segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Cura


A luta dá passos pra frente,
pra trás, pros lados, em cima,
ao lado das almas meninas,
meninos, de toda a gente...

A lida repele e aproxima,
e faz o construir cotidiano,
que compra comidas e panos...
Quem faz, nem sempre assina...

Quero aqui reconhecer da peleja
seu valor ausente e sereno,
que venta e espalha venenos,

e cura cada um que se veja
em sua diária essência,
e em tudo que há nesta existência...

domingo, 30 de dezembro de 2018

Cargas


O ano se vira,
e virá, tenho visto,
com temores previstos,
por tudo que se transpira...

O ano chega, como canto,
pelo sentido inverso
do que dá sentido ao verso,
porque o tira do desencanto...

Verei, então, outros ares,
como as Borboletas,
as Bicicletas, as Lambretas,

passando nos mesmos lugares,
onde passaram Bestas,
e suas cargas de cestas...

sábado, 29 de dezembro de 2018

Movimento

 
Uma mudança grande
gera dores pequenas
ou grandes, fortes, amenas,
quando tudo se expande...

Usando o manancial colorido,
das emoções que temos,
em cada coisa, nos sentimos e vemos,
e mudar, nos refaz os sentidos...

Porque é rodante o mundo.
Sabia?  Enquanto falamos,
roda esta bola em que moramos,

e a bola que ilumina tudo,
também está em movimento,
e assim, nos acaricia, o vento...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Vindouro


Afinal. O dia certo.
Me alcançou este voo
do qual emerjo, e destoo,
do ar que me vê perto...

Sabe? O ar de todo dia,
que venta nas florezinhas,
arrasta o cheiro das cozinhas,
e mostra ao mundo sua alegria??

Pois, neste ar, me sou, de novo...
Como um Lobo-Guará
que nas Lobeiras vai buscar

o inédito para um Lobo...
Mas, que nem tem que se envergonhar...
As frutas são o anterior e o vindouro...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Ajustes


Quando se tem que ajustar,
alguma coisa que, não veio do jeito
certo que invade o meu peito,
aqui, e em todo lugar,

é ṕorque não era daquela forma....

Mas de outra, diversa e longitudinal,
como o respirar assustado do animal,
antes da caçada, que o mata, e reforma,

em enfeite na sala do caçador branco...

Sonhavam em Paz, meus dentes alvos,
meu sorriso impecável, e cândido....

Mas tudo que vi, meu desejar santo,
como o velho senhor, sábio e calvo,
fizeram-se o o inovador, em Viola e canto....

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Do Natal acontecido...


Um longo caminho existe,
para aquele que se esquece
desta estrada que nos tece,
que todo dia (em nós) insiste...

O caminho aumenta,
se a parada é grande...
A jornada se expande,
pra quem (só) se senta...

Cada pedaço recomposto
neste caminho erguido
faz pra mim todo sentido,

fala em mim todo pomposo,
como um menino recém-nascido,
neste Natal acontecido...

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Vertidão


Cada canção nascida
é água de distante fonte,
que, ao cruzarmos pontes,
podemos beber dela, vertida,

em sangue de rio que corta,
e no mundo todo abre,
e todo caminho de lama cobre,
e por todo canto põe portas...

Eu sentia um peso,
como temer ser feliz,
ser incauto com o nariz,

e metê-lo, atento e ileso,
em montes de areia e giz,
pra ser, com o mundo, coeso...
 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Fino



Os homens aprenderam
a assentar tijolos, pras casas,
onde crianças ganhariam asas,
e fizeram os muros, que nos prenderam...

Nós todos contemplamos
a inteligência apontar farturas,
e as burrices, as ditaduras,
pra que, de fome, nos matemos...

Quero as lembranças do Menino,
forte, e imensamente manso,
que nasceu pobre e pequenino,

no mais improvável remanso,
onde as gentes e os bichinhos,
viram a Estrela, e seu brilho fino...

domingo, 23 de dezembro de 2018

Agliofobia


 A perspectiva da dor,
reescreve sempre a mesma
história que bate e cisma,
latomia que nega o amor...

Eu sei que há real harmonia,
na intenção de amar
de alguém que queria se encontrar,
mas na verdade, se escondia...

Eu sei, porque lá estava!
Era quem plantava com alegria,
e nem sempre alegre, colhia,

mas que no podia, me entregava...
Ou assim achava, porque esquecia,
quando da dor me afastava...

sábado, 22 de dezembro de 2018

Carne viva


Foi já a tanto tempo
que se soltou a tranca,
que mesmo numa fala franca,
o incerto virá de dentro...

E cada dor parida
em versos de desforra,
que, feito água, se escorra,
pois não curará a ferida...

Ainda assim, é uma tentativa,
versada dia a dia, ou juntos
os dias, Poemas, assuntos,

pessoas e as suas tratativas,
pra nos falarmos sem insultos,
e curar esta dor, em carne viva...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Melhor


Aqui nestes meus dentros
já cantei tanta canção,
que tivesse dez mãos,
não contava com os dedos...

