quinta-feira, 31 de maio de 2018

Amor crescente



Quando eu era pequeno e alto
nas horas de vista e verbo,
imaginava meus sonhos eternos
e os escrevia em versos soltos...

Depois fui me crescendo alhures,
alteados e intransigíveis pautas,
nas marés baixas das luas altas,
nas canções que encantavam olhares,

e mareavam corações com carinho,
acareavam amantes, incongruentes,
incendiados dos fulgores ardentes,

das labaredas de sabor de espinho...
Quando atinei, me vi mais descrente,
e me ardi das vértebras do Amor crescente...

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Errado e certo


Sai pelos campos de dentro,
a procura da flora augusta,
pois só quem sabe quanto custa,
é que segue criando e fazendo....

Eu era Ciranda e Tempo,
era Carvalho na mata de Neruda,
Cajueiro, Pitangueira e Arruda,
e vi a História se cozendo!

Hoje, daqui, vou vertendo vinhos,
das palavras que cultivo
nestes campos onde sou cativo,

nestas vestes de viver sozinho,
mesmo com multidões por perto,
que andam com "errado e certo..."

terça-feira, 29 de maio de 2018

Responso

 
Acho que se pudesse,
acendia um charuto,
um baseado ou uma lâmpada,
que tudo esclarecesse,
sem ser raso nem bruto,
mas com a delícia de empadas...

Penso que se pensasse,
quem sabe saberia saber,
quem vale, quando não conhece
o traçado, que se propusesse,
a decência, sem por onde se ver,
na "propriedade privada", que a tudo apodrece!

Eu sigo este navegar incauto,
num rio de crocodilos sonsos!
Meu charuto é um "Habana", fausto,
onde, pela orígem, me responso!

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Nem ai....


Um canto abissal, e estrondoso
se ouviu nos ares, e arredores,
nas alegrias das gentes, e nas dores,
no que é amplo, verdadeiro, generoso...

E de meu canto só tremi,
de ouvir aquilo tudo em coro,
mais forte que o mais forte dos choros,
mais leve que sussurro de Bem-te-vi...

Sei que estou nisso, porque aqui
estar significa isto, contudo,
que sigo persignário e vagabundo,

amplamente angulado pelos Pequis,
onde antes havia desejar desnudo,
nos faremos hipócritas fingindo "nem ai..."

domingo, 27 de maio de 2018

Do necessario



Eu e tantos, do mesmo
jeito seguido e versado,
estendido, colorido, apagado,
nunca andamos à esmo...

Sempre é por um arrazoado,
em que o eterno anda florido,
e carrega abanicos divertidos,
pra fazer mais fresco o traçado

que é a vida de cada um, e entidade,
e sobrematerial regularidade,
ou irregular certeza, e racionalidade...

Pois eu sei, que a única liberdade,
será quando todo mundo tiver,
pra tudo que precisar e quiser...
 

sábado, 26 de maio de 2018

Cantigar


Um acerto, um espinho,
uma dor que não se sabe,
que não, em si, cabe,
e em suma não vê carinho...

E se me aperto, vejo sozinho,
o terreiro das horas, no vento,
o perdido e o que chora, dentro,
onde o eterno canta inteirinho...

Só me resta cantar...
Sabe? Dever definitivo...
Verbo interativo e intensivo,

inteirado e sinfônico soar,
revelado no que antes, ativo,
atado e atordoante cantigar...

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Eternidades


Um vento, de que ouvi
falar a tanto, tanto tempo
cantava Loas pra achar alento,
e soprava Giras, daqui, dali...

E eu de cá, só assuntando...
Esperando a novidade,
que em cada pedaço invade
tudo mais do que vibrando.

E se anuncia, nova verdade,
novo paradigma anunciante,
clarificando o existir/instante,

como se só quisesse novidade,
e desprezasse o circundante,
e se anunciasse na eternidade...

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Das vistas...


Como saber do vindouro,
do errático, do incerto,
se na virada tudo perto
ou longe cheira à estouro?

Como fosse inverdade o próprio,
a vida dada como tesouro,
a história compartilhada em ouro,
em sangue, em dor, em ópio...

Eu vejo este tempo de desterro,
de inexatidão e angústia,
inverdade, falácia, astúcia,

notável como seria um berro,
velada como vergonha moralista,
que faz, e esconde das vistas...

