quinta-feira, 31 de julho de 2014

Velho imaginário


Caduceus, Cantônios, Cantigantes...
Povos de um velho imaginário, meu?
Ou de Franciscos, Antônios, Dirceus,
Apolinários, Sinfrósios intrigantes?

O que me povoa, povoa alguém além d'eu?
Os passeios que este Universo errante,
parado, o mesmo, e outro à todo instante,
uma luz que apaga, outra que acendeu?

Eu vejo o corpo que se integra ao movimento
da força do rio que ao vazio sucedeu,
e do cheio da Graça de novo se encheu,

eu vejo o fluxo de gerar alegria e alento,
feito canto, sopro dos perfumes do breu,
este meu velho imaginário que o tempo me deu.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Grande corrida




As vezes a corrida é tão grande,
o passo tão curto,
e a valsa, um minuto,
e o pisão no passo da moça descamba e prende,
e a alegria nada mais que um absurdo,
muda e mudo porque vivo por ela,
sigo, e segue a verve que enfrenta e revela.

Ainda assim,
a corrida é tão grande....

É claro que estou reclamando.
A velhice me vem, alternativa á morte,
que nas portas de tantos bate,
que ao etéreo segue nos chamando.

As vezes, manos,
a corrida é tão grande...

terça-feira, 29 de julho de 2014

Enrame de flores



O dia amanhecia trovejando e ensolarado,
e o vento fazia misuras às velas de popa,
e nunca a vela sobre a retranca retesava pouca,
sempre tesas as cordas, e em frente meu barco.

E eu cantava, e era como se ao mesmo tempo,
sentasse, e corresse, lembrasse e escrevesse,
e toda dor que causasse aquele estranho estresse,
no fundo dos meus rasos me limpasse de vento.

E avancei, porque não havia caminho,
que não o meu, que não o que devo fazer,
além de mim, destes meus quereres de ter,

caçando este horizonte lindo, longe e pertinho,
que nasce das vísceras de minha alma-lama,
este caçoante de mim que em flores se enrama.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Curativo e arrombo

Meus medos me mantém,
meus arroubos me atiram,
desorbitam, exorbitante a lira,
a rabugenta embira amarra alguém,

e se não saí, foi porque assim,
feito um passarim com penas de si,
cantasse como voa um colibri,
corresse como eu, eterno meninim,

errante, e buscante, viro-me,
em peças, passos e letras,
em poças e cantantes canetas,

e como o pão em que consumo-me,
e feito um galho forte, rompo,
a mim e a tudo, curativo e arrombo.

domingo, 27 de julho de 2014

Viragem



A nostalgia da viragem.
A saudade de se transformar,
fogo em água, água em terra e em ar,
e em alma, fogo de novo! Passagem....

Não apenas como quem passa
daqui pra ali, de perto pra longe,
quem se acomoda ou se esconde,
mas como quem gera mundos e raças,

gera símbolos e cores, flores e aromas,
o mundo se recria na materialidade,
mas também se recria na contrariedade,

co-existindo pacificamente em cada bioma,
cada coisa, cada lida, cada sentida realidade,
onde a nostalgia da viragem bebe aragens.

sábado, 26 de julho de 2014

remédio pra tanto doer

Um vento destrói castelos!
Que se dirá destes meus bangalôs?
Que pensará o ancião nagô?
Que já viu enormuras insulares, fracos elos?

Um sopro descamba horizontes!
Que se dirá desta solta teia,
desta larga e dolorosamente injusta peia,
que a desprecisança de nós esconde?

O amor realmente sobrevive à vida!
Precisamos viver, podendo ser,
apesar de errar, ainda ser, e verter,

de si e em si a seiva escondida,
em cada lágrima, dor, corte, lamber,
o átomo, isótopo, antídoto pra tando doer.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Hora assim


Parece que,
numa hora assim,
tudo termina.

