segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um poema pela manhã

Nesta manhã de bem-te-vis celebrantes
Antes de uma grande parte dos trabalhadores
Do meu país procederem seus levantes
Me pus a cantar aqui meus amores
Que a vida tão generosa aos infantes
Trocou comigo, pelos meus salgados suores!

Sim, por que infante é quem se propõe
A não aceitar o peso per si da gastura
E se levanta e encara o que se expõe
Na vitrine em que a própria vida pendura
As carnes dos sonhos de quem não se dispõe
A andar para além do final da aventura

E devo então ser grato aos bem-te-vis
E aos sábias, saíras, pardais, acauãs
E aos limões, goiabas, mangabas, pequis
Amoras, araças, laranjas e romãs
Pela grande alegria que é hoje estar aqui
E poder compor este poema pela manhã!

domingo, 30 de outubro de 2011

Rito ancestral

O encanto de tudo, antes da perda do Paraíso
Era a pureza do mundo, a gentileza do infindo
Que no centro do que foi surgindo, do juízo
Fez-nos saber da beleza do Amor que foi saindo
Da cena, e deixou-nos iludidos filhos de Narciso

E nada mais somos que seres carcomidos pela ilusão.
Nosso caminho é o do re-encontro, nossa verdade a esperança
De um dia sairmos da sentença triste da perdição
E voltarmos à grande alegria que nasce em nosso coração criança
Quando deixarmos para trás a triste sina da solidão

Pois nosso caminho é o de juntos chegarmos ao fim do mal
Construindo dia a dia o novo tempo que virá
Pois é certo que o bem acima de tudo está reservado ao final
E a alegria será o que em nosso coração triunfará
E soube, e sei, de tudo isso, por participar de um rito ancestral!

sábado, 29 de outubro de 2011

Lira que gira

Poemas e canções dando as mãos
Ventos fortes, rajadas de Luz
Imagens criadas por gestos irmãos
Das tempestades criativas
Que a energia criativa produz!

Grita então tempestuoso
Aquele, cujo ofício é vadiar:

"Este nosso mundo defeituoso,
Só vai mudar, só se vira
Se ouvirmos atentamente as cores da Lira
Se olharmos com cuidado pro som do Luar,
Que gira!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O desânimo e a vida por levar

Há tanto pra fazer, tanto já feito no entanto
Que a sensação que me assolla é a do alimento que sobra
Nem deglutição, nem panela, nem qualquer tipo de encanto
Apenas o peso desatinado de ser entulho de toda obra

O embrulho desafinado que o cantor profere,
É o marco firme e alado da marca de ser cativo
E o mar lindo e pesado a que o cronista se refere
É a tábua que não permite ao náufrago o motivo
De afundar-se, de render-se, de seguir altivo

O chão é o pão que podemos cantar
Pra evitar
O desânimo,
e seguir a vida por levar

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pra levar esta vida a sorrir

Numa manhã de pelejas e dificuldades, mas plena de encantos
Ouvi o cantar de um bem-te-vi mostrando alegria de me ver
Passarinho guardião desta minha vida de mostrar meu canto
Passarinho que me encanta me re-ensinando razões pra viver

Eu me pus a pensar, naquele momento levado pelo passarinho
Que apesar dos arbustos de espinhos, e dos galhos de urtiga
Em todo canto se vêem tantas flores, perfume em todo caminho
Pra quem se permitir vez ou outra, ou toda vez, cantar sua cantiga

Pois que em toda crueza se encontra a marca da alma
Que refaz o vivente que tem sempre que continuar, seguir
Pois que o caminho nos pede que sigamos com calma

Mas que não paremos, que o rio da vida continua a fluir
E se olharmos bem, há nas margens flores e palmas
E muitas razões pra cada um levar esta vida à sorrir.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cantar pra que vença o encanto

Ontem à noite me pus a refletir a respeito da importância
Do bom humor no dia a dia dos, por aqui, nossos dias
E enquanto pensava me dava conta da grande relevância
Que estar feliz, apesar de tudo, conta pra nossa alegria.

