quarta-feira, 31 de maio de 2017

Inteira


Como se o movimento
a que chamamos Tempo,
onde nos imaginamos,
e de onde nos vertemos,
súbito, se fizesse longe,
(o que a tampa do Tempo esconde...)

Como se lógica houvesse,
nos candelabros, nas bases,
nas ruas, nas horas capazes,
em que de mim se nascesse...

Sei, que sou vertente
como a água do rio,
como o eterno vazio...

A vida inteira, derrepente...

terça-feira, 30 de maio de 2017

Nadando...


Como vejo, e me integro,
íntegro e abjeto, nado,
em ímpetos, espasmos,
e no fim, sempre me entrego...

Pois que bom é o seguir,
que se aporta num chegar,
que é menor que o caminhar,
mas que justifica o ir...

Eu era e sou viajeiro,
como o sopro do vento,
e as velas/pensamentos,

que me levam por inteiro
ao novo que sempre vem
no nada, que a tudo tem...

segunda-feira, 29 de maio de 2017

É hoje


É nesta manhã tão bela,
que o Sol, em cores fortes,
em Santidades e nortes,
orienta rumos e telas.

E pinta as vidas, e além,
pinta o que cada, de um,
de Jeová, de Olorum,
conforme importa pra alguém,

tanto faz, porque o dia,
nasceu radioso e quente,
abrindo as portas pra gente

de tudo que é Alegria,
de todo hiperbólico encanto,
que vencerá todo pranto!

domingo, 28 de maio de 2017

Na hora


Havia pão e tempo.
Habitávamos a casa,
nos irmanávamos, em brasa,
em água, em vento...

Vertia então, o intento,
de cantar com as asas,
e ser o que ao sonho envasa
em corpo e pensamento...

E feito lépidos cometas,
eu e tu, quem mais, nós,
em tudo ainda tão sós,

voávamos além das retas,
pensávamos que era agora,
e nos entregávamos, na hora.

sábado, 27 de maio de 2017

Do mero


A manteiga que sobra
na ponta do pote
amarelo e vermelho, ocre,
a manteiga se embola,
fica ao lado da faca,
que a tira e a passa...

O infinito rebola
nas ancas de uma senhora
nas meias de uma menina
no sem fim, sem hora
que se reanima, e caminha,
e vai até onde dá a linha...

Tudo em cada reposto,
faz de novo uma velha
que tira e ajeita a sobrancelha 
canta canções do desgosto,
mas que em si, tem o novo,
que sempre raia 
sobre o povo...

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Gira


Viver é como gerenciar,
terra, água, fogo,
o que canto de novo,
tudo misturado no ar...

É como ser, e virar,
e nas horas se verter,
na Paz de arfar e ter,
a própria vida a continuar!

E seguir esta estrada,
que dia após dia
sua esteira de energias,

abre, e dá a cada
um de nós a Gira!
(onde o infinito transpira...)

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Se governar


"Eu quero é cantar!",
gritou uma moça, atrás,
num tempo de ditadura atroz,
em que faziam era matar...

E cantou, pulmões à toda,
até morrer, matarem...
(Quem sabe, envenenarem?),
que a crueldade não é pouca...

Eu, de mim, sigo querendo,
cantar, e cantar vendo
minha gente se alimentar!

E ter escola, sustento,
dignidade pra ver e sonhar,
tempo de trabalhador se governar!

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Quanta?


Quanto da Física, entendemos?
A tal Ciência, é, o feito!
Não o pensado, rarefeito...
Em nuvens do que não vemos...

Os mundos se constroem
in-separados da compreensão:
Os dois unidos pensamento/ação,
de tudo fazem, dão prazer, e doem...

Quanto disto em nós vertemos,
quantas agulhas, mareando,
e os barcos naufragando?

Cada dia em que vivemos,
todo animal e planta,
se pergunta: Quanta?

terça-feira, 23 de maio de 2017

Na Paz


O elétron surgirá sempre,
na direção pra onde
aponte o que o olho des-esconde,
o que de tudo é ventre,

neste Espaço que habitamos,
orbitado em existir, verter,
tecido com Tempo e ser,
desta ideia de que nos formamos,
 
como um fluxo, em que navegamos...


E, pra que escolhamos rumos azuis,
amarelos, verdes, brancos e lilazes,

vermelhos do sangue que derramamos,
da vida construída entre iguais,
que surja o desejo, do elétron, na Paz!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Dos ventos!


Seremos órfãos de Orfeu?
Que criamos e cultivamos,
neste caldo em que nadamos,
e nos fazemos, tu, e eu?

Seremos, serei o que nasceu,
neste dia em que alguém veio,
a beleza, de encontro ao feio,
veio de alegrias, do que é meu?

Sei algo, deste onde,
esta alegria sem vastos
nos sacia nestes pastos

de Jabuticabas e Frutas do Conde.
Eu, viajante dos Tempos,
amante das horas e dos ventos.

domingo, 21 de maio de 2017

Desenhos


Di Cavalcanti - "Samba"

O mundo tem desenhos
diversos, cada pedaço,
jeitos de moldar o espaço,
e todo qual diz: "eu tenho"...

