terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Escravidão


Eram muitas as peças
e cada peso mostrava
e mostra, e nos leva,
sem retardo ou pressa...

Mas tantas, e tão avessas,
tão leves, e presas ao chão,
e umas às outras, em armação,
como o que se inventa
                              ou atravessa...

Que sempre mostra, com claridão
que essa nossa guerra, abafada,
mais que cruel: é desalmada!!

Os "derrotados" em imoral servidão,
espoliados por séculos de escravidão,
servem nossas mesas abastadas...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Na Paz


Numa cidade bem grande,
muitos falantes de bons dias,
águas ardentes, noites frias,
calores tristes que se expandem

nestes espaços, onde as gentes
constroem sonhos e distâncias...
E uma dor se faz nas reentrâncias
como um legado insistente.



E o que vem, e vai, ardente,
é este tristonho signo contumaz
que desfigura e desfaz:

Uma HORRÍVEL fartura excludente,
na qual deixamos crianças nas ruas
e velhos, e atiramos na Paz!

domingo, 29 de janeiro de 2017

Sina


O que é preciso
pra se construir
um Poema?

Um Paulo que li
de Curitiba, dizia
do trabalho, em si...

E o tema?
E o tempo?
E a Pemba?

Quanto deste que se faz aqui,
foram estas mãos
que digitaram? Cada bordão... 

Sei dizer do que não digo!
Não busco certezas, mas antes
perguntas ancestrais militantes,
e óbvias novidades
a respeito da beleza e do perigo.

E da forma e da rima?
A vida, e a música do ar
é que hão de me dar
um caminho
que se exprima.

Paulo de lá,
responde em cima:
"Cada Poema é sina,
que o trabalho nela,
liberta e destina..." 

sábado, 28 de janeiro de 2017

É nada...

 
Numa estrada de cores,
verdades sólidas, morte,
insensatez e sorte,
eu verto sons das dores,

das eternidades miúdas,
paliçadas erguidas acima
das certezas, e fáceis rimas
e das cantigas sonoras/mudas...

Um Bem-te-vi sempre anuncia
um único modo de estrada
sem cancelas, ou espadas,

um seguir pela alegria,
que cura esta doença inventada,
que não nos é, nem é nada...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Entender


Tudo é posição.
Ninguém nem nada
não está ou vale, e cada
ser ou coisa, ruim ou são,

tem que ser ouvida
contada, se no chão
plantada, ou na imensidão,
é,
porque está na vida.

Então, quem diz que não,
diz que sim sem si,
falta com estar aqui

e assumir a própria posição,
o que fará nascer,
tempo da gente se entender..

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Ver


Um tempo assistiu
se assustou, venceu,
cingiu a si, se deu
pro que elegeu, porque viu!

Que eu veja, cante, 
sinta os aromas belos,
prossiga caminhos singelos,
e por tudo e nada me espante.

O dia há de ser eterno!

Em cada Lua que solta, sola,
e nesta estrada nunca se isola,

mas antes, clareia o roteiro,
mostra ruas nas noites que somos,
e os caminhantes que seremos 
                        e fomos....

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Meu lugar


O mar, o Oceano à frente
eterno, largo e profundo,
como a fome de Paz do mundo,
como o Tempo da vida da gente...

O litoral recorta os pensamentos
e faz as praias onde a areia,
sopra-se nos ventos e nos laceia,
do desejo do mar, água adentro,

águas à fora, de tanto lugar,
outras praias, gentes outras
e mesmas águas e velas e bordas,

e cordas, e barcos ao mar...
Este, e cada Oceano, dirá
do que sou, e qual seja meu lugar...

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Da vida


Este dia amanheceu azulado,
dourado, claro e leve,
em cantos longos ou breves,
em tons lindamente gorjeados...

E pelos meios, o ar,
que a tudo constrói e é,
até na árvore, abaixo do pé,
nas raízes, um gentil ventilar...

Tudo pra cantar este dia,
que o Canário celebra forte,
com seu canto, alivio e norte,

destes trilhos da Alegria,
longos andares de Alforria,
com que iremos além da morte...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Mar em canto


O mar tem canto,
embora seja tudo meio,
como o chão, que sem esteios
se segura nos encantos

deste Universo, sem peso,
denso e leve como o voo,
(voa, este canto que entoo?)
no fogo deste nosso ser, aceso...

O mar, me ouve lamúrias,
das dores verdadeiras,
das terras estrangeiras

de Macaos, Barbados, Astúrias...
Todas, este mesmo lugar,
todas as vidas, um só desfraldar...

domingo, 22 de janeiro de 2017

Feitiço


Não era este, ou aquele,
ou um terno, uma quadra,
uma meia alforria, balada,
um perfume que alguém expele...

Não era visto o mamilo...
Ainda assim a criança,
com olhos de esperança
sabia do leite e do asilo

a que mamar lhe remetia.
Mas ainda não era disso
a que este canto se referia.

