quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Fundição


Como se um pássaro colorido
voasse dentro dos olhos...
E nesses mares imaginórios,
cantasse assobios e alaridos...

Como se uma chuva leve
tirasse o calor pouco,
e ventasse vento solto,
agradável, eterno, breve...

Minha estada aqui fundiu
os dias e horas em pulsos,
e os atravessou, avulsos

em passos, pontos mil,
em postos de combate e Paz,
onde o que sou, se fez e se faz...

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Do pulsar do mundo!


Chegará o tempo, eu imagino,
que a chuva anunciará farturas,
como foi, e é onde a natura
de tudo nasce de pedra e Limo...

Sabe? Onde tudo verte por si,
numa subida em coroa dentada,
na engrenagem pra cima virada,
em revoada de ressubir??

Eu mesmo nem soube nada!
Nem nunca (des)sei, ou ignoro...
No que pulsa, sinto e demoro,

mas saberia a carta jogada,
a carta saída da vida que comemoro,
no jogo de cantar de que me decoro...

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Das Loas


O inaudito toma formas
de vento e água correndo,
ou árvore parada sendo,
ou doce que derrama das bordas,


ou ainda Passarim cantando,
e Cachorro em briga feroz,
ou Gatinho enganchando o retrós 
com as unhas em tudo agarrando...

As vezes é uma grande manifestação...
Sabe? Uma bomba, um amor,
uma estrela que cai, uma Flor


que se abre no Sol da manhã...
Eu peço ao grande dispersor
que cante Loas de (sempre novo) teor...

domingo, 28 de janeiro de 2018

A vida, ela própria...


Canetas e teclados são voz?
O que escrevo, antes digo,
ou apenas sigo comigo,
entre sufocado, e à sós?

Meu corpo é um trançado
de fibras, água e sonhos,
sentimentos abertos, que ponho,
em velas, pra ir pra todo lado...

Então canto e digo assustado,
que a cor de cada hora pinta
na gente uma esperança linda,

e um medo desconsolado...
E move cada um em sua lida,
encontrando-se em ser a própria vida...

sábado, 27 de janeiro de 2018

Canoa e menino


Pó de argamasse, de Coral
remenda canoa com óleo de Coco...
Nem é muito,
mas é vista pra poucos,
(meus,
interior e litoral, convivência ancestral...)

Na paisagem azulada
deste Planeta enfindoinfindo,
grande e mesquinho,
gregário e sozinho...

Eu, feito tudo sobre o mar,
plano e venho,
(sobrancelha encima o cenho)
canoa e menino
a navegar...

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Das cores do que benvirá...


A sordidez da história
não é maior, nem agente,
como  quem sabe, intui, espera, sente,
imagina, e guarda na memória...

As tristezas havidas,
haventes, e pra trás, pra frente,
pra cima da cama quente,

ou da estrada que leva a lida,
não vão mais condicionar a gente,
nem parar os peitos valentes,
de que é feita, majestosa, a vida...

E cada um de nós, andante,
certamente verá amanheceres,
lançando cores sobre todos os seres...

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Da suavidade, e da dureza...


No combate a tantas léguas,
verti de mim o mais suave...
Cantei entre as nuvens, aves,
gentes coloridas, cercadas de éguas,

de cavalos, e soldados por cima,
nas portas, nos passos, mercados,
o corpo e o cenho fechados,
entre atrocidades e cismas...

Nos valerão estes dias de canto,
de guerra, é verdade, sinto,
e de medo, assustado, pressinto,

que a brutalidade só aumentando,
e as flores pisadas no jardim
não serão jogadas no sem fim...

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Por dentro



Um velho andava na estrada,
em cada dia vertia, seu senso,
e ampliava-se pra além do consenso,
e sentia-se ser do tudo e do nada...

Só o caminho dizia do sem fim
sem começo, sem estrela e céu,
sem vento levando semente ao léu,
sem hora e decência, por mim...

