domingo, 30 de setembro de 2018

Sozinho


No mundo inteiro, na média,
o povo anda afastado da lida,
que dirige a Fortuna, e a vida,
e constrói a tristeza enciclopédica....

No passo certeiro, as rédeas,
nos ensinam os direitos, e a usura,
pra garantir defeitos e  lisuras,
e toda fantasia que pregam as mídias...

Eu era, não serei, nem sou,
alguém que acreditava no sonho,
que apesar de ser tão tristonho,


ando e andarei no que voou,
pela alma, e por seus caminhos,
e tudo que feito por mim, anda sozinho...

sábado, 29 de setembro de 2018

Graça


Um dos Deuses mais lindos,
como terá dito o cantante,
pra nós, como um rio, antes,
agora um vento, que vindo,

do tudo que nos cerca, e expande,
e traz a vida em suas correntes,
esta mesma que vivifica a gente,
e nos constrói, pequenos e grandes...

Então, se aclarou o dia,
e os dias de tudo que pensei,
da imensa procura que realizei,

e se plantou a ideia fugidia,
de que o Tempo não passa, 
mas venta seu sopro de Graça...

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Alegria


 
Quando o tempo era todo,
e eu, um ponto no espaço,
sucessos sucediam fracassos,
mesmo sendo tão tolo...

Vi então a delicadeza
do vazio superando as horas,
e a insensatez, que sem demora,
me apontou certezas...

Só pra me desfazer depois.
Que nem o dia, que finda,
pra dar lugar à noite linda,

onde nos encontramos os dois,
sem nem sabermos ainda,
da alegria que o amor propôs...

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Da lida


Digo olá, antecipadamente,
mesmo sem conhecer o caminho,
ou então, antevendo espinhos,
remodelo o que me foi a mente....

Eu, por mim, um pobre menino,
morando na rua dos choros,
cantando espinhos e esporos,
dos fungos deste destino...

O infinito mandou sinais,
cada um sua própria rota
de cores tanto vivas quanto mortas,


entre açucares, menos ou mais,
adoçando nossas vidas,
encantando o exercício da lida...

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Mar e Céu...


Quando estava fluindo,
era tudo ao redor,
eu, o menor, o menos melhor...
O infinito em mim seguindo...

Quando estava vertendo,
era eu o estertor,
o campo, o inusitado, o dispersor,
e por mim, tudo acontecendo...

Sei que devo seguir,
como a Estrela, de mar e céu,
ou o desígnio, meu e seu,

o não auditável, o etéreo, o fluir,
o tempo em que cada coisa aconteceu,
onde o lendário conflito se sucedeu...

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Sacerdócio...


Onde o infinito fura as Odes,
e eu sei, que antes, tudo vai,
e se amplia no que sobe e cai,
eu, feito um susto, berro os Bodes,

canto os Carneiros, as Luas,
os dias vastos e vadios, 
as horas eternas e os cios,
e os amores das carnes nuas...

Eu já vi a beleza do encontro,
com tantos, e cada vez, única,
como do sumo sacerdote, a túnica,

a do padre, de Canudos, o ponto,
que decifra a violência vivida,
e ensina o Amor que cria a vida...

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Sem demora...



De nós, de cada um daqui,
pode estar gravada no imerso,
a razão, inventada no diverso,
inocentada no porvir....

Daí, de quem lê estas linhas
pode pensar ser imaginação, 
apenas firulas sobre o chão,
vinho insensato de antigas vinhas...

Quando Bruxas e Entes,
inventados em estado de vida,
pra além de toda esta cantiga,

prá aquém de Druídas e Duendes,
pra dimensão correta destas horas,
que serão delírio, sem demora...

domingo, 23 de setembro de 2018

Redemunho....


Um vórtice, uma Luz
brilhou infinitamente em mim
e, entre Urucuns carmins,
e esta canção, que me seduz,

fez brilhar a sonora beleza...
Com suas cores inacreditáveis,
seus suspiros inafiançáveis,
e tudo que está na nossa mesa...

Posso então, me ver, agente
da maldade vigente e insondável,
que em mim lambe o admirável,

como este meu amor, tão quente,
tão imenso como as ondas do mar,
e tudo que eu possa, em mim, me ajustar...

sábado, 22 de setembro de 2018

Do trabalho

 

O melhor conselho ouvido
é ir arrumando fora
pra, por dentro, agora,
o tudo de tudo ser resolvido...

A única possibilidade razoável
é a gente conseguir ver
as coisas, e antes entender,
como este mundo é admirável...

Como existir, que tem dores,
pode ser rico e inexpugnável, 
castelo aberto e admirável,

por gente que o vê pelos labores,
pela vida construída e respeitável,
na lida de todos nós, trabalhadores...

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Dia claro


Este dia, claro como água,
me enche os olhos dela,
apaga as mais doídas mágoas,
e acende, da Esperança, as velas....

Esta manhã, como fosse outra,
me conta segredos dos mares,
sopra perfumes nos ares,
e come mariscos feito as Lontras,

pra chegar na superfície azulada,
e deitar mastigando conchas,
pra alimentar, e encher as tachas,

onde nossa comida é preparada,
onde nossa história, se lê,
pra quem sabe, e quer, ver...

