quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Do absurdo de acreditarmos que existe "Pré-história"


Se a gente acha
que história é a ação
humana sobre a criação,
onde então, se encaixa,


a "Pré-História", nesta ciência?
Há quem defenda, e diga
que tem que ser escrita,
pra ganhar (de história) licença...

Pois pra mim, é só ignorância,
de nós ocidentais, que de tudo,
que vemos, dizemos abusurdos,

sem termos real consciência,
do que escreveram os povos,
e seus textos gentis, raros ou bravos...

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cada dia de Sol


"Tenha fé, que hoje sai...
Vai chegar já já..."
O novo sempre há,
e o medo se retrai,
se o espirito ganha os céus,
e então, tudo é meu e seu.

No entanto, há cinza,
tristeza rotunda e solta,
que rosna e corre em volta,
que ri, mas sem crer ainda,
E tudo a fazer é parar,
e entender o jeito de girar...

E o Sol raia, verdadeiro,
em tudo que nasce:
nas Violetas fugazes,
nos Ciprestes, nos Pinheiros...
Nada como antes nenhum!
Aqui, cada dia, é um! 


E as mesmas histórias
varrem os dias azuis:
eternos rompantes juvenis,
rabugentas chatices, nas memórias...
Toda a inédita cópia, canta,
eternidades e frivolidades santas...

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Do inesperado



A vida as vezes pula,
n'água entre pedras,
sobe e se entrega
à queda que a faz pura.


Os dias se parecem
com rápidos soprados...
E o ar, insuspeitado,
do jeito que vai, vem...


Eu quero ser capaz
de entender o incompleto,
a espiritualidade do concreto,

a materialidade da Paz,
a inexigibilidade desperta,
muito além da "coisa certa"....

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Desenhista


A vida é desenhista,
desenha corpos e rugas,
escavados pelas fugas,
imaginados além das vistas,
ensanguentados da alma pura,
enlameados de alta bravura.

Assim, ela nos rabisca.
Fortes e alegres como chispas!
Ventosos e distantes, ariscas
labaredas do olho que pisca!
Incessantemente se mira,
pela certeza que tem quem atira!


Desenhos encorpados, vamos,
enchendo a vida de vazios,
pelas frestas de ventos frios,
e tijolos de dor, e do que gozamos.
Sigamos, amigos, amigas, sigamos!

domingo, 27 de agosto de 2017

Do que vibra


Corte sobre "Caravagio" de Michelangelo
De bem longe, vem
uma Música dentro,
que me constrói comendo,
e toca em tudo, em quem...

Do infinito ela soa,
no cantinho mais leve,
na melodia mais breve,
numa cantiguinha atoa...

Quando não posso tocar
só me resta a memória,
e o ouvido, e a história,

e me entrego, a ponto de chorar,
e no choro passo horas...
Minha eternidade que vibra...


sábado, 26 de agosto de 2017

Também seu


Um canto se aspergiu,
gota a gota nas testas,
mais que cantiga de festa,
menos que quem o proferiu.

Uma Lua iluminou dentro,
de uma abóboda, nossa casa,
pelas campinas ensolaradas,
de uma sorte que fomos tendo,

e em nós parindo
uma Era em forma de esperança,
que nem mesmo ainda é criança,

mas que se vê luzindo,
em cada uma e um que percebeu,
que tudo no mundo é também seu...

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Ver Deus...


Um jeito de ver Deus
habita cada um,
ou não, nenhum,
cada qual com o seu...

Quem acha que o próprio
é o certo a se louvar,
corre o risco de se afastar
e trocar ódio por ódio...

O Amor? Nem chega,
perto de quem sabe
de Deus tudo que vale...

Tal saber apenas apega,
e no peito, nem cabe,
o que ao bem-querer, cale...

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

No ar


O ar, acima da gente,
revela todos os dias
pra Pardais e Cotovias,
novos rumos transparentes...


É escada pros Urubús,
trilha pras Andorinhas,
que aos milhares, e sozinhas,
unem o norte e o sul

deste planeta coberto
de ar, água, planta,
de tanto passarinho e criança,


onde tudo foi feito farto,
de modo que, até espanta,
a força, no ar, da Esperança...

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Da leitura do mundo


O visível em sua vista,
se manifesta nos gestos,
se escreve em  longos manifestos,
pra aqueles que leem a vida.

O tempo é e mostra,
tudo que se produz e sonha,
feito a Luz, que desenha,
feito o dia, e sua obra...

Ler o mundo, então, antecede,
qualquer Poema escrito,
ou tratado, feio ou bonito,

ou o que o diálogo concede:
A Paz de fazer acontecer,
por ler, dia novo que vai nascer...

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Amigos



Reunidos, os amigos
cantamos a Luz,
a que nos traz, conduz,
e nos refaz consigo...