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Abalo


Como fossemos palha,
pilha de matéria, morta,
ou por morrer, da vida torta,
da vida reta, o firme, o que falha...

Assim nos assusta a dita,
nos espanta a sorte,
nos admira e repugna a morte,
e suas armadilhas infinitas...

E quando um de nós,
querido e pintado na estrada,
como marco desta caminhada,

se deixa cair, e se fazer pó,
balança o fogo da vida,
e sua labareda, então trepida... 

terça-feira, 22 de maio de 2018

Esperança


Navegar é feito alento,
pro desejo de ver o mundo,
e contar estrelas e assuntos,
e ter Roças de Milho por dentro...

Quem vigia, o seu sustento,
se contagia da necessidade,
e se desfaz da desnecessidade,
e no Sertão de cada um, adentro,

onde  Mato e Roça são juntos,
e os Passarinhos cantam na Macaxeira
e o Tatuzinho vem comer na Abobreira,

e o Guarazinho, e Água Pura e Santa,
que nos adormece e encanta,
em pensar que nos resta esperança!

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Este dia


Sobretudo sobrevoa e vẽ,
mas, está?
Quem é que olha,
se não o que está a praticar?

Ou ser praticado,
o que é praticar invertido,
sentido, vivido,
por quem tem se dedicado...

Quem é este senhor
observador?
Tipo fantasma tutor?

Quem é que sabe,
quem é que saberia,
que existiria este dia?

domingo, 20 de maio de 2018

Efeitos

Quando eu era antes,
um tempo de vistas e folhas,
e galhos e troncos, e falhas,
e era Faia, Carvalho navegante

nas Naus do mar cruzante,
nas docas, nos balcões,
dos Balcãs aos largos Sertões,
das Tundras aos céus distantes,

então tudo ventava sentidos...
Eu e o redor, à despeito,
por descaso ou desrespeito

claro, ressentido, despido,
é que serei, do meu jeito,
único, e dividido em efeitos...

sábado, 19 de maio de 2018

Pedaços


A manhã brotou dos poros,
da certeza fresca do vento,
ou a leveza límpida (se de dentro),
colorida da beleza dos povos...


Estes, com quem viajo,
e são carinho e delícia,
verão a verdade, no que ajo?


E a pergunta repete, sem malícia,
a velha prática de culpar
a si, aos outros, e assim terceirizar,
o que é meu, brutalidade ou carícia...

E eu, velho estradeiro, renovado
canto meus cantos, no meio, do lado,
de cada pedaço do que tenho sonhado...

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Das relevâncias


O Tempo é um lago de sentimentos.
Abrigou a vida se formando,
em seu ventre, fez as reações,
que na eternidade foram se cozendo,
e feito Passarinhos cantando,
nos construiu (nestas) compreensões...

O Vento é um tipo de mensageiro.
Não é o ar que se move,
mas a energia nele passada,
como fosse um sólido inteiro,
ou uma pancada que se prove,
na corda entre mãos esticada.

Toda matéria visível, não é real.
Por mais que se diga dela,
por mais que o olhar acredite,
o sólido é um desvio conceitual,
uma soneca entre as piscadelas,
um mito, que entre nós, resiste...

Assim, entre tantas significâncias,
vou singrando este meu barco,
entre alegre, vivaz, parco,
singelo buscador de relevâncias...

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Do novo

 

Devo procurar, mesmo longe,
mesmo assustado, cansado,
inventando mundos apertados,
desfazendo o que em mim se esconde.


Eu andava muito, feito um Jasmim
cheira seu doce perfume
no mundo, tão cheio de estrume,
transformando merda em Capim,


em erva de cheiro sublime,
além do óbvio que me atenta,
da dor, suave, colorida, lenta,

pra encontrar o que nos redime,
refazer-me rebrotar nos peitos
e construir o novo, de todo jeito...

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Descaminhos


Por qual caminho, seguirei?
O da obviedade poética,
nem sempre é óbvio, na métrica...

Então, como assentarei
os tijolos disto que sou,
com o que fica, e o que restou?

Eu vinha vendo este mundo corrido,
eu correndo, tudo se passando,
e a própria vida se gastando...