Que aqui busco um feitiço
que me faça cor de alegria,
e ter que ter que cantar, todo dia...

sábado, 21 de janeiro de 2017

História


Quase duas horas
se passaram desde aquilo.
Não era um vento, uma estória
que alguém contasse um vacilo,
mas a vida além das lamúrias,
o chão, aquém e ao longe
da definitiva narrativa, senhora...

E nas idas dos ares, e quem
andasse e voasse este mote,
de sobrever caminhos e botes,
e mares, e o que mais se vem
da imaculada Fonte?

Quase dois séculos,
ou dias, ou segundos,
e este tempo que conhecemos
é tão incerto...

O que sei de certo,
é que os perdidos ganharam
tempo com o fim do tempo
de um outro sujeito.

O que imagino, e espero,
é que a História
contará as memórias
de quem venceu, e foi esperto,
e de quem foi justo e honesto,
e a quem cabe a dor da vergonha,
ou a Glória!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Nas revoltas


Como se dará a vida,
de todo dia, cada tempo,
cada estrada sentida,
cada perfume do vento?

Porque pergunto, se a ferida
se fere e repete, assunta,
e não para se o medo abunda,
e inquieta e chama pra lida?

Seguimos pela têmpera
que o tempo demonstra
que a terra remota,

em tantas idas efêmeras,
em voltas e lombras,
em castas, e nas revoltas...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Imperiais Paratiis


Eu mesmo vi
a estrada por onde vem
os muitos pedaços do além
que nascem do que vivi.

Eu mesmo sonho
instantes da Fartura
que da forma mais pura
se verterão do que me disponho.

E nos meios destes tudos
viajarei canções alegres
entre certezas eternas e breves,

ou cantigas berrando absurdos,
em sussurros gentis,
nestes imperiais Paratiis...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Do imaculado caminhar


Um som de alegrias,
criançais e matinentas,
leves e frugais, macilentas,
uma "nética" e abissal alforria.

Hoje aqui, amanhã, o vento.
Em cada beleza desta Tijuca,
uma janélica sensação maluca,
gargalhada sonora que só vendo.

E estes dias, passam por si
o eterno de cada instante,
do que ama, brilha e é da gente

do que se verte em fás, rés, lás, mis,
nos tons que tem cada lado,
nos vastos campos,
do "pra onde ir",
sempre imaculado!

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Calçadas da Tijuca


 Calçadas da Tijuca
ruas do Rio...
E eu, escrevente vadio,
cronista desta tarde única.

Porque só vai ter ela
com eu por aqui...
Amanhã, um outro ali
me será passarela...

Só que hoje, passeio
com o calor da tarde
que neste dia, arde,

comigo, aqui, pelo meio
de ruas e florestas em permeio
desta beleza, que no meu peito bate...
 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Terras cariocas


Vivendo por um hoje,
em que este riso me Rio,
e quente mesmo se frio,
busco a palavra que foge...

E a gente preta passa,
entre montanhas e Sol
tanta gente e Luz, e eu só,
em vias, ruas e praças...

Quem de nós não será,
um pouco deste lugar
cantado em morros e mar?

Uma canção me cantará,
alegria que em mim, toca,
de cantar em terras Cariocas..
 

domingo, 15 de janeiro de 2017

Ser


Como dizer de tudo,
quando disser de mim?
Quando ansiar o fim,
sendo, ele, o fim, absoluto?

Como dizer destas horas,
sendo eu, passageiro,
como as pedras dos outeiros,
já foram pedras de mar, outrora?

Hei de cantar os Canários
que habitam peitos e matas
pra soar em ventos e cascatas,

e abrir, desde o imaginário,
os caminhos de perceber
o infinito que é, só em ser...

sábado, 14 de janeiro de 2017

Do vento


Uma certa sorte
uma antiga sina,
mastigação canina,
feito fugir da morte...

Uma Paz semblante,
cantou-se nos Sabiás,
ventou-se nos Biribás
e se animou dos instantes,

que nos seguirão
todo momento
feito os pensamentos,

ou a claridão
do que vem no vento,
e lava e limpa dentro...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Direção e certeza


Um soco no estômago.
Uma dor sem sentido,
nos invade os sentidos,
realiza a realeza de outros...

Um sem par de válvulas,
velhas, ou viradas,
rápidas e destemperadas
no fechar destas pálpebras...

Só o que sei, então,
é que a cada dia, re-invento,
jeitos novos de velejar ventos,

e fazer do rio, canção,
da força da correnteza
a direção e a certeza.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Cinema



Luz é movimento.
Em andamento,
induz ao errado
que é o mais acertado,
e iludido entendimento.

Imagem é ação.
Em animação,
os painéis coloridos
iludem os sentidos,
constroem com a imaginação...

Tudo que tem existência:
pedra, água, grama,
madeira, torneira, pijama,
é feito antes na consciência.

Toda vida re-produzida,
na arte que imita a lida,
na tela, larga e bela.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Os porquês


Como se forma
o que penso e digo?

É água morna,
ou intenso perigo?

Sou perna torta,
desgarrinchado mendigo?

Ou um tipo de porta
por onde a beleza sigo?


Como se fez
este Poema incauto,
este berrar nos autos,
esta inelucidez?