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Sem aviso


Seu merda! Tu acha o quê?
Tu pensa que a estrada é larga,
e nas horas mortas tu abarca
o que nem é teu, nem vai ser?

Seu bosta! Tu imagina quanto?
O que seria pelos vastos,
vacas cagando nos pastos,
e nos postos, tu imaginando?

Do que adianta cada coisa,
quando a verdade ignata,
mata Ricardos e Renatas,

mata ventos fortes e brisas?
Eu me sinto feito o sorriso,
que chega e vai, sem aviso...

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Das pernas, e da canseira....


A canseira deu nas pernas,
deu nas horas, nas estradas...
Era só eu cantando e mais nada,
e tudo lembrava a escuridão subalterna...


Eu era cantante, entre ausente e aqui,
e só pude ver o que se passava
quando olhei pra cima da murada,
e escutei atentamente os Bem-te-vis...


E fui vencendo, em mim, a raiva,
na estrada sentida, nas razões desta vida,
que cantada, representada ou vivida,



mostram e choram a realidade assertiva,
cantam e vertem a realidade nova,
feito o peixe, que na água que vive, se renova...

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Cuprum


Tanto trabalho, tanta lida,
e num simples movimento
da pena que balança o vento
se pode perder quase tudo da vida...

Quanto assunto, quanta sorte,
tem a distância de quem age, 
daquele que se empenha na vadiagem,
ou do outro que nem teme a morte?

Eu não quero saber mais
do infinito azul que nos cobre...
Quero saber agora do Cobre,

Cuprum, dinheiro, recurso contumaz,
que veste os dias, planta sonhos,
e retira meus sombrios pensamentos tristonhos...

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Lado a lado



Eu te abençoo, te infinito,
pelo que vivemos, de bom,
de ruim, de de fato som
que construiu um viver bonito...

Eu te peço sua benção,
pra ser viajante iluminado,
e andar pelos certos lados,
e cantar meu canto oração...

Este eu, de gratitude verdadeira
canto e cantei tantas vidas,
fiz e curei tantas feridas,

que nem sei a hora inteira,
o passo dado, o certo, o errado,
sei o que é estar lado a lado...
 

domingo, 16 de setembro de 2018

Eternidade


Numa Loa assuntando o tema,
fez-se em mim, noite de imediato,
e menos alto, mais azul e mulato,
o dia criou-se em suas Pembas...

Em suas horas, se sente, se lembra,
que o estado de coisas repetidas
faz-se inexato em cada uma das lidas,
e nas demandas, criam-se as lendas...

Reconheço a falta de sentido,
a fala dos atrasados inscritos,
a certeza dos costumeiros proscritos...

E não serei mais que denunciante,
da beleza solta das verdades,
e a destreza destroçante da eternidade...

sábado, 15 de setembro de 2018

Do amor que subindo...

 
Se uma corda vibrando,
infinitas vezes menor que um átomo
num Universo, se soltasse como
fosse uma bolha se expandindo,

e se eu, numa Viola tinindo,
tirasse harmônicos da alma,
e sentisse a canção desde as palmas,
e por ela, corda aberta, fosse subindo,

ainda assim, não seria tão lindo...
Exato e belo feito despertar,
do lado da boca sonhada, sonhar,

com o amor, que sempre vindo,
e que veio pra me acertar,
sempre pro alto, subindo...

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Eu e tu


Sempre é bom te ver...
Cada vez é sempre nova,
feito Peixa que deixa as ovas,
pro Peixo fertilizar e prover...

Sempre é novo o antever:
imaginário leve, solto e vertido
das asas disto que temos sentido,
das horas do ainda vamos perceber...

Eu sou e serei o análogo invertido,
o imediato ocorrido antes
de ser, das horas delirantes,


das imagens, do inadvertido,
que sempre nos surpreende,
liberta, ataca, afaga, prende...

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Cantiga


Então, se ouviu, vindo
pelo ar que transmite,
um alarido que se emite
e se harmoniza, tão lindo...

E eu, este canto errante,
em busca de acertos dentro
e fora, em cada vento,
no espaço de todo instante,


tive a honra, a alegria,
de ouvir a toada que veio,
das beiradas de todo meio,

das eternidades, da letargia,
da rapidez de toda vida,
feita de chegadas e partidas...

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Da cor do Amor


Quando a gente faz
e experimenta um experimento,
encena um cenário, um evento
e se atira ao vento audaz...

Quando a gente aceita,
a verdade inata,
e se desembaraça,
e vê com quem se deita,

então, nada faz sentido...
Por triste e inusitado,
isto foi constatado,

por todos os sentidos...
E só o Amor, este inspirado,
nos dá cor aos dias vividos...
 

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Esforço


Em cima da hora
marquei o desmarcável,
e,por ser eu dispensável,
justificou-se a demora...

Nos pés de Amora,
colhi minhas delícias,
feito as frutas/carícias,
dadas pela planta que flora...

