sábado, 28 de fevereiro de 2015

Energia em ar


E o Vento, menino incauto,
ancião peralta e sensato,
faz a comida e lambe o prato,
ladeira sem cansaços, sobressaltos...

O Vento, respiração da Força,
lambe as orelhas da criação,
da pedra, água, árvore, chão,
a grama que alimenta a Corça...

Este mesmo Vento me lambeu e lambe,
como a cadela ao cachorrinho,
que nasceu, novo ventinho,

que dali há de ser vento grande,
manto e cocho, eu, ar e comida,
onde se viaja em velas nossa vida.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Palhetas de Luz



A Luz brinca em suas palhetas,
num mar de tarde, alarido alarde,
com canduras no fogo que arde
na faina, na busca das metas...

E no meio de tudo, o balanço
da rede que alterna frequências
acende, apaga, ascensão, decadência,
até quando, pelo alto, deixar os ranços...

Eu, tu, cada deste tempo,
vagas no mar de dentro, e a cor
detalhada matiz deste entardecer sem dor

em que a Luz brinca pelo vento,
nas nuvens, paspatús de chumbo e eter,
novas perspectivas em tudo que pode haver...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Rosa nos Sertões


Era uma cantiga.
um vento solto no campo,
inexato e estranho, soando,
como fosse coisa antiga...

E de todo lugar
eu ouvia, como a sombra
da eterna e florida rampa,
de buscarmos o Luar...

Sei que me canto,
me sou se soo,
se rompo o peito e voo,

e o pequinim que canto,
voa nas minhas vastidões,
como já Rosa vastou-se nos Sertões...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Deste aqui


Cada um carrega sua história!
Carrega sua carga, e retarda
o passo ou avança, preta ou parda,
a fera mora na nossa memória!

Cada qual sabe o valor do passo!
Cada entranha que as vezes enjoa,
Canto de Ossanha, por dentro entoa,
pela boca se passa, se amassa em aço...

E nas lutas de toda esta vida,
meus irmãos e eu, apenas vamos,
caminhantes de sonhos, não planos,

circundantes do mundo, cantando lida,
ali, na estrada circulada de Pequis,
e as Saíras na janela contam deste aqui.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Feira


A feira é a humana experiência:
Troca de histórias, memórias, cadeiras,
tamancos, cobertas, Violas e esteiras,
óleos, essências, gentilezas, cadências,

arautos de cobras, cabras, perfumes,
cardumes inteiros secos no sal,
mantas de cobrir e de guardar no bornal,
banhas e raízes de banho, cortumes,

couros curtidos e crus, tambores,
tampas e vasilhas, sementes e mudas,
cantigas dos tempos das lutas,

tecidos e roupas, lindos primores,
das moças donzelas, lindas aquarelas,
e frestas da festa que nos revela...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Dia da Vitória do Amor


Resultado de imagem para dia de calor na floresta


No calor deste dia,
visto antigos conceitos,
labaredas em confeitos,
labor de cantarolar alegria...

E nas paredes do falar,
penduro minhas botinas,
encosto aventais e batinas
e encanto pra continuar,

pois que o trabalho dado,
pelo Divino, pra este trabalhador
nem se importa com este calor,

antes, quer ver cantado,
todo canto de festa e valor:
celebrar o dia da Vitória do Amor!

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Alegria de toda matiz















E sobretudo, no claro mais,
claro menos, meio da tarde,
o Sol de vida nos invade,
me espanta pro que se fez e faz...

Que cada dia, se enternece do labor,
que marca este nosso povo,
inédito em tanto sonhar o novo,
a gente a que se diz: Trabalhador!

Que são estes, senhor, senhora,
que fazem isto chamado país,
isto que promete fim feliz,

mas que no mais, nos ignora,
mas seguimos, pois quem sempre quis,
segue querendo alegria de toda matiz...

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Vento nos Buritizais


Houve um tempo,
antes do mato ser Cerrado...
Por todo lado
Se ouvia o vento,
Buritizais...

Um canto atento,
que deseja sempre mais...
Que foi Cerrado,
foi mata adentro,
com os animais...

Tanta vida,
nos Gerais...
E as Saíras,
guardam Pequizais...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Todas as cores




























A certeza assiste asustada,
ao que o desejo inexato,
forte, seja o estrondo lato,
se lambuze das madrugadas....

Se encante de lãs e lousas,
se encoste no mar, mastro
de barco que, ínfimo e vasto,
singre meus predicados e rosas...

E ancestral de latitudes,
o vento lambendo flores,
cantando amor e labores,

eu, sombrio e sonso de plenitude,
cantarei cangaços, frentes e sabores
interfaces e totalidades de todas as cores.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Miraculos seios


E quando o vau de tudo, rompeu-se,
e tudo se fez arrastante e fundo,
estes rompantes, d'onde me re-fundo,
me re-fiz-e-faço no que no escasso lavrou-se...

