sábado, 30 de abril de 2016

Alegria de passarim


O dia amanheceu
com os jeitos da Luz,
e a sombra que produz!

E os ventos quem verteu,
foi quem verte o sopro:
um Deus maior e ateu,
e que menor se perdeu,
nisto que é ledo logro,

(crermos que a vida se deu)!

Pois que ela se dá
aqui, agora, em mim,
em ti, sem começo e fim!

E em razão disto é que há,
canto, casa, e alegria de passarim!

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Emblema


Esta terra nos tece,
nos aventura em fogos,
gelando as veias, sufoco,
que há de se tornar prece,

há de se tornar Música,
e verter-se em trabalho,
pra fazer nascer do cascalho
o prazer que tem cores únicas...

E cada flor será o Sol,
aqui, entre nós, presente,
o Pai que nunca ausente,

amarelará, cada Girassol,
lilás e branca da Canela de Ema,
daí, a alegria, nos emblema.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Vergel



Um estrado,
um vergel do destino,
dando flores e carinhos,
e frutas de bocados...

Era assim a passagem,
dos dias de Paz,
(vasto colorismo fugaz)
com as mais incríveis engrenagens

de cor, movendo olhos,
e corações, e um tempo,
novo, porque é vento,

e dá cheiro aos molhos,
porque cheira por dentro,
e há quem chame alento.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Sem chinelo


Nesta lida, se sente
a dor das dores vindas
da idade que des-blinda,
e revela-se dolente...

Neste andar, sentimos,
velhos, mulambos, garis,
madames, domésticas, atrizes,
saudade de sermos meninos...

E as eternidades desveladas,
em cada instante percebido,
como o fino zumbido,
que conta tudo de nada,

ganham outra forma e sentido!
E tudo que vem é leve,
mesmo o que nem serve,
compõe um mapa invertido,

que te afasta do duelo
e te leva ao campo incerto,
onde o eterno, peito aberto,
caminha sem chinelo.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Re-bento


Uma dor que nem
devia, se apontou,
como a vida lembrou,
cada dia, cobrava bem...

O tempo parece
passar, e gera ação,
alegria, tristeza, tesão,
e o claro, escurece,

e chega o tempo
do tempo se chegar,
e se ver além do mar,

e se permitir ser vento,
pra ser, de novo, belo,
re-feito, singelo re-bento.


Pro passarinho que foi no vento

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Surpreendente


Eu corro céus e mares,
venho de onde sair,
volto, consigo escapulir,
e ainda me faltam lugares,

onde gente ver,
onde histórias novas,
cargas, tropéis e trovas,
e o inexato suceder,

o esperado, contínuo...
Pois o inimaginado, vibrante,
faz lembrar, cada instante,

que há o Divino Desígnio,
de que toda a alegria,
nasce da surpresa do dia...

domingo, 24 de abril de 2016

Do que fazer


O que vou tangendo,
eu, gado e tocante,
vara de agulhão pensante,
sigo, cutucando e dirigindo...

E no que me furo,
repenso o que representa
o que avança e senta,
e grita em todo futuro:

Tocar esta Viola que é em mim,
aqui dentro, ponteada e vertida,
como se toda música da vida,

dependesse de ser assim,
cantar ser meu trabalho,
se não canto morro,
ou pior, falho...

sábado, 23 de abril de 2016

Pintura que voa no ar


Um velho canto,
em língua que nem
sei, soubesse também
não serviria tanto...

Porque o que diz
nem faz por si:
dizer de Colibris,
um voador giz,

escrevendo vazio,
no ar arrelias,
como o faz a Luz no dia,

quando revela o Sagrado vadio,
num canto improvável,
em sons de um mundo admirável!

Pra música da Mongolia que se encontra nos Choros Ciganos e Chicanos

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Água e alpiste


Nada se insufla tanto
pelos vãos de tudo,
quanto o nada obtuso,
quanto o tempo, espanto.

E pelo meio do centro,
as esquerdas esquentando,
as direitas camuflando,
o novo se cozendo,

em meias tristes,
camisolões alegres,
tocas, cachecóis leves,

feito água, e alpiste,
ser tudo que é necessário
pra um passarinho solitário.
 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Verão nascer?


Num dia como estes,
num tempo de antes,
gentes sonhantes,
sonharam-se libertos,

e fiéis praticantes,
seguiram o caminho,
de nosso povo, sozinho,
fazer-se governante.

Alguns tantos, de inveja,
"Joaquim Silvério", 
representando,
para a opressão se dando,

entrega(ra)m a peleja,
pra ter lucro e poder,
mas,
o dia novo,
verão nascer?