Uma folha que cai,
um último suspiro finim,
e só a lembrança ensina,

quem foi, se foi,
até que o que se lembra é assim,
o mesmo canto, de vida,

cantado em cada oi,
em cada instante do fogo sem fim
que arde e movimenta a lida.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

de Heráclito

 



"Este cosmo, o mesmo para todos,
nenhum deus ou homem o criou,
mas foi e será um fogo sempre vivo,
acendendo-se em medidas,
e em medidas apagando-se ."


"O Soberano em Delphos,
não fala nem cala,
dá sinais."

Um santo fogo que sempre houve,
Uma chave sussurrada, 
nostalgia Divina,
toda a dor que nos reprove,
tanta lágrima jorrada,
Tanta dor, tanto medo nos olhos da menina...

Heráclito, acima citado,
cantou com seus Poemas, 
o inacreditavelmente simples e inusitado.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Violinha

Lá longe, uma Viola em Rio abaixo.
Cá, rio acima, nestas serras de Cerrado,
voltas de melodias em compassos trocados,
puxados, trastilhos, recortados de encaixe,

entoados em plastos, toques amassados,
ponteados ligeiros em feituras vermelhas,
canduras e peias, sossobrando o passo,
cantilhando a beleza que temos tocado,

em cada melodia que a lida costura e samba,
em várias assertivas que às cordas tange,
às peças que da madeira de seus tampos range,

de suas cintas vastas, minhas alegrias amplas,
mais anchas, definitivas e infinitivas sonoridades,
aqui, neste peito velho, uma Violinha arde.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Dia de celebrar

O dia, vão entre noites,
sussurra branduras, crenças,
viagens, passagens, sentenças...
O dia é lar dos eus afoitos,

mas é pátria também da alegria.
Feito passarim que encontra fruta,
feito peixim em sua delícia de labuta,
de nadar, voar na água, todo dia...

Pois neste dia, quero canduras,
feito um Mestre que Deus viesse,
e cantasse ensinando a fazer doce,

com linhas de amor nos atasse costuras,
nos deitasse finuras e ofertasse belezas,
e neste dia festivo cantassemos gentilezas

segunda-feira, 21 de julho de 2014

queijinho e rapadura

O inverso de tudo,
o infinito preservado na gota,
que flui e volta, gritando e mudo,
e cai do nada e ao nada volta,

e a onda exata, e a pele roxa,
e a cama laica, e graxa toda,
e a arnica brava na pinga velha,
e a paz de raras vezes, poxa,

que o deserto as vezes mora em mim.
As vezes, a pimenteira ardida,
que mais arde em cada mordida,

é aquela que eu mesmo reguei, por fim,
pelo começo de toda arquitetura,
amor com sabor de queijinho e rapadura.

domingo, 20 de julho de 2014

Da beleza

Vãos, vaus, vilas, voos sobre o vazio.
Meu espírito sobrevoa, não toca, olha
de longe, de perto, e não nega as escolhas,
e as escolhe como fosse se largar baldio,

num lugar sem lugar, sem nada em que,
em nuncas nem talvezes, nem quem vê,
nem quem vira, se atina e apenas deixa ser,
sigo como um barco que pensasse em arder,

pra ser uma vitória sobre o intento,
uma vez que tantas vezes temos feito
tantas vezes temos sonhado um jeito,

disso tudo passar para além do vento,
onde o ar e a energia são pureza,
e eu e tudo nos alimentamos da beleza.

sábado, 19 de julho de 2014

E eu sigo vendo

foto ClaudioBP
Eu nem era tanto, nem nunca, nem nada,
eu apenas vagava vazio feito matinas,
feito infante do instante de amar colinas,
voante sopro do ínfimo, íntimo da passarada,

que passou por mim ventando, e inda passa,
e linda Sarça que arde por si, criança de fogo,
de pouco em pouco se dá nos muitos papocos,
que do sufoco de sermos este nosso ser, nos refaça,

e o que hora chamo de eu, nunca, hoje, sigo,
afável como a mãe Leoa com seu filhinho,
adorável como leite quente que internaliza o ninho,

e o vento das ventanias, de cenas que lembram castigo,
são na verdade a exuberância que o movimento
por si faz, e re-faz, e desfaz, e eu sigo vendo.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Nada de Tao



Tudo um lapso, uma mordida lânguida...
Um cadafalso onde o abstrato nada,
sem tato, sem absolutamente nada,
Um absoluto que resoluta se dar lambidas....

