sexta-feira, 31 de maio de 2013

Inconvertido não

















Vontade de não ver nada, não ver ninguém...
Um desejo vazio nas espaldas,
Um medo do fastio e das sacadas,
Uma intensão de visitar os vazios que a vida não tem.

Uma dor presa nas mãos e nas pernas,
A dor de sentir que minha ausência é melhor,
Que qualquer opção de presença, comigo é pior,
Sempre, estar presente, sinto, só causa penas.

E esta dor me contamina e controla,
E me leva pra dentro de minhas próprias certezas,
A de que, por exemplo, não valho o que se põe à mesa,

E que sigo, como um ladrão que continua fora,
Andando no escondido pra não seguir pra prisão,
Eu, como um investimento perdido, inconvertido não.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Eu novo!



Justo eu, que já falo demais,
Que solto o verbo pra me soltar(!)
Ele me prende pra eu poder ousar,
Brincar com o verbo, e ter Paz!

Mas lembrando que sou eu,
Este que fala por todos os cantos,
Que canta, samba e aos prantos,
Percebe absorto, que nunca percebeu,

Que foi o Verbo que criou todo,
Mundo, Vale, Rio, Escola, Dentista,
Piscina, Roçado, Terçado, Esquina,

E como falar, sendo surdo e roto?
É que o Verbo cria o Mundo Novo,
A partir do Mundo Velho, eu novo!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Inspiração






Nesta manhã, a Luz do Sol em minhas escolhas,
Cria cores que nem ouso que seja sonhar,
Hermetismos com o som de cada cor ao vibrar,
A Luz soprou seu vento de encantamento nas folhas.

E a melodia que se formou, sons de sim
Harmônicas sinfonias de positividade e criação
Formaram desenhos onde sons e cores são,
                                                                     Indistintos, meus instintos se moldando em mim.

E de novo a esperança madruga disposta,
E floresce nas cores do dia, numa gentileza,
Que vejo em quem vê, e a lê, onde quer que esteja,

Porque pra vida, e seus mistérios, busco resposta,
E sinto que habita nas pequenezas a perfeição,
E que tudo que existe se criou pela Inspiração.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Intenso Amar

Quem se importa se eu toco o hino (?)
No tom mandado pelos manuais,
De torturadores, nunca, nunca mais?
Importa é que ele nos torne de novo meninos!

Porque é que a boa aparência é branca (?),
Quando o que é mais bonito na natureza,
Quase sempre mistura as cores, as belezas,
E a palheta de tanta a harmonia, santa?

Porque é que o galo canta, naqueles dias,
Em que tudo que faria sentido, era o calor,
Das cobertas na cama morna do suor,

Da noite insone e de insana rebeldia,
Se mostra o elo, que não some, fumaça leve no ar,
A lição de que só existe o belo, pelo intenso amar.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Gritos e garras

Êxtase e dor.
Quem cai pra cima, voa?

Até onde sei, meu senhor,
A Morte é a única lei que nunca destoa.

Que nunca escolhe, em seu labor,
Se quem vai é alma ruim ou boa.

Não adianta alegar juiz ou doutor,
Nada mais de nadar na Gamboa....



A seriedade e o foco das rapinas,
Bailado por si, e coletivo...

Uma dança que impressiona retinas,
E se banha no denso que é o inventivo,

Que nas paredes do céus escreve as sinas,
E nas beiradas das camas os lenitivos,

Sei que esta dor demora, mas termina,
E isto sei por um saber apenas instintivo.



O intenso desfoque do que é, e desconstrói,
Há de ser re-pensado e re-desenhado à mão.
Como um erigir de edifícios rumo a imensidão,
Como um mergulhar na direção do que dói.


domingo, 26 de maio de 2013

Ecoa

Soa encantadora melodia
Enquanto nasce esta manhã,
Vibram as flores, elas irmãs
Do nascimento do dia.

Cantam os primeiros passarinhos,
Os primeiros ruídos de passos,
Tantos sons, em sons tão escassos,
Tantas harmonias trocando carinhos,

Por todo o canto ecoa a imensa sinfonia,
Tempos, contratempos, escalas, arpejos,
Minúcias e silêncios entre si trocando beijos,

Arrastos e suspiros, chilreios de alegria,
Por ser, tudo que é ecoa, cada vez mais,
A música que diz e é o que nos traz Paz!

sábado, 25 de maio de 2013

Outro mundo

De tempo em tempo, o mundo precisa ser trocado!
Como um sabão vencido,
Como um masso molhado,
Como um sapato amanhecido
(no pé) de um condenado.

