sábado, 31 de março de 2012

Neste dia de União

Na casa do Pai de nós todos, na casa santa
Onde se reúnem servos de todas as formas e cores
Servos de todos os credos, pensares e sabores,
Nas flores desta existência que a mim mesmo espanta,

Sigo buscando ser firme, vencer minhas pequenezas
Vender as minhas fortalezas pra passar pela penúria
Galgar novas certezas e conquistar novas Astúrias,
Onde a vigilante viagem aponte a definitiva beleza

E eu possa por fim ser algo mais que isto que resta de mim
Que possa sonhar com as veredas onde se ouve cantochão
Que ecoa como a Luz que voa por sobre as mantas de capim

E a gentil vertente do novo tempo garanta a todos o pão
E permita a cada um a alegria do cheiro bom do alecrim
E as rosas perfumem a realeza deste dia de União.


(Pra João e Larissa, no dia de seu casamento)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Poyésis

Poesia é inigualável linguagem:
Pode ter o mal-cheiro da morte,
Ou um delicado perfume de flor,
Ou então uma desagradável imagem,
Ou ainda uma aquarela de toda cor,
Em tons esmaecentes ou muito fortes!

A poesia que se canta / pode ser rimada com santa
E esta mesma poesia / ser rimada com vadia...

Se vale da forma / a poesia
Pra ser alheia a toda a norma / pra ser vazia...

E mesmo quando não tem nada, em si,
A poesia é o espelho em que me vi!

A poesia é da vida a perfeita mimésis,
(Poesia) é criação, que em grego é poyésis.

O fim do castigo

A vida por vezes parece um jogo mortal sem fim
Um jogo em que não somos jogadores, senão partes
A nos mover por dentro do jogo com todas as artes
Que nos permitem continuar vivendo assim

Como fossemos bonecos movimentados por mãos alheias
Como se tudo que sonhássemos não permitisse o fim da dor
O fim da tristeza que o dia a dia parece sobrepor
Aos momentos de alegria em que a vida parece cheia

Da alegria solta que nos promete grandes certezas
De que nossos sonhos conseguirão por fim ao perigo
Que ronda nossas casas, e esvazia nossas mesas,

E por esta certeza, que temos certeza, nos dará o amigo
Que acompanha nossa vida e nos premiará com a merecida leveza
E que do mais alto céu anunciará o fim do castigo!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Distraído

Com a lupa procurei as partículas
Que, me garantiram, existem suspensas no ar.
Mas muito mais que vê-las, só as pude encontrar
Quando abandonei minhas pretensões ridículas

A pretensão, por exemplo, de aprisionar no pensamento,
Na razão pura, que sem escutar o coração
Não dá cor a vida, ao calor não dá atenção,
Não considera o valor intangível do sentimento.

Então, quando deixei a velha lupa de lado,
Fechei meus olhos e me deixei sentir
Elas, as partículas, apareceram onde sempre tinham estado.

E me contaram que nunca tinham saído,
Com o eterno que comigo tem caminhado
E eu o perdia, pela razão distraído...

terça-feira, 27 de março de 2012

Sagrados Amores

Caliandras-rosa forravam o Cerrado
Nos caminhos que sempre cruzo,
Nas veredas entre os troncos cruzados,
No tempo que está além dos fusos,

Ali, aquelas manifestações da perfeição
Se mostravam tão simples e despretensiosas
Como é hábito entre as flores de toda nação,
Como sempre usam praticar as rosas...

Porque a perfeita engenharia celestial
Que a tudo criou e formou as flores,
Que sopra com os ventos a canção magistral,

Nas Caliandra-rosa resumiu todas as cores,
Que existem do céu infinito ao profundo abissal
E que à vida dão alento, Sagrados Amores!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Pra manter a chama da esperança

Vir pra esta terra pra ser mais um co-autor
Da sua cantiga que a milênios se faz
Uma música nova todo dia, que nunca satisfaz
Porque sempre sempre está incompleta, sente o compositor.

Falta ainda uma perfeição que não se sabe onde,
Detalhes que fazem de cada flor beleza sem par
Beleza incontida nas conchinhas da beira do mar
Nas margaridas e nas delícias de uma fruta do conde.

É esta, por fim, a grande peleja desta existência:
Compor a tal canção enquanto o cansaço nos alcança
E vencer com o dom da vida expresso na persistência,

Na beleza do viço que existe no que em mim é criança
E me faz crer que chegarei à beleza da permanência
A beleza eterna que existe pra manter a chama da esperança.

domingo, 25 de março de 2012

Canção pro Sol

O azul deste dia vai de ponta à ponta
Sobrevoa os sonhos de nós todos viventes
Queima verdades que nos deixam ardentes
Colore as flores de diversidade sem conta.

