sábado, 31 de maio de 2014

Vontade de voar !

E já um Poeta antigo, antes dos cheiros,
(que o vento vem tomando nestes dias),
um tempo de amarelos e vermelhos de alegria,
e nas horas das lidas, saborosos temperos...

E já este Poeta que ha tanto se foi,
cantando da chuva que irrompe na seca
e as não cercas nos campos, onde a vida começa,
e na sorte dos prantos, que a dor, já não dói!

É amigos! A dor já se foi. Já não está!
A dor só está onde há gente que não sente,
gente que se surpreende quando o dia passante,

estronda nos galhos, e da memória virá,
o lábaro de falhas, a inconstância inoperante,
mas antes de tudo a vontade de voar, presente.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Até eu estar mudo.

Aí, a gente era nada mais que sobra.
As estrelas se apagavancendiam,
Noite e noite, entre elas o dia,
Entre nós os bordados enfeitando as bordas,

do dia, do que me aturde mais e mais,
que se solta em sua alta velocidade,
que se encharca de aparente fugacidade,
não ausência, mas mais que só estar mais...


E no eterno de cada, o tempo se mostra.
E se faz, feito um Jazz que não mais.
Música que nem minha música: a todo gás!

Enquanto ainda se ouve música, e não outra.
Enquanto meu peito ainda viaja no som de tudo.
Enquanto meu peito não se plantar no chão, mudo.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Pra um Leão que voou

Um voo impossível,
um Leão, que sonhava voar.

Um mito.
Um conflito eterno que há de se findar.

E eu, quando o ocorrido,
nem por mim me permitia estar.

Pois o verossímil é tão finito,
comparado ao eterno de inverossimelhar.

Então como se contar em gritos?
Cinéfilo indiscreto olhando o concreto sem cinto?

Olhar, um crime abjeto!
Voar o sintoma inexato deste meu verter do que me sinto.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Inconsistente fecundo

oblogdofisico.wordpress.com
E um, este um, velho canto,
Inspira meus incidentes cantares.

Novos cantares.
Ancestrais pensares,
e cantos, ah!, aqueles tempos basilares...

Nada se não o vão
entre nada de nada e nada.

E só por nada então,
cruzamos corredeiras pesadas.

Nada se não o vão
e uma gigantesca construção.

Um imenso vazio
completo das criações do espírito.

O sopro erguendo edifícios,
sobre o ar sofisticados epítetos...

E este meu velho canto,
pelos meios me lembrando o ofício.

O mais concreto, madeira, ferro,
não é em nada mais real que um berro,

que se dirá do que se diz de um canto
que pode trazer Paz, se se permite acalanto,

meu inconcreto canto neste mundo
materializado do inconsistente fecundo.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Cerrando fileiras





Eu me misto, amasso e retomo.
Eu me vero, me acendo e levanto.
Me aqualizo, me desensaboo do pranto,
que de meus olhos sempre me recomo.

Eu me fundo em queijos e preturas,
em prematuras fontes, saudades,
em delirantes solos, multiplicidades,
em permanentes polos, prantos e duras.

Eu me cinzeleio enquanto filmo
enquanto fino, me solto ribanceiras,
em voos vis, vislumbro restos de feira,

e entre pepinos e caquis me animo,
a voltar a dar a carga que as canseiras,
nesta vida, eu e os  passarim, cerrando fileiras...


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Sempre Tempo

A verdade mesmo,
é que nenhum destes verdes
pode me representar!

Nem representar o mundo!
Aqui,
cada tonalidade
quem pintou foi o Tempo.
In(com)parável Tempo!



A verdade mesmo,
é que nenhuma cor representada
pode me representar!

Cada cor esconde tantos mundos,
e pode parir
todas tonalidades
das cores que pode ter o Vento.
O infinito Vento!



A verdade mesmo,
é que o sagrado, ao amarelo,
só o Tempo pode dar!

Quem cria o ouro é todo Tempo do mundo,
o seguir,
dá a tonalidade,
e o que dura, doura com o Tempo.
Dourado e adorável Tempo!

domingo, 25 de maio de 2014

Quem de onde vim, vem



"Lá fora, está... uma alegria"
Meu neto, ele próprio, o novo,
O inédito repetido desde o ovo,
O velho, ali, me ensinando arrelia.