E eu, o velho, observava...
Como quem bebe Aipim em Caiçuma,
e fala com a Mata e em Tukuna,

como a Onça no Igarapé nadava,
e o Saci de velas no vento alçava,
coloria o dia, a vida, e por dentro o fuma...

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Que veem as crianças...


A um tempo, a delícia
se encontrou com a dor,
e num laço em forma de flor,
fez-se encanto e malícia...


E numa estrada de sons,
de cantares, estridentes e lunares,
vestidos de órbitas solares,
planetas geraram cores e tons,


e barros, e lamas, capins,
e peixes, passarinhos e onças,
e gentes, com cerâmica e danças,


se abraçaram de começos e fins,
ecoaram e universos afins,
e não, em inversões (que veem as crianças)!

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Cada atitude

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O tempo, e a vida se tornam
rápidos, como o carro que passa
inexatos, como o sonho e a travessia
o dia, e as horas que pesam.

E nós, no tempo, viramos as jornadas
como quem atravessa o incontido, 
quem ouve, e se assusta como o alarido
na noite, na estrada, no meio do nada...

Mas seguir é nosso império!
E cada passo um tesouro imenso
que me alivia quando fico tenso.

Feito de solidez, quando tudo mais etéreo
vagando nas inconcretudes
construindo o novo em cada atitude...

domingo, 21 de janeiro de 2018

Universas


O que é "sabe?", hoje,
até quando será?
Quanto que sobe,
quanto que desce?
Quem pinta as cabrochas?
Quem delas vela?
Quem pode, 
quem cresce,
quando pinta e borda?
Quem for ao Imatã,
conta dos de lá...
Quem for e voltar,
viveu caminhando!

Quando nada resta, senão cantar
intenso e penoso refletir
(es)e entendendo o existir,
desbravando o alto mar...

Esta porta abre a teia,
junta as bordas
de Universas,
amigas,
passeadeiras...

sábado, 20 de janeiro de 2018

Me assusto...



É feito de sonho, e outro
material qualquer disponível,
pensável, manuseável, risível,
este caminho de busca e encontro...

Montado sobre colunas de vento,
sustentado em pilares d'água,
trabalhando quase sem trégua,
se constrói dia a dia por dentro...

E assim, verso a verso faço,
todo dia, me Poemo e lustro
palavras de encanto e susto,

e ideias sobre tempo e espaço,
sobre estar disposto ou exausto,
e, por tão feliz do fazer, eu me assusto...

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

De toda estrada


Eu sabia das horas e via
o ar se fartando em cores,
e os ventos perfumando flores,
e as vidas, suas dores e crias...

Eu fazia do Universo um beijo,
da beleza um vaso,
e da singeleza de cada caso
eu mesmo versado em lampejos,

pedaços soltos do tudo, em cosmos,
energias vertidas e ordenadas,
em versos e cantigas cantadas,

alegria, em intuitivos mecanismos,
e a dor de ver a partida, chegada,
a temida estrada por fim liberada...

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Do que fazer


Vim cuidar, do que fazer,
do que tenho, e inauguro,
incauto, inexato, impuro,
vertido no que devo ser...

Vim cantar a minha cantiga,
incensada, densa e atrevida,
imperfeita como o é a vida,
versada de intenções amigas,

centrada em seu dever de afeto,
em seu dever de cura própria,
feito o Pajé que fuma e sopra,

eu lampejo meu canto discreto,
me encanto da fé, da beleza,
e da inefável desconfiança de realeza...

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Canção


Justamente por que havia
uma esperança vertida
encantada na própria vida,
é que a flor florescia...

A água descia da encosta,
cantava em grotões e bicas,
em interação simbiótica
em leveza, correnteza, resposta...

E eu sei que tudo que há,
que havia, escorrerá pelo tempo,
em corrente de rio, de vento,

e pra todos se mostrará!
E a força que mostra e reflete,
cantada por nós em cada verbete...

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Gonzaguiana...


Foi na terra anunciado
que nasceria uma criança,
faria da Alegria sua herança,
e começaria um reinado...

Entre os pretos e pobres
chegaria em terra lusófona,
em bailes de pandeiro e sanfona,
trabalhando pela preguiça dos nobres...