A imensa Luz, quente nesta manhã de domingo,
Sobre as cabeças de todos os seres
Salpica saber sabores, calores, ardores,
Sagrada chuva de Luz, cores em pingos...

E eu, minúsculo andarilho a esperar caminhos
Os diviso da porta dos pousos que compõe meu rol
De lugares por onde ando pra abrandar meus espinhos

Enquanto, pra meu consolo, ouço o sagrado rouxinol,
Do canto da eternidade que concretiza todo o carinho,
Que nos permite a vida nesta eterna canção pro Sol.

sábado, 24 de março de 2012

O bem neste dia

O verde que se extende pela frente
Desta manhã em que o Sol festou
No júbilo que toda criança sente
Santifica a atitude que nos brindou

Com a certeza de que a Luz reinará
De que a verdade vencerá dentro de mim
A incerteza que tão breve cessará
E permitirá a chegada da primavera, enfim.

E esta realidade surgirá bem cedo
Como o despertar pela manhã com alegria
Que os galos nos dão pra vencer o medo

Que sucumbirá na prática que se principia
E escreverá em toda vida novo enredo
E dará as cores de vivermos o bem neste dia.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Há tanto por se fazer

Olho por entre as alamedas de verdes vidas
Sinto os perfumes do que parece impossível,
Como o estrume de gados cheirando à farturas antigas
Perfumado com os sabores da realeza visível.

Pois que com certeza os dias melhores virão,
Como os raios do Sol, nosso pai, nas manhãs,
Como as flores que alegram nossa sofrida visão
Chegará o tempo que sucederá este que tem índole vilã.

Pois que esta nossa lida promete antes de tudo
Mais lida, mais trabalho pra se chegar ao lazer,
Mas não desampara aqueles que lutam e que são escudo,

Das flores de maio, desenho de tanta beleza e prazer,
Serão elas a porta deste amor que sempre re-faz o mundo?
Não sei... Só sei que comigo, de minha parte há tanto por se fazer...

quinta-feira, 22 de março de 2012

Perfeição trivial

A ventania fez desenhos sobre a areia
E onde passou, traçou mandalas improváveis
Riscou contornos não imagináveis
Arrancou dos carvões sua face feia.

O vento moderado brincou com a superfície
Da água do lago que parece eternamente quieta.
E borrifou gotinhas nos olhos de quem interpreta
E gotejou borrifos premiando à quem lhes visse.

E as manchas das cascas dos jatobás desenharam
Flores nunca antes vistas em desenho normal
Que os tons de marrom caprichosos se esmeraram

E deitaram sobre a vida imagens sem igual
Em que a beleza e leveza imperceptivelmente se encontraram
Pra fazer o inusitado da eterna perfeição trivial.

O sucesso pleno que alguém já cantou

Nas pistas do que corro, de por onde sai
O sangue que produz licença e trabalho
Vou doando-me como quem ao próprio enterro vai
E se despede de si com uma risada de escangalho.

Como quem diz de si que nada mesmo é o que tudo
Que vale a pena nestas proezas rodar.
Cantar é mera ilusão que permite ao mudo
Pensar-se grande enquanto só lhe resta passar.

E eu, mudo que não se reconhece
Como tal que sou, vou, vou, vou...
Pra ver se o tal que não se diz me esquece

Pra ver se o tal que se diz passou
Pras bandas da oligarquia que merece
Ser o sucesso pleno que alguém já cantou!

terça-feira, 20 de março de 2012

Eu hei de mostrar

Das tantas vezes que tem me dito que não sou nada,
Me fica o presente fundamental de ter que mostrar,
Que nada, isto que sou nesta árdua jornada
Ainda pode a alguém nesta vida alguma coisa dar.

Pois nada sou, e a nada este nada chegará
Mais inútil que a tampa de uma vasilha quebrada.
Onde somente a água suja e inutilizada se deitará
Mais inadequado do que a vaziês do que é nada.

Ainda assim, nada perde por esperar
O tempo que virá, e que o nada se tornará
Algo maior que o vazio
Que este nada fez tanta gente experimentar

Nada se perderá.
E o nada, com tudo, se encontrará
Com a fartura aqui,
E em todo lugar.