E falando inocentemente nem me dava conta
De que falar de um certo assunto nos pede provas
Como se o destino marcasse quem, de nós, desaponta
Às palavras pronunciadas, e quem as renova.

E assim foi que a manhã amanheceu cheia de durezas
Me perguntando sobre a consistência do que estava falando
Querendo saber a intensidade do meu dizer, e a firmeza

Pois que o que foi dito só se lava com o pranto
Da prática, que recheia a palavra de beleza
E é necessário cantar pra que vença o encanto!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Do que dizem meus olhos que vêem

Vivo a angústia da dor de saber
Que o que enxergam meus olhos são prazos
Deste tempo que sempre por ser
Voa em ventos pra além dos arrasos!

Que eu sinto neste grão do infinito
Que esta vida permite aos meus sonhos...
E a beleza é pra lá do só bonito
E a leveza se desconstrói do que não reponho.

E a verdade está também no que sei
Mas quem, de verdade, a sabe já está muito além
Do que quis quando apenas pensei

Que esta vida é um presente do bem
Que transcende este estado em que me cansei
De saber o que dizem meus olhos que vêem!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os olhos tristes do desejo

A beleza humana tem armadilhas e encantos Divinos
Que convivem harmoniosamente como esterco e flores
Uma completando a outra em nossos corações meninos
Balizando a tarefa de pintarmos, em nossa vida, as cores

Com que se apresentará pra nós o retrato de nossos feitos
Quando por fim formos encontrados em nosso caminho
Com o que temos que encontrar, sem que haja outro jeito
Como é natural a volta ao ninho da mãe passarinho.

E este voltar tantas e tantas vezes sem fim se repete
Que nós, voltantes, vislumbramos sempre o lampejo
Do Amor infindo do Pai, mais alto, que ao coração compromete

E nos alveja com o sopro do infinito expresso em cada vicejo
Que nos sentimos compromissados com a Luz que se reflete
Na verdade incendiada no fogo que há nos olhos tristes do desejo!

Quando tudo era nada

Eu, antes de ser o que agora sonho ser
Soprava vento solto na palha de palmeiras,
Ventava sopro preso na busca de não perder,
Queimava o fogo absorto de romper fronteiras.

E assim era mais como a infinita percepção
De que a dor mais sem fim termina ali
Onde o mal e o bem procuram a direção
E o amor enfim faz seu cantar de juriti,

Que canta com seu vôo de beleza e alegria
Que flui no mundo como a Luz abençoada
E nos prende nos soltando cada dia após dia

Revelando a tecitura fina e pura da madrugada
Com sua graciosa beleza que finda e principia
Desde o tempo primordial quando tudo era nada!

domingo, 23 de outubro de 2011

Festa de Gerânios

Noite fria de ventos e nuvens
De bentos, benditos e flores
Onde os cantos e encantos reluzem
Seus encantos de luzes e cores

E eu, no meio de tudo
Canto, dança, festa e alma
Não me perco, na lida não me iludo
Que o som antes de nada é o que acalma

E vou, na esperança que me move
Nesta alegria que me faz estranho
Em meu próprio caminho, que o vento remove

Do caminho mais perfeito em que me banho
No rio mais alegre, que de feliz comove
Na noite gloriosa, em que cantei na Festa de Gerânios!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Comida Chinesa

Num cantinho de telhas de barro e madeira
Escondido entre lugares que acreditamos, sem importância
Esconde-se uma comida, que maior que inteira
Mostra-me a beleza da relevância
Que a simplicidade pode ter:

Comida Chinesa, antes de tudo brasileira
Cidadãos do mundo, que habitam conosco aqui
E que fazem do que nos era estranho, o novo prazer
Da comida bela, altiva, perfeitamente prazenteira
Que o inédito postulou bem ali...

Na simples casinha com sua simplicidade posta à mesa
No velho e maravilhoso restaurante de comida chinesa!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sentado numa mesa de poeta

Nesta manhã fria, que me aquece os sonhos
Me pus a cantar o fado da beleza que espero
Ver real, surgindo da esperança, que apesar de tristonho
Continuo sonhando, por que é o que realmente quero!

