terça-feira, 31 de julho de 2012

Nossa trilha florida

Eu era apenas um jovem sem saber,
Quando a onda que devorou quimeras
Me viesse, anunciando o passado a eras,
Novamente como o novo a se fazer

E nessas águas, navegando muito próximo da arrebentação
Eu pude ver de perto o que pode ser que seja
Um jeito novo de aprender a ver o que ninguém veja
Pela entrega aos santos mantos da pura experimentação.

Mas viver é como um lago fundo e escuro,
Quem pode saber se esconde-se, em seus peixes, a vida,
Ou o temor dos pesadelos, monstruosidade perdida?

Mas este lago é antes de tudo, água, o mais puro,
Dos elementos de que nossa existência é tecida,
Que nos faz continuar pra chegar a ver a nossa trilha florida...

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Pão de todo dia

Cada qual adota pra si um certo caminho,
Por onde as trilhas e pegadas são tesouros,
Que nos mostram erros, pra acertos vindouros
Que nos trazem a Paz de não estarmos sozinhos.

Cada um só em si, lado a lado fazemos tantos,
Que é feito o pó, que esbanja aqui, neste Cerrado
De grãozinhos miúdos o tal pó sendo formado
Unidos gãos de areia da praia formando o encanto.

E o encanto é também de muitos grãos constituído,
Dos grãos de todo dia, de cada um, de todos juntos
Das mãos que laboriam e plantam pão fecundo,

Que se multiplica em fartura e alegria, milagre construído
Do fermento que aumenta a essêncial e ancestral Ambrosia,
Adorável e delicioso pão nosso, sagrado de todo dia.

domingo, 29 de julho de 2012

Seca, prenúncio da fartura!

A Luz do Sol raia entre as folhas ressecadas
Desta época do ano, galhardias contidas
Da seca que prepara o tempo das benditas
Chuvas de fartura, vida renascida e renovada...

Assim o Cerrado nos ensina a lição dos frios e calores
De cada coisa acontecendo numa sequencia ancestral
Em que a vida rompe os lacres que antecedem o mal
E o bem, e à tudo colore com os cinzas de todas as cores

E quem sabe enxergar estas cores se permite encontrar
Com a beleza que é maior do que pode imaginar a vista
Daqueles que acreditam que a feiura é a visão realista

E que a falta de esperança é o que pode alguma coisa nos dar
E assim, não pode ver no Cerrado a beleza que neste tempo exista
Em que a seca prepara o tempo em que a chuva, na fartura invista...

sábado, 28 de julho de 2012

De que é feita a vida!

Hoje, um dia de alumiações
Em que a paciência cobra seu preço
E nos pede que demonstremos o apreço
Que por ela temos em nossos corações,

Em cada passagem que nos guia,
Em cada palavra que solta, pode alegrar,
Ou pode ferir, ou pode o caminho apontar,
Ou em cada peito retumbar de santa alegria

Tudo, toda a vida em apenas um dia
Como usa ser este nosso tempo de estranhezas
Em que os homens e mulheres, em nossas mesas,

Cantamos sambas antigos em novas harmonias
Sambamos temas de festa, embalados pela certeza
De que, como neste dia, a vida é feita de belezas!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Por aqui é sempre partida

Ah! Quanto eu me sacudo e pulo
Como quisesse saltar por sobre vigas
Dos castelos feitos pra extinguir a cantiga
Que soa todas as vezes em que não capitulo

Ante o mal, que puro e simples me habita
Como habita o tempo desta história do Universo
Como molha as plantas que nos fornecem estes versos
E pelo bem, que sempre vem em quem palpita.

Como a canção de despedida sempre a tocar
Dos que já foram, e dos que estamos por aqui
Vendo as manhãs, os sabiás, araçás, pequis...

Nesta lida mais que abundante, que é cantar
Que é a minha vida, e que em asas de juriti
Sigo, que é sempre partida o tempo por aqui.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dever primevo

Cantar é meu dever primevo:

Vem antes de admirar as flores,
Antes de encontrar o lugar do encosto,
Onde minha nuca se ponha em seu posto,
E me ponha eu a beber do sono, os vapores,
Cantar  eu devo!

Cantar é meu dever original:

Se apresenta como necessidade antes dos carinhos,
Antes das carícias do amor,
(Antes de chegar) no lugar onde a caminhada promete alento
Mesmo quando é mais forte o desejo de descansar do que o vento,
Que enfuna as velas, nosso sagrado motor...