E resolvi seguir por mim,
como um atalho no escuro,
um grito de fronte ao muro...

A vida não parou de se gastar, no fim,
mas sigo viajando, na direção do futuro...

terça-feira, 15 de maio de 2018

Liberdade para a população trabalhadora da Terra


Um vento de insanidade brinda
a vida de quem pensa, canta,
ao invés de contar as jantas,
os almoços, e quem sempre brinca!

Como um retorno ao umbigo,
uma triste lembrança, de criança,
de jovem ou adulto, desesperança,
como tudo que remete ao castigo...

Só aprendi, que o erro é doença!
Que aquele deve ser tratado,
consultado, celebrado, recebido,

pra que volte a entender nossa crença,
de que a todo ser será dado
alguma Viola, ou Ser parecido...
 

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Do Tao



Então me pus a criar,
como um mar que chegasse,
numa praia, e se apresentasse,
e não (simplesmente) tomasse seu lugar...

Com uma bagagem de viagens e sonhos,
um aqui de pesares tristonhos,
um aquém de vida, muito além,

dos encontros, seja com quem...
Seja muito feliz ou tristonho,
vermelho, ou ilusório sonho,

como se dançasse tão bem...

Como se o velame, e o leme, sozinhos,
fizessem o que fosse a nau!
Eu, e meus andaimes compomos o Tao!

domingo, 13 de maio de 2018

Arvoredos...


O dia nasceu, como um arvoredo
um ciclo ou outro do Minuano,
ou (o que) cada dia há de mostrar, leviano,
o de todo sempre há de ensinar, desde cedo...

E o medo segue em frente,
desde este, de o fumo,
 desde que, adiante, aprumo,
o que me há de pelo chegante...

Sei que hei de seguir adiante...
Como um dia sem mar,
como um mar sem avante,

como um adiante sem lugar...
Mas em mim, há de brotar, valente,
como a esperança que rebrota na gente...

sábado, 12 de maio de 2018

Vindouro


Quanto mais houver por vir,
tanto mais produzirei,
muitos mares altos cruzarei,
tantas gentes no gentil porvir...

Porque o vindouro é inusitado,
e cria arbustos no caminho,
e entre seus galhos, espinhos,
e é muito melhor, que o melhor esperado...

Quero as trilhas que virão,
seus altos e baixos, ladeiras,
poços profundos e ribanceiras,

pequenezas, larguezas, imensidão...
Cada dia mostrado em tom de bebedeira,
cada pedaço com sua intensidade inteira...

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Meninos



Eu era o mesmo e outros,
e vários, indigestos e ordinários,
incensados ou libertários,
onde nunca haveremos poucos...

Andávamos sozinhos, ou em bandos
etários, signatários, vertidos,
da falsa paz em que estamos metidos,
e vez outra, espalhamos nosso canto...

Como se verá, da Música entoada,
em cada beira de caminho, 
nas flores e em seus espinhos,

há sempre gente engajada
com as mudanças que pede o destino,
com a eternidade, em cada menino...

quinta-feira, 10 de maio de 2018

O encontro com a Alegria


Aí, soprei com força,
como quisesse espantar,
e trazer pra dentro o ar,
e correr como corre a Corça...

Não há o que se fazer,
nem o que se deixar
de cotidianamente praticar,
cantar, tocar, lamber...

Vou sentindo os ventos,
suas direção e energia,
como esperasse pelo dia

no fim da madrugada lenta,
da estrada caminhada em romaria,
na busca do encontro com a Alegria..

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Da revolta



Como fora eu, talvez,
límpido e errático,
errante e sorumbático,
também fora, e serei feliz!

(Quem sabe desta vez), como ir ao céu,
provar das delicias das ambrosias,
sussurrar, e ser ouvido pelas cercanias,
pensar, e fazer conforme eu!!

Investigo em mim as maravilhas,
do mundo onde vivo, onde ajo,
e de vergonha, as vezes me encorajo,

a mim mesmo, a me fingir de ilha,
e fantasiar, que em tudo, à volta,
existe algo mais que a revolta...



À quatro mãos com o Espírito Benjamin

terça-feira, 8 de maio de 2018

Amor na vida


O que é que eu acho melhor,
ou o que menos, ou mais, me apraz,
e sopra delícias, ou angústias,
molhadas de surpresa e suor?

