quinta-feira, 30 de junho de 2011

Entre o céu e o chão

Entre o céu e o chão, eu sigo
Solto, sustentado pela crença
Que do interior da alma, berro, quando digo:
Não há o que do amor não me pertença!

De tudo que há no amor tenho saudade:
Da cor, do perfume, sabores e formas,
Do sopro fértil que em toda idade
Ao velho de novo, em jovem transforma.

Sou pequenino grão de poeira
Que depois de ventar pelo mundo
Encontrou repouso fecundo
No amor,
                 Fim da canseira

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Valei-me

Santo Antonio do Menino Jesus,
Valei-me com a Luz que redime,
A Luz que liberta e conduz,
E que nos salva do desamor que oprime!

Valei a mim, valei a nós
E das pedras do caminho nos livrai,
De nossas cordas desatai os nós
E a nós, cada um, levai ao Pai.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Sonho de cantar

Enquanto aguardo uma importante presença
Vivendo a sentença de estar a aguardar
Sorrio a confiança de quem tem a licença
De hoje, e sempre, se permitir sonhar

Que o sonho ampara e permite o caminho

O sonho sustenta meu corpo de voar
O sonho me repara, e não me deixa sozinho
Na luta diária pro meu sustento criar

Que o sustento, nasce do que imagino

Nasce da mão carinhosa a me segurar,
Deus, meu Pai, me dizendo: "menino,

Se oriente neste caminho de amar,

Que glorioso há de ser sempre o destino,
dos que creem no sonho, e ousam cantar".

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Minha vida em família

Minha vida em família
Sopra o sopro do alento possível
Do sonho indizível
De criançada e latomia...

Minha vida,
Como a vivo todo dia,
Vida de pelejas
Em busca
Da alegria.

Em busca do contentamento,
De construir alguma coisa
pra além do sofrimento
Pelo prazer do alívio
De me encontrar em equilíbrio.

Minha vida
Minha família

domingo, 26 de junho de 2011

Luz intensa

O menino mirrado carrega no peito
Um sopro herdado do hálito eterno
E o fresco perfume do vento perfeito
É quem pinta o lume do retrato singelo

Do infinito, que nesse instante é menino
Do pra-sempre, que mais ali se acaba,
Ou se transforma, em outro ser-destino,
Menina ou menino, chapéu-de-aba

A nos conceder a Luz intensa
E nos permitir ousar o sonho
Que atravessa a névoa densa

E vislumbra de novo o céu risonho
Além da pobre ilusão, pretensa,
A verdade é o menino, não mais tristonho

sábado, 25 de junho de 2011

Cerrado Candango

Cerrado Candango
Único
Caprichoso Jardim
Quase Japonês
De finezas de pedras
E frio...

Cerrado Candango
Múltiplo,
Saboroso jardim
Onde vês
Araças, Articuns
Mês de abril.

Cerrado daqui
Beleza planetária.
Cerrado Pequi,
Arara, Jandaia,
Muçum, Bem-te-vi,
Mutamba, Barú "nas gaia"
Veredas Buritis,
Areia das praias.

Cerrado de Brasília
Brasil particular:
A cidade é filha
Deste Cerrado singular. 

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Divina Fartura

A terra do meu coração, em que faço meu plantio
Necessita por vezes, além de água, carinho e alguns pregos
E do mau odor de estercos e desconfortáveis fastios,
Pra criar as madeiras da jangada em que navego


Esta terra é tudo que tenho, e é muito, eu sei
É de Deus um presente que me permite sonhar
Com um novo tempo em que colha fartamente o que plantei
De bom, pra além do que ainda me é difícil caminhar.


E o tempo novo desta colheita já é agora!
A partir de já, me será dado receber,
O que de bom posso sentir nesta hora,


Em que o sonho do novo tempo me fará saber
Que a Fartura Divina na verdade nunca demora!
O que por vezes demora é o meu começar a ver!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Só (Homenagem ao Matheus, que cantou pra subir)

Belo dia de céu de 180 graus,
De sombra-Luz e claridade,
No vento vôa, e seduz, a intensidade
Dos raios vibrantes do nosso Pai-Sol.

Que a tudo clareia, sem mais,
Que dá vida à tudo que há,
E eu, beija-flor, a buscar
O doce do ensino, da Lótus lilás.

Que deixa o que é errado pra trás,
Que brilha acima da névoa de pó,
E desfaz a parca nódoa fugaz,

Do ego perdido no aperto da mó,
Moendo a ilusão com a força da Paz,
E a Luz do Infinito, que é tudo e é só.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Um buriti: todas as cores

Neste imenso céu azul de nossa terra
Em que a Luz banha por igual capins e flores
De planuras distantes, vazados e serras,
Reparei, um dia, de um buriti, as cores.