Homenagem ao sonho que se expressa em Tiradentes

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Ilha


Na ilha que sou,
corria campos verdes,
pra saber onde o rio verte,
e entender como começou.

Nas bordas da ilha,
plantei coqueiros
sonhei rumos certeiros
da libertadora armadilha

com que voaremos,
nesta nossa estada,
no que nos é morada,

corpo/planeta, sermos,
sempre ao fim da estrada,
na ilha, me, e nos veremos.


terça-feira, 19 de abril de 2016

Voar pela leveza


Uma história, um vértice,
uma energia em espiral,
descendo e subindo, sem final,
sem começo, que abre-se,

e revela-se em miudezas,
e cala toda a gritaria,
que ofuscava a Luz do dia,
pra revelar a beleza,

deste nosso caminho,
que em cada passo leva,
e de finezas, enleva...

E entendo que o mesquinho,
não vê a delicadeza,
deste nosso voar pela leveza...

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Re-escravizar


Com tanto vento,
com tanta onda,
que, barco e remo
somos sem conta...

Com tanta dor,
com o descabimento,
deste povo cinzento,
que quer tudo comprar...

Com todo o empenho,
e o desenvolvimento,
tanta gente crescendo,

que só franzem o cenho,
e acham descabimento,
querem nos re-escravizar.

domingo, 17 de abril de 2016

Lutar


O "homem de negócios"
chegava na África, trocava,
fumo pela gente que dava,
e as amarrava, com os sócios,

em fundos de navios fétidos,
sem ar, espaço, decência,
e velhos, mulheres, sem ciência,
homens e crianças, tranças mórbidas.

E estes empreendimentos,
trouxeram riquezas pras famílias,
que todo domingo iam à missa,

e é claro, os registramentos,
nos cartórios, pra atestar,
que aquela gente preta,
nasceu pra pros brancos, trabalhar...

E até hoje, quando um preto,
levanta cabeça e pensa,
que sua história, além de tensa,

merece também ter seu acerto,
um golpe vem de lá
e tudo se resumirá, sempre
em lutar.
 

sábado, 16 de abril de 2016

Liberdade



Os Alecrins verão a glória,
dos dias que virão,
das Luas cheias de verão,
e saberão tudo que diz a história.

Os Gerânios poderão dizer,
da Felicidade plantada,
das noites amedrontadas,
do que se fez, e por se fazer...

Os Sapotis, e a Laranjeiras,
com o vento nas folhas molhadas,
mais do que a chuva passada, 

dirão as Poesias certeiras,
as Profecias da antiga idade:
 de que a alegria, é filha da Liberdade!
 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Des-existindo


Foi! O rompante se deu,
o ato atavicamente sendo,
no nosso herdar violento,
e o de nós, bruto, rompeu...

Lá longe se ouviu um grito!
E aqui, em todo canto,
eu mesmo, quando canto,
quase que berro, aflito...

Porque a sordidez se veste
do sólido, que se desfaz,
e da pedra, que dói mais,

mas nunca chega ao celeste,
e minh'alma verá, luzindo,
a dor deste tempo, des-existindo...

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A força do coletivo



Não passarão! É o que
dizemos e cantamos,
e pelos caminhos, sigamos,
vejamos o que é o quê...

Pois o futuro verá
o que cantando plantamos,
o que pensando falamos,
do que poderá,

e cada um de nós
marchando pela Paz,
o que pode, faz,

o que sente a sós,
se verte objetivo,
na força do coletivo.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

O que vier


Enquanto espero, teço...
Pássaro incauto, colho,
gravetos e fios que escolho,
e no ninho amarro, e meço...

Enquanto canto, sonho,
feito a sombra de um passo,
e neste imaginar limpo, e faço,
que nele, meus sonhos reponho.

Enquanto sigo, sinto,
cada um dando sentido,
feito cachorro lambido,

que no meu canto vejo vindo,
tempo de, de novo ser
o que renovado vier.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Risadas


Vi Vitória                   
  por o                 
    cubo de gelo  
na boca                   
         e                       
       beber água         
  pra gelar          
    ela            
      na güela!   


Vi Luana             
        pegar                 
              o resto         
                do              
                 gelo          
enquanto pensava
     e pegava             
           no cabelo!            


Roupas molhadas,               
                   crianças                   
           perfeitamente                                  
             en-criançadas!         

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Laços


Sempre há laços,
Em tudo que se faz
e pensa, e "corre atrás",
e em cada ser e passo.