O que é que eu penso que deve,
ser feito do mundo e das coisas,
das cercas, das cadeias, das coifas,
com que respiramos, cobertos de neve?

(Porque o egoísmo que conhecemos,
é frio e mortal como o gelo),
e não é privilégio de qualquer povo tê-lo,

mas uma condição dos que humanos, nascemos,
e que pede pra ser superada, vencida,
e criarmos amor, e mais amor na vida!

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Átimos



E num átimo, tudo atou-se,
e desatou-se onde tinha
que acontecer, pelo que vinha,
pra começar o que será doce...

E um Urubu voando me ensina,
a liberdade de compreender,
que o que se fez, e o por se fazer,
sobe, nas correntes de nossa sina...

E canta, no que dos pais
nossos, já se cantava forte,
mesmo superior à dor e à morte,

mesmo maior que a saudade do cais...
E se expressa nos desejos de sorte,
na vontade, às vezes, de parar nunca mais...

domingo, 6 de maio de 2018

Onde é que vai dar?


Entender mesmo, só entendi
o que se passava, na verdade,
quando se fez a oportunidade,
e eu falhei, falhei, e percebi...


A vida era um favo de ocasiões,
em que as vezes sou mocinho,
as vezes, luto junto ou sozinho,
e muitas outras estou entre os vilões...

Então, sigo só o que resta!
Um amor, que inventado, bom,
um fato baseado na fome de bombom,


um assopro na flauta da festa,
uma eternidade pra pensar:
"onde é que esta merda vai dar?" 

sábado, 5 de maio de 2018

Aventura Passarinha



Estranha esta forma
de ventar de mim
as coisas mais carmim,
pelo que mais me deforma...

Como postar um Poem(inh)a
poetante aventurado assim,
cantador de verbos em Latim,
e versos de sua la(vra)zinha...

Eu e minha aventura Passarinha!
De cantar velhas dúvidas,
espantar certezas burras,

e buscar a Ciência das Andorinhas...
Como se o ar alimentasse,
eu e minha fé, e tudo se encontrasse...

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Verdades santas


O vento sopra e gira,
a força que nasce
da terra, do enlace,
da morte e do que respira...

Eu vendo, como pintasse,
meus dias em serenitudes,
gostaria das infinitudes,
onde, quem sabe?, cantasse...

Pela eternidade que me ature,
que me conceda a graça,
de ser eterna palhaça,

eterno cantador, que se costure,
em tecidos de cores tantas,
histórias curtas, verdades santas...

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Gentis


Um certo "tudo bem" me acompanha
desde os primórdios de mim,
quando eram verdes os capins,
e pescava, com quem se dispunha...

Um alento e um "amém", de perde e ganha),
e de tempo em tempo volta,
como se a mola do mundo se fizesse solta,
e quem perde, inerte, sempre apanha...

Então vou ficando só por aqui,
que o caldo é grosso, e mexer dói,
e a mortalha coça, e o umbigo mói,

seu corpo em comida dos mais gentis
dos carnívoros, que comem a morte,
e pra este ciclo, são sinal de sorte...

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Do Passado a nos modelar....

 

Um passado antepassou os "de meu",
e o que foi, faz este agora,
de filas do pão, e suas demoras,
da pequena imensidão, expressa em Deus...

E sé me resta seguir, nesta hora,
os passos pisados justos,
todas as receitas, e os custos,
das dores, e do que flora...


Do eterno, embalado no berço,
do Infinito, chorando de medo,
ou a beleza (sem fiim) da Aurora,

a tristeza e o murmúrio de um terço,
que se reza, e se compõe de segredos,
e que nos leva embora....


terça-feira, 1 de maio de 2018

Deste nosso maio


Os que trabalham constroem,
cada pedra, casa colocada,
chão, rincão, clarão, estrada,
e em todos os nós doem, doem...

Os que planejam, e executam,
as obras, praças, ruas, avenidas,
cinemas, estradas, beiradas coloridas,
adoradas pelos ricos que as usam...

Neste dia, trabalhadores se mataram,
pra atacar e defender o mal
que aqui chamamos "Cape(tal)",

e estes trabalhadores, esta data marcaram,
da fome da igualdade se saciaram,
e este primeiro de maio também construíram!