Nestes encontros
são os "dar as mãos",
esperança de redenção,
encontrada uns nos outros...

E há quem beba,
e busque nas essências,
despertares e consciências,

e pelo querer, se perceba,
e aos seus iguais:
"Ninguém é menos, nem mais..."

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Alimentar


Me concentrar, por um
momento de estar dentro,
olhando o que for intento,
atento, estoico e nenhum.

Me velejo em ventos lentos,
em fúrias de furacões azuis,
mares de me ver em meus nus,
águas de se conseguir alento...

E nas horas de Alegria, sinto,
que festa de ser assombra,
se o caminho é Sol, ou sombra,

se o verter vem do instinto,
ou se este é guerra ou Paz,
há de ser o que se alimente mais...

domingo, 20 de agosto de 2017

Passarinhos do mundo


Passarinhos de lugares
diferentes do mundo
cantam canções e contos,
nas suas línguas fugazes,

falada por cada um deles(zinhos)...
No entanto, são iguais.
Há Bem-te-vis e Pardais,
Sanhaços e Tisiuzinhos...

As cores variam, o canto
se mostra mais curto,
mais alto, farto, curvo,

suave, embolado ou longo...
Cada avezinha por perto,
é o infinito por fim desperto...

sábado, 19 de agosto de 2017

Do que me disse o Passarinho


"Há ainda tempo!",
me disse um Passarinho
que viajava num menininho,
e corria sendo lento,
no que voava pelos chãos,
perfumando cidade e sertão...

Pássaro/menino meio bento,
meio cá, meio Luz...
Dos que cantam céus azuis,
por fora e por dentro,
dizendo que cada coisa,
espaço/temporizada, repousa...

Me completou de Paz
o menino avoador,
e alando-se planador,
chilreou um "até mais"...
"É hora de encontrar sabores,
e cantar Loas de infinitas cores..."

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Despidas


Quem já viu
a cor do vento,
ou o lado de dentro
de um assobio?

Quem saiu,
do primeiro fermento:
Pão, ou faminto?
Quem comeu?

Busco as cores,
ainda não vistas,
as mais coloridas,

ou as inferiores,
superiores perdidas:
As de pudores, despidas... 
 

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Porvir


Santo quem será?
Quem conheceu,
viu, viveu, bebeu,
ou sentiu chegar?

Ouço que caminhar,
por estas cidades,
campos e tempestades,
nos ensurdecerá?

Ouso pensar,
e isto tanto dói,
quanto constrói,

mas realizará.
E quando surgir,
santificará o porvir...

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O que se verá nascido



Uma velha novidade,
pra quem pensa na vida
como a própria corrida
de toda a humanidade:

Muita maior o vindouro,
que cada vida em si...
E todas compõem um jardim,
onde a União é o tesouro,

que aponta o rumo iluminado,
nesta estrada tão dura,
com destino à Fartura!

E apesar de nos terem machucado,
e termos sido mortos e esquecidos,
raia em nós, o que se verá nascido!

Em homenagem à Buenaventura Durruti

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Universos


Quantos foram os astros,
passados no arco do escuro?
E Grilos, e pássaros obscuros,
nas noites de choro e arrasto?

Eu hoje quero
me prometer canduras,
me permitir gostosuras,
com as quais me recupero,

sem pensar no que passou,
astro, coisa, pensamento,
atitude, falta, sentimento...

Sou um construído do que soou,
do som vertido no vento,
que venta nos Universos de dentro...

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

História das horas


Na história das horas
cantorias de alento
bem-vindas no vento,
por dentro e por fora,

sigo como fosse vendo...
Parecendo estar a procura,
como quem chega agora,
ou sempre se despedindo...

E o melhor se desenhando,
feito o desenho da Aurora,
a leveza do pensamento,


que pensa, faz e demora,
todo este nosso tempo,
em todo nosso imaginar vertendo...

domingo, 13 de agosto de 2017

No infinito


Andando, por aí,
soltando as pernas
e a ânsia delas,
nem saio daqui...

Na verdade, visto
o mundo, suas curvas,
retas, Abacaxis, Uvas,
feito terno de risco,


feito azuis e bemóis,
num canto aflito,
na roupa do instinto,

que voa sobre nós
e em nós é labirinto,
no miúdo, e no infinito...

sábado, 12 de agosto de 2017

Força


Uma Força, em forma
de canto veio pro centro
das bordas do vento,
pra bordar as horas,
atravessar dias e portas,
dar vez às vozes tortas...

Esta Força, do Sol vinda,
em si só se bastaria...
Mas não ouve nem um dia,
que não fosse pela pergunta,
que empregasse sua energia
de acordo com quem ouvia...