Por isso canto em toda instância,
Como quem perdeu a inocência
Que mesmo com toda a eloquência
De quem nunca a teve na infância,
Ainda tinha a dedicada paciência
De acreditar (que a tinha), sem relutância.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nosso destino ansiado

Esta nau em que navego rumo ao desconhecido,
Nem é nau, por que a forma lembra os corpos
Dos que aqui e agora vivos, ou pra frente mortos
Singramos tempo e mares pensados perdidos,

E nesta viagem a vida vai mostrando as telas,
As folhas e selas onde cavalgamos caminhos
Nas certezas e velas que desviam espinhos
Na Luz do Sol, cores da Lua, brilho de estrelas

E o caminho há de mostrar novos ciclos, eras
Onde velhos vícios sejam re-pensados
E os novos meninos pareçam animados

Com o crepitar no horizonte de impensáveis quimeras
Que aparecem pra quem se põe no nunca caminhado
Chão de céu e estrelas, nosso destino ansiado.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Com cada qual

Onde este meu corpo navio navega,
O mar desce e sobe conforme a esperança
Que me faz brincante e séria criança
Neste ofício de ser quem enxerga.

De quem vê a si próprio pelas próprias ações
Quem busca no caminho da singela maestria
A forma de se aprumar vencendo todo dia
A severa parede dura de suas limitações.

E vê também os outros companheiros de caminhada
Como espectros da pujança que soará ao final
Onde o bem que em mim transita se sobreponha ao mal

Onde a alegria dite os dizeres estampados na chegada
Onde eu me encontrarei com Deus como é normal
No lugar infinito onde tudo e nada serão com cada qual.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A idade do infinito

...Aí, então, ouvi seu menino cantar o tal hino,
Cantiga de desatino manifesta em todos os destinos,
Que fez o rouxinol parar de chamar os encantados...

Pois este nosso tempo é de galhos secos e frio,
Tempo de ausências e sinfonias de silêncio
Situação de que todo ser vivente é plenamente cônscio.

E eu sinto que salta aos olhos e às mãos de labor
Este lugar onde o sagrado nos é apresentado como encanto
No voo da arara-azul, do bem-te-vi e seu auguroso canto
Que chama pra terra o céu, pra quem tem e quer amor.

E o passado funciona como uma cacimba de saudade,
Que verte e aviva e incentiva o tão amado gesto
Verde que sucede o investido em transformado, em liberto
De certo porque o infinito, antes, nem sabe sua idade...

domingo, 22 de julho de 2012

O presente do fogo

Nas pressas da manhã de trabalho,
Se corro por onde deveria vir,
Se volto da corrida sem desistir
É sempre pelo que corri que valho,

Mas, mais valor terei ainda quando chegar
Ao tempo vindouro que se constrói,
Porque mais que a canseira, o que dói,
É a gente não poder nas pernas se firmar,

E esta firmeza nasce sempre da labuta,
Sempre do labor, do suor sagrado de caminhar
Da experiência inenarrável de apesar, continuar,

Que esta vida por fim a todos escuta,
E entrega o que se pede, quando é seguido o laborar,
Que o fogo que nos rege, vai nos presentear....

sábado, 21 de julho de 2012

Vales de singeleza

O velho palhaço, quando ainda era moço,
Dizia coisas que ouvi quando tomei tento,
De que o maior amor nasce é por dentro
Como na polpa generosa se faz o caroço

Que a alegria há de ser sempre o mote
De nossa existência de melado e suor
Modelada da essência do movimento-mor
Que nas águas do rio da vida é-nos bote,

Com que desceremos pela cascata da encarnação
Levando conosco melodias, assobios, Violas,
Pandeiros, gravatas, um grande nariz de bola,

Com que eu, palhaço-seresteiro do coração
Possa me achar no rio da melodia da beleza,
Montanha da memória, Vales de fina singeleza....

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Quanto eram lindos todos os dias

Canção que deste, oh! sábio!
Canção da sabedoria,
Canto que por todo o canto
Se repete em cantares
Se reflete num sorriso de espanto
Por todos os lugares
Em toda a cantoria!

Ah! Este canto que vem de todo lábio!
Que nasce de toda a alegria,
E faz nascer a Luz que seca o pranto
E apesar dos pesares
Se mantém em todo encanto
Nas lagoas, rios e mares
Em que o cantar faz arrelia.

