemos sob a sombra má...

Pois que neste agora vertemos,
de nós mesmo as respostas,
pra que não mais demos as costas,

mas, de frente, consigamos,
fazer da vida uma linda paisagem,
que nos acompanhe, até nossa passagem...

domingo, 29 de abril de 2018

Tempos novos


Quando não muito mais
sobrou sobre ventanias,
passou chorando uns dias,
vendo se afastar o cais,

foi que se apresentaram caminhos!
As vezes, labaredas de fogo santo,
as outras, jeitos de tirar quebranto,
sempre uma busca de evitar espinhos...

A dor é ruim! Provocá-la, cruel!
Mas quem, apesar dela, sobrevive,
em sua força, se re-faz, se revive,

e abre pra si, no mundo, novo papel,
que pode cantar tempos novos,
pra nós, e pra todos os povos...

sábado, 28 de abril de 2018

Faces


O óbvio canta em volta,
a mais antiga certeza
se desfaz sobre a mesa
e leva a um caminho de voltas...

Haverá e havia belezas baldias
nas beiras das antiguidades,
nas inteirezas, nas metades,
e tudo e nada as queria...

E quem nos quererá, pergunto?
Quando o que venta, me completa,
feito o chegar ao alvo, a seta,

ou, tudo que  me clama, vem junto,
cada tempo de florada, projeta
o eterno em sua face linda, fugaz, abjeta...

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Azedos Limões!


Uma sinfonia tocou minhas horas!
E o que parecia fim, começou-se
na generosidade da presença, florou-se
como o vinho que envelhecido, melhora...

Como a têmpera de natas e taças,
de vapores, licores, e canções,
interrompido por sorvetes e Mamões,
e alegria como vertice das massas...

Como escândalos e sortilégios,
como estranha foi a certeza
de que ficará sobre esta mesa

a única verdade sem privilégios:
a que emana dos corações,
e faz doces, os mais azedos Limões...

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Liberdade sem máculas


Toda gente que passar,
ao ver a bela flor no outeiro,
perguntará, sentindo o cheiro:
"Que lindo vermelho invulgar?"

Que se diga que é Cravo encarnado,
a expressão dos Trabalhadores,
deste mundo, os construtores,
e que mais que tudo tem lutado,

nas guerras e nas fábricas,
nas praças, rios, plantações,
nos mares, conveses e porões,

nos ventos, no rufo das máquinas,
na esteira da vida em todos os rincões,
no tempo vindouro de liberdade sem máculas!

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Da tristeza e da Cantiga...


Eu andava vasto e cabreiro,
feito uma estrada no mato,
um corrimão incrustado
das pedrarias que pode o dinheiro...

E só via tristeza nas coisas!
Entende? Um des-porque em cada
imagem que aparece na escada,
que aponta pro mundo, nas poças...

Mas eu sigo e seguirei, sabe?
Viajante solitário e carente,
brilho em minh'alma transparente,

cantando canções onde achar que cabe,
a gente que comigo estiver,
enquanto minha cantiga houver...

terça-feira, 24 de abril de 2018

Na pele


A sensação de redundância
me assusta mais que a morte,
a preguiça, a falta de sorte,
ou a eterna peleja em sua constância...

Sabe o menino sem talento, mas dono da bola,
que tem um pouco mais de dinheiro,
e de um jeito matreiro,
obriga a que o aceitem jogando na escola!

Porque tem a "propriedade" da pelota!
Como o insensato que se declara
salvador dos tempos, das coisas raras...

Vivemos uma dominância dos idiotas!
E, o medo de ser um deles,
me arrepia a vida na pele...

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Essência


Um som se vem desde
antes, sempre, sentido,
chorado, como dolorido,
como plissado e verde...

Quando eramos bichos
nas Florestas, nas Savanas,
as Mães, choravam insanas,
a dor da morte dos filhos...

