quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Mal e bem


Nem mesmo o sopro,
que vitaliza o dia
que se solta e irradia,
me ventou solto...

Nem mesmo a sombra
da tristeza que calo
da alegria que exalo,
hoje me assombra...

Mas o que vai além
deste caminho que sou
e hoje, mordeu e rosnou,

mostrou-me este alguém
que sempre me habitou
na eterna peleja entre mal e bem...
 

terça-feira, 30 de agosto de 2016

De ventar


Um vento solto
no intenso peito,
de um, ou outro jeito,
faz fólios revoltos,

feito redemoinho
no meio da rua
mostrando a mais crua
face do então, ventinho,

que se brinca tornado,
e que deixa avisado,
que prenhe de furacão,

mas que antes, o timão,
orienta ser vento amado,
que fertiliza o nosso chão.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Da superioridade moral das mulheres de meu país


Quem vive este tempo
em que ficam nítidos
os gestos mais sórdidos,
que os fascistas fazendo,

pode se alegrar
de ver, mais uma vez,
que as mulheres outra vez,
superiores sem precisar mostrar...

As mulheres de meu país,
são o que de melhor
aqui,
se fez e quis...

domingo, 28 de agosto de 2016

Canto antigo


Um canto, insinuado e solado
composto de ar e cordas
de outro tempo, me aborda
canta neste peito cortado,

pelas facas do Tempo...
Pelas trituradoras mãos
que erguem e furam chãos,
e dão-nos Pirâmides e alimentos...

Um canto de uma Nossa
Senhora, Mãe/princípio,
não um teológico desperdício,

mas o que nos adoça!
A Alegria em criança nascendo,
Mãe parindo, água correndo...

sábado, 27 de agosto de 2016

Quem?


Trinta Denários,
uma Cruz!
É o financeiro depositário,
do relação infeliz
do dinheiro, com Jesus...

Teve também o tempo,
em que a doçura do Amor,
do chicote fez calor,
e expulsou vendilhões do Templo...

Fernando Pessoa dizia
que quando trocava
coisas de que gostava,
por papel, ou metal, se ria...

E nós, que trocamos a vida,
o direito ao transporte, à alegria,
por impulsos elétricos,
em máquinas vazias?

Nos riremos?
Agostinho da Silva contou,
que o Pessoa, que hoje a alma 
lusofalante adotou,
morreu de fome, e abandono!
O que diremos?

Quem é dono do dinheiro,
que pensamos que temos?

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Novo tempo


A FORTUNA bateu cedo,
na janela frente ao verde
passarinhando o céu de ver-te
João e Joaninha em dueto.

A ALEGRIA mandou ventos,
e chuvas e sementes voando,
e versos e moças cantando,
e rapazes suas Violas tecendo...

A SAÚDE pinoteou-se veloz,
e saltou pela vida, quente,
como a criança no colo da gente,

onde a PAZ tece com nós,
esta rede que cedo eu vi,
novo tempo que se brota aqui. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Ciranda de virar



A Morte, causa Paz,
ou causa ausência?
Dolorida des-presença,
desncessária, ineficaz?

Vi, propaganda da guerra,
pessoas chorando por quem
a vida deu, no que é sem
razão, e é dor que encerra,

a possibilidade de aprendermos
uns com os outros, e criar
cada um e todos um novo lugar

aqui, se as mãos nos dermos
numa Ciranda de virar,
grande como as ondas do mar...
 

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Alegria




Dos vasos de meu peito,
sanguíneos brotarão,
herbários da desilusão,
hereditários conceitos...

Virão, por que vieram,
tais pensamentos antes,
quando o baile de instantes,
eternidades nos deram...

Mas o novo me recria,
e exige que avance,
mesmo que me canse,

dia após dia, após dia,
quando inesperado, de relance,
tudo se iluminará em Alegria.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Força e beleza


"Bom dia", o Bem-te-vi,
costura com o dueto
de João e Joana perto,
e a manhã, ali...

Aqui, onde quer
que se esteja e sinta,
sentimento aperta a cinta,
e dói pra viver...

Mas Passarim cantando,
os miudinhos do mundo,
sobre o chão fecundo

vem mostrando,
que a Alegria cria
a força e a beleza do dia.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Ação


Quem dera fosse,
disto que sonho
nos intervalos e vãos

de ser mesmo doce,
não este ser medonho,
que me tenho nas mãos...


Quem dera ousasse,
e distinto assumisse
e ficando, partisse,
e me indo, apresentasse...