E o vento frio me dá a certeza de que o dia
Se sucederá, dia após dia, na certeza que mantenho
E fará o inaudito ser o veredito da alegria
Que surgirá do momento depois de franzido o cenho.

E romperá na certeza mais plena desta esperança
Que me mantém, e mantém o mais alto que me completa
E faz do belo o mais singelo que a alma alcança

Pois que a verdade se hospeda na voz discreta
Que se alarde sem se gritar e espalhar festança
Vi, e vejo tudo isso, sentado nesta mesa de poeta!

"Poema feito na mesa da poeta Lilia Diniz"

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Acalmar o coração

No dia a dia, na quentura das demandas
Muitas vezes me encontro distante
Do equilibrio que embala as redes nas varandas
Da casa, em meu peito pulsante
Do quintal, de amores e pitangas
Do rumo, que defino com os sextantes
Que apontam sempre pra terra das mangas

E as vezes a guerra se aponta cedo
E assustado, viro pro lado do que não quero
Pro que espero, e pra onde aponto meu dedo
Com o carinho sem espinhos, construído com esmero!

E então o que eu faço e espero sempre mais
É que o caminho se abrande pela ação
Deste infante da luta incessante desde meus pais
Que vem aprendendo, que vencer, é acalmar o coração!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Da alegria como tijolo do castelo da felicidade

Olhando pro mundo, e pro modo como me encontro nele
Vou me encontrando com o pulso da estrada de me encontrar
Porque só caminha esta senda quem se colocar no lugar aquele
Onde o passo de tudo se firmar no chão de todo lugar

Que o caminho é cheio de flores, folhas e espinhos
É cheio do Amor do Superior que nos permite seguir andando
Mas que só se manifesta na esperança dos olhos menininhos
Que está em todo lugar que há, em que esteja o ar, se manifestando

E o ar do céu nos dá a Vida como infinito presente
E na presença da Luz sempre nos permite a perfeita vontade
De construirmos a boa sensação que quem pratica o bem sente

Na satisfação maior que pode nos dar a definitiva liberdade
Em que a maldade nem seja lembrada de tão distante e ausente
E a alegria seja considerada como tijolo do castelo da felicidade!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Na frente da escola

Vi meninos passando desprovidos de entusiasmo e alegria
Entrar pela porta como quem vai onde não está seu coração
Passar pela porta com um frio "Bom dia professora, bom dia tia..."
Mas o bom dia não passando de uma muito vazia expressão.

Há que se tomar cuidado com a impressão que pode ficar
Quando se está chegando em um lugar de entrada e passagem
Que dá acesso ao que nos dias de hoje chamamos "Centro Escolar"
Pois que a impressão muitas e muitas vezes não é mais que miragem

Que o que vemos nem sempre é tudo o que parece
Muitas vezes é o inefável, que à Luz, presente, se arrefece!

Que os meninos
Há!, os meninos!
São o que fomos, e tantas vezes insistimos em ser:

Seres que reclamamos,
Sem perceber,
A riqueza de compartilharmos,
Alegrias e canções,
Brincadeiras de bola,
Que vejos nestas parcas reflexões,
Que faço
Aqui na frente da escola!

domingo, 16 de outubro de 2011

O trabalho que redime

Na luta que enfrento todo dia
Que nasce da necessidade
Que veio como efeito colateral da rebeldia
Que pousa sobre a enormidade
Que venta na tempestade fugidia
Que relampeia pela eternidade,

Eu, cantor de minha própria agonia
Grito, aflito e com toda a sinceridade:

Pela falta de Amor que ao mundo oprime
E em meu coração tem o peso
Do peso que ao papel deprime,
Pois que só o constante criar
Que o constante criar pode propiciar,
Ao meu peito liberta,
Que a verdade maior é que:
Sou vivo pelo calor do labor
Do trabalho que redime!