Erros e esperanças

Nestes todos erros que vou plantando,
Sempre a esperança superior
Que a alegria me encontre e me permite seguir andando
Que a fartura se nasça no dia que posterior
A este tempo de dificuldades que vem se arrastando
Me dê o que tanto espero,
E sei que poderei chegar onde quero
Pois o que é ainda tirado, será realidade de se por.

E nossa mesa será de fartura
E nossa alegria será inda mais pura.

domingo, 18 de março de 2012

Vento frio

O dia possui diferenças que nos mostram
A força da singeleza que se irradia
Como os carvalhos que dos matinhos gostam
E amam as fontes e sua eterna melodia.

E o dia, assim, melado pelo improvável vazio
Do ambiente cujas temperaturas pedem acolhimento
Pedem reflexão e tranquilidade pra esperar o cio
Da vida que se promete desviada de todo sofrimento

E eu, baluarte da esperança que se permite em tudo
Sigo este ofício que da mais alta torre espio
E procuro pela leveza da melodia que escuto

E canto, o tanto que posso, pra vencer o desafio
Vencer em mim o medo, que ancestral já me fez mudo
Mas que aquece este lindo dia em que o vento é frio.

sábado, 17 de março de 2012

A chuva nesta manhã

No barro das telhas as gotas batendo,
A sombra de um ritmo eterno e ancestral
Fazendo misuras, musica minimal
E o dom da beleza em tudo acontecendo!

Eis a vida, um bem-te-vi canta na lobeira,
Fazendo um convite a acreditar na alegria
Que já me contagiou, mas nem me contagia
Tanto quanto nesta manhã alvissareira.

E o canto das araras voando mostram o rumo
Que é necessário pra se chegar às romãs
Em que se fartam seres do sagrado sumo

Que cura dores de amores e febres terçãs
E celebra estas chuvas que me dão prumo
E enchem de cores a chuva nesta manhã.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Canto bem-te-vi de manhã bem cedo

Trago a Lua em todos os lugares
Onde caminho, onde colho doces
Frutos e encho vasos de olhares
Mais ricos que todas as posses.

Assim perpetuo a chama da estrada
Que serpenteia, e longe sibila
Que perde escamas mas nunca desgasta
A natureza de si tão tranquila.

Eu mesmo eunuco de maldades
Arrepio na nuca do sopro do medo
Sigo com o cuidado ganhado das idades

Mas sigo por amor ao sagrado enredo
Que me permitiu sonhar felicidades
Do canto bem-te-vi de manhã bem cedo.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Olhar pro céu

A felicidade é um mito que os tempos modernos criaram.
Não pela existência dela, que é um estado a ser alcançado
Mas pela consistência que cada um espera, todos esperam,
E que na verdade por nenhum de nós pode ser encontrado.

A felicidade se constrói de Paz, não de produtos
Se conquista de confiança, não de substâncias excitantes
Se estrutura na tranquilidade da amizade, e seus frutos
E deriva naturalmente da beleza de apreciar todos os instantes.

A quanto tempo não olhamos pro céu,
E vemos a dança das nuvens
A leveza do vento,
Os passarinhos de léu em léu?

Felicidade é,
Ninguém sabe ao certo explicar,
Mas todos sabemos quando ela está,
E todo mundo quer...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Pela manhã, o Sol com sua Luz

Nesta manhã em que os desafios se mostram crescidos
Se mostram mais fortes do que aparenta aguentar o lombo
Vou cantando uma cantiga que me faz lembrar dos antigos
Tempos em que a vida não tinha tantos altos e tombos...

Em que a vida parecia-se mais com a natureza
E as preocupações eram mais da ordem do sustento
E as pessoas conviviam mais com a delicada singeleza
Que o Divino em tudo parecia espalhar pelo vento.

Hoje, pela manhã, me lembrei destas eras passadas,
E senti, como fosse um velho amor que a tempos não seduz
Mas que volta com a saudade que sente fome pesada

E aponta na direção desta estrada mostrando que o novo reluz,
Mas que o passado tem também sua importância marcada,
Justamente porque sempre houve, pela manhã, o Sol com sua Luz!

terça-feira, 13 de março de 2012

Estar aqui me satisfaz

Enquanto as ondas de alguma praia, em algum lugar
Se quebram nas areias de muitas variações de branco
O meu coração insiste neste ofício de esperança a pulsar
Em sua canção de batidas que compõe uma linda canção que canto.

Ainda não sei caminhar com a destreza que precisaria
E não sei correr quando o tempo todo o sinal aponta
Quando a advertência do perigo tocou vezes sem conta,
Me deixo ficar porque em tudo meu ofício me pede alegria.