E quem fosse que passasse,
no coração recebesse,
e doendo o que doesse,
de Amor me salvasse...

domingo, 21 de agosto de 2016

Meu sentido


A vida me investe
e abraça,
como um soneto
num coreto,
ou num banco de praça...

Que a vida me esforce
e corrija,
como um Poema
rama ou rima,
esgrima a palavra rija.

A vida lambe a saia,
da antiga,
mãe menina
imensa pequenina,
feito a mais velha cantiga.

Eu, incauto e atrevido,
pego a Viola picante,
e em escalas crescentes,
canto todo meu sentido.

sábado, 20 de agosto de 2016

em Violeta


Era uma canção de longe,
de acolhimento de mulher
com a força do bem-querer,
padecer que se mostra/esconde...

Era uma alegria mal contida,
salpicada de melodias velhas,
de quando iluminavam as velas,
as festas e a própria vida.

E dentro da canção, tudo!
E a cada, se a dor engessa,
pra todos, a Alegia injeta...

Que as flores vem do fecundo,
Amor da terra, que não se meça,
mas se perceba em Violeta!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Corporidade


Qual a diferença
entre a nádega
e a mão, que afaga,
em nossa crença?

Pergunto porque
vejo fotos de mãos,
de Macumbeiros e cristãos,
e de nádegas, não se vê...

Então, qual parte
do corpo se permite,
sem culpa do olho, que assiste?

O que, do fogo que arde
em meu corpo vivo
posso mostrar, comigo?

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A brutalidade do capeta(lismo)


Uma sombra sinistra
se verte, vende, conquista,
a si, e a gente até onde a vista
chega, e destrói a vida.


Um martelo no vento,
um machado na água,
uma vela acesa na enxurrada,
é o que é, este mal pensamento.

E sua anti-utilidade fere,
e aponta armas e calunia,
e se esconde da Luz do dia...

Sabe que o que interfere,
é a claridade ofuscante,
da qual a sombra, é distante...

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A medida do diálogo


Quem te perguntou, hein?
Me perguntou o menino,
imenso e franzino,
que de dentro me vem...

O que me interessar,
o que tem a ver comigo,
é tudo que consigo,
e quero compartilhar.

Porque devo saber
do que alguém, distante,
em desrespeito berrante,

quer me fazer entender?
Cada um conforme a Poesia,
que de si, desponta, todo dia...


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Alforrias



Somos um povo
que se formou na dor!
Os carrascos da flor,
matam, e matam o novo.

E mesmo com apresamentos,
(feitos dentro da lei,
pelos doutores, por ordem do rei),
escravidão e tormentos,
os índios, os negros,
criaram um povo gentil,
inteligente, generoso, Brasil!

Mas a sanha de maldade,
dos senhores escravagistas
exigindo "domésticas" ás vistas,
pra fazer o que a preguiça impede,
não quer que as moças estudem,
não quer que os meninos vivam...

Sei, todavia, que um dia,
bastará desta imensa maldade,
que a branca hereditariedade,
impõe sobre nossas alforrias!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Do que sou, e externo


Um vasto além, me habita!
Uma sombra na noite
um medo, em si, açoite,
e as pequenezas infinitas...

Uma tristeza me toca,
quando saio pra rua,
quando canto pra Lua,
quando durmo na toca...

Eu mesmo, um vazio!
A sobra da caminhada
que na inércia deixada,

continua sendo rio...
E em tudo parece eterno,
o pulso desta dor que externo.


domingo, 14 de agosto de 2016

Jogo


O Tempo passa
sobre as cabeças,
sobre as Cabaças
dos Berimbaus acesos...

O Tempo mostra
por todo lado,
certo e errado,
de frente ou costas...

Jogo no Tempo,
esta Capoeira
lisa e certeira,

que vi no Vento,
e que é alento,
e é vida inteira.

sábado, 13 de agosto de 2016

Os peixes do mar


Cada ausência é.
Assim como é a onda,
a força que n'água ronda,
o que foi, fica em quem quer...

Sidharta, um certo andante,
viu o rio seco, cantar triunfante
dos peixes que ali nadavam,
e displicentes coloriam

o seu velho e seco leito!
Ouviu, e foi contar pro povo:
tudo está na busca do novo!

E tudo é abrir o peito
vendo a consciência brotar,
com as cores dos peixes do mar!

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O melhor da gente


Eu era só e vão.
Um instante entre,
uma instância ventre,
e o berçário da canção.

E era céu e chão.
Um cantante ente,
de pensados repentes,
e versos na amplidão.