E essa dor, cantada, lamentada,
fez a cor das cantigas de pranto
que tanto bate, quanto encanto,

noa faz comovidos, despertados,
alegra e dá virtude, clarividência,
pra encontrar a gente em nossa essência...

domingo, 22 de abril de 2018

Pontes


O que podemos, por fim, fazer?
Se se anunciam dias escuros,
em que a burrice aponta o futuro,
e a insensatez se apressa em dizer?

O que esperar do que há pra vir,
se a Paz, a calma e a concórdia
sob o ruido da discórdia,
gritam pra ninguém se ouvir?

Eu não quero perder o rumo,
porque nada sempre sucede,
e o particular, ao público antecede,

e há de haver quem se lembre do prumo,
pra construir pontes mais breves,
mais fortes, mais sinceras e leves..

sábado, 21 de abril de 2018

Graça


Quantos de nossos antigos
morreram pela liberdade vindoura?
Quantos, na esperança duradoura
de ver este mundo revolvido?

Trocado nas esferas, ruas, praças,
mostrando pro mundo assustado,
a virtude, e o perigo de andar ao lado,
nosso povo sofrido anuncia: "Tudo é de graça"!

Tudo vem por Ela, e n'Ela se manifesta,
e pela delícia que (se sabe), virá,
como dia sucede a noite, e o Sabiá,

canta nas madrugadas indigestas,
e tudo que é libertário anuncia,
que apesar da morte, chegará novo dia...
 

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Movimento


Hoje nasci meio torto,
meio lindo e avesso,
velho chato, menino travesso,
vagalhão em mar revolto...

Me sentei meio pleno,
assuntado das penas
das erranças pequenas,
(pequenas doses de veneno),

de nos gastarmos em culpas,
em voltas e idas sem senso,
em pés e rapés hipertensos,

esquecendo que vida veio das vulvas,
vingou a si em violentas tormentas,
e fez a sutileza da lida, que se movimenta...

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Eterna e breve


Não saberia dizer além
do que se veste de mim
nisto que me exponho, enfim,
no que me colho este quem,

este indivíduo que troça
que passa, livra, e sussurra,
em busca da beleza das serras,
da velocidade e sutiliza da roça...

Sinto a mim como um sopro,
uma cantiga linda e terna,
um urro atordoado, uma perna,

um braço, a busca do logro,
pra fugir da dor que me verte
em Música, tanto eterna quanto breve...

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Do real caminho


Eu não sou propaganda, doutrinação!
Sou o que (alguma) Poesia traduz,
como o vaso raso, a luta audaz,
o prato feito, a indignação!

Tentei me achar num certo caminho,
mas o que vi foi o filme repetido
de um mesmo trilho já seguido,
quando me re-fazendo-me em ninhos..


Então me decido, andarilho,
a jogar no ar toda sorte ignota,
que me conduza a qualquer rota


que não seja a de veloz estribilho
de pontes e praças, sortes e vidas,
onde se estronda e segue a lida...

terça-feira, 17 de abril de 2018

Temos um preso político no Brasil!!


Hoje, em meu pais,
temos um preso político!
Se nosso povo é lindo e fecundo,
nossa elite é triste e infeliz...

A injustiça clama aos céus!
Grita em meus ouvidos,
fere meu coração ferido,
dança sobre a brasa dos sonhos!


Hei de ver o dia nascer claro,
dentro e fora de mim, em tudo,
em qualquer lugar deste mundo,

em toda parte, no comum, no que é raro...
E na entrada da ṕrisão maldita,
e em toda parte se denunciará esta desdita!!

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Tempo



Condenamos quem nos incomoda!
A nossa "justiça" é VINGANÇA
dos herdeiros das heranças,
dos juízes algozes agora em moda!

Na escravidão se podia matar
negros à vontade, escravos que eram
nem à vida direito mantinham,
pois quem era europeu podia mandar...