Soamos o eterno brilho do gládio!
Na luta entre a dor que sentia
E o prazeroso, que apesar da dor já era tanto
Que nos cantos dos lares
Todos sentíamos o quanto
Eram belos os tempos e pulsares
Pela vida todos os dias.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Este dia.

Nestes dias em que buscamos o que à alma alarga
Que encontraremos com as voltas do existir da vida
Que antes do nada já apontavam a grande lida
Que aos segundos de cada existência abarca,

Contamos com a Luz, farol que ilumina nosso caminho
Nestas trilhas íngremes que aparentam tanta dificuldade
Mas que no fundo apenas refletem esta minha incapacidade
De parar com o costume de pregar em mim mesmo espinhos.

Nestes dias, tesouros recebidos da infinita Graça
Cada dia uma pedra mais que preciosa, única, inigualável,
Cada momento uma possibilidade genuína, inimitável.

Que esta nossa estrada contém tudo que vem, que é, que passa,
Como a certeza que voa além da tristeza, da dor, da euforia,
Da beleza que nos foi permitida ao vivermos mais este dia.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Quase tão lindo quanto Joan Miró!

Uma linha que à outra filia!

Fica forte,
A costura que des-cosia.

O rosto da Virgem
Na pintura que re-lia
A cor do
Dia...

Todo ser,
Dizia, discreto,
Numa língua só:

"O rabisco do meu neto,
É quase tão lindo,
Quanto Joan Miró"!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Tempo de chegada e partida

E, neste tempo de virada, olhei pra trás e vi,
O que a tanto tempo nem olhava
O que em meu epitáfio se anunciava
O que incauto e tolo apenas esqueci...

Mas, antes de tudo, segui com a jornada,
Quando as pedras eram muito pontiagudas,
Quando não me emocionava nem mesmo com Neruda,
Eu, caminhando trôpego, cheguei nesta virada!

Aliás, ainda nem bem cheguei.
Apenas a vejo brilhar distante, no horizonte,
Tão somente sinto sua brisa em minha fronte,

Mas que ela está chegando, eu sei,
Já sinto seu perfume nas narinas,
Já começo a afroxar os cabos na marina!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Só amor

Nas altas voltas que dá o vento
Nos caminhos etéreos que existem
No ar, nas alturas de vertigem
Onde a liberdade é o exercício do movimento,

Lá, eu, o incauto acrobata
Salto de sobre as vagas
Aqui em todas as plagas
Em alucinadas serenatas

Onde o canto voa em piruetas
Sobre abismos de agua e mato
Vôo altivo de passarinho nato

Como se a dor não pedisse caretas,
Como se a canção me livrase da dor
Como se quem canta fosse só amor...

domingo, 15 de julho de 2012

O fim do estio

Vou seguindo minha toada, neste caminho,
Como quem desvia de espinhos, de ferroadas
De risos mesquinhos, de palavras mal pronunciadas
Ou pronunciadas sem qualquer forma de carinho.

Pois que dizer o que se sente há de vir com o compromisso
De amar a quem se diz, pra que o dito tenha real força
A mensagem do que foi falado passe do ouvido de quem a ouça
E chegue ao coração, ao pensamento, à vida tudo isso.

E na sequencia do que quero e peço tudo será
Como Sol depois de muitos dias molhados e frios
Como a umidade depois de demorada secura.

E todo aquele que puder viver ao final verá
Que tudo que vivemos de dolorido é feito o fim do estio,
Que por por mais que esteja seco, a chuva será segura.

sábado, 14 de julho de 2012

Quem escuta o nada!

Os cães ladram literalmente
Em todas as latitudes,
Atitude litigante,
Instigante, invariavelmente
Integralmente degradante!

Cachorrada,
Vai latir lá longe!

Lá onde
Só o ninguém
Escuta
O nada!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Minha nau de arrelia!

Cantei e contei meus cânones,
Atravessando os cotidianos canos e cones,
Neste caminho pra onde trabalhas,
Nestes recuos
Onde tu comes.

E eu canto minhas sinfonias,
Porque eu as ouço,
Todos os dias,
Por todo o dia,
Da polpa ao caroço,
Da canela ao pescoço,
Infinita alegria!

