sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Pé de abismos



Um pé no estrato,
a vida em cada
caso, e na estrada
e na estridência do fato

e na intendência
de mim mesmo
eu ventava esmos
sem empatia, por demência...

Só canto o princípio
de cada beira,
e se sinto canseira,

é porque é difícil,
é fadado heroísmo
verter o pé de abismos...

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Minha morada


O mundo, se pode ver,
por seus caminhos,
rumos, ladeiras, trilhos,
estradas de andar e ser...

O mundo é nos destinos,
que nos quatro cantos,
nos exatos meios e cantos,
nos velhos, e nos meninos,

se manifesta sobre cada chão.
Em mim, em tu, que lê,
neste texto em elétrons que vês...

Cada coisa faz o mundo, então,
e nossa estada é sua estrada,
e esta estrada, minha morada...

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

De prantos e cantos


E no vento do dia,
te encontrei, amigo,
latitudes, castigos,
e tua ventura seguia,

de ser vento,
eu contigo,
tu comigo,
e nós ventando...

Eu me canto
no ar em movimento
minha canção vertendo

do que respirando,
e me costurando
de prantos e cantos...

terça-feira, 27 de setembro de 2016

D'onde está o que sou?


Um advento, uma estrada
um peso passado,
um caminho ilustrado
de sua passada...

E eu, no viés de mim,
cantava arpejos de solidão
e via paisagens de imensidão
carmim...

Tudo era antigo
e nada parava
e tudo ligava

este paisajar comigo,
este passar amigo,
me situava.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Do que a vida diz


Um dia começa?
E a madrugada,
do Sol a chamada,
e o breu, antes dessa?

Um dia termina?
E o luar que clareia,
o dia de Lua cheia,
e os orvalhos da matina?

Curiango conhece,
da noite tanta riqueza,
que dela se embeleza,

e com seus escuros, tece,
suas cores estar feliz
com tudo que a vida diz...

domingo, 25 de setembro de 2016

Ser rei

 

Parecia ser sócio, um 
mais parecer ilusório,
triste, ambíguo, finório,
deleitável zum-zum-zum,

em que entravam seres,
nós, amarrando o rumo,
na ilusão do mundo,
do que parecem ser prazeres!

Mais dores, direis,
palenteológicos ditames,
negando a si os vexames,

blindando os "vereis"
entre olhos e enxames,
zumbindo querendo ser rei...

sábado, 24 de setembro de 2016

Vida


Lá fora, uma flor,
aqui, no meu peito,
se mexe, do jeito,
que arfa ao som da cor.

Eu, então, Harpa,
Violo meus dedos
e canto segredos,
arranco-me as farpas.

Eu soo o que sou,
apenas e pouco,
e se, mais rouco,

mais fiz o que vou,
nesta estrada lida,
que aqui, canto vida!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O que nos faz povo


Era um sopro
e eu voava,
e tudo mudava
e virava novo...

Era umas gotas,
e o mundo sentia
que a vida vertia,
das hortas...

Interessante,
como a gente renasce,
com pouco,

e em nós é incessante
o bem querer que cresce
e nos faz povo!

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Pela Paz


Um vento veio,
e trouxe cantos,
alguns prantos,
e gente no meio...

Uma chuva molhou,
e trouxe flores,
cheiros e cores,
e tudo se encantou...

Estes dias custosos,
espalham sementes
do que é bom na gente,

e mostram que gostosos
os dias em que cada um faz,
tudo que pode pela Paz!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Fartura


Da parte mais funda,
da terra, as mais íntimas,
vi da água brotar, ínfimas,
mas preciosas e fecundas,

gotas de fecundar
e florescer a terra,
e o que nela se encerra,
as plantas de alimentar

e o próprio viver por tudo,
e o chão, berço da comida,
e a chuva, que canta da lida,

e o caminho que é o mundo,
e a partilha comprometida,
com a fartura que linda a vida.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Repressão


Em alto e bom
som se ouve e vê
claro como quem lê
violência e repressão!

Por todo canto late
o Mastim do Barqueiro
querendo mais dinheiro,
querendo toda carne!