E o mundo não é o planeta que habitamos,
Mas o nome desta habitação!
Que nos serve do que precisamos:
"Pouso, guarida, refeição",
Pra seguir nesta estrada que andamos.

Então, isto precisa ser, as vezes re-parido,
Como fazem as manhãs,
Pela manhã quando percebido,
O Sol, Luz de fazer a vida sã,
No correr de tentar fazer sentido,

Na lida que pede a tal briga com o leão, do dia,
E que não se o fira,
Porque nesta nova arrelia,
O leão não deixa que se interfira,
E luta ao nosso lado, galhardia,

Que vence o mal e troca o mundo,
Permite que o planeta gere,
A vida plena em seu solo fecundo,
E o metal não seja o que ao outro fere,
Mas o que trabalha a terra e cria outro mundo.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

De todo o Sertão

Manhãzinha nem saia ainda,
Café cheirando longe seu perfume,
De boa notícia, cheiro, carícia,
Que anima e dá coragem infinda,
Força da estrada, de noite seu lume,
Jeito dos antigos de vencer a preguiça...

Minha manhãzinha, mãe gentil e dada,
Perfume de moça que nunca vi,
Inda que tenha visto tantas vezes,
Estas mesmas em outras jornadas,
Outras meninas lindas, bem-as-vi,
Tantas histórias, cores, cabelos, tezes....

Meninos correndo, homens trabalhando,
Meu povo preto de todo lugar, aqui,
Neste lugar de Lua e Rio, São Francisco,
Barrancas do Rio do mesmo nome sendo,
Lugar de histórias de jacarés e pequis,
Povo que tem a giganteza que sabem ter os ciscos,

Que sozinhos parecem nada, pouco galardão,
Mas nesse lugar encantado, um Rio os resume,
Um rio que assume o tamanho de todo o Sertão...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Apontamentos de Viagem ao Das Velhas

MO- VER
A Mim Ver
Em Ação...

MOVIMENTO
Eu, Outro, Visão
Engajamento

Viajando Neste Sertão Que Cantou Rosa,
A Roda Levantou A Poeira Vermelha, Ou Rosa...

E No Céu, A Lua, Linda, Pelos Meios,
Lampeira Dos Lampejos,
De Seus Dias Cheios,
Onde As Bocas Pedem Beijos

A Linda Lua, Refletida Na Água Na Cuia,
A Vida Nua, E Encantadora Nestes Urucuias....

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Olhar de Criança

Nestes vãos de minha vida, vou seguindo,
Como um barco, corredeira abaixo, levado,
Como um arco ao seu ponto máximo, elevado,
Na tensão que antecede à flecha saindo.

Nestes vãos de minha vida, vou me parindo,
Todo dia como uma mocinha a primeira vez,
Todo o tempo, um açoite com, da dor, a sangrenta tez,
O semblante mais cruel da noite me assistindo,

Nestes vãos de minha vida, antes de qualquer tudo,
Vou me amparando na perícia da esperança,
Minha profissão primeira, e que me traz a temperança,

Porque, nestes vãos da minha vida, ela é pilar do mundo,
Onde estou, e não estou pela confiança,
Confiante que a resposta pra tudo nos dão as crianças.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O que professa

Aquele que vive o que diz,
A ponto de suas palavras ditas,
Terem a solenidade de proferidas,

E vê a ciência como chafariz,
Fonte de Vida farta e bendita,
E a professa, anunciando fartura infinita !

Este que professa a candura, é o Professor !
Um arauto das coisas miúdas, o que virá e foi,
Das belas letras, da ressurreição pelo Boi,
Ouro que Deus nos deu, Teodórico valor!

Professa o Espírito Santo no Amor à tolerância,
E com isso faz seu tempo emprenhado de amanhã,
Nasce nele todo dia um perfume de nova manhã,
Que motiva e acarinha, impulsiona e volta à infância.
                                                                                                          Homenagem ao Professor Agostinho da Silva

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Assim que chegou o dia

Pintou no céu desta manhã uma melodia colorida.
Feita das cores de onde tem mais cor toda paisagem,
Que vai se formando enquanto viajando esta viagem,
Feita dos sabores de onde tem mais sabor a vida!