E veria do povo a sina,
que se mantém por assassina,
e se sustenta na maldade,

na cobiça e na iniquidade,
denunciada em Baião de Rei,
Gonzagas toadas que canto e cantarei...

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Fazendo...


Eu sobrevivo sobre um piso
elevado alguns metros
no ar deste lugar certo,
onde ser gente angular é preciso...

Ser rente e retangular é conciso,
é distante, errante e vulgar,
não leva mesmo a nenhum lugar,
mas vê no Luar alegria e improviso...

Aqui, neste moldar-me cotidiano,
varro as nuvens de tempo e pulsar,
carrego móveis como a procurar,

casa em meu peito, incauto e insano,
como quem busca leite e carinho
e observando, e fazendo o caminho...

domingo, 14 de janeiro de 2018

Orfandade


Numa manhã, cantei
algo assombrado e lindo,
entre maltratados benvindos,
feito um presente, me dei...


Porque se dar pra quem
não possui mais nada,
nem a flor na estrada,
a quem deu, é que faz bem...



E eu neste egoísmo polido,
me disfarço, e distraído,
canto pra crianças, num lugar,


presas pelo crime cometido,
de serem pobres, pretas, vagar,
sem pertencer a nenhum lar...

sábado, 13 de janeiro de 2018

Tanto quanto


O mundo roda, nas voltas,
se vira nos vastos,
se conspira nos astros,
nos inspira e revolta...

A vida, que nos prende e solta,
se monta nos reveses, 
somando segundos e meses,
cantando as mais belas notas...


Eu sigo extremo e conciso:
uma curva sensata e infinita
que não nos liga a alguma conhecida,

mas se estende ao impreciso,
ao multiverso de cores e lidas,
existindo tanto quanto as nossas feridas...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Ínfimo


Numa velha história,
na porta da sala, de sola,
de vento em frente, decola,
cada bizarria da memória... 

Por fora nada ocorre!
Por dentro uma enzima
se combina com sua prima,
e uma nova química escorre...

Somos extratos de vento e Luz!
O que tocamos são símbolos,
sem necessário vínculo

com as imagens que o olho produz!
E o Eterno se faz ínfimo,
com o Universo em abraço íntimo...

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Da Melodia


Sobre e longe, aspergir
o choro e o argumento,
a tristeza, e o cimento,
construindo um porvir...

Em outro, um sussurrar,
ou um vento solto no batente,
de onde a vista alcança a gente,
e de repente, não mais se calar...

Eu sei que o seguido mostra
a verdade das pérolas das Ostras,
a realeza das cordas da Viola...

E chorar, nem mais consola...
Quero é a melodia ainda não ouvida,
a melhor do dia, do período, da vida... 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Vida


Era uma onda, parte a parte,
que vagava seus pontos
no ar de sopros tontos,
tantos e tão poucos alardes...


Era um ponto em parábolas,
vastas e minúsculas áreas,
de cores ínfimas e várias,
convivendo com dores malévolas...



A alegria, uma Luz no escuro,
um vagar sem sentido,
encontrado, sensato, perdido...


As certezas subindo no muro,
e descendo com fé, e alaridos,
clareando tudo mais que era escuro...

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Transconsciência


O cérebro trabalha
sua função de calma,
navegador que é da alma,
barco e remo, e quem os valha...



O espírito usa a máquina,
que mói e mastiga,
acalenta, agrada, castiga,
e se move e cria esquinas...




A "consciência racional" é parte
pequena, solta e diária,
de uma infinitude tão vária,



que nem sequer se bate...
E mesmo por ser tão pequena,
se acha a essência suprema...
 

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Do que é de mim...


Nem saberia dizer
de tudo que vi e fiz,
nos cantos onde o nariz
encontrou o que lamber...

Apenas sonho e vejo,
e a cada dia abraço,
e de mim mesmo faço
amor de laços e beijos.