Nesta minha estrada interna,
já dirigi caminhões e bicicletas,
guiei Camelos, e abri as velas,
numa minha busca, eterna...

Então, o que mais fazer,
se não seguir, e seguir
alegre sempre com o porvir,

esperançoso do que virá acontecer,
ansioso pelo ansiado advir,
onde espero estar meu melhor ser?...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Vida justa


Qual o preço,
o custo que custa,
a busca que assusta,
o real peso?

Quem se arrisca,
veste-se das horas,
ancora-se e se escora,
no perigo que avista?

Eu, feito trabalhador,
ansiei pela riqueza,
pra ver fartura na mesa,

mas tremi do meu temor,
de que não vencesse a labuta
pelo sustento, na vida justa...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

D'este canto...


Este mundo, de que a gente,
é parte, e nele partido,
chora e perde os sentidos,
quando nele se põe ardente,

é mal, triste, cinza e velho,
como a certeza na sala,
a beleza das horas raras,
holografias de Escaravelho...

Havemos de conquistar,
e eu hei de poder entender,
este meu devotado dever,

que me aperta pelo pensar,
se verte em dor e temor,
em cantantes cantos de amor...

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Seguindo


O que nos falta?
Qual o tamanho 
da beleza, do ganho,
do que nos exalta?

Qual o tino aponta,
pro centro que habita,
esta dor que me palpita,
e me faz por dentro, e conta?

Eu berro e canto, 
como quem conta,
indômito e sacripanta,

intrépido de espanto,
feito estrela que desponta,
e n'alma do Poeta canta...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Da noite e da vida...


Cada noite é um desafio,
que me obriga ao reencontro,
que desagrega e passa do ponto
em sua paz de fome e frio...

Cada momento, uma incerteza;;;
Mas, antes de tudo imaginado,
se nos dará um porvir, um legado,
que fará de nós só a nossa beleza...

E nessa fé, quase animista,
me verei andando pelo mundo,
como aclamado vagabundo,

ou ansiado e esperado artista...
Na verdade, tanto faz,
como fez, quem fez, em sua vida...

domingo, 16 de dezembro de 2018

Dispersório


O Universo, as vezes,
abre magníficos portões,
onde, de longe, se viam muros...

Eu, este pó, dispersas reses,
nos pastos das direções,
sonho ser menos duro,

e mais capaz de entender,
como escorrem os óleos,
como os ventos param nos vidros,
pra tudo acontecer?

Serei como displicente e irrisório,
como a Paz nas manhãs,
o doce azedo das maçãs,
e o fedor do mictório...

sábado, 15 de dezembro de 2018

Dos coloridos...

 
O olho chora a água (que é) alma,
quando sente que a dor segue,
pra não ver o que se recebe,
e com tudo e cada, perder a calma...

O olho brilha a dor linda,
que lava o corpo, e dá prazer,
que faz perfume do seu viver,
e só maldiz a verdade vinda,

como a invenção do que não se quer...
Sabe? Quando se quer algo querido,
não o ser aquele que tem seus sentidos,

mas os sentidos que se quer sentir...
Saberei eu lavar minha instância,
e acordar pra ser inventor dos coloridos?...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Abismo


O tempo mostra as marcas
no corpo de quem esta vivo!
É que a Morte carrega consigo,
não conseguir coisas parcas...

Eu me vento em ladeiras estranhas
e me surpreendo em vitrais
de belezas novas e ancestrais,
como algo me vindo das entranhas...

Nem sei se sobreviverei...
Talvez, só as ondas sobre o porto,
é que o tornem vivo ou morto

sem barcos que ancorarei,
mas cheio de Peixes e Mariscos:
a vida, com as cores do abismo...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Grande Ave

 
Uma grande Ave, voou
nos céus deste lugar
antes de tu chegar,
e eu, e meu avô que passou...

Morava era outra gente,
nestes lugares e matos,
e tudo foi tomando-se contato,
e se fazendo diferente...

E a Ave gigante observava,
e o dia todo voando,
nas infinitezas planando,
ela tudo anotava...

A Ave abençoada se foi,
e tudo que se soube com ela...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Presente


Um dia após o sequente
do dia anterior passado.
Assim é nosso tempo: contado,
pra que ignoremos o presente...

Um amor repõe o anterior,
como um jogo montado,
em que o sujeito é jogado,
em objeto sem valor...

Nosso jeito de viver, esquece,
que a beleza só se encontra, e tece,
pela vida do do embelezador...

E que esta vida é o que acontece,
na certeza que se desvanece,
neste nosso dia a dia arrasador...

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Tiradentes revisitado...


Eita, que então se viu,
a maldade abrir as asas,
a crueldade frequentar as casas,
pra se fazer um "novo Brasil"...

Sabe? Gente feliz com a prisão,
de pessoas e propostas,
à grandes injustiças, expostas,
em declarada exceção...