Este sou eu, sofisticado deflagrador de ataques e defesas
Que se planta em trincheiras quando o que se canta é Paz
Que se permite despreocupado nada além de se sentar à mesa

Quando a guerra no mundo é quase tudo que se faz
Quando nos pesa, nos caminhos imundos a única certeza
De que é chegado o tempo em que estar aqui me satisfaz.

Nas margens de um pasto sem porque

Nas margens de um pasto verde
Que não alimenta nenhum animal
Bordo nestas palavras esperança inerte
Como a dança que me faz não ser normal

Como fosse um rio que do meio do mundo
Despejasse água para todos os lugares
Onde a seca interrompesse o ritmo fecundo
E plantasse nos grãos de areia o sonho dos mares

Assim me encontro, aqui, perto deste gramado
Como um menino às margens daquele rio
Não me rio, nem resmungo como um velho irritado

Mas continuo como a velha fiandeira que gera o fio
Que criará panos e fazendas de fino bordado
Como quem cantarola uma canção que de seu coração ouviu...

domingo, 11 de março de 2012

Nos campos da Lua Cheia

Os campos se enchem de todas as cores
Nas noites em que a Lua esta cheia.
Se mostram particulares flores
Se permitem mais fortemente os amores
Se enchem os mares de sereias.

Assim, nestas noites eu sonho
E me sobram as vertigens destes luares
Porque por vezes não é mais que um sopro
A Voz do Criador de terras e mares.

E sobretudo assim, sigo com este meu canto
Como quem se permite o sonho mais que a crueza
Das durezas das vidas que perderam todo encanto
Mas que seguem pelo sublime dom da natureza
De fazer com que sejamos presos aos recantos
Da pequenez da vivencia de apenas ter certeza

Porque tal certeza dificilmente nos permitirá
Estarmos nos campos da Lua cheia, soltos a cantar...

sábado, 10 de março de 2012

Como me vencer?

Eu luto com muitos leões dentro de minha alma doente
Sonho o fim dos desgostos que me atormentam a tanto tempo
Corro contra o desvelo que sopra com a frequência do vento
Pra me encontrar com a maravilhosa paz que floresce em toda gente

E é nesta esperança que eu sigo este inclinado caminho
Rumo ao espaço mais alto onde o grande prêmio é a alegria
Onde a certeza de que o sofrimento se findará algum dia
É a partilha de pão que nos sustenta o amor ao carinho

Então seguirei como barco solto na correnteza ligeira
Rumo certo, estabelecido na firmeza que hei de ter
E saber que o destino me dará saudades da época estradeira

Porque quem se candidata ao êxito sabe antes que pode ser
Vencedor nas pelejas que a todos nós imputa canseiras
E me repete tantas vezes a pergunta: Como me vencer?

sexta-feira, 9 de março de 2012

Rumo ao Sol

Esta manhã nasceu, com o Sol, com o Sol...
E eu caminhando só, era só, era só...
Tanta gente junto, e eu só, e eu só..

Toda esta gente
Que caminha aqui comigo,
São irmãos, vizinhos, bons amigos

Cada um
Leva a estrada consigo
Seguindo os passos
De caminhantes antigos

Somos legiões caminhando pro Sol...
Nas multidões, cada um sempre só, e é só...
Cada ser vivo em seu caminho só...
Rumo ao Sol...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres

No dia de hoje em todo mundo, todos se recordam
Daquelas que a toda a humanidade pariram
Mulheres que parem, ou que aos homens suportam
Que à vida alimentam e que aos filhos nutriram

Do sagrado leite que delas se dá
Do deleite sagrado que estarmos por perto
Neste tempo vivido, e em tudo que há
Desde as florestas intensas, aos profundos desertos.

Neste dia,
Neste mês,
Grande alegria
Estar com vocês.

quarta-feira, 7 de março de 2012

À luz da Lua

Sentado neste banco, enquanto espero,
À luz da Lua,
Com meus papéis, canetas, e o desejo de compor sincero,
Sob a sombra de decenárias leguminosas
Ouvindo a sinfonia que proclama a rua,
Componho minha música modesta e frondosa
Que tem em si iscas dos brios dos Charruas,
Unidos às vagabundagens de boas prosas.

Enquanto espero, aqui, neste banco
Vou compondo versos diminutos grandiosos,
Que seguem seu caminho com seu passo manco,
Que correm desengonçados atrás de cachorros vagarosos,
Mas nunca os alcança,
Pois que deste brinquedo, o encanto,
É se permitir o prazer de correr desprovido de propósitos,
E ser apenas brincadeira de criança.