sábado, 15 de outubro de 2011

Se equilibrar entre a depressão e a euforia

Na viagem que seguimos nesta terra que habitamos
Somos passageiros e condutores, passivos e agentes
No caminho que sonhado, aqui, neste chão, o executamos
Passo a passo, cada dia, todos os dias, frios ou quentes

E caminhar não é fácil, eu te digo, meu amigo
Caminhar é o exercício cotidiano da constância
E o faremos todos juntos, tu comigo, eu contigo,
Na peleja sem parada, nesta vida que é nossa militância

E viver é sonhar com o futuro de fartura e de bonança
Com a certeza mais concreta de que nossa essência é alegria
Que nos torna como a mãe que enxerga sua criança

Que se acerta com a beleza que esblande todo dia
Que se expande na infinita gentileza da festança
Que me pede pra me equilibrar entre a depressão e a euforia!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

De namorar

Morar na, Amor, Amar
Eu hei de fazer de minha vida
A eloquente lida
Do exercício de me dar!

E eis que então,
Serei eu feliz e exitoso
Fiel ao mel que é tão gostoso
Tão visitado ermitão

E em minha existência
Tudo há de frutificar
Toda fruta, aqui, onde moro,
Há de dar
Que com tanta insistência,
Insisto, aqui, namorar!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Desafios de todo dia

Todo dia amanhece com seus brocados e penduricalhos
Feito uma senhora espanhola com seus olhares e adornos
Que morasse numa casa em um morro qualquer do Barbalho
Mas se sentisse como quem vive no centro e não no entorno

Pois as flores sem cor são matéria sem vida
Tem pigmentos, mas lhes falta o componente essencial
Quem não percebe a maravilha sente a sensação perdida
De não permitir o bem sucedendo em tudo o mal

E no corpo infindo de tudo, quem vê, há de superar
Sem dor, sem pena, sem tristeza e sem rebeldia
A peleja que movimenta a beleza que está em todo lugar

E que supera a penúria pela eterna e bela melodia
Que nasce do peito de Deus, no Universo a cantar
E que canta a bela canção dos desafios de todo dia!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quanto vale um dia em que se canta

No dia de hoje soltei a voz de meu peito
E de um jeito que nem sei quantos nós desfiz
Meu coração me diz, repete, de seu melodioso jeito
Que cantar é o melhor remédio prum coração aprendiz

Viva a Vida quando se canta, que os males todos se espantam
Da convivência de cada um de nós, e de todos os que aqui
Vivem seu cotidiano sem planos, sem rumos, que os pardais encantam
E afugentam com seu cantar sem rosto, sem rota, que, sem notar, perdi.

Perdi, pois que no dia de hoje cantei muito solto
Desabalada carreira, liberta vaga que aos medrosos espanta
De uma forma estrondosa, lembrando um mar revolto

Lembrando um céu de ventos carregados de alegria infanta
Soprando velas de fogo e pano no rumo já a tempos resolto
Pra dizer quanto vale um dia em que se canta!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mas, pra quê?

Tanta lida, tanto sofrimento
Tanta dor e a sensação de que, afinal,
Pra que tanta peleja com o sentimento,
Com o consentimento da coordenação eternal,
(É o que passa, afinal, pelo meu pensamento...)

E olhar pra tudo, e ver que mesmo quando
As coisas começam a se ajeitar, se encaminhar
Fica no ar a sensação forte de que só o passando
Em sua passada, depois de tudo, é o que vai sobrar
(Mesmo depois de tudo que se foi formando)

E assim, vou vivendo, e a vida em grandes goles sorvendo
Passando pra além do que se passa em eterno por mal,
Que as coisas más e boas da vida, garganta aberta, vou bebendo
E te garanto meu amigo, de forma nenhuma será em um dedal.
(E dia a dia, pela vida só me resta ir morrendo)

E pergunto, entre onde(s), quando(s) e porquê(s):
Em que lugar o sentido se esconde, mas pra quê?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ainda mais