Nesta manhã, se sussurrou no ar uma pintura renovada,
Que brotou feito água de mina, daquele grotão, no chão,
E brotou dos olhos da menina quando viu o botão,
Da rosa pequenina no chão, ela não via mais nada...

Mas, ela era menina, era natural ali que não visse,
Sua retina de inocências ainda não sabia
Dos perigos da descrença, da má-vontade, da apatia,

E nesta manhã, me lembrei de quando você me disse,
Das cores que serpenteiam nos fluidos da alegria,
Ou, foi o que me disse o bem-te-vi, assim que chegou o dia.

domingo, 19 de maio de 2013

Velhos amigos

Velhos amigos em prosa, encanto,
Se enquadram mais cantos que um coro,
Se encaram, entre outras, a melodia do choro,
Se escorrem, dores pelos prantos,

Prenhes das alegrias que serão vindas,
Pra lá da agonia, sem ver da tristeza,
Sombra de pequenez que seja de leveza !
Sina e senão, sonho do que há de ser ainda.

Velhos amigos sussurram seus só saberes,
Cada um sabe de caminhos do conhecimento
Daquilo que seu amigo leva de dor dentro,

Do peito, do coração, caixa dos prazeres,
Da alegria que a vida tem entre seus pertencimentos,
Velhos amigos em prosa, o mundo se refazendo....

sábado, 18 de maio de 2013

A Poesia e o Mundo Novo

Estamos aqui, nesta nave planeta,
Pra dar um jeito de chegar ao fundo,
Da condição que nos trouxe a este mundo,
E todos nos gritam, pra seguirmos a tal seta:

Que mostra o caminho da direção que tomar.
E nós, a temos tomado:
(Sem pensar, sem cuidado!)
-Manda quem manda, obedece quem obedece.
-Sonha quem, a quem manda desobedece.

E assim temos caminhado,
E por mais janelas que atravessem nossa estrada,
Olhando de lado a lado,
Nada indica a presença da Paz procurada.

E assim seguimos, os viajantes da incerteza,
Nos firmando apenas na firmeza de que neste caminho, tão puxado,
Vem o Sol, nas manhãs frias, carregado de toda beleza,
Parecendo ser a única consolação entre tudo que nos é dado...

Mas eis, que quando menos se espera, chega a Poesia.

Desconstrói palácios com a mesma pompa e galhardia,
Com que auxilia lesmas tensas a atravessar a rua,
Ou repreende patos pela gritaria desafinada e crua,
E cria pontes entre nadas e infinitos, molha os pés nas poças frias,

E ao criar o impensado, passa muito além da rebeldia,
Que vai contra, e fortalece o objeto combatido,
Que afirma ao negar o contrário, negativo transvestido,
Um mundo novo, um novo Rosário, de contas de alegria.

E nele, todos seremos seres de ócio, gentileza e trabalho vivido,
Como parte da dádiva de criar, esta, a essência da Poesia.

O custo dos anos

Vamos vendo, vamos vendo...
Vamos andando, continuando os passos,
Atrás dos vasos, das linhas, nos escondendo,

Quando as balas querem nos furar os ossos,
Quando o que nos persegue, correndo,
Procura entre escombros e esforços.

Vou ardendo, vou ardendo...
Como um navio entre as chamas do oceano,
Como um avião entre as águas descendo,
Como um velame completamente sem pano,

Que se lança no etéreo pelo intento,
Do que nem justo nem vasto, mediano,
Não se ajeita pra poder transitar pelo vento,
Nem se alarga pra custear o custo dos anos....

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os dois lados da Porta da Vida

A Poesia se mete em qualquer lugar, no meu peito.
É a única que pode realmente fazer isto.
Não respeita meus fios de barba branca, minha feiura,
Meu indisfarçável mau humor que parece não ter jeito,
Meu calo, meu corte, meu abalo, meu quisto,
Minha cansada hora, meu desgaste com a pequenez da minha usura...

Eu me canso de mim com a facilidade de um suspiro.
Me levanto, inda assim, como se o mundo pelejasse,
Numa batalha tremenda, tiros, suspiros, alívios, explosões,
Dualidades da vida em que me desbasto e me viro,
Como se tudo que faço nunca, nunca bastasse,
E o meu mais útil estado fosse o de não ser, pra não ter confusões....