Mesmo o mal sonha alegrias,
e nas horas de busca a gasta,
na dor, que expressa nas castas,
brutaliza, mas de onde, se via?

Eu sei de minhas agulhas...
Quem não saberá? Penso...
que eu era e sou propenso

a pensar antes nas falhas.
Mas era! Basta, dispenso!
Viva a vida, deste nosso Tempo.
 

sábado, 20 de maio de 2017

Desejo


De quanto alimento
preciso, instigo e persisto
e nas lidas em que existo
me sucumbo, e sustento?

Do que disto que sou
por dentro, imerso e voante,
agora e por cada instante,
em pedaços me dou?

Eu voo, finório dispersante,
cantigador investido em si
aturdido falador, por si

meu voo se avança antes
e se solta neste ar que vejo
e nas estradas de meu desejo...
 

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Brasil


Havia um vão, um vau
por onde se costumava
passar boi e cabra:
rio raso entre paus...

Havíamos nós, mestiços,
de tantas cores e tipos,
tantos sotaques e viços,
regados à cachaça e pitos...

Havia uma incerteza,
desconfiança de descoberta,
muita gente, mistura incerta,

que fazia e faz uma beleza,
como a que não se acostuma
o olho, pro lado que ruma...

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Normal


Um vento levou
notícias, pensamentos,
estantes, instantes, momentos,
e tudo se transformou.

O balanceamento 
da vida da gente,
assusta e desmente
todo planejamento.

E quem aprende
a por a vela no vento,
e seguir, mar adentro,

acha terras onde a gente
gentil faz da Fartura
o normal de cada criatura.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Passageira


Um alecrim, distante,
um gosto, ressecado
um gesto despercebido
um passado presente...

Uma dor que se ausente,
uma alegria que venha,
uma beleza que tenha
em si o que se sente...

Em cada cadeira,
meiada, ou sentada
sozinha, ninguém nem nada,

abalroada inteira,
de sua própria estrada,
desta vida passageira...

terça-feira, 16 de maio de 2017

Utopia


Um dia, um vento
uma solta alegria
um disperso elemento
de si, irradia,

o que, um pensamento,
até pareceria,
não fosse o descabimento
desta ousadia...

Porque o sentimento,
é muito maior, sabia?
Universos de dentro...

A única real Alforria!
E se rápido, ou lento,
o prazer dirá, dia a dia...

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Se faz


Quantos rumos havemos,
das horas investidas,
das hastes, das feridas,
sonhos que, ou não, vivemos?

Quantas pedras perdidas,
re-postas, dispostas, frias,
lápides, ou mesas cheias,
destas histórias vividas?

A cada passo, caminho,
eu, triste e escandaloso,
aventureiro temeroso,

sentindo o sabor do vinho,
que azeita a vida, e dela traz,
que em toda direção, se faz...

domingo, 14 de maio de 2017

Mais doce



A autogestão,
pelos trabalhadores,
dos lugares onde trabalham!

A partilhada opinião,
de todos os que se engajam
naquilo que pra todos haja!


Em qualquer situação
de entendimento razoável,
plano equitativo, estável,
só isso é considerável ação.


Quem faz a vida, tem a posse
do fazer do que a faz suave,
e entender da existência a chave,
e se estender, em ser, cada dia mais doce....

sábado, 13 de maio de 2017

Do mais claro

 

O veneno paira,
pelas costas,
bem mais postas
as mãos, 
pelas praias e encostas...

O veneno habita
remexe, esquece, solta,
assunta e depois isola,
recende, e pita...

E eu, neste vão
do meio,
das horas de encontro
e esteio,
onde tudo e todos estão.

E tu, meu irmão,
mesmo outro,
ou pensamento solto
na imensidão?

O veneno escorre
pelos campos gramados,
os santos e seus halos,
tudo que é vivo ou morre,
do mais claro, à escuridão...

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Que brantos!


Um novo pode estar
chegando no espaço,
voando mais baixo
pra nos alcançar...

O velho habita
o mistério das horas,
cada menina e senhora,
cada flor que se fita...

Cada um de mim,
em cores de absinto,
em pedras e labirintos

diz a tudo que sim,
diz ao nada que voe,
e seus/meus cantos entoe..


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Limpa estradas


Enquanto neste caminho,
feito arisco e passageiro,
passageiros vão comigo
num só passo que é ligeiro...

E eu encante e mesquinho,
dono de amores inteiros,
vago ensolarado e sombrio,
nos enxames, nos vespeiros...

Nas auroras repentinas,
nas esquinas, pelas horas,
pelos caminhos das Amoras,

pela atenção desmedida,
que Ninguém a mim devota,
limpo estradas, sujando as botas...

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Caminho


Quando viro e vibro Sóis,
manhãs de nuvens e ventos
me canso, e segue o intento,
sigo aquecido, ao relento e à sós...