E a estrada faz entender
o novo em sua essência,
renovadas as aparências,

com tudo por aprender,
com cada se abrindo longe,
onde o que é de mim se esconde...

domingo, 7 de janeiro de 2018

De saber, pra verter...


Existe gente no mundo
que se dedica a conhecer,
investigar, desvendar, perceber,
mergulhar no imenso mar fecundo,
onde tudo que existe se revela,
quando a água passa das canelas...

A vida se clareia neste mergulho,
e o mundo dispensa seus lacres,
quando cada cabeça se abre,
pra além de vaidade e orgulho...
O que pode se ver no pequenino,
na realeza em cada pobre menino...

Assim foi a dois mil anos passados,
quando o mais profundo discernimento
numa longa viagem de conhecimento,
levou reis a um canto abandonado,
pela riqueza excludente e aproveitadora,
pra encontrar uma mensagem libertadora.

Assim é hoje, como um compromisso,
de cada um que se levanta e descobre,
aquilo que a maldade por querer encobre,
pra não aceitar a iniquidade em vício,
mas antes, saber que querer saber,
vai nos permitir ver a beleza verter...

sábado, 6 de janeiro de 2018

Povos de primeira e de segunda classe...



Existem povos na terra
que valem menos que outros...
À brutalidade são expostos,
ao desrespeito que nos soterra,

e que nos destrói, dia a dia:
As contaminação da Bikini cristalina,
as atrocidades contra a gente da Palestina,
aterrados pela bestialidade e covardia...

A extinção da humanidade
se anuncia por sua crueza,
pela dissimulada vileza

com que segrega, e invade,
no sistema de maldade e egoismo,
que se expressa no (sionista) capeta(lismo)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Surpresa


Que tenhamos forças plenas
pra continuar o caminho
porque não sendo sozinhos,
não é caminhar, apenas,

mas seguir pra que nos vejam,
os que de nós dependem,
ou que, em nós, nos prendem,
e se amarram, e nos beijam,

e nos mostram seu amor,
vestidos de laços e açúcar,
na beleza que nos leva a gostar

e faz do mundo inteiro, flor,
que nos transporta e desprende, 
e a qualquer hora, surpreende...

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Das penas


Se doem as costas,
as voltas contam,
os anos voam
na direção oposta
ao que queríamos,
e ao que deveríamos...


As pratas dos dias
e os ouros das horas
mostram-se fugidias,
meus senhores e senhoras:
Quem de nós saberia?
Quem contaria as demoras?


Eu sigo como quem canta,
como a Estrela pequena,
que seu brilho esconda,
pra valer suas penas...

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Plano ou côncavo?


Quando a terra era plana,
a gente caminhava longe,
onde a Luz, parece se esconde
onde o Sol se deita na cama,


e pra lá, o vão vazio,
espaço aberto no ar
ou no éter, o que se imaginar,
o que parece imenso e frio...


Agora, somos bola a rodar.
O universo uma sinuca
gigante, sem mesa, maluca,


um taco gigante a movimentar,
um ir e vir, e rodar, de astros,
infinito com sem fim de parâmetros...

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Do que é possível


Tocar, cantar, e, o que mais?
Nesta vida este pouco
disto que faço, feito louco,
sem poder entender os "ais",

me faz seguir, por este alarde...
Porque quanto mais eu canto,
menos me escondo nos cantos,
e mais a Alegria me invade.

Vivemos dias de maldade,
em que a vileza gasta o troco,
e sobrevive quem joga o jogo...

E com a fé, de que este se acabe,
eu e nós nos deixaremos viver,
porque não é possível morrer...

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Feitos de ninho


O ninho nasce de dentro
do peito do passarinho,
que juntando folha e raminho,
o costura com barro e talento...

Assim ele se constrói, cada dia
num novo lugar de pousar,
ou numa nova razão pra chegar,
e nos aquecer de alegrias...

Feito o que é e espera,
e pisa o chão pra poder voar,
nas pelejas pelo pão, que do ar

se faz de farinha e quimeras,
se enche do Amor de doar, 
essência de ninho, 
que, em nós, passarinhos,
prospera...