(Ainda) não sei como lidar com isso.
Não sei como ser quem sou,
nem o que disto tudo me ficou,

mas sei do mais antigo compromisso,
que é o da Verdade, da Beleza,
que vencerá, no Tempo, com certeza!

domingo, 15 de abril de 2018

Alegria


O Eterno em seus lampejos
conta histórias de verdade,
em cada uma das particularidades,
em todos os infinitos desejos...


O cada dia sopra venturas
pelo seguir que a vida tem,
como se pior fosse o além,
como se a existência fosse pura...

Eu sigo feito meus irmãos,
mais errante que contente,
antes de tudo um sobrevivente,


feito uma beleza feita pelas mãos,
a Gira de uma alegria surpreendente,
que nasça no meio da gente... 

sábado, 14 de abril de 2018

(Des) sentido


Como tirar de mim o vento,
a força do rio, marés do mar,
se tudo que penso gerar
é o que me consome por dentro?

Porque terei que fazer enfim, atento,
as velhas caminhadas pelo ar,
que me levarão ao mesmo lugar,
sem mostrar pra ninguém algum alento?

Nem pra mim, sabe? Pra nada,
feito um prego pregado n'água,
uma fogueira, onde o rio deságua,

ou um fogão na beira da estrada,
um Cachorro latindo pra Lua,
uma semente solta sobre a pedra nua...

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Gratuito


Num vão do isolamento
que se molda em paisagens
e sinuosas e verdes pastagens,
eu sigo nem apenas sendo...


Mas aqui, longe de mim,
minha Poesia me encontra,
e na cama me desmonta
em beijos que parecem sem fim...

Só o que se apresenta é ela pronta!
A Própria senhora Musa/Poesia!
Que vem, e em lampejos de Alforria,


a alma deste vivente, estrompa
e se lança flor, em cada cor,
e em tudo que é caro, por isso gratuito amor...

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Frescor


O hálito do eterno é morno,
ou gelado, ou tórrido,
inenarravelmente insólito,
fica parado enquanto corre em torno...

A exatidão das horas é fria,
como a idade que cresce,
ou a verdade que se enaltece,
e gigante como a esperança baldia...

Eu ventava as águas que tinha...
Não escolhia lago ou poça,
e supervoava na velocidade das moças,

dos moços, da juventude sadia!
Para encontrar com o cheiro da loção,
que de ti, exalava o frescor do coração...

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Conexão


A conexão, e a destinante
desconexão circundante
são o elo (descoberto) movente
por Tesla no motor/gerante...

À partir daí, tudo que é corrente
em elétrica errante de elétrons andantes,
que vão e voltam enquanto um piscante,
que são e não são na frente do cliente...

E eu só sei celebrar este instante...
E pensar no que move a gente...
E em criar bicicletas sem corrente...

E fazer das ergométricas aparatos inteligentes
geradoras de máquinas de roupas lavantes,
liquidificadores, ventiladores e geradores potentes...

terça-feira, 10 de abril de 2018

Sensato


As coisas que aprendi,
fui conhecendo, virando,
e nas horas do alto baixando
pra cada vez mais subir...

Tudo aquilo que vivi,
em cada meu momento
fez-se flor da terra vertendo,
curvou-se do que floresci,

e em mim, foi nascendo,
desabrochando com a graça do mato
e consolidou-se, fato a fato,

e em tudo que acontecendo,
neste nosso tempo sem hiatos,
tentar ser, antes de tudo, sensato...

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Movimento


O meu peito mobilizado manobrou
nas promessas. E como o menino
vigia o carro, certo e franzino,
este, etéreo e materializado, se guardou...

O meu jeito, contabilizado, descontou
as horas da direção do destino,
em que o desatinante desatino
entrou em cena e grotesco, gritou...

Que o infinito, sonso e ladino,
em cada gota d'água brilhou
com os brios, e o que sobrou

de tudo que corrente e repentino,
de toda Paz, que em mim se ventou
e se fez Luz, neste movimento Divino...

domingo, 8 de abril de 2018

Implicações


Quanto mais me viro,
misturo-me e envasto
os campos que me serão pasto,
os cantos que posto e tiro.

