terça-feira, 31 de julho de 2018

Bonito


Um bonito desenho
é um enfoque, um jeito
de olhar e entender, ter respeito,
e não apenas franzir o senho,
mas antes entender o diverso,
destes tantos, unidos no verso,


e na frente, no incontido,
que ganha força na inconsciência,
e apesar das aparências,
segue o caminho definido
e mais concentrado que disperso,
constrói, e destrói tudo no Universo...


E um desenho bonito
então, fará todo sentido...

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Instante


Então, mesmo quando tudo
parecer nada e me avisar,
e eu não não possa mais que gritar,
sigo gritante mudo....

Se vou, vou agitante vulto,
que assusta sombras e gestos,
e se espalha por campos vastos,
e se sente (sempre) inculto....


Cada dia há de providenciar,
o inexato desta vida,
como a cerda intrometida

a, (entre os dentes), vasculhar...

Todo dia e pra sempre,
enquanto eu respirar.....

domingo, 29 de julho de 2018

Perceber


Um "poetisar" se me acompanha...
Desde as infâncias distantes,
até as montanhas errantes,
em que por caminhar, a gente ganha,

um novo horizonte, em cada pico,
onde erro, chego, vou e passo,
um pé depois do outro, outro passo,
e por todo lado ido, sei que fico...

Meus amores são eternos, cada um,
cada qual se instala e revela,
cada seu no que de seu desvela

a insensatez de seguir o que nenhum
de nós antes pensou em seguir
e já seguimos mesmo sem perceber...

sábado, 28 de julho de 2018

Do mar...


A insignificância é um atalho,
um remendo e uma sobra
que nos ataca e nos cobra,

pelo que ainda somos falhos...

Eu penso feito um entalho,
uma marca na madeira morta,
que já não se mexe, e volta,
mas que se compõe, feito retalho...

A cada dia, virarei meu próprio sonho,
como a peça de vestuário,
como o pensamento tão vário,

e tudo será alegre e tristonho,
tanto quanto possa imaginar,
ou me venha do vento, ou do mar....

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Luzir


Por mais que me embriague,
pelo tanto que me solte,
e das seguranças me escolte,
meu barco ainda me naufrague...

Meu chão ainda me derrube,
meu ar não me deixe respirar,
e o caminho dificulte o caminhar,
e toda doença se incube...

Sei que, com toda dor, vou seguir,
porque é a única direção,
e tudo que sabem fazer as mãos,

e o caminho a meus pés dirigir,
e a alegria em minha inexatidão,
e o eterno em tudo a me luzir.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Se explode...


O que não se pode
terminar, terminou, penso eu,
no suspenso que se deu,
no instante que sempre acolhe...

Ares frios tantos, os mamilos,
os leites derramados e gordos,
os lábios e os corpos mornos,
a angústia de se lembrar "daquilo"...

Vou seguindo meu transitar insano,
feito um "off road",
que vara campos e tempos e esconde,


sua identidade sob os panos,
mas que explode em se cantar,
no que terra e sombra, e canto e mar...

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Das palmas


Um soluço subiu sobre
a embalagem refinada,
a ponto de não dizer nada,
esta mesma que me cobre...

De um feitiço, um ser tão nobre,
de Condados sendo Conde,
com brocados até aonde,
mas só sujeiras no espírito podre...


Eu virei cambalhotas na alma,
feito um cachorro na rua,
feito a tristeza mais crua,

mas serei antes alegria e calma...
Pra que a tormenta não esconda a Lua,
pra ver a cor Buriti, das palmas...

terça-feira, 24 de julho de 2018

Bodoques



Busquei, tenho buscado, bosques...
Sabe? Encanto de árvores,
perdidas Perdizes, e outras aves,
Passarinhos de todas matizes e toques...


O som se movimenta em mais
que três dimensões,estas,
que convivemos com elas,
e a que chamamos naturais...