Mas de novo me levanto, porque o caminho pede,
A estrada chama, o dever, que devo, ainda clama,
E não posso suspender a caminhada por meu gosto,
Então, o que é mais sensato em mim sempre cede,
E vou tenteando minha entrega final à Sagrada Chama,
Que ao sono sem fim da inatividade promete me deixar exposto...

E a Poesia, incauta incubadora de senões,
Diz que não há inatividade de nenhum dos dois lados da Porta da Vida.
E eu peço que abra as compreensões,
Inclusive a deste analfabeto da grande Ciência da lida!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Santa Alegria

Desde quando o ser humano canta?
Desde quando a alma se solta em canto,
Dor, Alegria, Consolo pra quem tem Pranto,
Ou a Rebeldia que espanta?

Desde quando somos sons?
Desde os promontórios da ilusão,
Avistamos falsas nuvens, perdição,
Nos dizendo que somos bons....

E nisso cremos, como incautos,
Seres de pranto e gozo,
Cantando pra ter repouso,

Pois no futuro constará dos autos,
Quando cantarmos alto nossa arrelia,
Cantando desde sempre Santa Alegria.
                                    

terça-feira, 14 de maio de 2013

Moínhos, o Universo inteiro e mais nada!

Ponho esta folha branca em minha frente, e me obrigo,
A começar a fazer um desenho inimaginável.

Porque o que busco quando a tinjo com meus rabiscos,
É o novo, o sempre novo que o desenho adorável,

Que vai se desenhando, surpresa a cada palavra-firma,
A forma do que vem, sem que eu saiba como seria,

E um novo olhar sobre a folha antes branca, agora, anima,
Ao olho que passeia sobre a agilidade da alegria,

Que me dá de poder ver o inaudito se criar onde antes,
Linda superfície branca habitava a imaginação

E a Poesia, e a rima, tomam caminhos mirabolantes,
Caminham pelas brumas da mais precisa inexatidão.

Como dizer que a minha lida era fingir que não era criação de Cervantes,
Que não era eu um cavalo magro que sustentava,

Um doido magrela, lança em riste assombrando semblantes,
Rocinante eu, em suas tristes aventuras me lançava.

E esta superfície, antes limpa e desalmada,
Viu-se cheia de moínhos, o Universo inteiro, e mais nada!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Violas antes das Violas

Tive um sonho de lembrar de ancestrais Violas.
Antes das cinturas, antes das misuras de agora,
Antes de serem o que são, o que foram as Violas...

É como um voltar no tempo antes da haverem horas,
O tempo como conceito, do movimento a mola,
Que impulsiona a música da alma, que a esta consola,

Tive o sonho de ver numa mesma canção a se fazer,
Violas libertárias, ou aspiradas pelo movimento do arco,
Ou percutidas pelas mãos encantadas pelo próprio tanger,
Levando o ouvidor do coração a voar como Carcará ao largo,

Em meu sonho as danças antes das danças bailavam soltas,
Como elfos e fadas num baile que sentimos, não vemos,
Cujos movimentos se parecem com uma praia de ondas revoltas,

Onde nossa esperança encontra razões no que já vivemos,
E nem sempre claramente lembramos, mas a Viola traz de volta,
O Sagrado encantamento que por estas antigas Violas re-vivemos!


domingo, 12 de maio de 2013

Corpo Lenha

E se eu começo, o que é que dá?
E se não para mais a jornada,
Cada dia mais atenta e marcada,
Rumo ao me entregar, ao fogo, me consumar?

Quando me entrego ao fogo da poesia,
Minha vida toda terá que se arder,
A lenha será meu corpo, todo o ser,
Que habito e me torno dia-a-dia,

E me entrego, é toda hora me entregar,
Como a água necessária à cachoeira,
Que nem pro avião é necessário o ar,

Então tudo será como a vida de uma palmeira,
Linda e altaneira crescendo num beira-mar,
Feita pra dar cor aos sonhos que sonharemos em nossa esteira...

sábado, 11 de maio de 2013

JONGO

Na virada sem par da jongada,
O corpo vai e volta sem ir,
Sem cair, o corpo negro-luzir,
De lindo, negra velha encantada!

Eu hoje ouvi o Jongo de N'Goma,
Acordar, levantar e sair, raiou,
A liberdade nego, nega que cantou,
Na certeza de que a beleza é soma!