E os olhos assustados,
que o Tempo abre,
insinuando dentes e sabres,

é a defesa dos escravizados,
contra a ganância,
que marginaliza nossa infância.


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Do motor, que é a Alegria


Hoje vamos
em frente
pro alto quente,
pra o que sonhamos.

Hoje será
o foco da vista,
no que a conquista
quiser avivar...


Hoje é o dia
que tenho porque
e vejo que o fazer,

será o motor da Alegria,
que no hoje de sempre,
nos faz andar adiante.

domingo, 18 de setembro de 2016

Redundância


Na verdade, há uma guerra
no ar, no que se diz,
na ideia da gente ser feliz,
do meio do mar até a terra...

E na terra pra dentro,
nos meios do povo
na morte do que foi novo,
esperança feito pó, no vento...

Na verdade, infeliz desengano,
mostrou-nos que a ganância
não quer saber dos planos,

nem de sagrados, ou mundanos,
ou ainda da leveza da infância:
a guerra é da maldade, a redundância...
 

sábado, 17 de setembro de 2016

Bem-querer


Um dia de correr, e ventar,
ser mais sopro que ser
movimento entre verter
e de repente, lutar...

Este dia, presente mostrado,
entre os presentes havidos,
camuflados, escondidos,
e que os tem reunido.

Por isso, somos presenteados,
num dia assim nascido
entre as cores dos sentidos,

e as flores dos dias contados
no festejar, e seu sentido,
e o bem-querer por nós gerado...

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Felicidade

Bem-te-vis, Joões de Barro e cordas
cantaram nesta manhã.

E eu, ouvidor com cheiro de hortelã,
ou sabor de quem acorda,

e faz do amanhecer sinfonia,
celebro a Saíra que volta,
pra me encher de alegria!

Um dia de intensidades,
boas, e nem tanto...
Mas se pranteio,
ou se rio e canto,
não receio,
nem espero a felicidade.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Mergulhos


Vendi minhas vestes,
e soltei do alto da ponte
as notas em desfeito monte,
as sobras do que fui infeste...

Vendi minhas bússolas,
porque a agulha que gira
indica, mas a Embira,
não se estica, e desconsola...


Meus voos são de aléns,
de eternidades circunstanciais,
e infinitudes banais.

Meus mergulhos são reféns
da água que cura o que dói
no mínimo em que tudo se constrói. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Porque seguir


Como conseguir
achar o rumo após
a estrada fechada em nós,
e a corda solta a zunir?

Como repartir
o tempo assumido
em tanta dor e alarido,
da flecha solta o zumbir?

Sei que nossa caminhada
ganha pedras e prumos
calçamentos e rumos,

pro caminho de cada,
destas alegrias que assumo,
são a razão de seguir a estrada...

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Dores e Prazeres


Eu subo. Acho...
Sigo a estrada pensando
que este caminho é escalando,
e não é pra baixo...

Será?
Onde é mesmo
este "alto" à esmo,
de se procurar?


Cada vão que habito
em mim se inscreve
cores de pó e neve,

de pão e Amor infinitos,
e baixos e inferiores,
divinais prazeres e dores...

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Viagens


O ar,
lá longe,
se encaroçou.

Feito 
infinito
que se encrespou,

em nuvens,
pra vir pra terra,
trazer águas eternas,
diferentes paragens...

Vi, e senti
tantas aragens,
em minhas sem parar,
viagens...

domingo, 11 de setembro de 2016

Temperos da alegria


Um Sol, daqui, porta,
estrada de pensamento,
de Luz e crescimento,
clareou no rumo da horta,

na hora em que nascendo
o dia em magnitudes,
a eternidade nas pequenitudes,
de cores (nos) extasiando.

E daqui de dentro,
pela janela dos olhos,
pelos sons e molhos,

do que vou me cozendo,
nos temperos da alegria,
hoje, e pra sempre todo dia.

sábado, 10 de setembro de 2016

Do que tudo se faz


Um canto se plena
ultrapassa anteparos,
conecta além da antena
e corre mais que os carros...

