terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Da busca da alegria


Cumprir uma promessa, feita
a tantos anos, parece sem
sentido, ou o que pareça bem,
ou seja a própria vida desfeita...

Seguir um caminho torto,
quando o que se esbarra
é sentir o peso da barra,
quando se queria o estorvo...

Vou seguir porque o rumo
se apresenta antes da caminhada,
e no fundo, não sobra mais nada,

que o ímpeto original, os fumos,
que se vai pitando dia a dia,
pra tentar, a gente, encontrar a alegria...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Nada



Um vento frio passou perto,
pra mostrar que no fundo,
mais fundo, e em mim profundo,
nada importa pros "ditos certos"...

Sabe? O pessoal das normas
na verdade não se importa
com a gente que bate à porta
ou que morre fora da forma...

Por isso, seguirei sozinho,
como uma flor perfeita,
aos meus olhos afeita,

mas que tem espinhos,
e por isso condenada
a não ter ninguém, nem nada...

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Perambulante


O improvável parece assustar...
Como um Urso em nosso mato,
como num bicho polar, Carrapato,
ou a certeza de que não vamos durar...

Não sei mais quanto vai custar,
ou quanto cada um deve ser
de si, do que apresenta se parecer,
mas sigo doido a lutar...

Como um assustado que dura
nem tanto quanto esperava,
mas não entrega sua clava

e continua a lida insegura,
desde o tempo em que contemplava,
e a Verdade, entre tudo, perambulava...

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Indagações


Como viver com o peito
vazio como a sobra da janela,
de onde se vê pouca luz, amarela,
da luz das cores de todo jeito?

Como se permitir sonhar
com um tempo (que será) novo,
quando continua negado ao povo
a esperança pra esperar?

Um educador, que encheu de cor
o porvir de nossa amada gente,
disse, que esperançar alça a gente

ao patamar de educar por amor...
E hoje, ignorantes o negam
da latrina imunda em que trafegam...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Dos centros e beiras


Andando no tempo, como um gramado,
vejo as flores entre os capins,
os ordinários entre os seus afins,
os inimaginários entre os assustados...

Sonhava ter tristezas mais simples,
como as mágoas de amores velhos,
ou o sabor amargo dos Escaravelhos,
na comida destampada daqueles

amigos simples, e pobres, descuidados,
que seus alimentos deixam abertos,
e de que nunca se intoxicarão, estão certos,

pra ser assim como um testemunho contado
pelos que nem imaginavamos tanta sujeira,
como a que se vê pelos centros e beiras...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Acima de tudo, o povo...


Eu vi, o passar do tempo, e sorri,
como um Passarinho no pátio
do colégio, na rua, no átrio
da casa grande, e pequena, onde cresci...

Pensei como deveria agir...
Sabe? O que esperavam de mim
enquanto a história ia assim
como estivesse a um monstro, parir...

Sei, que bem pouco sei, disto tudo,
como sonhasse o inaudito,
como fosse o bem dito,

embora só fosse o absurdo...

Sonho a chegada do tempo novo
em que acima de tudo, estará o povo...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Perguntas de um Latinoamericano...


O que é enriquecimento?
Como me ponho sobre a linha,
da vida subalterna e mesquinha,
pra me fazer melhor neste momento?

Do que tenho direito, eu, cidadão?
Quanto posso esperar da vida,
do direito de ser, e esperar vertida
a expectativa de "ter", dentro do padrão?

Só sei perguntar, por aqui, meu irmão...
Queria até saber mais coisas, caminhos,
pra não ter a sensação de seguir sozinho,

mas saber que nos daremos as mãos...
Como os indígenas, antes de nós,
quando esta terra era de nossos avós...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Vivendo...


Num tempo vindouro, numa ação
que nos mande pra outros mundos,
e nos faça ver os rasos e os fundos,
deste universo, pela navegação...

Então seremos passageiros, e tripulação,
dos diversos barcos que recebemos:
Terra, Corpo, pensamentos terrenos,
e do alto, d'onde vem a inspiração,

virão nossas guia, e destino,
que já sabemos, mas não lembramos,
que antes fizemos, e apagamos,

pra que descobrir fosse dos meninos,
e das meninas, outra vez, refazendo,
a vida encantada que vamos vivendo...


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

De verdade...


No tempo que a Luz avançar,
seguirei meu tempo, e minha hora,
pra sair daqui, sem demora,
e ficar por aqui, pra ver tudo brilhar...

Estar e não estar, tem meu tempero,
como se eu fosse uma noz no rio,
boiando entre rocares bravios,
pra ver da correnteza, seu ser inteiro...

E ao mesmo tempo, seguir solitário,
como o tempo perdido na futilidade,
em que nada se dá a nada, na totalidade,

pelo verter do eterno que é solidário,
e entende a cada um, na sua totalidade,
e busca a si mesmo, de verdade...

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Da espera


Um canto estranho, soa assim
estranhamente dentro
do que vai me cozendo,
do que se costura dentro de mim...

