segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Um velho Ravi


Verbera! Soa
em lugares nunca,
em vagares e nucas
terremoto atoa...

Som de vento,
cada corda e todas,
gritam mortes e bodas,
além do alento...

E a expressão,
não diz "faca",
mas ataca,

e com cortesia, não!
E prata soada
ouço, mais nada...

domingo, 30 de agosto de 2015

Cada lágrima vertida


A noite esconde,
mas revela,
porque só nela,
estrelas mostram por onde...

O frio é maltratador,
mas possibilita
à mão bendita
que trará o cobertor...

Entre as pontas
transita vida,
calma e infinita!

Com seu colar de contas,
ao vindouro guarida
e a cada lágrima vertida.

sábado, 29 de agosto de 2015

Lavanda


A sombra abranda
o Sol, e a Lavanda
lava o pé cansado
que me levou
e me buscou
por todo o lado!

Me rio e me rendo,
no momento absoluto,
em que me esqueço e lembro,
de tudo no Sol nascendo.

E no fresco da sombra
um perfume não se contem,
e das flores roxas vertem,
cheiro bom que se sobra...

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Candência














Se um vento que vai e voa
espalha pólen/semente,
imagina dentro da gente,
tanto vento e Lua que há....

Se a Lua grande e brilhante
(a Bela no balcão)
suave e perfumante,
sua Luz prateando o mundo,
e tudo que há...
 
 
Que eu cantei,
e cantarei...


Então meu canto
é vento solto
respingando mar revolto

e a Lua prateia tanto,
que eu canto
este meu cantar,

Que eu cantei,
e cantarei...

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Nossa pequena linda música


O céu vertiginoso,
derivações deste momento,
em que há pasto mimoso,
e milhões de estrelas nascendo...


E eu, neste SOL compondo,
como se em MI vertendo...


E o aparente, sempre pomposo,
na rama limpa,
se esvai, e pinta
com novas cores o gozo!


E eu, neste LÁ brandindo,
como se tudo a RÉ, se unindo,

como se a FÁ tecendo,
cheio de SI, se a DÓ, sendo...

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Que toco


Sopro nesta Flauta,
de mim, Alaúdes
lambris e Loas
de vento,
atôa,
e eu ardendo.

Zabumbas bombam sangue
desde o fole
de infinitos baixos
que cantam com
a Viola que toco.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Flautas da Esperança


Eu canto 
feito um banjo!
Se não me esbarro,
esbanjo!

Sabia!
A história
toda dizia!

E inda assim,
feito potro no capim,
corria!

Mas é,
até, porque, soprei 
as flautas da esperança,
vezes que nem sei

que já me fiz,
laudas e laudas
escritas à giz,
em mim, as mesmas flautas!

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Desde o fundo


O caminho
é o vaso,
onde sozinho posso
distribuir, caso a caso,
sementes em poços,
e soltar cada raiz
pra voar, feliz...

A estrada
é a pátria,
onde cada e tudo anda
e descansa no catre,
e nos voa e sopra e canta,
e ensina o que venta,
e ao mundo nos apresenta.

Nossa casa este mundo!
E só voa,
quem, desde o fundo...

domingo, 23 de agosto de 2015

Canto e majestade


Sabiá vigia do galho,
delícia do dia,
seu canto e harmonia
é no que me espalho...

Que nas palhas des'dia
amparei minhas hastes,
vencedor destas hostes,
que me cantam alforria.

E Sabiá pequenim,
viragem e assunto
desvira-se o mundo

no seu cantiguim,
veloz e alaranjado,
daqui e de todo lado.

sábado, 22 de agosto de 2015

Este caminho/ar


Hoje voamos!

E conosco, nossos passos,
nossos ventos alados rasos,
das asas que rufamos!

Hoje tantos, tantos vamos!

E tão poucos,
em nossos sonhos roucos,
cantamos, cantamos, cantamos...

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Inda assim

 
Sóbrio, Sombrio.