Me solto n`água corredia,
Me navego e me encharco
Me afino e me alargo
Nesta nau, sem igual, de arrelia...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Composição

Ante o infinito que se projeta
A água de uma cachoeira
Um único pingo de goteira
Meu ser-som, sensor prospecta

Por escadas por onde se escalam
Linhas novas de conceito e rumo
Novos antes e depois que fazem o prumo
Novos perfumes que flores/notas exalam

Ali, no frescor do riacho do inusitado
Coloridas borboletas são arrimo
Suas asas a coluna do que exprimo

Nestes outeiros de lama e neve tão visitados
E campos, vales, e onde imagino
Meus lugares, composição da vida em hinos

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Brasília

Este  canto é pra da brasa, a filha
Pra, do Brasil, a ilha,
Pra Brasília!

Este meu canto, que é de arrimo,
Canto colorido, de onde espremo,
Num esforço dolorido e supremo
Minha cantiga de estrada em que exprimo:

Amor em canto com as cores de cada cantinho
Cantado dolente, em gentil e suave acalanto
Ou fortes e potentes, tambores bantos
Nagôs, Guaranis, Tapuias, todos os vizinhos

Quero cantar o que estou sentindo,
De e para nossa cidade/síntese
Deste nosso Brasil florindo.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Poesia

Na letra fria desta lei,
Eu sei:
Sei da letra e da frieza...
Sei da mais rude delicadeza,
Que qualquer letra,
Em qualquer lugar,
Por onde passei,
Soletra.

Letra é assim: fugidia...
Ou é fria e rápida,
Ou morna e lenta...

Agora, se esquenta:
Ao mesmo tempo,
Morta e rebenta
Poesia!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O sentido deste tempo

Nas colunas desta existência,
Pendurei minhas botas,
Pronunciei algumas notas,
Cantei com eloqüência,
Um canto que quase ninguém nota,
Mas que se propaga
Nos ventos, nas águas
Nestes trilhos, em que a ciência
Por fim sempre deságua...

Neste meu canto penso a beleza,
Aquela que brota do chão,
Por qualquer fresta, qualquer vão,
E que expressa a realeza
De quem canta em busca da superação,
Como uma singela plantinha,
Que nem sua, nem minha,
Mas ligada a uma superior certeza,
Que pelas eternidades não se definha,

Ao contrário, com o tempo mais se define,
Como a saída que procuramos,
Como a gentileza que raro, encontramos
Mas que gerará o que redime,
Por este difícil caminho que caminhamos,
E é por onde chegará o alento,
Por onde soprará o novo vento
Que faz existir o belo e sublime,
Que faz ter sentido viver este tempo.

domingo, 8 de julho de 2012

Amanhecer;florir

Nesta manhã, amanheci meus desejos de cuidar da floreira
Amanheci meus desejos de me encontrar com o caminho
De seguir a missão sagrada de cantar ao lado dos passarinhos
De me aventurar nas matas de minha consciência inteira.

Neste domingo de Sol, pude observar o fino movimento
Que produz a vida na terra em cada uma das muitas nuances
Em que as cores e as Luzes Divinas se intercalam nos relances
Dos movimentos das folhas, palhas, galhos que balançam no vento.

E ver toda esta riqueza que no Cerrado neste tempo floresce
Me faz amanhecer com a alegria de quem tem fé no porvir
Tem fé que a esperança é o alimento desta riqueza que é existir,

Neste tempo do mundo em que existo, e meu coração agradece
Pela oportunidade de ver estas cores do Cerrado nesta manhã a luzir
Amanhecendo em meu peito, que neste lindo dia é uma forma de florir

sábado, 7 de julho de 2012

Tiros certeiros

Eu já era vivo, eu já via,
O soldado cavalgava, crianças se assustavam,
E o estrondo dos canhões cobriu o céu.
E tudo que eu fazia,
Era torcer por mais um dia!

E a sombra deste tempo me lavou
Com o silêncio, a inocência,
A perdição,

Como caísse o mundo inteiro
Pelo Espinho que se cravou
Em meu coração
Ou então em meu travesseiro.

E eu calado, tão falado
Sou acertado, mas acerto
Tiros certeiros

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Insonieto da lavra!

Me dirijo aqui à quem possa me assistir,
Como uma enfermeira ao enfermo dá alento,
Como um jardineiro dá pra flor o seu sustento...

Eu falo praqueles que compartilham o existir,
Comigo, esta sombra de quem já viu algo da Luz
E este algo em seu peito, a cada trejeito, reluz...

Eu aqui sonho cantar pros irmãos que vestem camisas
Em seus caminhos de travessia em naus de esperança
E como eu, acalentam a alegria da chegada, feito crianças
Mesmo quando em suas velas brancas não chegam sequer brisas.