E se dá refazendo seus próprios sensos,
se re-pensando em cada palavra colocada,
em cada tiro no caminho, passo na estrada,
piso falso onde antes existido perfeitos pretensos...

Assim me subo, uma mão assustada,
de cada vez segurando o próximo degrau,
o pé passando mal sobre a altura abissal,

subindo muito quase centelha sobrada,
de resto de fogueira, fim de feira, matagal,
os sentimentos vertendo-se em nada de Tao.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Torneio da terra

Penso em propor um torneio,
pras nações que quiserem maioridade,
grandeza de sem dimensonabilidade,
de cada uma ser maior que o meio,

maior que o grande, que os gigantes crescidos,
(dizem as lendas, num certo tempo nos amendrontaram),
ser ainda maiores que os vilões que derrotaram,
então proponho um concurso, que será vencido:

Pelo povo com mais lugares aprazíveis,
com mais bancos sob caramanchões,
ciclovias, praias públicas em ribeirões,
praças arborizadas com sombras sensíveis,

sistemas de transporte mais silencioso e limpo,
casas em que tudo funciona e é farto,
crianças brincando até que da vida, abertos,
libertos, sabedores de seu direito ao Olimpo.

Ganhará então a nação com maior gentileza,
a que se puser a serviço de nossa vida aqui,
e verter das feridas de outrora flores e doces caquis,
e amoras, amores, senhores, senhoras fartura à mesa...

Será merecedora do título a nação que menos o pedir.
Ganhará a soberania das nações o povo da Paz,
a vindoura e indeterminada, que criativamente faz
a vida feito um jardim de belezas, que é, e advir.

Será vencedor do torneio o país que se recusar à guerra!
Será inequivocamente celebrada a nação criativa,
que inventa facilidades pra vida de todas as missivas,
nossas missões de cada um, viva quem disso nos libera!

Viva a técnica usada para criar o inusitado belo!
Viva a nação cujo almejo é um mundo com menos dor.
Viva a nação solidária com quem já foi tão sem valor,
apesar de ter construído em todo lugar, todo o valor.

Neste torneio será criada terra sem males,
por quem já andamos tanto, a tanto tempo,
e na premiação daquele sagrado momento,
gritarei: "Somos um", e não há quem me cale!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Da minha rota

Um abraço. Um amor.
Um laço que não se desfaz,
porque não quer, porque é mais,
é sempre, é cada dia, todo labor.

Um chão onde o infinito é escasso,
e é terra de seguir caminhando,
é sólido do começo ao sendo,
do evento ao sido, do que fiz e faço,

do que senti, servi e entreguei,
verti de mim, busquei cada nota,
na Viola que deste peito transborda.

E faz poças por onde caminhei,
e junta lama, tripas e escamas tortas,
e constrói o impensável nesta minha rota.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Dias contados.

Então, no quarto dia da longa caminhada,
um avistar.
Uma vista que pousou sobre os ombros,
feito um colibri, e seu levitar.
Uma cor infinda sobre as calçadas,
uma peneira difundindo matizes e sombras,
sobras de luz manchando cada lugar,
e lugar nenhum, e o bar,
e o banco da praça onde o rapaz conta de sua vida,
e o vovô conta as pedras de dominó da partida,
e os sentidos fazem pedidos ao Universo pelo cigarrar.

E no dia seguinte, quinto desde que saí,
eu era assim.
Um olhar em olhos cheios de rasa água,
mágoas, lamas, contas, coisas carmins,
coisas vertentes, latentes, emergentes e inchadas,
Em meu caminho de sorte do que do céu me cai.


São caminhos de verdes veredas,
nestes dias quentes, cantantes, contados.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O Sol




O Sol. Só o que peço,
seu calor interrompendo madrugadas,
sua Luz clareando tudo e nada,
secando os rios, molhando cabelos espessos,
atravessando os vãos de meus dedos.