Os caminhos vem e vão, e nós,
nos destilando, azuis, amarelos,
singelos laços, encantados elos,
pra deixar o que nos é atroz...

E se caminho, é pra encontrar,
com o que, de mim, será bom
em tudo que sou, como vou, estou...

Porque no final, há de se chegar
ao mesmo caminho que me leva,
judia, encanta, espanta, eleva... 

terça-feira, 9 de maio de 2017

Quando vem


O tempo assistiu
a um vazio inóspito,
eterno, e ecológico,
e a vida se deu...

Toda hora pariu,
60 minutos de seu
que, cada teceu,
e o segundo surgiu...

Ilusão foi criada,
sustenida em ninguém,
como o além do além,

como o infinito é nada,
como as janelas se abrem
quando o sol vem...

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Em fogo e água


Um canto por cantar,
por estar aqui,
por me perceber, e a ti,
e testemunhar,

com a vida que transcende,
construindo-se estradas
fazendo belas as caminhadas,
com o que se percebe e se sente...

O que nos liga
a todo o broto que desponta,
na planta que vive e dota

tudo mais de pura vida,
resplandece em cor e nota
alegria, em fogo e água, brota.

domingo, 7 de maio de 2017

Do canto


Pela noite inteira
um canto se ouviu
em mim, e então se viu
a eternidade passageira.

Pelo inteiro céu
dos Universos andantes
se mostraram instantes
de tudo que já aconteceu:

Das Alegrias santas,
das flores nas beiras,
encantações de vida inteira...

E se há tristezas tantas,
por desequilibrada esteira,
este cantar nos levanta...


sábado, 6 de maio de 2017

Do mesmo


Um muito do mesmo
da estrada que nos leva,
das areias e das pedras,
em tudo que já foi feito,

se vê no canto do Tordo,
se ouve no Rouxinol
que canta depois do Sol,
e ilumina de noite a tudo.

E eu mesmo roto e surdo,
escuto o que me faz delirar,
me entrego e salto no ar,

 em voos de achar o fundo,
deste o alto que me há de habitar
e vê e cria tudo que há no mundo!

sexta-feira, 5 de maio de 2017

De pular as linhas


Como fosse eu
nada além de sonho,
me encontro e disponho,
desde as horas de breu...

Como fosse tudo
inconsistente aparência,
com inventada ciência,
este que falo, e sou mudo,
 
vou seguindo esta sina,
nem maior, nem menor,
mas do tamanho de por

a minha esperança menina,
pra pular as amarelinhas,
e chegar no céu, pulando as linhas...

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Da Poção Mágica



A poção mágica
dos Druidas que vestiram
os corpos e os destinos,
desde o etéreo traz a trágica

sensação de que nossos tinos
nos vão dizer que vamos
e berrar, quando estamos
afinal, no caminho dos sinos...

Que nos tocam pela guerra,
que rasga a terra e chora,
e do fim do mal não vê a hora,

de não ouvir a criança que berra,
pela mãe, pelo mais que virá,
nossa esperança deste jogo mudar...

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Mais que antes...


Quanto mais ouço
as línguas que falamos,
que pelo mundo inventamos,
mais o fundo do poço...

Quanto mais entendo,
que tudo que aqui contamos,
em cada um de nós, nos damos,
e percebemos a dor doendo...

Ao longo do caminho,
eu, tu, cada um que é qual,
diferente do outro seu igual,

pra lembrar que juntos e sozinhos,
somos estrada e caminhantes,
mais agora que jamais antes...

terça-feira, 2 de maio de 2017

Dor e prazer


O corpo fala de antes.
De muito antes disto,
que pensamos infinito,
um mesmo repetido instante...

O corpo se diz nas formas
como cada célula, cada tecido,
se entranha em si do sentido,
e em si, ser se transforma...

Grita o corpo das pequenuras,
duma existência que busca,
e conta das tantas angústias,

e daquela alegria que dura...
Porque sabe viver, porque quer,
este corpo de dor e prazer...

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Passarinho é Passarinho em todo lugar


 

Passarinho não faz 

distinção, 

da distinção que a 

gente faz.

 


Passarinho nem 
escuta, 

o som da dor da labuta, 

que cada dia faz despertar…
 


Sabe?
 


Dentro da gente,
 
enquanto nem olhamos 
em volta
 
nem fingimos que somos 

quem não sente…

 

Eu já vi passarinho no mundo!
 
Já vi troando trovas, 

uns com os outros,
 
virando minhocas 

e outros troços,
 
e cantando como se a vida 

fosse encantamento e alvoroço…
 


E não, é seu menino, 

que já acha que é moço…

 


Moça, é sua mãe, a Terra.
 
Não esta alegriazinha 

destes dias…

 



Mas passarinho, 

faz alegria no caminho 
porque 

sonha com multiplicar
 
a si,
 
e aos seus de seu ninho,
 
pra mais pedacinhos, 

o sonho do voo
 
e do canto experimentar…