"Vamos plantar sementes",
O outro diz em meio à roupa,
Que tira a sua que era pouca,
E grita, espadachim desafiante.

O dia nasce nas cores de flor,
Que as flores que nascem tem!
Nada menos, nada nada nada além!

No mar distante, um solitário ser nadador,
Que nestes meus netos vejo mais quem,
Mais gente que de onde vim, vem...

sábado, 24 de maio de 2014

Flamencos meninos

Camarón de la Isla

Nasce o dia, chegam meninos, cresce o alarido.
O som da Viola e da vida, e suas invenções.
O silêncio rompido, radiante e querido
Nem faz mais sentido, e pede, sentido, senões...

Porque o dia se nasce se florindo, e pedindo.
O dia se rompe nas eternidades dos minutos,
Que passamos juntos. Que compomos minuetos,
E Guitarras e Vihuelas, Camarones lindos...

Onde abrimos as canastras de paixões sapateadas.
Nos cantamos os solfejos intermináveis e lépidos,
Que nem se vê por onde foram os dedos,

Pois que é que eu(s) meninos somos uma só estrada,
Do tanto que já cantamos, com poeira até nos tinos,
Nas nuvens da terra, nos fazendo Flamencos meninos.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Nossa nave

O mundo velho, mesmo aqui,
Que já teve quem chamou de novo,
Nestas terras velhas, velho povo,
Tanta beleza me mostra que somos daqui.

Sabemos que os caminhos são re-trilhados!
Mas, mesmo que já experimentados, trazem o inédito,
O que só porque nunca visto merece crédito,
E novamente faz nascer no peito o inusitado.

Assim é este meu canto de flautas e tambores!
Assim, que meus pulsares se sabrem sobre mim
Cortam-me em valentias fugazes de flores.

Nosso leito mundo abençoado com pequis e jasmins,
Cama de nascer na festa da vida e das cores,
Velho mundo, nossa nave aqui, até o fim.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Eternidade de madeira

E eu então tão calado, tanto de cachoeira,
Do centro pra beira da estrada que me leva,
Que me assiste enquanto perfumiza e enleva,
Ou eu então vão passado, eternidade de madeira.

Meu canto está por todo lado,
Acumulando-se em baterias de riso,
Açoitando-se pra ser a si preciso,
E nas camadas da força, sustentado.

Eu, menor que menos, d'Ele canto,
Sigo porque preciso ver raiar o espanto,
Do dia novo que seguirá o findo,

Mesmo que a noite traga frio e pranto,
Mesmo que a morte assuste brincando,
Nossa sina nos encontrarmos plenos sorrindo.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Da gamboa dos prumos


E então, no mundo se plantou o vermelho!
Sem espelho!
Só ser vermelho e aparecer,
Meu olho ver, seu olho, e ver
O vermelho plantado no vaso,
Do mundo,
Sem espelho!

E o vento ganhou perfumes e sumos,
E se espalhou,
Em palhas de rubros rumos,
E cantos feito resumos,
E palha voou,
Para gamboa dos prumos
Me vou!

No samba que faço, mais mesmo me teço,
Feito espelho sem aço
Fantasiado de mim mesmo,
Como um redemoinho mocosado,
Como uma ventoinha pedindo vento
Pra gamboa dos prumos
Vou correndo!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Do que tudo peço

E o vão vil, nos viu, cada um, um lançamento,
Uma passagem pelos meios das beiradas,
Pelos maios das belezas de tantas estradas,
Que vão se soltando e se tornando pensamento:

Há de chegar uma emoção que nos remova!
Há de vir um tempo em que mais que vivos,
Estaremos de tudo que nos cativa, altivos,
Libertos e serenos pra sermos o que nos renova!

E que a Boa Nova esta verdade nos seja,
E que toda fartura naturalmente nos visite,
E que toda alegria comumente nos habite,

E estrelas do dia em cada flor se veja,
E o fim de tudo não seja tudo, mas começo,
E o amor mais fecundo, apenas o que tudo peço.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Que o etéreo me inunde

Um Margaridão dourado,
No meio do verde difuso.
E se nado em meus olhos molhados,
E se canto este meu canto confuso,

Quem sabe se o que digo foi costurado?
Quem sabe se o que pinta se deu,
Quem sabe se o que jorra cresceu,
Quem sabe, por Ele determinado?