Numa manhã qualquer,
em cada uma e na que virá,
nela hei de me deixar por lá,
lagarto de sangue quente, que quer,
por seus feitos ser quem verá...

O Sol. Só o que peço.

domingo, 13 de julho de 2014

Menestrel do nada

Então, por meus caminhos,
por meus espinhos me sigo, 
feito um passarinho que voa perto,
que voa longe, do que consigo,
do que vislumbro quando bebo o vinho,
e sucumbo a um rumo incerto,

pois que os ramos desta estrada
em cada passo, em cada vaso,
em cada laço que traz a madrugada,
em cada paina beijada por periquitins
em cada berço de cada um de mim,
em cada avanço a que sucede um atraso,

e seguir andarilho de estrelas,
andante de rotas iluminadas
cantador de tantas dores curadas,
e sem cura, sem a vida tão bela, 
e a mais bela de todas cantigas cantadas,
pelo Tempo, o Menestrel do nada.

sábado, 12 de julho de 2014

Os ventos do encontro

E nos forros do céu azul,
nas brisas que passaram, 
vi que o movimento, eram
as forças que do norte ao sul,

deste mundo se fazem ser
pra cada um partir de si e subir,
onde o inusitado possa assitir,
o impensado se fazendo conhecer,

pra que o eterno nos beije
a copa de musgos tocando
o céu de onde tudo se encantando

feito vento com vento no ar
em graça e doçura se encaixando,
Vento de lá e daqui em mim ventando.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Terra de chegar


Andante das andorinhas, em andrajos,
e se não me mexo e ajo, sinto 
e os encantos simples que o infinito
em cantigas me disfarço e re-ajo.

Pois que não sou mais que vazio,
e, se o medo abre portas escuras,
seu jogo com a luz cria lindas pinturas,
e ensina a casa nova nascendo do baldio.

E o viver nesta terra me cantiga,
uma canção inédita, emérita e insolente,
que sobe aos planaltos e enche de gente,

por isso ando entre esta velha amiga,
minha terra de belezas infinitas e quentes,
nós chegados, onde antes chegados parentes.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Velho moinho

E ouvi, lá longe, um canto de passarim...
Era como se a eternidade reluzisse,
em lampejos de criancices e crendices,
meninos de todas as idades em mim.

Neste tempo em que tudo é sombra,
tudo é pasto, passagem e mais além,
feito os pensamentos, de onde tudo vem,
de onde tudo é âmbar, e de cores sobra.

E lá, nas curvas de minhas alegrias,
de lá, observo o rio que segue longe,
da água, e de seu mistério que esconde,

e sua força é que, sem eu ver, todo dia,
me move como às pás do velho moinho,
como ele, eu não me movo sozinho.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Dor e ternura


E os contraditórios, ditos áereos, ilusórios,
são a realização da enormidade do nada,
são canto de ser rei, cantiga camuflada
em nada que nada de nada a nada.

Rima rasteira, rápida e leve como a manhã,
faz tanto que se ouviu. Que se viu, que vi,
que os passarinhos tem cantado mais lararis,
pra cobrir o tempo das canções malsãs...

E ainda que a sentença quebre o vinco,
cante manto, sobre espanto e candura,
e em meu isolamento eu veja a cor mais pura,

eu hei de vazar o céu com agudos gritos,
chegar aos mastros da nau que de lonjuras,
trouxe histórias, memórias, dor e ternura.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Velha lida

Candidatei-me, e carregando cenários,
me pus na peça, meu suor ali corria,
água de batismo, estratagema que ardia,
que arde cavalgando velozes canários,

vastidões de abismos, e palhas ao léu,
e pedreiras inteiras e pães de ló,
e anões feitos de lama moldável de pó,
e anciões que cantam sapiência e girassol.

E feito novilhos em seu confinamento,
nadamos na direção do inevitável,
voamos pelo desejo imponderável,

e nos inspiramos pelo viés do ensinamento,
que mais que informação, ativa a vida,
traz pra cena de tudo a atuação na própria lida.