Nesta terra de lutas, provas e provações
Luto todo dia, antes de tudo, comigo mesmo
Nas caminhadas em que, diante de tantas opções
Devo escolher o caminho reto, pra não andar à esmo

Não andar torto, andar na direção da Paz
Andar como quem faz do seu caminho sua vida
Viajar na velocidade de quem quer chegar, mas não tem pressa
E acredita antes de tudo ser capaz
De continuar na investidura cotidiana da lida
Que as rugas de nosso rosto mais expressa

Ser quem sou é o que cada vez mais me apraz
Sido o pertencido ao sonho de sempre ainda mais...

domingo, 9 de outubro de 2011

Apaziguar

Neste caminho que todos os dias trôpego caminho
Vou e volto ao ponto em que a dificuldade é forte
Em busca da solução que pode aparar os espinhos
E deixar só as flores pra serem, do caminho, o norte

O suporte pra peleja que por vezes é intensa
(Eu peço a Deus que me veja, e auxilie na jornada)
Que muitas vezes, mesmo clara, a vontade não é propensa
A ser o que construo a Santa Paz em minha caminhada

Pois que este caminho é duro, e custa ter firmeza
E constância, necessárias pra continuar
E chegar ao destino da infinito de beleza

Pois que o prêmio é grande pra quem souber caminhar
E ao próprio rumo da vida dar a direção da certeza
De que a vitória nasce do coração apaziguar!

sábado, 8 de outubro de 2011

Liberdade custa caro

Do que nos mais custa, antes, durante e sempre
Está a solidão que acompanha, arranha e limita
Também a sofreguidão que por vezes gela o ventre
De buscar o inaudito que em tudo que vejo palpita

Pois que o Sol nos mostra em seu turno cotidiano
Turno que na verdade é o nosso girar em torno
Em nossa nau terra, em que velejamos as vezes a todo pano,
As vezes sem vela, mastros secos sem adorno

E assim seguimos soltos, mas ainda em busca do bem maior
Que nos dará a Luz que mostrará o lugar do amparo
Que nos possibilitará chegarmos ao sonhado lugar melhor

Onde enfim conviveremos com o dom supremo e raro
Que é razão pra lida que em nossa vida evita o pior
E nos ensina o valor de saber que a Liberdade custa caro!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Me equilibrar entre meus arroubos e vazios

Neste exercício diário de escrever estes cantos
De meus cantos e poeiras minhas angústias extraio
Como quem se encanta do que é absolutamente sem encanto
Como a Luz que deveria vir de frente, e vem de soslaio

Como a pedra que deveria angular, mas ainda sobra
Como a dor que deveria cessar, mas ainda tange
Meus passos, minha casa, minha fé e minha obra
E que é quem há de fazer cessar o que a meus dentes range

Pois que tenho a certeza de que chegarei ao necessário equilíbrio
Eu sei que mais que meus medos está a força de meus brios
A me embalar no caminho de encontrar-me com o princípio

Que me aquece nas noites em que são mais fortes os frios
E constrói nas barricadas da peleja a cerca dos precipícios
Pois que é chegada a hora de me equilibrar entre meus arroubos e vazios!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Do que ainda não começou

Um senhor de barba e cabelos brancos,
Falador da língua da Luz, pois, da língua de nossos avós
Veio de terras d'além mar, de outros cantos
Seu canto de Amor veio cantar, aqui, entre nós

Seu canto falava da luta de todo dia
Dos trabalhadores do corpo, santuários da inteligência
Campanários dos cantos do boi e da rebeldia
Minaretes da sabedoria e da complacência

Que o Amor Divino, menino, graça por aqui
E este senhor o soube ver quando aqui andou
Nestas terras de palmeiras, samaúmas e pequis

E ao nosso coração tropical, cálido conquistou
E adoçou com vinhos sem alcool de abacaxis
Pregando a construção constante do que ainda não começou!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Encarar a Vida

A Vida tem suas muitas faces e versões
Lados, voltas, matrizes, porções e matizes
Mas antes de tudo o calor amado dos verões
Das garças graciosas, dos galos e das perdizes
Que nos alegram e reconfortam na esperança dos perdões
Que os muitos pecados terão, e nos permitirão sermos felizes.