Um Poema varejeia colorido pela grama,
Seu zumbido multicor me seduz e confunde:
Como que tais cores? Como, inexatas escamas?

Como que se põe à mesa onde se funde,
Altas granas, soltas ramas do que ilude,
Mas, que em tudo o etéreo imaculado me inunde!

domingo, 18 de maio de 2014

Meu pequeno canto



O som do sopro, torpor e andrajo,
E o escopo do inaudito e vago leito,
Onde me acordo, me ando e me deito,
E meus feitos me lembram de que eu ajo,

Sinto os sentidos do que fiz e faço
Do calor da corda do laço corrido,
Nas dobras do meu pescoço dolorido,
Nas páginas de meu sem livro abraço,

Um Poema solto sem permissão nem vale,
Um sonoro vestígio de onde se vê,
Uma figura que compõe o que se lê,

E me intima ao eterno que não me cale,
E siga meu canto mal vestido e fugaz,
Mas se solto meu canto, canto, sem mais...

sábado, 17 de maio de 2014

Lugar de a cor dar

Nesta manhã de Sol a fluidez criança,
Em meu peito escala e dança infinita,
Feito a aragem perfumada e bendita
Do nada vem e em quem tem confiança,

Espelha e caminha e cansa enquanto sobe,
Suas ladeiras de si, feito um barco confiante,
Descendo as corredeiras se sobe desafiante
E nas beiras do instante se joga porque pode,

Voar, nadar no ar de seus preciosos momentos,
Luz do Sol em Margaridões amarelos e vivos,
Encarnados sentidos me enchem os motivos,

Da alegria de um pai que é filho, e os pensamentos,
Criam em cada um seu lugar de aconchegar,
Numa manhã linda e macia, um lugar de a cor  dar.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O infinito se tecendo



As águas de um bendito infinito me banham,
Areias e lamas, só o vento e a natureza insana,
A certeza que se proclama desde onde ganham
Ares, mares, cantos e glosas e sobras da inana.

Um sopro mais curto, um berço, inaudito ósculo,
Inóspito e solicito ao mesmo tempo e lugar,
Em que vagueia o lirismo que me corre jugular,
Varizegueia pelas minhas artérias e nervos óticos,

E só de praias e sonhos me componho, canto azul,
Canto verde do amarelo que posto pinga e tinge,
Cromo de sedes e estreitos laços do que se finge,

Mas na vida se bota, se borda, se acerta quem fui,
No que sendo, virando e vivendo como que tendo,
O que parecendo em sim, mesmos, tecendo, se tecendo.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

De alguma vantagem que possa ter a existência da Poesia



Ainda bem que tem a Poesia!
Que muda o cenário, troca os lados,
Inverte os polos do conhecido talo,
De onde pendem meus versos e alegria.

Então não me calo! Oh!, calor na boca,
Neste meu corpo que se foca em canduras,
Em vestígios de chuva, de fruta madura,
Em Solstícios onde o Rio da Força desemboca,

E do alto da Poesia a Água do rio nem me toca,
Mas, mais propriamente me respinga sua beleza
De que o vento traz o perfume por gentileza,

E então, feito um milho de pipoca que espoca,
De dentro de mim a Poesia, só ela, de perto ou longe,
Põe pra fora toda pequenês que em mim se esconde.


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Mão e coração


Cantilena de ser, meu passarinho sido
Meu canto encardido do dourado,
Do Sol, seu lençol de Luz abençoado,
Sobre mim florido, cantado, querido,

E na cor de sabor amarelo encarnado,
Em pétalas, abelhas e néctar antes de mel,
Que nesta terra aporta um sabor de céu,
A flor que voa, zumbe e floresce por todo lado,

Como se todo pecado fosse termos pés,
Termos abandonado as asas leves,
Que nos céus de tudo, o eterno breve,

Seja perpetuo como ânimo que dá a fé,
Seja infinito como a flor do Margaridão,
Que da vida da terra é mão e coração.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Tempo de mar

Construir com madeira de fibra.
(Como esta frase me soa?)
Como saber de onde vem a lôa?
Um perguntar que me equilibra.