Eu por fim quero cantar alto minhas limitadas palavras
Como quem faz um canto solene e emocionado de adeus,
Como quem deixa tudo que tem, e é, pras suas e pros seus,
Sabendo que ainda estará por muito tempo nesta sagrada lavra....

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Do que vem ser...

Aqui, só me resta correr pra não deixar marcas
Que a tristeza da vida é tanta que é pior deixá-las
E ter que voltar pra seguir a peleja de apagá-las
Vou cumprir meu dever/intento e seguir com a barca

Que Caronte conduzindo nos leva à um outro lado
Onde tudo pode até ser igual ao que é por aqui
Mas começa de um começo em que não saberei se senti
E então tudo terá a possibilidade de ser menos complicado

De ser menos dolorido, menos triste e humilhante
Lá onde, se sei não lembro, o que equivale a não saber,
Tudo pode em algum momento simplesmente desaparecer.

Cada uma das coisas que vivi e vivo, agora, neste instante,
São como frutas que colho num pomar, o do eterno acontecer
Por isso quero pagar e apagar pra sonhar com o que vem ser...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A lindeza da seca no Cerrado

Está chegando o tempo em que os dias brilham,
O ar do Cerrado seca, e a Luz faz cintilezas
E as cores atravessam as retinas, tanta é a beleza,
Que se atravessam também os quereres, pr'onde olham...

E a secura que começa a se apresentar em gramas e galhos
Desnuda um inusitado de belezas que até então não se via
De desenhos e tons de cinza que a opulência d'água escondia
Mas que a seca revela pra quem sabe usar sabiamente os olhos.

Porque a beleza habita tudo que habita este nosso mundo
E o Cerrado é grande fornecedor destes santos celeiros
Que nos alimentam da fome do belo, Saíra no poleiro,

Passarinhos colorindo a vida de coloridos fecundos,
E o tempo seco faz deste tempo um tempo festeiro,
Em que a Luz remodela o olhar, e o re-faz inteiro.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Elegia ao amigo que agora voa

Entre as eras que presenciei,
Entre os céus em que flutuei, só por gosto.
Em tantas e tantas vezes em que me deixei
Deixar viver só por que ainda era agosto.

E por meu próprio gosto fiz-me voar.
Alcei-me do trilho de toda imensidão.
E para aquele que mais alto ousa cantar
Sempre, o destino é o mar de toda vastidão.

O mar de toda delicia que pode  o existir
Pensar  em canduras como fossem elas saltos
Como em "alegria  que dura sem sobressaltos"

Como só é possível pra quem crê no porvir
Quem pensa na vida como a oportunidade
E se lança  no voo pleno da feliz eternidade.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O que o vento canta a todo momento.

Desta minha lida, comigo mesmo,
Com as forças, as vezes tão contraditórias
Que me compõem, e às minhas histórias,
Resta uma certeza que esvoaça, à esmo:

A de que será grande a celebração da vitória,
Será cheia de prazer, e dançaremos com galhardia
O que aliviará meu coração, e trará novas cores ao dia,
E fará desta lembrança uma vivíssima memória,

E por muitas e muitas eras se ouvirá falar
Da festa de tantos dias, que demorou a chegar,
Mas que quando chegou, marcou o tempo,

Com a marca que o carcará, deixa no céu ao voar,
Como uma varinha desenhando na areia do mar,
Como a canção eterna que o vento canta a todo momento.

domingo, 1 de julho de 2012

Minha caixa de versos

Vou ao fundo desta caixa, e volto com as mãos,
Cheias de ar, com todas as cores e sabores do mar
E da praia, onde nadam arraias, onde se pode aportar,
Onde serpenteiam sereias, entre os corais e os vãos

Nada disso, no entanto, está ou já esteve nesta caixa
As coisas todas, e nada, que qualquer um pode trazer de lá
Circulam fora da caixa, e a natureza quando quer dá,
Quando quer afaga o bendito do santo que na fartura abaixa.

E eis que estou saudável, lisonjeado, assustado e forte,
Pois tenho em mim a bússola que firme, aponta o norte
Entre os presentes que minha caixa cisma em não me dar

Que a voz da caixa, de versos, de onde sempre e sempre vem
Seja um tesouro que recompensa àquele que, porque gasta, tem,
Que seja a força que abalou tão depressa, o chão do nosso lar.