Basta pra isso que a olhemos de frente
E com Amor à ela, a Vida soberana a peçamos com fé
E em cada volta da roda sejamos quem sente
E caminha na direção da Vitória, nem que seja a pé!

Assim eu a quero, farta, plena, assimétrica
Linda como a Luz do dia, na sinergia estética
Da beleza luzidia que nos livra da feiura patética
De não nos permitirmos perfeitos
Eleitos que somos
Da imensa perfeição
Pra que fomos feitos.

Peço ao Arquiteto Soberano
Que ano após ano
Nos anos que ainda tenho
Possa assumir a Sagrada Lida
De encarar (de frente) a Vida!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O direito de pensar coisas sem sentido

Enquanto conversava com meu grande amor
Dizia coisas, por vezes, desprovidas de razão
Entre conversas profundas, raiadas de Luz e Dor
De marcas e sonhos, ouvindo o coração.

Algumas poucas coisas se permitiam mais soltas
Livres voadoras, atiradas nos espelhos da terra
Que o pensamento mesmo que grande pensador, erra
Pelas serras altíssimas, mas por vezes dá voltas

E mesmo assim é o veículo maior da consciência
Que nos permite conhecer o ainda desconhecido
Bastando-nos disciplina, vontade e paciência

Pra encontrar o conhecimento que nos foi perdido
Dissolvido entre tanta beleza de grande relevância
Só atingido pelo direito de dizer coisas sem sentido!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Do que faz parte das coisas que não podem ser esquecidas

Há um caminho sem volta que tomamos na Vida
Ligado ao compromisso que temos conosco e com aqueles
Que amamos e por quem nos entregamos à lida,
Um caminho em que o sonho é o que nos aquece a pele,

Nos aquece a alma, nos aquece o motor de caminhar
Nos dá alento quando do difícil momento da escada
Em que os degraus parecem mais altos, maior o pesar
Das pernas por levantar pra concluir a escalada,

Que nos permitirá chegar no lugar onde sabemos que é nosso
O lugar da fartura e da beleza, construídas com a Vida
Que tem o sabor da Vitória, sem o amargo do remorso

Que este lugar há de nos suceder à sensação sentida
Em que o fim da luta nos fará receber o prêmio do esforço
Que faz parte das coisas que não podem ser esquecidas!

domingo, 2 de outubro de 2011

Passeio de domingo!

Neste domingo de festa passeamos muitas famílias
Onde o poeta que cantou as contradições existentes
Em nosso tempo em que damos pipoca aos macacos nas ilhas
No zoológico, triste brutalidade e ternura resistentes

Que denunciam as contradições agudas de nosso tempo
Que nos infestam da festança da presença de nós entre nós
Nossos filhos e amigos, irmãos de uma esperança de advento
Da alegria que nos redimirá a um tempo ágil e veloz

Porque afinal estamos chegando à uma fase nova
Alvissareira estação em que a felicidade em pingos
E a esperança expressa na partilha nos renova

E na festa de compartirmos refazemos o pacto de amigos
E na beleza do encontro a presença maior desova
Entre nós o inaudito em um simples passeio de domingo!

sábado, 1 de outubro de 2011

De como vencer a descrença!

Existem momentos em que a força da fraqueza
Toma conta dos ímpetos e dos comandos do espírito
Faz as pernas flácidas ante a necessidade da proeza
Das distâncias a vencer, tantas vezes me vejo lívido.

E os braços não obedecem aos comandos da cabeça
E as forças que deste corpo desobedecem a inteligência
Que me dizem que ao superior comando obedeça
E abandonem o descaso que são forma de demência!

Que afinal nossa vida é presente do infinito
Infinito que em tudo nos registra sua presença
E se mostra no que se mostra sempre tão bonito

Quanto o vigor do trabalho que por fim nos dá a licença
De sonhar com a transcendência de que resoluto me habito
E me mostro ao fim de tudo de como vencer a descrença!