E do etéreo, me escoro no vário,
me re-espero, aturdido e desejável,
e arremetido contra o inevitável,
o mesmo em tudo, nosso aquário,

o véu do mundo se des-fará,
se acertará na beleza do passeio,
e eu e tudo, pelo canto e meio,

chegaremos todos ao mesmo lugar,
o canto avesso, inchado e sem veios,
sem rosto e cesto, miraculosos seios...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Cinzas da alegria

























Aquela festa rompeu a escuridão!
Pelas frestas, ouviram-se luminosidades,
das que se ouve nos postes das cidades,
todos buscando, via folia e sofreguidão.

O que fica no dia que se segue:
"quem não pula, perde oportunidade"
inocula antes de haver puberdade,
inaugura o que não sabe se consegue...

Mas a função continua, com seriedade.
Os que caminhamos, vamos juntos,
por algo que nos (des)faça defuntos,

ou nos permita sonhar eterna claridade,
e pensemos que festar, seja todo dia,
e enfim cheguemos à sem fim alegria...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A flor que me leu


Andar por este Cerrado,
a pé, sem tanta pressa,
pode ser que não se meça,
quantas flores, por todo lado...

Seguir uma trilha no mato,
pode dar a alguém que siga,
uma inesperada cantiga,
ou sentir um sentimento inexato,

como se o mundo, na Saíra,
mostrasse, além do prazer,
o que em cada planta se lê,

como se, a dor queimasse a Pira,
e os homens, na Terra que gira,
olhassem aquela flor, que nos lê...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Tisiu em meu caminho























Sigo com medo, sem modos...
O que vale é que o caminho clama,
e cada passo, quando me tira da cama,
e me faz caminhar pelos cômodos,

me mostra realidades novas,
nesta nossa casa planeta vagante
no espaço, massa de ar errante,
e acertante pelos sextantes das provas...

O que me vale, por fim,
é que sou estradista daqueles,
que se encanta com um Tisiu, reles,

passarim preto, e que pra mim,
supera colorismos na singeleza,
o caminho, a me ensinar a beleza.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Nos fartar


























O tempo mostra caminhos,
os espinhos, vão moldando,
o que deste peito se soltando,
o tempo, faz por si, sozinho,

e faz por mim, por tu, por quem
feito qualquer um de nós,
dos nós que parecem lobo feroz,
vem o tempo, os desata, e além...

Eu mesmo, manhãs de me encontrar,
tantas vezes ainda a esperança,
de achar a velha e inexata criança,

ou um novo, desabalado cantar,
pois o tempo que mostra os trilhos,
faz crescer o milho, a nos fartar.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Mão amiga



Cantigas, o canto flui por dentro,
o espanto de estradas e tempos,
encantos que sopram no vento,
e cortam o intento, e mata adentro,

e campo afora, na escuridão,
no vasto espaço, que leve me leva,
cumpra eu o que basta e preza,
nem  fere ou lesa, a ínfima vastidão,

e em tudo vou desenhando,
o caminho, paço, espaço, espinho,
entre o que vem e vai, sozinho,

e do meu peito, segue brotando,
como a flor das cantigas,
antiga candura, mão amiga.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Branco caderno


 

Como se a festa, ela, por si,
não fosse só, um movimento,
une as pontas do que por dentro,
ampara as rotas que daqui, dali...

Como se o desejo precisasse,
de horas e balas, prenhas bolas,
prantos e doces e a mesma cola,
que nos uniu nos une, se cantasse...

E eu, e tu, sozinhos sempre,
não nos prenderíamos de cantar,
mas o canto nos mostrasse a frente,

que o tristonho só, por si, se aprende,
mas que o que é eterno ha que se plantar,
branco caderno, com tudo a se anotar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Minusculo jardim



Um simples assistir,
assombro, assomada
corrida, tão minha amada,
feito mesquinha e cálida madrugada,
como este chão de existir,
que se deixar de ir e vir,
é nada!

E do alto d`onde presumo,
o que vejo,
meus olhos,
e os nervos
e os sumos,
que bebo nos Santos Óleos.

Sei, que o próprio,
é o mais ilusório.

O Único, por sua vez,
faz-se sempre múltiplo.

Sonho-me, assim
um complexo vario,
como um campo imaginário,
um minusculo jardim.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Viajantes da liberdade

 

Catimba, quem sabe,
como se vinga, se vaga,
se poda ou se esmaga,
a si mesmo, pois, quem sabe?

Mandinga, se a si se malediga,
quantas virão as que pra quem
se queiram como se queira bem,
se queira frutos feito cantigas,

e se siga em tudo por tudo,
eu cantor de inabstratos versos
cansaços curtidos e reversos

pra que não haja quem, mudo
não diga maldades, inverdades,
pois somos viajantes da liberdade

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Dia de festa


Quem se dispõe ao embate,
sabe, antes, que a labuta,
se vale dela, mas da luta
vai além, de quem bate,

de quem apanha, ou empata,
de quem pensa que manha,
que rança, arranca, arranha,
que ganha por que vive, mata?