Da alegria que a vida vera se dá,
Quando a liberdade chega em quem
Nunca a vendeu, roubada por alguém...

Liberdade é casa a se levantar,
Caiada, florida, Jongo que nos vem,
Do imaginário de onde nosso imaginário vem....

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Minha Vida de Rio

Já passei pelos estreitos, escuros vãos do sofrimento,
Em poços sem Luz onde a esperança era só memória,
Porque mora em meu peito, a minha própria história,
E esta história é feita de maus e bons momentos.

Já passei pelo amanhecer, grande espetáculo de cores,
O vendo na tristeza do exílio, na madrugada fria da rua,
Ou vivendo a beleza do carinho, da amada na cama nua,
Na tristeza de estar sozinho, ou num tempo de belas flores...

Levei nas costas um barril, enquanto contornava grandes montanhas,
Já varri pátios vazios, já ensinei crianças a brincar-criar,
Ja vivi a secura do estio, já aprendi tudo que sei com criançar...

E de toda experiência que um dia tive, por mais estranha,
Ela sempre me leva pra este tempo que espero tanto ver chegar,
O tempo de me encontrar, de me transformar de novo em mar.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Algibeira Divina

A estrada dá voltas novas todos os dias,
Ela dança, como uma menina empolgada com o balé,
Como um menino que dorme de chuteiras, sabe, o chulé,
Não permite que tire, dentro de casa suas botinas da alegria!!

A estrada deixa seu lugar sob nosso pés,
E voa com asas lépidas, borboleta sem destino
Que tem em si  todos os destinos, Algibeira do Divino,
Navio onde navegamos, esparramados no convés...

A estrada está muito além de ser um caminho ligando,
Um ponto conhecido, a outro conhecido, rota náutico/aérea,
Brinca o tempo todo pra, a nós, mostrar a coisa mais séria...

Que suas voltas e vindas, suas curvas seguem procurando,
Evitar em nós o máximo dano, no passado ou no vindouro,
Que a estrada é Algibeira Divina, e nós, seu tesouro!


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Re-genia Brasilis

Aqui,
Neste som de línguas emendadas,
Carrego a culpa de ser,
O que sou,
De onde vim,
Quem me gerou!
Neste canto que aqui vomito!

(Neste nosso canto,
Neste nosso país
Tão bonito)

Neste nosso país Bendito,
De mestiçagem clara:
Pele escura com pele escura,
Cabelo rio,
Com cabelo mar revolto!

Re-genia, genial e rara!

Papel de seda azul pela maçã envolto!

terça-feira, 7 de maio de 2013

De estrelas, poeira de vento !

Uma florzinha, num vaso, minúsculas folhas,
Todas as imensidões do Universo contidas,
Numa parte, de uma parte, de uma vida,
Eu pergunto: independe de minhas escolhas?

Independe de mim? Tudo que por aí existe,
Existiria sem que eu estivesse pra ver?
O que do que acontece poderia ser, ou acontecer (?),
Se eu não estivesse pra olhar, se não insistisse(?),

Na crença de que tudo que voa ou rasteja tem a mesma essência(?),
Tem a mesma tez, dependendo da altura que se olha,
Tem o mesmo não tamanho, e à todos a chuva molha...

Porque a florzinha, suas pequenas folhas, sua luminescência,
Re-Luzem as cores do que vejo a tanto tempo,
Ela e eu eramos de estrelas, poeiras de vento!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Soneto dos quatro poemas

Tem certas palavras, que elas só,
Já são um poema! Veja: Caliandra,
Sozinha esta palavrinha/planta anda,
Acalanta, acalenta, e é uma belezura só...

É um poema, como compartir.
Um movimento vocálico capaz,
De dizer: amar, estar, ficar mais,
Ou quando for necessário, partir!

Algumas não parecem o que são,
Não sabe se quer ou não,a vicissitude,
Mas, é confiável pela rima com "virtude",

Ou o sagrado momento da composição!
Um nome só pra dizer do Divino,
Brincando na praia feito menino.

domingo, 5 de maio de 2013

O livro de Hemingway


Contam que Ernest Hemingway contou,
Que durante toda sua vida foi procurado
Pela morte, e ele dizia a ela, compenetrado,
“Não posso ir, meu livro ainda não se acabou!”