Vácuo e vazio.

Simplório,
          e no cio.

Inda assim,
viajo

    no que bem ajo,
e sangrarei até o fim.


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Aqui e agora


SANGUE e POESIA,

MEL e SUOR,

de toda cor é que

se tece a alegria...



Num dia a dia,

igual ao teu,

e quem caminha

espera encontrar o céu!



AQUI e AGORA,

sem mais demora...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Beleza maior



Sou miúdo e veloz,
e límpido,
lento e nítido,
e mesmo junto, à sós...


Assim, passarinho,
amor de vertigens
com lilases felizes
quase azul, branquinho,


porque vem do menino,
gigante ou menor,
ou eterno, ou melhor,


de se buscar o destino,
no improviso da flor,
inesperada beleza maior

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Viracambota


Eu fiz um desenho
sem cenho,
"Sobrancelha"
como se diz...

Eu era robusto e pequeno,
veloz e sereno:
"Cambalhota"
alguém já diz!

E eu me fiz "Viracambota"
sem botas,
perna torta,
porém feliz!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Vertérium



Eu só pendia
e pesava.
E a dor nas vazias,
e nas duras e bravas...

Eu só cortei,
e corri!
Na verdade nem sei,
como foi que cheguei aqui...

Passo duro,
pedra preta
na marreta.

A mim costuro
quando verto
o que me é certo.

domingo, 16 de agosto de 2015

Colhendo manhãs


Como nada mais
fosse, passasse
eu, nas ondas nadasse,
e nada se fez e faz.

Como lambuzasse,
de óleos e verves,
das fontes que bebes,
e nelas me banhasse,


eu, cantoria e passos,
e desloucados vasos
onde fosse o caso,

como se nem cansaço,
nem as folhas do amanhã,
colhessem-me as manhãs.

sábado, 15 de agosto de 2015

Do rio


Era o tempo,
sempre foi,
onde o Boi,
mói mordendo...

Quem movimenta
o ponteiro,
é um rio inteiro,
que se aparenta,


mas que corre,
enrola, mexe
e, se parece que cresce,

também se escorre,
se destampa e decresce
e volta depois que morre...

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Se me demoro


Ainda me lembro
dos sonhos que tinha
de Querubins,

tocando noite adentro,
Rabecas nas perninhas,
soando sem fim.

Pois que eu me recordo,
dos pátios pintados,
crianças paradas,
prisões nas escolas...

Eu grito neste foro,
e pelos meios das ruas
que a "luta continua",
mesmo se me demoro...

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Angola


Angola ginga,
no peito do mundo.

Todos Bantu/N'zinga,
cada cacimba busca o fundo,

busca a água, que reviva
que re-faz-se América

e longe, perto, (nos) nativa!
E sonha-se liberta e rica.

Angola inda nos liberta,
nos alimenta, sua gente,

é a gente, quando desperta,
e vê Angola no que se sente.

Angola, d'Africa nota,
Africa cada, o justo que vir,

Angola é a nossa volta,
nosso canto a se percutir

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Nadando onde dá pé

Ludolf Backhuysen_-_Christ_in_the_Storm_on_the_Sea_of_Galilee

Quem é que vai além,
deste mar,
que o olho divisa,

nadando onde dá pé?

Vem o peixe na maré...
É quase que certo, é...

A rede puxada
na noite,
escura,

não sabe
se traz
a Morte,
ou a Glória,
e a Fartura.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Em tudo que faço


Como um andarilho,
espaço e vento,
cansaço e intento,

sigo construindo trilhos,
onde só se encanta
puro pensamento...


E se volto,
é porque o espaço
curvo, volta onde passo,

e leve e solto,
sigo, nem meço,
meus caminhos caço...


O que sei, o inesperado, e além,
em tudo que faço se contém...

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Seguir vivendo


Se nos vão,
nem a voz,
nem veloz,
nem molengão.

Se não nos ficamos,
pra que estamos,
onde passamos,
porque nos damos?