Então, eu sou e me faço retoques,
como a inexata vibração,
a precisa inspiração,

quem sabe, o eterno, e seus "não me toques",
ou a Luz da Lua, motivação,
na velocidade do que me saía dos bodoques...

segunda-feira, 23 de julho de 2018

(Des)caminho


Um ramo de flor,
uma saída do mar,
o brilho de um Quasar, 
da chama da vela, o calor.
Da beira do rio a argila,
do bar mais pé-sujo, Tequila...

Passou Passarinho, e Rosa,
soltou seus espinhos, e Flor,
e vento, e a chuva e seu odor...
Ovelhas aguardam tosa,
espelhos refletem-nos opacos,
e a vida não cabe em sacos...

Um Poema é um desvendar,
tirar da trilha, ver os Capins,
e entender seu valor enfim,
calmamente se (des) calcular,
(des e re) fazer caminhos,
todos juntos, cada um sozinho...
 

domingo, 22 de julho de 2018

Pelo mundo

 
Indigente,
todo o povo viu-se gente,
e caminhou pelo mundo....

Este mesmo, 
mundo de vistas divergentes,
onde se constrói o absurdo...

O mesmo abuso, anagrama
entre o que se estabelece
e a grama, que desinverdece,
mas que na primeira chuva esparrama....

Entre o inexato, e o perpétuo,
que insensato ou telúrico,
lissérgico, ou barbitúrico,
canábico ou preso ao álcool do feto...

sábado, 21 de julho de 2018

Incompreensível

Marché au Portugal (1915) - Sónia Delaunay

O horrível, convive com o terno.
O externo não é mais que invisível!

O percalço é a "des"percepção do eterno,
e o cotidiano, é na verdade indizível...

Eu, feito um ermo, me lanço do inferno,
em busca do meu paraíso visível,

e serei não mais que um Hieroglifo moderno,
mas veloz e audaz, como o herói risível...


Em meu cotidiano, visto bermudas e ternos,
visto pelagens e soluços, e pareço imprevisível,
dissoluto e arenato, e ainda indivisível...

Mas neste eterno caderno,
anoto meus dias e noites, o que possível,
pra entender o absolutamente incompreensível....

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Florir


A vida se encantou
nos ventos e pastos,
nos minúsculos, nos vastos,
no que é, no que passou...

E eu varrendo em brisas,
em horas e passos
nas matinas dos Cangaços,
nos cadafalsos e nas divisas,

hei de entender o hediondo despacho,
que se verte nos laços
fechados no tempo, nos abraços

da Ceifadora que age aqui em baixo,
ao lado dos encantos daqui,
este alegre passeio, em cada florir...

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Do nada...


Arranco de mim, vontades
sem tê-las mais que um minuto,
sem vê-las, e apesar de tudo,
tenho que arrancá-las, na verdade...

Invento em mim atitudes,
como se já soubesse o fim,
ou tanto fizesse, amarelo, carmim,
se pintado em plenitude...

Ainda verei onde a estrada
levou a mim, caminhante,
um lugar, cada instante,

ou toda uma jornada,
em que o eterno delirante,
cria tudo, do nada...

quarta-feira, 18 de julho de 2018

"Poe...bala..."


Um salto, uma cambalhota,
um des-feitio qualquer, uma bolha,
uma simplicidade nascida da escolha,
me faz inédito, e idiota....


Não nasci diferente, só optei,
feito uma água que nascesse
onde a seca, em tudo, florescesse,
e sonhasse rios, e o que sonhei....

Este falador que vos fala...
Pessoa que sonha a Poesia,
como arauto de toda dislexia...


E vê o inaudito, feito vê a "kabala"...
Código indecifrável e contumaz,
onde toda minha Poesia se faz....

terça-feira, 17 de julho de 2018

Palco



Uma sede inexata rondou
minhas horas e distâncias,
lambendo botas e infâncias,
cantando onde se chorou...

Compus, com sofreguidão, Loas certeiras,
como flechas feitas de pano,
pra ferir sem causar dano,
e gerar sentir por eras inteiras...