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Amor sem fim

E a lida, sem mais, surpresa,
veste-se de delícias, sobre e sob,
ao lado, de cima abaixo, do que houve,
do que vale mais que qualquer certeza.

Pois o inusitado clama por mares,
sem mal, sem pressa, sem tanta dor,
pois obsoleta será a vida de quem for,
com o passar dos dias, ciclos lunares,

anos, segundos, eternidades carmins,
tudo passará! Nada ficará do que foi
nada deixará de surgir, o belo, o que dói,

o alento que nos consola cada, até em mim
até no nada, até na vida que exala,
e difunde um cheiro de amor sem fim.


domingo, 6 de julho de 2014

Quando vai uma criança

Um anjo que sobe. Lindo anjo. 
Uma alegria que sopra desde nunca,
uma tristeza que da alma dói na nuca,
dói no corpo, nos olhos, e nem todo arranjo,

que porventura qualquer um de nós,
pudesse em seus devaneios,
sonhar a dor sentida nestes meios,
nestas horas, seria mais forte que os nós,

com que nos amarramos, amor entre as vidas,
entre as almas que habitamos os corpos,
espíritos fluídos nos descobrindo, absortos,

que maior que tudo é este amor que nos convida,
este amor de incongruências que a vida nos lança,
quando um pequeno nos deixa, quando vai uma criança.

sábado, 5 de julho de 2014

Ainda sinto o vento

Ainda sinto o vento.

E tudo mais se deriva disto,
do ar que dança, se fazendo visto
no bailado que ginga em cada, por dentro...

Ainda estou por aqui,
ainda ando e sinto meu peso,
e corro nestes Cerrados, meu corpo teso,
do prazer de poder provar pequis.

Ainda falo, com quem me vendo,
me faz voltar ao senso dos Manacás,
das eternas delícias de Araçás,

a sensação exorbitada pela qual entendo,
que a alegria só pode vir dos banhos,
em que de ar me lavo, eu, tão estranho...

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Meu próprio pranto

Canto cantigas de couro,
feito forte touro em brigas,
o mais importante das falas antigas,
a mais intrigante, seu peso em ouro,

seu peso sem peso, sem sentido,
seu olho que vê e não imagina,
que não percebe o quanto a alma ginga,
quando voa pelas vias do vivido.

Minhas cantigas são desenhadas
no couro deste corpo que habito,
na pele de pelos e calor bendito,

minhas cantigas são o eu que além do nada,
o mim que fica, o meu valor em canto.
Minhas cantigas sou meu próprio pranto.

Despendura e voa

A máxima as vezes parece ser:
"Pendurai, homens!"
Arranjar o que pendurar, é ter
é se sobrar do que tens...

Nas dobras das obras do prazer
para o prazer, desde ele,
desde que todo o desvelo se revele,

e suba aos tronos de proceder
e cada ser sinta a eternidade dele.

Despendura e voa!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Manhãs douradas no mar


Do mar, vi cores e manhãs,
leves como o vento, e suas folhas,
e suas palhas, e suas asas e bolhas,
sopradas nas espadas de meninos.

Era tudo como a suavidade da vida.
O ar se lambia em divergências,
incontinências, verdades de aparências,
vertendo incontidos zumbidos do que convida,

como ondas indo e vindo, e subindo,
e descendo, e lambendo desde as beiradas,
como fosse o mar minha única estrada,

minha única via de viajar meu mundo,
de passear nestes jardins de beleza equilibrada,
um com o mar de cores de manhãs douradas.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Amor que perdura


O fim da tarde promete,
A sombra mais longa,
A brisa mais fresca e pronta,
Quando a alegria nos compromete,

Como viesse me ordenar,
E o faz, como o barqueiro sobre as ondas,
Que aproveita o jogar das marolas longas,
E se movimenta no movimento que é navegar.

Pra chegar.
Pra algum dia poder ver o novo,
Num barco que me levará de novo,

Àquele lugar,
Onde nos sentaremos nas mesas da fartura,
E nos entregaremos ao grande Amor que perdura...