As cores do tronco forte e bem firmado
Os tons de cinzas, beges, brancos e marrons,
Os galhos compridos, nas pontas palmados
Dos verdes que a água pinta de todos os tons

Na copa risonha, forte base sobre o banhadoAs cores todas do mundo descobri ali:
No amplo horizonte de azul descortinado,

Na linda sombra da Vereda de Pequis
Nos campos gerais, que Elomar tem cantado
Sonhei sonhos de cores de Buritis

terça-feira, 21 de junho de 2011

Brasília e a releitura do Cerrado

O verde mais intenso, e o mais delgado,
Unidos pelo traço retorcido do arquiteto,
Contrastam-se com as cercas e o concreto,
Re-pensadas as novas formas do Cerrado.

O Cerrado re-pensado entre a Urbe e plantação,
Re-torcido, re-parido, re-virado, re-nascido,
Pequizeiros convivendo com o desvairado alarido,
Dos ônibus e carros, e da insandecida multidão.

E os cultivares de um só fruto passam a esteira,
Dos tratores absurdos destruindo o mato,
Das bacabas, Canelas de Emas e Lobeiras,

Araçás, Araticuns e tantos outros finos pratos,
De frutos e manjares da flora brasileira,
Desmanchar e re-fazer o Cerrado, humano desacato!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cultura é cultivar

A humana experiência sobre a terra,
exigiu de nós esforço e árduo labor,
pra encontrar o sustento que o suor encerra,
e receber o alimento, da vida o maior valor.

E o alimento, mais que da simples coleta,
o descobrimos como fruto do cultivo,
encontro do trabalho que a todo ser completa,
e da terra e da humanidade em amor altivo.

Cultivar é então amar e produzir a vida,
laborar o amor que está em toda criatura,
alimentar-se do fruto e do processo da lida,

Que do compromisso com cultivo nasce a fartura,
e da celebração da colheita a festa bonita,
que é como entre nós nasceu a cultura.

domingo, 19 de junho de 2011

Mestres da Sabedoria

Entre as flores do tempo infindo
Mais fortes e mais belas são aquelas
Que compostas de sombras e aquarelas
Do céu sem fim parecem ter vindo

Pois que saber é menos que conhecer
Significados menos que compreensões
Retiradas as frases feitas e os jargões,
O que sobra da velha cena a se re-fazer?

Todo conhecimento se justifica quando sabedoria,
No proceder, de cada um de nós, todo dia....

sábado, 18 de junho de 2011

Porque hoje, a muito tempo, eu nasci

O sol abriu as portas da Luz, no horizonte infinito,
Porque hoje, a muito tempo eu nasci.

Revoadas imensas de passaros passaram, do nada ao nada,
Porque hoje, a muito tempo, eu nasci.

Os caes latiram seu oficio de valentia, brados de lealdade e cuidado,
Porque hoje, a muito tempo, eu nasci.

Criancas mamavam, corriam, pulavam em seu dever de crescer,
Porque hoje, a muito tempo eu nasci.

O mundo faz sentido, e criado e re-criado todo dia,
Porque hoje, a muito tempo eu nasci.

Gracas a vida, a poder criar e a criacao, e a poder existir
Porque hoje, a muito tempo eu nasci.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O que é bonito

Silhueta de árvore com poucas folhas,
Pouca luz pra quem via
fim do dia!


Uma estrela delicada
se destaca
entre a árvore,
e o nada.


Passagem absolutamente notável,
onde, apressados,
tantos se deslocam,
e não notam.


Obra genial a céu aberto.
Trechozinho do infinito
me ensinando
o que é bonito!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um dia frio, e a vontade de escrever

Os dias frios nos fazem recolher,
Colher de novo, em cada um
O que o medo fez encolher,
insinuando valor nenhum
Ao que tanto vale em cada viver.


Que escrever nos remete ao encontro
Do que temos dentro da alma
E especialmente o frio nos dá a calma,
Pra encarar o inusitado monstro
Com quem cada um de nós divide a cama.


Que só mesmo quem ama,
A si, e aos com quem convive
Pode sentir o medo que vige,
No se encontrar consigo de pijama,
E escrever é mostrar-se,
É encarar-se diante de si mesmo,
Alegre ou triste.


Viva a alegria
Que enxergar pode trazer,
Porque viver
(E isso, o frio nos ensina),
É a vida exercer
Todo dia.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Odisséia do Cotidiano

Enquanto aguardo o sino,
Da escola tocar o sinal,
Ouço a vida lembrar que é infinita
A lida pelo trivial:
Comida, bebida, sorte no destino,
Agasalho e guarida,
Açucar, tempero e sal...
Assim, o acaso convida
A ansear pelo final...