Um canto se eterna,
mergulha mais fundo,
fertiliza mais fecundo,
faz a carícia mais terna...

Um canto que se liga,
com o canto de tudo
cantando constrói o mundo.

Assim, nasce da cantiga
o prédio, a flor, a estrada,
e a vida em (cada um) cantada...

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

D'onde o vento vem


Numa brumosa esquina
sonhei meus medos à cavalo,
ouvi das bombas o estalo
dos chicotes as quinas,

gritavam meninos e meninas,
choravam mães lastimantes,
andavam errosos, maltratantes,
os dias da sonhosa sina.

Acordei de um sobressalto!!
Vi as horas do romper do dia
a Luz que permite a alegria,

dizer em tom bem alto:
"Sou vento que leva o pólen,
que cria a duna, vem e vai além..."

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Da bela existência



Um velho véu cobria
e no céu, estrela passando
e Bacurau cantando,
e em mim até ardia...

O tempo corrido tem
maravilhas em instantes...
Nós os magos delirantes,
as vemos como ninguém...

Mas o passado torturante,
revela a beleza serena,
de viver sua vida plena,

sem achar que a dívida restante,
que sempre resta, eterna,
pode te levar à existência bela.
 

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

As cores da alegria


O que lembro
me lambe
e ilumina.

O que estendo,
me solta
e alivia?

Eu era vento,
e um dia
uma arrelia
me quis elemento...

Então, ventando,
fui fazendo folia,
brincando, pensando,
com as cores da alegria.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Insensatez


Com que alegria, sigo
a esperança que tarda,
falha nunca, atalha,
os trilheiros do perigo!

Sou como vã vassoura
a varrer de si a massa
do que em si amordaça
gritando como quem implora,

e de dentro da peneira
vive mais uma vez
uma vida inteira.

Pois na trilha que a vida fez,
salto lindos penhascos
em amor insólito pela insensatez!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Ia


A natureza se cria
e na sequencia se refaz
e o que é eterno se desfaz
e na aparência se copia.

Toda beleza que há, e havia,
e ventava altos e fundos,
se mostrava a todo mundo,
na Claridade que luz e luzia...

Sei que invento, todavia,
meus caminhos e sentidos,
e me encontro despedido,

mesmo quando inda nem ia,
já andava certo e perdido,
e chegava e nem sabia...

domingo, 4 de setembro de 2016

Sem senso ou cosseno



Nos amores que transitam
pelo mundo, mesma carne,
mesma terra, queima e arde,
os velames os rumos apontam...

Nestes, os dias de Sol convidam
a ver então lindos nasceres,
arrebóis de pão de só prazeres,
dos que por nós são, e nos orbitam...

E o Eterno, vigia de dentro,
enquanto penso pequeno,
sou anti-universal, mais terrreno...

Mas nenhum laço será prendendo,
e eu da vida, e da criação me enceno,
e me lanço, sem senso ou cosseno.

sábado, 3 de setembro de 2016

O que a gente faz


Se argumento,
seguro, inspiro,
aguento...

Se vem lá, de dentro,
a força
é sem medimento.

No leva e trás
que a vida venta,
ela me experimenta
e corro mais...

 No caminho de Paz,
que a gente tenta,
tormenta trás tormenta,
lutar é o que a gente faz...

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Da bagaceira de nossa elite esfomeada


Nestes dias, vago,
da dor da história
me escavando a memória,
drenando lagos,

fazendo rios correntes
de contaminantes,
dos que num instante
matam tudo e gente...

Uma Mariana enxurrada
passa pela vida brasileira!
E na janela, debruçada,

vejo nossa gente, assustada,
vendo se repetir a bagaceira
das mordidas da elite esfomeada...

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

É MEU!!!


Um homem gritou:
"É meu!!!"
E o pivete correu,
e a Polícia, bateu, e matou!

É verdade que o gritante,
nem suas propriedades,
tão reais majestades,
não encontrou com o meliante...

Mas o prazer extasiante,
de ver o pivete agonizante
já valeu!

Sem falar do fator economizante:
Menos delinquentes,
pra pegar o que "É meu!!!"