Do que se criará
este amor que sinto,
cheiro de fumaça e absinto,
cores de céu e mar?

Nos matizes da alegria
hei de cantar
mesmo sem saber
os porquês dos dias.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Cada instante


Ai que vontade de ver
a Lua abençoada luzindo,
Embaúbas suas pratas abrindo,
no vento frio, cantigas de beber

da vida que é Água Santa,
do Chá, que se ferve e coa,
feito o desejo de ter coisas boas,
nesta terra de bichos e plantas.

E nos escuros do dia, a noitinha,
quando o frescor vaporiza
perfumes soltos na brisa,

achar Araçás nas moitinhas,
Bromélias, Corôas da Rainha,
pois que, cada instante, se eterniza...
 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Cantigâncias


Cada um dá o que pode.
Cada um faz o que tem.

Pode um dar, o que cada?
Tem cada um, o que faz..?



O tempo ensina sem recortes.
A labuta é pura Paz menina.

Recortes sem o tempo... Ensina?
Menina, a Paz é pura labuta...



Cada um é planta que sobe!
Cada pé de planta é medicina.

Sobe que cada um, é planta!
Planta medicina! É pé de cada...




Cada ser que soa, faz acordes.
Cada nota boa me determina.

Acordes, cada ser faz que soa!
Determina-me, cada boa nota.

domingo, 8 de janeiro de 2017

Alma de criança


O tempo se mostra na pancada
de quebrarmos, 
no Coco
nas antigas cantigas 
do povo,
nas feiras, praças, 
campos e estradas
a sina viajeira, amiga
e camarada
que pelo tempo viaja
sem que a gente saiba
e em nós interaja
na Força Criadora
que me, e nos inspire,
e de nossa 
história respire
e em nossa herança 
seja nossa alma 
de criança
revelada 
e reveladora.


sábado, 7 de janeiro de 2017

De tocar a vida!

Carybé

Cante uma canção,
quando seus amigos
confundidos pelos perigos
se agarrarem à ilusão.

Cante uma cantiga,
quando os dias ventarem
ou as coisas esquentarem,
chamando pela mão amiga.

Em cada gesto do dia,
cante Cocos, Maracatus,
toque Pagodes ou Lundús,

ou se re-faça em melodias,
vibre como as cordas esticadas,
pelos Divinos Dedos, tocadas...


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Cotidiano


A gente vive
nesta existência, estranhos
momentos incertos,
de sonhos que tive,
de ganhos e perdas
de longes e pertos,
mãos ágeis, ou lerdas,
facilidades, ou apertos...



A gente sente
cada dia como é
a jornada, em trambolhos
a sorte aparente
de dar pé, a lida,
pra superar os bugalhos,
se fluir mais a vida
e não tropeçar nos entulhos...


Tudo isso,
o cotidiano,
breve, eterno,
insano.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Mundo novo


Uma latomia
abusa da gente:
NAZISTAS arrastam correntes
pelos ares do dia...

Uma indignação cresce
quando a notícia pinta:
crianças de justiça, famintas,
em quem o cassetete desce...

Assim se sobe a ladeira!

E se eles vem com cavalos, agredindo,
o Amor à Liberdade, nos conduzindo

até vencermos esta estrada inteira,
pra construir e recordar,
o mundo novo que virá do pelejar!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

De novo do novo


Tudo é novo,
a cada rebento instante.
Feito a alegria do povo,
feito o Amor Caminhante.

Tudo é vasto
a cada passo que dê,
em cada cor que alguém vê,
em cada bicho no pasto.


Assim, os magos,
Reis de sua sapiência,
vendo estrelas e ciência,

cruzaram campos e lagos,
rios, mares e outeiros,
pra celebrar o novo, verdadeiro...
 

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Do que me cria


A manhã costura
as urgências do dia.

Uma dor, uma alegria,
um susto, uma gastura,
um suco, ou água pura,
e tudo segue a latomia...

Ou pra alguns, silêncio!

O amargurante zumbido
e um desejo de incêndio,
de ver tudo sumido!

A tal costura, me fia,
faz de mim um combinar,
entre a espera e o se lançar,
e cotidianamente, me cria!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Do que foi, é e será...


Qual a diferença
sensorial entre o tempo
e o pulso, que tem dentro?

Quando se toca, se pensa,
ou o corpo contorna fluídos,
com carinho ou descuido?


Esta Música que sou
já vertia nas eras de atrás,
ou a verdade é ainda mais,
e sempre esta canção pulsou?

Quando o silêncio pedir Sinfonias,
e eu cantar pelos escuros,
entre lousas frias e muros,
minha Música, terá menos alegria?

domingo, 1 de janeiro de 2017

Do Tempo


Um tempo se mede,
na sanha da seguidão,
que o conta em montão,
e depois o perde.

Um tempo se lustra,
em inversos abismos
de torres e mecanismos
e com sinos se escuta.

Mas o Tempo, é o tecido,
onde fazemos e feitos,
tristes e satisfeitos,

seguimos ainda convencidos,
de que uma cachoeira,
nos aguarda pra derradeira...