E ele mesmo conta que foram vários livros,
Antes e depois das conversas com a ceifadeira,
E aquele homem encantador viveu uma vida inteira,
Na luta pra escrever apenas um livro!

Um livro, aquele que até então estava guardado,
Num rincão de dentro, os outros apenas acompanham,
Todos os seus livros foram capítulos do livro anunciado,

Por Ernest Hemingway à morte, quando visitado,
Pela encantadora trans-mutadora que todos temem,
Mas que espera que escrevamos o livro! (Andem!!) Amém!

sábado, 4 de maio de 2013

Soneto da decisão

Uma hora tem que ser feito,
Não dá pra esperar, não dá pra fugir!
Encontrar comigo quase sempre tem o efeito,
Do encanto desaparecer, e eu sumir!

Porque será que é assim?
Onde se esconde aqui dentro o vão,
A escada inteira onde subo até mim,
Tateando no escuro, escutando o rosnado do cão?

Mas o resumo, é que com ou sem rosnado,
Eu tenho aqui que cumprir um assunto,
Que aqui me trouxe, e já me fez defunto,

E de novo me traz neste sonho editado,
O que sei, folhas velhas, tornam fecundo,
O chão de fazer o que eu vim fazer no mundo!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A vitória da beleza, da leveza, do Amor

Tantos foram os que caminharam antes de nós,
Antes de mim, fazendo trilhas por onde hoje passo,
Antes das vindas e voltas dos malvados e seus laços,
Aqueles que viveram a Paz de viver por aqui sós,

Sós, o povo que caminhava nestas terras e viu
A fartura e a beleza de frente, e por elas sempre soube,
Que estar em Paz é um presente que lhes coube,
Caminhando no mais lindo Paraíso que existiu.

Mas o mundo é dinâmico e ambiciosamente desastroso,
Como uma pedra gigante rolando morro abaixo,
Como uma canção de matina gritada com escracho,

Que só não se firma porque sobra sempre o glorioso,
Anseio de que o mundo tenha transformada a dor,
E que vejamos a vitória da beleza, da leveza, do Amor


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Cada vida uma estrada

Enquanto escrevo é tanto que passa pelo que vou passando,
Como um cavalo manco, um canteiro de margaridas,
Como uma abelha que zune feliz na campina florida,
Que tudo isso se passa por mim, e é só ir contando...

Enquanto estou aqui, na frente destas letras,
Numa cachoeira que conheci, águas correm,
Numa dada praia onde me vi, as ondas morrem,
Depois da jornada por todo o mar, na areia, nas pedras...

Enquanto estou aqui escrevendo tudo esta comigo,
Todas as coisas que não vejo, mas vejo e sinto,
Em todas as pessoas que não beijo, mas beijo e sinto,

Em todas as vidas que Deus me deu por amigos,
Em todas as viradas que tive que dar pelo labirinto,
Em todas as paradas, cada vida uma estrada, eu sinto...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Do penteamento ao nascimento do COSMO

"O medo do vazio me preenche",
Gritou Khronos, à beira do Caos,
E penteou os cabelos da Caocidade prenhe,
E lhe apalpou as nádegas,
E elas passaram a ser o que nem eram,
E nem todos os rios e todas as vaus,
Por onde passaram os que vieram,
Vimos as naves de nós mesmos, em que viemos, vagas.

Vagávamos por Vilas, vãos,
Voltávamos de onde nunca tínhamos estado,
Quando tudo era possibilidade em seu mais puro estado,
O tempo ainda pulsava sem ser uma dimensão.

Naquele dia, onde o caldo de tudo que viria,
Se me lambuazava da cabeça aos pés,
Quando nem pé, nem cabeça se sabia o que é,
Quando Khronos gritou não se sabia o que era o dia!

A única coisa que se manteve desde aquela arrelia,
Era o vazio, a solitude de tudo, o medo e o arrepio,
Quando nem arrependimento salva da dor do frio,
Inda mais quando comparado à diversidade da alegria!

E eis que Khronos, em uma sublime complacência,
Permite-nos, por seu penteamento, a graça da experiência.

E hoje, aqui, a vivemos como fosse sempre aquele momento,
Em que da Luz do Caos, pelo penteamento, nosso nascimento,

E tanto o maior micro, quanto o mais insignificante macrocosmo,
Tem em seu penteamento o nascimento do entendimento: O COSMO