Eu canto porque ouço,
mas a verdade ainda mora
nas eternidades, nas penhoras,

que mostram o fundo do poço,
ou a incerteza, senhora,
desta vida, deste esforço...

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Beleza



Eu afinal sonho com o quê?
Qual a razão da existência,
se toda delicadeza e decência,
não me fazem sentir o "porquê"?

Investigo a mim num inquérito
vazio e vago, pra descobrir,
o que o luar pode nos permitir,
o tanto que permitir nosso mérito,

ou o tanto do pensamento voando,
em curvas no ar de tristezas,
ou nas delícias por sobre a mesa,

em que vamos nos construindo,
no alimento que já foi da realeza,
realizando o sonho... A vida é beleza...

domingo, 9 de setembro de 2018

Dos dias que vi


Onde foi dia, quando acabou,
se brotaram alegres as flores,
jorraram assuntos de todas as cores,
e uma fogueira se começou...

Onde foi noite, a história começa
e termina em verso e prosa,
gentes, cantigas e glosas,
candeias, velas e nenhuma pressa...

Mas tudo sempre ressurge,
e nada, em cada ventura,
que vive cada criatura,

com a sucessão dos dias,
que nos tecem neste aqui,
entre o que sei, e o que vi...

sábado, 8 de setembro de 2018

Pra onde


Será que eu saberia?
Se visse a Estrela da manhã,
fazer-se pra nós, talismã,
e verter-se em sonho, e dia?

Será que encontraria,
os Peixes nos lagos,
os pensamentos mais vagos,
ou a exatidão mais fugidia?

Sigo procurando, pra existir,
razões de fumo e vertigem,
gazes de Paz e fuligem,

até onde eu conseguir...
Hei de ser pra além da imagem,
e pra aquém de onde devo ir... 

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Amor


No canto, na estrada,
no caminho de espinhos,
no voo dos Cuitelinhos,
voando sobre flores... Mais nada....


Eu era só e eterno,
como a Vaca no pasto,
ou cada Estrela em seu vasto,
desenhada no velho caderno...

Pra onde irei? Só meu valor
saberá dizer, entre os dias,
feito uma idiossincrasia,


que emanasse Luz e calor
e se desculpasse da Alegria,
inspirado (sempre) no Amor....

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Atitude


Um céu se verteu de vidros,
de vestígios do impensado,
de alegria por todo lado,
e por todo lado, povo sofrido...

Um chão se encheu de águas,
se plantou de ervas
de árvores eternas,
e gentes com suas mágoas...

E eu voei o quanto pude,
mais alto que um Condor,
mais baixo que uma flor,

lutando pra não ser rude,
cantando prosas e louvor
nascidos desta atitude...

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Tudo feito


Uma tristeza floresceu
em margaridas e gozos,
entre fáceis e perigosos,
nestes dias em que tudo se deu...

Não era ninguém, mas eu!
Tudo de bom e ruim,
acontecido sempre por mim,
nas beiradas do que se sucedeu...

Nas entradas bandeirosas
em que nos vestimos de reis,
e nos sentimos indivíduos sem lei,

eu experimentei a vida insidiosa,
de procurar pelo canto perfeito,
mesmo antes, ou depois de tudo feito...

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Tudo


O medo do vazio
me enche e expande,
maior que meu eu grande,
mais fino que um fio...

A dor de desejar
me dá fitas coloridas,
e as esfrega nas feridas,
que o desejo furar...

Eu, intrépido marujo
quero o jogo dos mares,
o pleno fogo, em cantares,

em terrenos baldios sujos,
em jardins de encantares,
no pleno, que hei de ser em tudo...

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Maestria


O bailado alegre do vento
trouxe o pólen de longe,
e fez doce a Fruta do Conde,
e me adoçou por dentro.

Os cheiros da vida viva
melados pelas horas
deu-nos os Araçás, e as Amoras,
os Pequis com suas flores lindas...

E eu cavaleiro, audaz e leve,
volto meus dias pra Alegria,
como saudável rebeldia,

como inexatidão eterna e breve,
pra refazer-me em sintonia
com esta ternura em maestria...

domingo, 2 de setembro de 2018

Asas


Um tempo se abre sobre
asas, na Bússola orientadas
nas costas das venturas herdadas,
das agruras de que a vida nos cobre...

Um dia assisti sua volta,
sua vinda de asas colorida,
como um doce, uma ferida,
uma benção que à vida escolta.

Sobre este vento assarei Pinhões,
varrerei escaldos, e horizontes,
saberei de exatidões de longe,

e conhecerei barulhentos bordões,
claros e retumbantes,
eternamente em sons delirantes...

sábado, 1 de setembro de 2018

De noites, manhãs e peras


A hora do dia se aclara,
se veste de claro e voa
e, com qualquer ventinho à toa,
nos dá esta cor, que linda e rara...

A tez deste amor me apara,
me ignora e supera, me conduz,
feito ele sendo a chama que dá luz,
e água que apaga, da dor ignara...

E então sonho os colos doces,
as bocas úmidas, as formas
encantadoras nos coloridos que forma


com todos os seus tons e vozes,
com os suspiros e as têmperas,
as noites, as manhãs e as peras...