Eu era chão,
que se fez alimento,
pão e fermento,

e serei prontidão,
enquanto sendo
seguir vivendo.

domingo, 9 de agosto de 2015

Do sentido


Era verbo.
Verso.
Varava-me 
vasto e inexato,
com viradas
e verberações dos fatos
e das estradas.

Era vindo,
como uma nau perdida,
uma ave bem-vinda,
um ser voador lindo.

Soei então estas canções.

Um cantante curtido,
pelos assertivos estratos
os aturdidos e cansados,
me permito guiar pelos ouvidos.

E num misto de alaridos e gritos
Encontro-me, e me dou sentido.

sábado, 8 de agosto de 2015

Lá, no mar


Errático,
ou acertostático,
sigo vagando.

Meu barco,
(feito enigmático)
sabe onde e quando...

Eu vela e vagar
(as cadas vagas subir)
as plenas velas abrir,
e ao vento me irmanar,

ou baías e acalmar,
as sanhas de conhecer,
as sedes de ver e beber,
o novo que vive lá, no mar...

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Cantar e ser


Se canto, canto.
Há que se ouvir meu soar,
como repouso, e vibrar,
harpeando, sussurrando...

Mas em e antes,
de tudo é este cantar,
isto que ar e pulsar,
de mim se expande,

e chega a ser
com quem mais,
tios, avós, pais...

Luz que vem ter
entre nós, risos e ais,
Paz, e cantar e ser.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Bordado aéreo










Vento e folhas,
tarde baldia,
lenta, barulhenta, sombria,
quente por dentro das escolhas.

Quem escolhe o são,
verte em colhimentos,
calorosos acolhimentos,
cantigosa união.

Quem se entrega visa,
solidez neste etéreo,
sondar insondáveis mistérios,

e a beleza sempre avisa,
que o vindouro transborda,
flores e o cheiro que o ar, borda.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Canção

Amália Rodrigues

Luz se difusa,
numa manhã sóbria
sólida, sonora e fria,
que se pinta e usa.

Pinto esta manhã
com cores tantas,
que quando canto,
verto hortelãs.

Ventinho frio,
costas das mãos,
frutos do chão,

e a fé feito rio,
me ri dos "nãos",
em mim faz canção...

terça-feira, 4 de agosto de 2015

De vencer


Anti-herói, e Arlequim
e vaso sem se quebrar,
e meninos a meninar,
fora e nos vastos de mim...


Atenuante de pensar no fim
caminho que vê os pequenos,
projetando passos imensos
e cria horizontes sem fim,


eu persigo o vazio no que faço.
E sonho viagens além,
e me entrego ao que vem,

pois pelo eterno repasso,
passando de novo pra aprender,
até a alegria em tudo vencer.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Vinho de vento


"Vinho feito de vento!"
Era como entendia,
tudo isto que luzia,
instante do alumbramento.

E em toda rota corria,
em cada ponto visava
em toda estrada amansava
o bicho que em mim rugia.

Mas suas asas soltei.
E por sobre cidades,
vales, campos de enormidades,

motes e melodias criei,
e crio agora, que voo e escrevo
meu canto, de ar entoo e bebo.

domingo, 2 de agosto de 2015

Riqueza


Canções. Eis
como o mundo
em cada grão fecundo,
se solidifica, e se desfaz...

Caçoa-se e passo,
e sinto o léxico,
e o insensato fluxo,
é o que caço,

nas florestas dos sons,
nas beiradas,
nos centros do nada,

e nas alegrias dos tons,
e em suas tristezas,
encontrarei esta riqueza.

sábado, 1 de agosto de 2015

Quinhão


Um chilreia
e pode parecer
prum ouvido sem saber
que vagueia,

como não soubesse,
o que diz,
mas enquanto chispa feliz,
uma melodia se tece...

E no céu, um canto/grito,
passante Gavião,
mistério de arribação,

festejos do infinito,
compostura de canção
cada passarinho, quinhão...