Essa Força só nos junta,
se for pela sua Democracia!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Ondas do mar


 O que faz alguém achar
que tem o direito de mexer
com a vida de outro ser,
e neste outro ser, mandar?

A ação da polícia nasce
do entendimento anti-direito:
pro preto pisoteado e desfeito,
é como se ninguém se amasse...

Somos irmãos, caminhando,
passos largos e curtos,
almas gentis contra estes brutos,

que hoje, estão mandando...

Mas, sabe as ondas do mar?
Eles também vão passar...

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Simples eternidade


Os povos contactavam 
as profundezas do espírito,
pelos vinhos do onírico,
seus cantos, que cantavam...

Hoje, se nos encanta
um qualquer soar parido,
terá força, e sentido,
será Sagrada lembrança?

Eu busco os sons miúdos,
o sussurro dos filhotinhos,
chilreio de passarinho,

daquilo que parece mudo,
mas canta a Divinidade,
pela simples eternidade...

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Estrela miúda


Eu me sento, todo dia
pra fazer pensamentos
virarem papel e vento
na forma de Poesia...

Porque sigo esta arrelia?
Eu nem sei dizer de certo...
Sei, que sigo de perto
uma estrela, que me guia.

Uma estrela miudinha
abandonada de estradas,
sem sair, nem ficar pra nada.

Esta estrela, que já foi minha,
agora, a sigo de longe...
Neste meu peito, onde se esconde...

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Invenção


Era uma cena tranquila,
uma clareira rodada,
colorida e ilustrada,
de frescor que se ventila...

No meio do nada
a vida floresce,
na Grama que cresce,
no Pato que nada,

na distância entre Ciprestes,
no voo da Rolinha,
na estrada que avizinha

gentes e agrestes,
trazendo e levando,
pra este mundo ir inventando...

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Nuances


Os gritos se apertam
no peito que arfa,
no que vem da garrafa,
n'onde os tiros acertam,
na estrada dourada,
cuja Luz orienta a caminhada...

Um velho cantante chorou,
seu tempo de lindezas,
colocando em cada mesa
a lágrima que entoou,

pra fazer este canto/certeza,
como quem lava
no que é e no que estava,

no Eterno e suas nuances da beleza...

domingo, 6 de agosto de 2017

Atrevimento

 
Um mundo se fez
do caos primordial,
radiante, radial,
central, de vau e vez...

Toda matéria girava
astros soltos e astúcias,
em Islamabade, ou Astúrias,
no Congo, na Arábia...

Esta matéria que escreve,
rodava em sonho inercial,
esperando em pleno potencial,

cantando com quem bebe,
plantando-se em lindo Rosal,
porque, à Alegria, se atreve...

sábado, 5 de agosto de 2017

Re(x) Presencia


A Poesia é por si
palco de ilusões,
criativas repetições,
de tudo que há por aí...

A capacidade Poética
criou no homem o invento:
emprestou-se do vento
a força para a vida prática,

e se fizeram moinhos,
movidos à água que venta,
na Poética que se re-inventa,

e às velas ensinam caminhos,
pra um mundo, antes pequenino,
agora eternizado, porque representa...

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Nova Passarada


Confetes e serpentinas,
caem sobre o vilão,
que segue em procissão,
suas premissas assassinas,
suas veleidades insanas,
sua ganância sacana...

Em carros ultra-modernos,
antepassados não morridos,
seguem o cortejo fedido
dos insepultos horrendos,
ultrapassados, nos matando,
pra se manterem vivos...

Mas a vida renovada,
há de ver voar nova passarada...

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Ser corpo


Enquanto isso, nesse
tempo/espaço aberto,
sigo dormitante/esperto,
cantando profanas preces,

singrando os mares verdes,
os desertos em cinza e bege,
bérbere, navegante herege,
achando, flores, frio, sede,

encontrando velhos corpos,
entre destroços d'antes,
neles, meu semblante,

quando estes tinham fogo,
como este agora é, e tem,
o ser corpo, que vai e vem...

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Sem fim



Enquanto tudo mais
vai se desencontrando
nas praias, areias ventando,
sal nos olhos, e ais,
procurar uma sombra,
pode ser o que sobra...

Mas, quando a luz do céu
se verte entre difusa,
e claramente confusa,
me encontro com o meu
de cada sonho eterno,
recoberto do que entorno,

e aí, assim, crio de mim,
farturas de sem fim...

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Novo dia


Nosso tempo mostra a briga
da ganância sem pachorra,
que dispara toda a zorra,
matando tanta cantiga...

Hoje há que se ser valente,
pelo (des)gosto de terra seca,
de cavalo, gado e cerca,
de vilania até indecente...

E nestas nossas cercanias,
tanto a gente foi perdendo,
que o triste, se vertendo,

com saudade da Alegria...
Só até vir o novo dia,
nos construindo e tecendo...