E então, o chão, meu palco,
o ar, meu teatro aberto,
feito o peito de panos descoberto,


limpo, e cheirando a talco,
afável, tristonho, lotado e deserto,
é onde farei arte longe e perto...

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Da mina...


O dia me pegou sem planos,
sem sonhos e vislumbres,
nos pântanos, nos cumbres,
nas levezas, nos grandes enganos...

Então, vou inventando gírias,
como a certeza leve
que a mim sempre leve,
entre Oloruns e Valquírias...

Vou voando como posso...
Sabe? Um dia em cada pousar...
Uma noite em cada "se esquentar",

pra dormir, e ser o poço,
de onde toda água há de minar,
o que, de ter, mina por todo lugar...

domingo, 15 de julho de 2018

Cozendo



A ponta aponta pro ar,
pro chão, pra dentro:
como pode gente sem  se alimentar,
a gente tendo tanto alimento?

A conta não parará de contar.:
Cada veia, cada prosa, todo alento,
virado no que há de ventar:
As boas novas d tempo,,,,

Eu vivo mesmo, sem esperar,
estar no vindouro, desperto e latente,
acho mais fácil, imaginar,


que o Eterno, sempre se lambendo,
pros descendentes, vai mostrar,
Esta roupa;alimento, que a gente vem cozendo....

sábado, 14 de julho de 2018

Cerradeando...


Verdes e alaranjados
se sobrepõe neste céu
de Julho, folhas, ventaréu,
no aberto de todo lado...


E do alto, o chão, forrado,
de folhas e flores,
misturando cores
e impossíveis formatos...



A secura e o frio,
compõe uma tela,
entre vermelha, e amarela,


entre bomba e pavio...


Tenho dó de quem, vê o Cerrado,
mas nunca o viu...

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Do vento


Andei vários dias
na procura do éter...
Sabe? Aquele agir
que exala da Poesia?

Caminhei a errantes paragens,
mergulhei nos rios,
nos mares bravios,
distante, perto, nas margens...

Não achei mais que bobagens.
Ainda assim, seguirei,
até que um dia, cairei....

Assim todos, nesta viagem.
Cada qual no seu tempo,
uns pelo fogo, outros, o vento...

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Seguimento


O dia amanheceu medos,
contou falhas de entender,
teceu malhas de fazer ser,
e se entregou ao seu enredo...


Cada jornada tem a trama,
que o tear de luz compôs
dos fios do Sol que se pôs,
e a cada manhã, nos tira da cama..

A terra mostra seus caminhos,
como as tantas estradas,
ou as trilhas magnetizadas,

usadas por Gansos e Andorinhas,
pelos ares deste mundo.
Sigo com coragem meu temor profundo.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Não sei


Eu bem que tentei
voar nos padrões do céu,
tirar leite, fazer mel,
e ventar onde chorei...

Sabe? Pra ser o que 
se espera, se veste,
feito as eternidades celestes,
ou a certeza dos "praquês"...

E em cada rua, viajarei
meus dias como assustado,
indo pra frente, ou de lado,

o movimento me darei...
Como fosse cão abandonado,
ou cantasse o que ainda não sei...
 

terça-feira, 10 de julho de 2018

Fraternidade


Depois de, buscando no tempo
por dentro, ser ardente ar,
por fora, singular aflorar,
pensei de mim, ser sopro de  vento...

Do arroz e do feijão chinfrim,
cada dia se faz prato novo,
na imensa criatividade de nosso povo,
na eternidade da identidade afim,

manifesta no comer juntos no prato
a salada, o gole de cachaça,
a alegria da partilha da graça,

a certeza que se constrói de fatos,
se faz da dança, que nas praças,
é alimento, e toda fraternidade expressa...

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Dente-de-Leão



Cada dia solta sua sombra
na estrada de véus, e sonhos,
escada de pensamentos tristonhos,
estabanada e sempre na lombra...

Que cada jornada tem sua vibração...
Sabe? Uma nota que é só sua,
como o timbre em que o mundo atua,
ou a corda tocada na canção...