Um som insensível brada
suas notas de improbabilidade,
suas asas de caras e metades,
ventadas ao sabor dos nadas...

Eu hei da ver as velas dos panos,
coloridas dos amores sentidos,
amareladas dos vetores e sentidos

apontando pra onde sonhamos,
que é de onde vem os meninos,
e as meninas, e o que de melhor, esperamos...

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Viagem


Sou feito da massa do vento,
das cores do mar profundo,
do centro, das beiras do mundo,
de onde é bem mais pra dentro...

Me alço em brisas e encantos,
e em flores, gentis e amarelas,
com sangue, pinto aquarelas,
e de escarro esculpo meu pranto...

Só saberei se a onda virar,
o barco sem remos,
os seres que amemos,

ou mais, ainda por amar,
e em tudo nos lancemos
a pra sempre, viajar...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Lugar


Uma pessoa busca
a si mesma, enquanto
anda pelas ruas e plantas,
e se a a si encontra, se assusta..

Este mundo é carrossel virado.
Corre pra fora, des-entorno,
corte sem eixo de torno,
na beira dos ares, por todo lado...

Eu pinto palavras, rabisco,
enquanto furo as lavras,
nos cantos que a vida grava,

quando amo, ou mesmo pisco,
quando aquarelo com águas vivas,
quando escrevo, e por isso existo...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Eu reverbo


O reverberar do verbo
me refaz insensato e liso,
da matéria que faz o riso,
do frescor do amor de perto,

e de longe, de antes, agora,
do que vai logo pra casa,
e em tudo se vira e volta em asas,
pra poder nunca ir embora...

A insensatez da angústia,
dói, inventa e solta a ponta,
e à Luz do dia em si desponta,

e conta histórias fugidias,
sobre Cotovias, Lobos e Lontras,
e os todos bichos de nosso dia a dia...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Adiante


Um dia, mais, ou menos, lustrado,
do verniz eterno, e ilustrante,
feito os melhores livros da estante,
refeito no inusitado, já tão esperado...

Eu só sei mesmo, o não pronunciado,
ausente do anúncio restrito e farsante,
que se mostra irreflexivo e violante,
mas que, seguramente, tem os dias contados...

Porque no rio do tempo, está à jusante,
a Alegria sincera e duradeira,
a verdade eterna da Brincadeira,

e o encontro entre gentes e gentes,
que nas ruas e praças dos meios e beiras,
nos encontramos pra seguir adiante...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Assombros


Quanto mais eu olho
o mundo, suas voltas
e vidas, suas revoltas,
bem-vindas feito um bom molho..

Quanto mais eu penso
nas agruras de seguir,
sem a passividade do Tapir,
onde tudo e o todo é tenso...

É que eu me viro em ombros,
e as facetas incríveis das horas,
e os segredos que seguram as escoras,

porque tudo, no fim, vira escombro...
E o final das coisas, nunca demora,
por mais que ainda nos assombre o assombro...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Ciclos


Um vento aponta pra onde
verte a força do infinito.
Eu sento no toco, feito fosse visconde,
de sabugo, de matéria de sítio...


O infinitesimal tem mais força,
que o rio mais caudaloso, imenso,
que o raio que se solta mais tenso,
que a leveza do salto da Corça...

Eu vejo, em mim, e em tudo,
a grandeza do mais pequenino,
aos moldes da Graça graciosa do menino,

da menina, do Pombinho vagabundo,
que voa acima de todos os destinos,
e desta vida, em seus ciclos fecundos...

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Proclamadamente


A história se refaz, cada dia,
em flores, forças, e inexatidões,
como são em nós, as paixões,
como em cada qual a alegria...

Eu até queria cantar, não podia,
pelo verbo que soa no vento,
pela paz que nos traz o pensamento,
pela seriedade que pressupõe a rebeldia...

Então decidi que a cantoria,
ela, e nada mais tanto, representa
a dor que pro povo se apresenta,

e se perpetua no dia a dia...
E que cantar, é tão revolucionário,
quanto o amor, proclamadamente diário...

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Desígnio


Uma emoção nova, um tipo
novo de sentido dando seus passos,
como o tempo, e seus laços,
como a diferença, entre eterno e infinito...

Tudo que existe, foi experimentado,
passou pelos lábios, e ouvidos,
de todos que sentiram sentidos,
dos que experimentamos o trocado...

Sabe? A troca de oxigênio,
com a atmosfera deste lugar,
onde faz sentido, pra gente, perguntar,

"Porquê pra nós ainda é um matrimônio"
esta ligação com pensar, e se entregar,
dissociada em tristeza e desígnio...


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

De alegrias e ais


Voltamos a caminhar,
como a noite traz o frio
pro Sol quente do dia,
pro cheiro bom do ar...

Vivemos e viverá
quem se dispor a seguir,
pra onde tiver que ir,
pro sonho do benvirá...

Eu sei bem pouco mais
que a certeza do vento
que traz refresco e alento,

e os barcos de volta pro cais...
Por isso, sigo sendo
os sopros de alegrias e ais...