Quieto e em Paz me atiro
como uma bala na briga,
ou uma escala de intriga,
o buraco, onde respiro...

Sei que seguir, vindica,
a ponta da agulha, a toca,
a maquiagem que se retoca,

ou a modelagem que se aplica
sobre toda obra que se coloca
na lida que a própria vida implica...

sábado, 7 de abril de 2018

da História...



Um tempo em nossa vida
foi feito uma cascata:
Tudo era muito, novo, nada...
E cada luz queimada, era lida...

E as coisas se sucederam,
e os dias amanheceram
enquanto constuíamos o hoje,
além de tudo que fosse...

Chegamos mesmo a fazer
modos distintos de ver e ajustar,
de modo que parecia até partilhar

a existência de todo e cada ser:
Nos resta refazer e acertar,
pra validar e dar sentido ao viver!

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Construção


O que nos agride, fortalece?
O que nos indigna, situa?
Quem age, apenas atua,
ou faz do pensamento o que floresce?


Quem sabe, se vê e sobe/desce
e viaja pelo nada e cria,
mas não deixa de ver a ignomínia,
deste tempo, que de abusos, padece...


Disto tudo sairemos convencidos,
da velha verdade dos anciãos,
que quem trabalha sem as mãos,


não quer outra coisa, outros idos
e não consegue entender o peão,
de quem este país se fez construção...

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Do cotidiano aprofundamento do GOLPE

 
O fim dos direitos civis
no meu país, marca um tempo,
de se lutar contra o desalento,
pra fazer erguer um outro porvir...

A arbitrariedade contra as gentes,
e seus representantes escolhidos,
se perde dos mais mínimos sentidos,
e é fundada numa brutalidade demente,

que não percebe o engodo,
das corporações internacionais,
que anseiam mais e mais

as riquezas de nosso povo,
e matam e mentem além do que é capaz,
de pensar nosso imaginar novo...

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Triste página do "Dário do GOLPE"!



No dia de hoje vivi
um dos dias mais tristes,
infames e infelizes,
que pensei que pudessem existir...

Vi consolidar-se um GOLPE,
que não se dá, apenas, contra
um Partido, como que pagar a conta,
mas contra um povo, roubado em sua sorte...

De quem se rouba o financiamento
da Cultura, da Beleza e da lisura,
do esporte, que mais e mais dura,


na Saúde, na Educação, fora e por entro,
pra nos mostrar, na História madura,
que tudo é hoje como seguia sendo...

terça-feira, 3 de abril de 2018

Breve


As vezes custa seguir,
tanto pelo que desprego,
quanto pelo desespero,
que nem voar, nem cair...

As vezes insisto em falar,
mesmo quando o verbo cale,
mesmo que a dor se exale,
a esmo andando no ar...

Uma pouca essência, me conta
da tristeza que venta solta,
da vileza que bate e volta,

da instância que me desmonta,
e constrói uma certeza leve,
da alegria de tudo ser tão breve..

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Canseira


Ah! Sei lá! Canseira, sabe?
Uma sensação estranha
feito estradas, vidas e sanhas
me ensinando o que cabe...

Dentro deste peito azul
de Borboletas e vertigens,
andamos desde nossa origem
neste mundo de norte a sul.

Um mundo de alegrias verte
as poeiras e tristezas
as idades que, sobre a mesa

mostram dias de verde,
de azuis, de lilases e sombras,
onde, quem sabe, me farei das sobras...

domingo, 1 de abril de 2018

Afinal


Num ativismo recheado
de contradições em si,
voei voos por aqui,
dentro deste peito inchado,

feito um menino desavisado,
ou uma bola que furou-se,
em mim, tudo deitou-se,
e se fez alegre e inusitado...

Eu mesmo nem me lembrava,
da tristeza, que em nós
se deu, acompanhados ou a sós,

quando sem saber, se nadava,
nas águas do perigo mortal,
pra gente se encontrar, afinal...