Pois, no que sente
de cada, o coração,
(nas estradas, a solidão),

virá a força nascente,
que brota com a claridão,
e é expressão do melhor da gente.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Nome n'alma


Se o Pedreiro tiver
que fazer pão, faz...
Que o Trigo em si traz,
o rito de nos atender.

Assim, o Padeiro constrói
sua, e outras casas,
re-pensa, e re-faz a massa,
e nos cobre da chuva que dói...

Mas a alegria de ver
a parede subindo
a casa surgindo,

o pão, a broa, o bolo crescer,
pra cada um conforme
o que n'alma gravado o nome.
 

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

A respeito da Senzala


Um velho assunto
uma eternidade muda
vertida em nada,
banhada de sons surdos...

Se calaram as madrugadas!
Se verteram vendavais
onde antes milharais
e das ricas sacadas,

riem-se senhores abastados.
E assoprasse a rica senhora,
enquanto gente negra, explora,

boca cheia de bom-bocados ,
se alivia, que chega a hora,
do renascimento da Senzala.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Cantiga antiga


Uma antiga cantiga 
rebrota
das trevas da noite,
sem Lua e sem hora
onde o frio se esconde
e se mostra.

Quem é que somos,
quem é que soma
quando a lida reclama
e o que nascemos
pra ser,
se reparte em gomos?

A mais antiga canção
sopra-se na dor
de ser
e continuar. 
 

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Alfenins


Quanto mais?
Somos seres do caminho,
e a estrada, em desalinho,
quando terá Paz?

Quando será sem dor?
Quando haverá leveza,
fartura de comida na mesa
pro povo trabalhador?


E pro povo que explora o povo,
quando haverá leveza?
Sem ganância, usura, só beleza?

Imagino o alvorecer do novo,
como uma madrugada em mim,
das mágoas fazendo Alfenins...

domingo, 7 de agosto de 2016

Nihil


A vontade de nada
me avança, dá ganas
de nem ser essa pequena,
porção desastrosa e vestida,

que vem me sendo a vida,
este sequencia desordenada,
pois atrapalho as madrugadas,
com esta existência/ferida,

e então,
esperar
pelo vão,

que há de brotar.
 

sábado, 6 de agosto de 2016

Singularidades


Assunção é o que acontece
quando a pessoa se assume!
Nada mais de queixume,
quando o ser em beleza se tece

quando a moça se aceita,
com seu cabelo lindo
pixaim, ou na testa caindo,
cada corpo por si se ajeita,

e torna viver, possível,
do modo particular/infinito,
em que cada ser é bonito,

e qualquer padrão é risível,
porque perde as particularidades
das nossas incríveis singularidades.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Tudo que existe


Tudo que existe
neste mundo,
que não foi Deus,
ou a Natureza quem criou,
foi, é e será,
minhas senhoras meus senhores,
feito pelos Trabalhadores!

O mundo é
de quem nele habita!

O prédio é muito mais mortal

que a palafita!

E os homens e as mulheres
em marcha contra o mal!


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

De mim, em tudo


O Poema me chama,
como uma gata no cio,
como a um peixe, o rio,
como a quentura da cama...

Este Poemar falante,
umas vezes tem sal do mar,
ou a doçura dum afagar,
e ainda outras, é distante...

No entanto, me traduz miúdo.
Como fosse radiografia,
feita de caligrafia,

ou de dígitos mudos,
de imagens de todo dia,
em que me falo, em tudo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Do que intui o coração.


O Eterno sempre
pergunta, porque,
anseia "praquês",
e nos refaz nos ventres.

Vis alvitres apontam
pra voos voláteis.
Vãos, latem cães, e contam
das gatas as garras retráteis.

Eu, nesse caminho
sigo, nem sei se são
ou se digo alguma direção,

que o meu precioso carinho,
é a Viola, em minhas mãos,
que canta o que intui o coração

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Tempo ventre


Por quantas vezes fui
investigador de mim
nestes infinitos carmins
terracotas, e frios azuis?

Procuro ver e entender
os movimentos e sacudidas
das grandes subidas,
das descidas pra valer...

Tudo está sempre 
no lugar de estar
sem nada pra arrumar,

e o Tempo, ventre,
em seu curso nos mostrar
a vida em todo lugar.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Bota fé!


Mundo é,
veloz como o som
que atalha caminhos...

Indo a pé,
ou de carro, ou de trem
mais ninguém, vai sozinho...

Quem caminha
e olha em frente,
olhar valente,
bota fé!

Caminha minha gente!
Bota fé!