E desequilibra, e sobe tanto que voa,
E nas beiradas das colinas vê esfinges,
E se vacila é o porquê as vertigens,
Que em nossas origens de nós destoa,

Pois que é sabido que é coisa boa ventar,
É de cada conhecido por muito sabido,
Que as miragens tem existência e sentido,

Tanto quanto o que tem sentido, pulsar,
E em, e de todo lugar se lança no infinito,
Por um canto parido em tempo de mar.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Além dos sentidos

Claro e oportuno, o caminho faz-se dar,
Aparência e método. Flor de Cabiúna,
Sangria em Sucupira, resina de Piúna,
Passeio de montaria é rio acima remar...

Pra poder rio abaixo descer quando a força
Estiver pedindo lugar na corrente que segue,
Seu caminho de água que o infinito recebe,
E canta, como um canário no lombo da corça,

Como um hinário que a maldade distorça.
Cantiga de malungos que se encontram,
E nas águas de um mesmo rio relembram,

Que o sentido dos sensos, o caminhar reforça,
Mastiga o sabre e solta Gerânios floridos,
O caminho é Paz para além dos sentidos...

domingo, 11 de maio de 2014

A maré, a maré...



Porque de muitas formas
Nunca me acostumei.

Tem quem ache que agora nas bigornas,
O ferro bate o ferro quente por permissão do rei,
Que acha que faz armas, pelas mãos dos armeiros,
Que pensa que faz pontes, pelas mãos dos pedreiros,
Que é tão pobre que mede a vida pelo dinheiro,
Que ele mesmo é quem fabrica em seus celeiros.

Eu acredito em outras formas,
Porque o novo é a Lei.

Eu já vi a dor dos povos nas derrotas,
Eu já vi a sordidez do júbilo da dor,
Mas já cantei e canto toda a esperança e glória,
Que habita meu peito cantador,
Que soluça de amor nas noites da história,
E se lava de lágrimas, de suor, calor e memória.

Eu sei que o tempo reinventa as formas,
Do sempre novo que se(rei)

Avante! Que só a chegada é!

E o dia segue o dia, a maré, a maré...

sábado, 10 de maio de 2014

Matéria e relato




Então,
Olhando aquele monte de estrelas,
Lato.
Inexato senso, abstrato senão,
Sabendo-me inventor de sê-las!

E desse sentir eu me lacto.
O invário sextante,
Aponta o quadrante:
E de sentir estrelas me farto,
Me sinto eterno neste caminho estelar lactante.

E súbito,
Ensombrio-me do fato,
De que tudo mais,
Nada será como antes...
Maior, melhor, mais, menos distante...
Deste sonho sou primeiro súdito!
E do meu caminho, matéria e relato.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Meus desvalhos



O quanto do que faço, neste espaço
De tempo que vivendo, afinal, gasto,
Boi sem carne e berro, só pasto?
Em tempo, quando valerá este "que faço"?

Quanto vele este "que penso", que atravesso,
Meus caçôos e pantanos, de mim mesmo,
Eu me vaiando e me agredindo a esmo?
Devaneio de me condenar por travesso?

E meu chão, meu peito, meu cansaço?
Quanto valerá o pejo de meus feitos,
Quanto, algum senso meu ser de defeitos?

Eu então sem saber de quanto, que faço?
Canto! Magico encanto a me despir destes jeitos,
E a me despedir de meus vastos, nesta vida, mal feitos.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Canto de bonança



Um vento que vai e vem,
Um alento, carinho, sonho,
Um espesso manto fininho,
Um exato descaso de além,

Onde o infinito se banha,
Em praias de verga e lida,
Em beiradas no meio da estrada corrida,
Paradas seguidas em que se apanha

E se solta, pra doer-se a ferida,
A dor famigerada, peleja sentida,
Pelo sentinte que se santifica,

E se santo fica, mais que nada será vertida,
A fartura, a que se sucederá inadvertida
A beleza sem par de apenas estar na vida

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Do ar

Soprando, o tempo vai nos tornando,
De folhas verdes,
Em amarelas por dentro.

E a marcha dos dias,
Seu passo inscelente,
Faz a vida se assemelhar ao vento.

Que passa, esfria, agasalha de ar
Cobre de fogo a brasa sob a madeira,
Canta na Flauta, Viola ao redor da fogueira!
É a força de tudo se fazendo ventar.