Quem lembra da conjuração
mineira, liberatória, nacionalista?
Quem morreu foi o "pião da pista"...

Aos doutores ricos: "Admoestação"...
Pros menos ricos, exílio...
Pro "tira-dentes", martírio...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Forma



Um canto central,
um vento no alento, tal,
que em mim movimento.

E é Eterno e Brutal,
como o bem é o melhor,
mas nem sempre sem dor,
de toda dor que há no mal...

Sei que me imagino vertendo
em um som tão velho,
em um som de sabor caramelo
e cheiro a tabaco perfumado

Uma velha forma de Viola
de 2 cordas, que uma
a outra a consola...

domingo, 9 de dezembro de 2018

Escaravelho


Sou um desconectante...
Alguém que se entrega,
chega, mede, pulsa, berra,
e está longe no seguinte instante...

Definitivamente insensato.
Como um Cordeiro brando,
que amigo de todos no bando,
é o escolhido pro assado...

Viajarei pelas minhas eternidades.
Como, além de viajeiro, cantante,
um vetor na eternidade frustrante,

pro alento que vem das idades,
e transmitido como um sonho velho,
um memorial zumbido de Escaravelho...

sábado, 8 de dezembro de 2018


Um almoço junta gente
tão separada, tão longe,
que nem imagina o que esconde
a história desta gente...

Um monte de mesas,
cadeiras, pessoas nelas,
falantes e singelas,
caladas e presas...

Mas falantes e tristes,
contando suas vidas,
pra não serem ouvidas,

como o que mantém em riste
o falo ereto da autoridade,
raiz de nossa triste realidade...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Tecer


Pois o eterno cobra,
a "deixadas pra lá",
que as vezes este aqui, dá,
no cuidar da obra...

Há que se ter atenção,
à cada nuance que o eterno,
em seu balanço de ninar, terno,
sussurra em sua doce canção...

Há que se ter tempo pr ouvir
antes do que a certeza possa cobrar,
e a audiência facilmente notar,

mas, antes, eu e cada um permitir
que o eterno possa leve ser,
pra que sonhe de voar, ao me tecer...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Perto e distante...

 

Notas agudas se atraem,
como moscas na Luz,
como pregos na Cruz,
como cores, onde as tintas caem...

Eu ventava feito um Andaluz 
nos mares, um espirito solto,
sem medo da morte, do ignoto,
da eternidade, e do que  ela diz...

E cheguei por aqui, navegante,
como se não contassem-se forantes,
as distâncias nesta terra de errantes,

e acertantes, em nossos caminhos,
cantando flores, as vezes espinhos,
pra reconstruir-mo-nos aqui, perto e distantes...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Nunca sós...


Cada caso esconde,
o mal, a dor, a tristeza,
de tantas histórias e vilezas,
que a gente finge que abrange...

Que a gente se frange
diante do mal, que fatal
mente e retoma, normal,
como quem cague, ou cante...

Cada dor é sutil e leve,
intensa e única canteira,
onde a modorra é leve e certeira,

mas a alegria queimante e breve
salpicando flores no caminho,
pra gente saber que não está sozinho...

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Tida...


Conseguir, consegui...
Não me vi abandonado,
mesmo mais que errado,
por mais que fora de mim...

Cada dia vive seu legado.
Cada instante tem proceder
diferente de outro acontecer,
mesmo antes de tudo criado...

Então, o tempo vai me curar.
De alguma doença instável,
ou de um pensar indesejável,

mas que se modela pelo ar,
em cada palavra dita,
em toda esperança tida...
 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Reteso


Uma telha, um calhambeque,
presa entre as presas,
dentes com contra-cheque...

..."esta gente apetitosa, e indefesa",
é capaz de ir até o fim....
E, apesar do ideário carmim, 

e da orígem planetária,
somos seres de outras eras,
de ventos e grandes quimeras,
e não nos assusta esta avaria,

que este lugar onde vivemos
vive, nestes dias de peso,
o Arco Sagrado sempre reteso,
pra chegarmos, onde merecemos...

domingo, 2 de dezembro de 2018

Verbagem...


Verbetes se constroem
de bits, bites, canetas,
amizades, saudades indiscretas,
que, no que somos, nos cozem... 

Verborragia intermitente,
em dimensões siderais,
que não são, nem foram, atrás,
pra algo além da dor da gente...

"Expressão", o que as (pá)lavras
são em si, em partes,
ṕarticulas de toda arte,

argamassa e enxada com que cavas,
com que, no chão, bates,
mordes, lates, dizes, provas...

sábado, 1 de dezembro de 2018

Cada...



Um tempo de adevento
diz um amigo, cantando
que escutou de um Curiango,
estes dizeres do Vento:

Muita coisa boa chega,
mas o fato, é que ninguém
nota, além de si, e quem
viver pra ser quem chega...

Virá então, um Deus menino.
Menino Deus, brincadeira,
onde a alma humana, verdadeira,

sen medos dos desatinos,
brincando sem medo das beiras,
construindo em cada menina, menino...