Tudo isto,
Neste banco que me empresta seu apoio irrestrito,
Onde minh'alma flutua
E compõe versos vadios, à luz da Lua...

terça-feira, 6 de março de 2012

Do que nos faz falta

Na lida dos caminhos que no dia de hoje segui
Entre veredas de sonhos impossíveis e fatos
Me encontrei em dado momento feito aviador insensato
Dando rasantes sobre lajedos e longos campos de pequi.

Como quem nem pensa no que pode ainda haver
Como se não houvesse em nossa terra praças
Como se o Sol não fosse o mesmo pra todas as raças
Como se a Lua se escondesse com medo de aparecer

Porque o medo e desespero só pode nascer do desconhecimento
Da postura de quem tem pouco e ainda assim se exalta
De todos os que perdidos se arvoram de doutores do pensamento

E na perdição da vida assustados nem lembramos da pauta
De nossa vida, que inclui felicidade e continuo deslumbramento
Pelo poder Divino a nos prover do que nos faz falta.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Re-início

Toda segunda o mundo recomeça
A vida retoma ritmos e batidas
As estradas refazem suas origens
Repassam as picadas e remontam as peças
Das artilharias a tanto esquecidas
E as beiradas dos precipícios voltam a dar vertigens.

A peleja da guerra e da Paz são de novo o tema
De tudo que se faz
Daquilo que se recorda
Daquilo que o olvido se permitiu lema
De voltar ao que não era mais
E cantar de novo a canção que borda

Borda o tempo novo, nosso maior ofício
Porque todo o tempo,
E as segundas em especial
São o tempo do re-início!

domingo, 4 de março de 2012

Sol nas folhas

Ali, do lado de fora da janela da cozinha
A Luz faz cores indizíveis nos verdes
Faz tons e claros e escuros nas arvorezinhas
Nos arbustos e nas gramas por sob as redes

Onde neste domingo todos procuramos nos encontrar
Conosco, nestas horas em que o calor matinal
Parece fazer derreter as forças de quem levantar,
E com tudo, pra encontrarmos a saída para o mal,

Que me habita, e que por vezes me afasta da Paz,
E que se manifesta em todas as minhas escolhas
E permite ao meu espírito deixar de ser o contumaz

Perdido em meu próprio tempo, procurando retirar as rolhas
Das garrafas dos vinhos das almas que tão bem me faz,
E perceber de novo a enormidade do Sol nas folhas.

sábado, 3 de março de 2012

Neste dia de azuis e claridades

A manhã mostrou Sol e claridade como é usual
Quando o Cerrado faz mostrar sua grande generosidade
E prestou-nos a dádiva de podermos ver a realidade
E fazer da sua santa luz a nossa experiência habitual.

Eis o grande desafio que sua realeza nos impõe
Ter tudo no claro pra que a felicidade aconteça
E a certeza de que a fartura ao céu aqui compõe
Como pilar da vida nova, sem que o infortúnio impeça

Como o domínio da experiência fundada na Luz
Pois o dia aposta na beleza sem fim da verdade
E cada um de nós poderá ter as cores do que reluz

Que trará o tempo em que será maior a bondade
Na vivência do superior que, nos respeitando, nos conduz
E nos mostra a beleza deste dia de azuis e claridades.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Ingazeiras

Ingás amarelos nos contornos verdes
Das magníficas ingazeiras parideiras
Parindo ouro sensitivo como quem mexe as cadeiras
E mostra a genialidade da natureza: boniteza e flertes!

O natural desnuda o esplendor da pureza,
Sopra perfumes, e os chama de vento,
Sinfoniza cantos de pássaros de infinita beleza
E nos permite observar o isondável de dentro.

E ao chegarmos lá, nos resta cantar,
Um canto que tenha a forma alvissareira
Das flores do Cerrado quando tudo parece secar

Da infinitude da prata dos peixes em sua cristaleira,
Rio de perfeições refletindo carcarás à voar
E a razão primeira deste canto, as sagradas ingazeiras.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Levezas

O vento me soprou levezas,
Nesta manhã de Sol e Bem-te-vis,
E me deu perfumes e sabores de alecrim
E prometeu, e entregou belezas.

O vento anuncia tempo de alegrias
Sopra sua mensagem pela voz dos sabias
Canta sua cantiga entre as folhas de manacás
E traz alento, e espanta o medo que sentia

O vento fala muito do que sou
Levanta folhas e flores onde passa,
E também poeiras e dores em quem gostou

De sua passagem, que minha se faça
Cantando aromas que o Divino inspirou
Bebendo da Vida nas apropriadas taças