Está na serpentina que sai da lareira,
Lareira que é lar ao redor do fogo
Onde o ar projeta o mais belo, o novo,
E minha vida vem se ventando inteira.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Nova idade

O sal brota da terra.
O doce nasce do trabalho na terra.
A água, a terra atravessa,
A luz nem chega na terra espessa...

Meu coração de vento,
Por vezes pesa 
Que nem terra grossa,
E me torna lentos os pensamentos...

Sou feito do ar que queima,
Da perpetuidade
Da inexatidão das saudades,

Da candura que inda teima!
Apesar de tanto alarde!
A partir desta, nova idade...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Esta vida

Neste lindo dia de maio,
De ventos frescos e secos.

Nas ladeiras de onde não caio,
Das telas que tenho pra meus afrescos,

Das casas onde castas se apinham,
Das cestas em que as cebolas espiam,
Das idades onde as castidades murmuram
Das vazias verdades que nos importunam.

Neste lindo dia de maio,
O vento parece limpar os medos.

Confiança pra que os rumos vistos de soslaio,
Sintam seus prumos criando enredos.

E se nas asas de meus voos me solto,
Nas eternidades dos vazios pr'onde volto,
Hei de encontrar-me, como a tudo sempre,
Eu, homem nascido em seu próprio ventre.

Nestas palavras deste azulado maio,
Que só em suas folhas verdes me vejo,

E ventando sonhos deslizo delirante desmaio,
E canto Loas de Amor, dor, Desejo...

Viva este maio de meus antepassados.
Viva esta vida que em meu seguir, bebo, canto, beijo...

domingo, 4 de maio de 2014

Grande

O infinitamente belo se lambe e leva,
Eleva o passo num desencontro sincopado,
Como o passeio do laço, nó no ar voado,
Que prende e traz, faz o ser soar a queda,

E um breve sopro de vida que no mar da beleza nada,
É tão puramente belo que se desprende e voa,
Evoé! Evoca a certamente séria canção que destoa,
E se toca em instrumentos enquanto é desenhada,

A própria vida, a leveza que nos trouxe e volta
Conosco pro lugar de onde todos viemos,
Como barcos neste lago de viver, vivemos,

Sabendo que será chegada a hora da volta,
A hora da ida, que há de trazer a quietude,
Belo silêncio cantante, como toda de Deus atitude.

sábado, 3 de maio de 2014

Mar de criação



As palavras, pequeninas e aventureiras
Como um ser unicelular, uma pequena planta,
Pode se perceber, e ao oceano em que se planta,
Soltas nas marés das águas de todas as maneiras.

Velhas palavras, encontradas no balanço,
Da maré, pra lá, pra cá, subindo e descendo,
Se encontram as vezes sem estar querendo,
Fazendo a branca bandeira da onda se crispando...

Ali, o além se troca com aqui, e geram aquém,
E os sentidos vão por caminhos inéditos,
Ele mesmo, de quem não se publicou créditos,

Estes então, acreditares, altares de vai e vem,
Vinhedos de grapas verdes, castas e castanhas,
As palavras criam todas as castas desde as entranhas.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Vagalhão na praia.



Os extremos me habitam,
Lava sob a montanha de neve.
Onde o espírito soa longe leve,
Samba a sede dos que palpitam,

Como o Sol, soberano infinito,
Do finito que sonhamos contemplar
De cantar Benditos, Loas, Marujar,
De catar nas crôas mariscos e mosquitos,

Então, eu, passarim de ares antigos,
De ares de tempos de antes,
De antes, instantes e mais sextantes,

Nas Naus de nós, cordames testigos,
Das viagens sem mais, desbravando quadrantes,
E depois, sempre, antes, meus extremos conflitantes.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Calor de gente



Se, o barulho confunde as ideias,
Meias, inteiras, desprendidas, soldadas,
Esbaforidas, apaziguantes, revoltadas,
(A música as enlaça em soltas teias...)

Velhas e sempre inovadoras, as muitas
Vidas em cada vida, no dia
Na falta e na sobra, dor, prazer, alegria,
(Coral de vibrações por vezes doloridas...)

Por tantas vezes sentidas como alento,
Como este dia de Sol quente
(Depois do frio da noite, Ele me abrace e acalente...)

Ou sentir sem pressa o perfume do vento,
Que em meu peito a brasa da vida re-acende,

(Aí eu canto, passarim movido à calor de gente...)