Mas a vida, mais uma vez,
E sempre,
A vida,
Revida:
Sou um ser imortal!


Sou um ser só de partida!
A chegada é o encontro do nada,
Com o vazio abissal!


E o abismo é toda medida,
E as flores no barranco,
Cores, e perfume floral,
Da certeza perfeita que canto,
De que o bem sucederá o mal!


E o sucederá na peleja cotidiana,
No deitar-se e se levantar da cama,
E viver (intensamente) esta vida normal!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Céu de Brasília

O céu azul que está em todo lugar
Me escolheu fortuito, tão imenso aqui,
Me habitou tão amplo, sobre as copas de pequi
Me encantou com a cor que empresta ao mar!


O céu azul candango, entre horizonte e horizonte,
Sugere infinitudes, sussura amplidões,
Murmura eternidades, graceja solidões,
Parece ser, do espaço sem fim, a fonte.


Pra gente de tantos cantos tem sido casa,
E gentes de toda estirpe tem postulado:
"É capital-ilha, e ao país arrasa"


Pois que canto bem alto este brado,
Em tuas cores que ao meu olhar embasa:
És porção de terra, cercada de céu por todo lado.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Hoje, estar aqui

Na sombra dos buritis
No sóbrio escombro de muros de pedra
Sentei, e pensando, sorri
De assombro do susto das eras

Que já estou por aqui
Que já devorei quimeras
Em que tanto (e tão pouco) aprendi
E no entanto, sofri, deveras


Que o tempo passado é sonho
Que o tempo futuro é desejo
Que no sopro da vida eu ponho


A luta pelo que quero e vejo
A querência de me ver risonho
De vencer esta luta na qual pelejo.

domingo, 12 de junho de 2011

Bordadeiras

Divinas as mãos,
que bordando notas,
cantando cores,
nos trazem Violas
ao mundo
as flores
e de tudo!

Sagrada é a lida
das linhas gentis,
dos pontos cruzados,
das telas singelas,
dos sons
e sabores
anis.

sábado, 11 de junho de 2011

Viajo por horas a fio


Viajo por horas a fio, no vento, no frio,
Sobra-se a sombra eterna dos dias
Que a mim encobre, núvem fugidia,
Tapando o sol do momento vazio,

Em que vago na primeira Luz
Do dia, na beira do abismo,
No caminho em que do alto cismo,
Comigo e com tudo que me seduz,

Pois que viver é antes de tudo perigoso,
E a vida um sopro de ternura,
Que a todos nós mostra o chão pedregoso,

Do qual as pedras, organizadas com doçura,
Fazem-nos castelo dadivoso,
Que nos acolhe, acalenta e mistura!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Canção do Agora

Dia de nuvens e gente que passa
Vento ligeiro, frio que me encolhe,
Do sol o Luzeiro, o nevoeiro encobre,
Difusa é a Luz, que às flores dá graça.


Cada dia se pinta com suas próprias cores,
Tem seus próprios tons, particulares cheiros
Soa um único som, que no Universo inteiro,
Canta a singular canção de exclusivos sabores.


Daquele dia, deste, que hoje se faz,
E que a vida toda encerra em si
E que a este ser vivente apraz,


Pois que este dia, como é, não o perdi
Mas o construo, em minha vida que se re-faz
Que o que está por vir é maior do que o que já vivi

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Vela ao vento

O vento que apaga a vela,
Voa lento, enquanto o alento vela
Na vela ao vento,
Que ao meu barco leva.


Eu, lento, espero a era
Em que o ar em movimento,
Que em meu barco o pano espera,
Seja-nos força e direcionamento,


E sopre no rumo do fim do sofrimento
E nós, barcos, encontremos nossa terra.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Gloria do Tempo


As mulheres e os homens
Nos construímos todo dia,
Cada dia, esculpindo-nos totens
Re-formando-nos de dores e alegrias

E como somos, e o que fazemos
Para além de toda a rebeldia
É marcar o tempo em que vivemos
De Violas ponteadas, enluadas, fugidias

Porque o mago maior é o tempo
Pra quem a obra se revela
Tocada todo dia no vento

Que enfuna o pano e apaga a vela
E abarca em si todo alento
E faz Glória, o que foi mazela

terça-feira, 7 de junho de 2011

Canal de chegada - o infinito

O infinito manda mensagens, através de mim,
Manda relatos e benditos
Manda mandalas e gerúndios,
Colares de opalas e jasmins.


O infinito me cochicha ao ouvido!
Conta caminhos de "por onde",
manda chacoalhos e alaridos,
mexericas e frutas do conde.


Ah! o infinito!!!