Minha Poesia busca esta conexão!
Como fosse ouvido atento,
ou nariz a pesquisar no vento,

no fundo me movo pelo tesão!
Como um birutante catavento,
ou um Dente-de-Leão, na imensidão....

domingo, 8 de julho de 2018

Arrelias


Uma tarde destas,
no microcontrole,
com a chuva, seus consoles,
que nos dizem da festa,

do que parece "desperdício"
mas tem gerado jeitos outros,
e nos mostra ventos soltos,
e conta tudo desde o início...

Só sei que viajarei pelos dias
em minha carruagem leve
composta de eitos e neves,

cantada em outras alegorias,
como o inédito, inexato e breve,
ou o desencontrado, e suas arrelias...

sábado, 7 de julho de 2018

Pestanejar


A voz do dia ganhou cores
que a ausência sobra
e a verdade incuba, e cobra,
com o cotidiano, e suas dores...

A vez dos passos, a centelha
do fogo que em tudo vibra,
de cada parte, em cada fibra,
em todas as artes velhas...

Eu mesmo só sabia sonhar.
Em cada listada minha lissergia
me assombrei dos poderes do dia,

pra encontrarei meu pestanejar...
Como um Carneiro e seus pastos,
ou tudo, dos ínfimos, aos vastos...

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Da gente que pensa com a bunda...


A distância une, ou separa?
Quantos de nós conhecemos
tudo de que dependemos
nesta nossa vida rara?

Quem sabe quanta radiação
nosso corpo aguenta sentir?...
Pelo calor, ou frio, se pode medir
a fragilidade de nossa condição!

Olhar o material, tridimensional,
e não considerá-lo parte,
é a burrice que nos encarde,

e nos limita ao que é "normal"
mas é jaula de porcos, imunda,
e cria a gente que pensa com a bunda

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Fitas


Incauto, distante e vazado,
fiz de meus sonhos
caldos de sabor bisonho,
pelo incessante prazer dado,

e recebido das coisas da vida.
Como fosse enérgico e tristonho,
invisto tudo a que me proponho
na missão de labutar a lida...

E pra que nada fique
sem acerto como deve
ser, como se pede,

serei casa de pau-a-pique:
rápida, forte e bonita
lugar de Violas de fita...
 

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Dizer


Busco um por onde,
por nada e tudo que venho,
fazendo me franzir o cenho,
andando no que esconde,

e encontra o caminho.
Apontado em seta ligeira,
em metades mais que inteiras,
em flores e espinhos...

Eu só sei que sigo
antenado e vertente,
encantado e renitente...

Pois que antes de tudo, digo,
sensações em palavras,
imensas, brilhantes e parvas,,,

terça-feira, 3 de julho de 2018

Passageiros


Neste jogo, um fala,
quando o outro chama
e pela palavra clama,
que aqui ninguém cala...

A certeza nos engana
mais que a dúvida séria,
mais que estudar nas férias,
ou se achar o mais bacana...

A Poesia ganha pastos,
cruza cercas e fronteiras,
salta de todas as beiras,

sem ser nenhum de nós, casto,
somos todos mensageiros:
da "Gaya Poyesis Mãe", passageiros...

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Velha canção



Eu, e meu barco
numa esteira de sonhos,
ficamos mais pequeninos,
na medida em que nos afastamos,

pra dentro do mar, 
pra mais navegar...

Neste meu arco,
de onde nos atiramos,
pais, e meninos,
tristes ou risonhos,

nas ondas do ar,
nas velas de amar...

Aprendi a velejar,
vento e onda a me carregar...

domingo, 1 de julho de 2018

Vindouro


Em tantas línguas
se pode dizer a verdade,
ou vil falsidade,
de honorabilidade exígua...

Em tantos tons
se pintam céus e rios,
amores e mares bravios,
em cores, sabores, sons...

No entanto, a fogueira acesa,
esquenta e ilumina tudo,
e por perto, o medo do mundo,

teme pela escassez à mesa,
mas sonha o tempo vindouro,
onde gente valha mais que ouro.