Nunca se deixa de ter
sobras, sonhos, signos,
ninhos, planos, espinhos,
caminhos a se verter,

e nunca passa o tempo,
de gostar de tomar chuva
de mascar Bocaiúvas,

de gostar de sentir vento,
de cantar velhas canções,
que nos aqueçam os corações.

domingo, 10 de abril de 2016

Atinar



Nada havia, e o mar
misturava água de estrelas
com o pó de outras mesmas
no barro elementar,

e entre correntes, calores,
o barro aqui e ali ganhando,
ácidos e bases se dando,
sais de todos cheiros e cores...

Até nascendo um perceber,
um atinar no meio
da terra, como um seio,

que se fez dar de beber,
e de comer, e se mexer,
antes disto tudo acontecer...
 

sábado, 9 de abril de 2016

Cantoria ao mar


Onde afinal, cantar?
Em mim, eu digo,
onde é que consigo
esta cantoria fazer ao mar?

Pois se além do etéreo,
tenho tudo pra carregar?
Se levo quem é pra levar,
como rir, se vou sério?

Minhas velas em chicote,
batendo casco e mastro,
num barco sem rastro,

de (ainda) não ver o rumo forte,
apresentado no que seguir,
em toda cantoria, no porvir.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Em tudo


Eu ainda me pergunto:
Onde é que estará,
e quem por fim passará
de assuntador, à assunto?

Eu sempre me ponho a olhar
e em cada, tudo, re-fundo,
a pergunta que segue junto:
como é eu ser, e este perguntar?

Sei, que sonho tempos de mel
nas papilas e nos olhos,
cores, perfumes, óleos,

antecipando uma imagem do céu,
esperando que este esteja,
no particular habite, em tudo seja.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Infinita


A pele pulsa,
o prazo, o preço,
o destino aceso
cada caminhada avulsa.

O pranto cruza
a vida e a certeza,
que mexe e reza
com tudo que se usa.

E com tudo que se preza,
me prendo e predomino,
nas ondas do destino

na maldade que despreza,
na eternidade que reabilita,
leveza etereamente infinita

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Planeta e riachos


Eu era som,
era vento frio
ribeirão vadio,
gelado, quente e bom.

Eu era canto,
da terra e seus gelos,
e mares e espelhos,
insuspeitado espanto.

E era cansaço
tanta pedra e cachoeira,
tanta estrada na ladeira

que mesmo sendo de aço.
Se no espaço a poeira,
é estrela, planeta e riachos.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Nóis se festar


Nenhum passo,
a mais aqui pra dentro,
senhor sem vento,
e olhar esparso...

Não há quem queira aqui
mais seus mandos
doídos comandos,
de se cumprir!

Nenhum de nós,
quer mais sua tristeza,
que enfeia a beleza
com esta voz,

que grita e manda,
e acha que manda,
ninguém nos manda,
deixa esta banda,

que somos nos ventar,
em terras de alegria,
nos bailes da alforria,
de novo, "nóis se festar"!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Nada


Toda uma nação,
é ninguém, afinal?
Quem nos é lateral,
e quem virando o timão?

Quantos de nós
somos ventre e mãos,
serviço e exaustão,
vítima, juiz e algoz?

A invenção do poder,
é dizer que não tem,
brincar de ser sem,

de fingir não comer,
brutalidade disfarçada,
até chegar à nada, nada...

domingo, 3 de abril de 2016

Histórias


Cada Poema é uma sombra
do que me compõe, e sinto,
gole no inabstrato Absinto, 
que pulsa no ar, e me cobra,

por este meu sentir
tempo de dor e ternura
em que a vida, ela pura,
se faça ressoar e vir...

Cada Poema contém pedaços
disto que em tudo constrói,
e na vida nos alenta e dói,

e vindo o tempo dos abraços,
ver o que ainda há por vir,
e montar as histórias do existir.

sábado, 2 de abril de 2016

Minha matéria


Sopro esta Flauta d'eu
como quem quer ouvir
a Luz que nos há de luzir,
cantada no que se verteu.

E esta melodia feita
inexata, sensata, superior,
perfume e vagalume na flor
não deixa a menor suspeita:

sou Flauta nascida
pra ser soprada
antes e sempre tocada,

músico-me em minha vida,
sons correndo em artérias etéreas,
em que flutua minha matéria.
 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Encher o mundo de cor


O mato cresce,
e ao invés de atrapalhar,
de ser feio e incomodar,
é a vida que floresce.

O dia é quente,
e ao contrário de estorvar,
a roupa vai se secar,
e as plantas crescem plenamente...

O vento frio incomoda
mas o pólen multiplicador,
conta histórias de flor,

no ar que rompe e roda,
e distribui vital calor,
pra encher o mundo de cor!