Hoje se canta, porque aniversaria,
um ser de antes e agora,
e depois, que é toda hora,

eu, você, e todos os dias,
nesta alegria de lembrar
que entre nós, Ele a celebrar...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Salto




Nem a chuva molhava
nem a terra pendia,
ou a solidão colhia
o que de vento chegava

ao eterno, o sopro singelo,
o estorvo cálido do chamado
terno e sentido, proclamado,
e de tudo que entre nós, elo

a nos ligar, a nos cantar,
nossa melodia de querência
nossa galhardia e veemência,

com que veremos chegar
o tempo de toda  elegância,
salto, nos marcando a existência...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Vento frio


E o vento frio,
meu irmão mais parelho,
fez-se uivante, de velho,
e me cobriu, e viu

e mostrou minhas armadilhas
e sobre tudo, cantou,
porque o domingo planteou
que inda chegaremos às ilhas,

com os filhos, por mares e rios
e caminhos tantos desta terra
que o vento que limpa e erra,

e na enormidade dos desafios,
me deu a manhã por presente,
e ao mundo, o que cada, sente...

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Respirar


Era um dia de chuva,
um nublado dia alongado,
lindo, curvo e plantado,
nas linhas do novo que uiva,

na estrada, como Lobo,
estranho vértice da figura,
que volta, e, se perdura,
é porque, nada mais é novo,

nada mais é eterno, 
a não ser a morte,
a não ser o corte,

como um infinito inverno,
como um declinante espirar,
síntese/dia, respirar.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Gigante/Pequenino















Então a cantiga nasce,
vinda de grotões miúdos,
de baús feios e fundos,
de onde não se esperasse...

Também, a canção vem,
da picada mais escondida,
da varagem até atrevida,
que este caminhador tem...

Um Poema, esta entidade,
em diversas voltas vem da prosa,
as vezes do chão, da Rosa,

ou de ver estrelas, e claridade,
ou surge, de um grito de menino,
e se mostra: Gigante/Pequenino.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Esprimido




Um Poema esprimido,
entre compromissos,
fracos ou cheios de viço 
pesquisando os sentidos...

Almas em seu caminho,
de achar, se achar no rumo,
como na horta se planta fumo,
pra afastar inseto daninho,

este caridoso Poema,
vem acalentar esta alma
que na tormenta busca calma,

cachorro que late e teima,
e na sequencia da estrada,
vence insonias na madrugada!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Sonho atravessado


























Era que nem um sonho atravessado,
um fundo inventado no Universo...
Sem fim, sem capa, começo ou reverso,
(o sonho, tão pertinho, me encontrar cansado?)

Quase que nem dormia, só pensando,
no que vira, em toda gira desta volta,
em toda pira que me queima e solta,
e em meu pensamento, o mundo se criando,

e se fazendo com farturas e alegrias,
com a belezura das crianças correndo,
ao redor do fogo/lar, aqui ardendo,

neste peito em que as Galaxias vertem
as vidas das esfíngicas hostes, nas estrelas,
a vida do meu sonho atravessado: quero tê-la...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Menino do Cerrado


Há seis anos, um menino:
aquele evento nos unia,
um nascimento nos nascia,
avós, pais, tios, tias, destinos.

Dia quente, Sol e nuvens,
e chuva de toda cor e vento,
testemunhando aquele rebento,
da Cidade/Luz, dizem que vem,

e eu, que se andei por lá,
a tanto tempo aqui caminho,
nesta alegria que despreza espinhos,

que hoje celebra, que por cá,
corra e faça canteiros de mar,
este menino do Cerrado, de todo lugar.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Dia de festa no mar...


Mesmo longe, o mar rescende,
seu cheiro, força, alegria, graça,
o que somos, que qualquer faça,
sonho que em tudo se transcende..

Mesmo aqui, dentro, o mar se sente,
como o vasto do céu, nossa casa,
que no mar se reflete e nos embasa,
e nos cantos de mim é sempre presente...

Falo de um mar que é mãe, candura,
alegria em estado ancestral
energia que dá origem ao que é vital,

e que uma nova pureza inaugura,
e transmite, nestes cheiros da beleza,
dia da Mãe do Mar, e sua realeza!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Cores na vida


Céu e mato, manhã de Sol, menina,
vento frio faz daqui, aqui, este lugar
em que o Cerrado se  faz ventar
e brinca onde se encanta a retina.

E Saíras, Joões e Joanas e seu dueto,
se soltam no grande azul, colorido véu
teto de toda cabeça, manto/céu,
passarinhos de todo canto, longe e perto...

E este menino no meio da claridade,
ilumina seus escuros, brinca onde vai,
se molha das essências, grita seus ais,

nesta estrada cheirando eternidades,
com vestes da alegre certeza sentida,
destes dias em que se colore a vida