terça-feira, 30 de abril de 2013

Mudou-se, encantou-se Paulo Vanzolini!

Ontem, mudou-se, encantou-se Paulo Vanzolini!

Este é um verso por si!
Não precisa de rima!
Assim ele, biólogo do Butantã,
Mas que trazia a ronda em si,
Que subia com a capoeira do Arnaldo, Rio acima,
Rio Abaixo, ao som dos tantãs...

Pra ser um grande cientista das cobras,
Só alguém que tivesse tanto carinho,
Pelas vidas, pelas sons, pelos cuitelinhos,
Salve, amigo que não conheci, mas conheci pela obra!


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Laboramento de plantar o bem

E assim eu sigo, aplicando o cimento
Por sobre o tijolo que já foi assentado,
Enquanto preparo o próximo esperado,
Pra que a casa tenha seu levantamento.

Assim eu sigo capinando a leira infinita,
Que sempre se precisa voltar a capinar,
Todo dia um pouco, sempre, em todo lugar,
Mora dentro da gente se a vida é bonita...

Fazendo meus versinhos como quem trabalha,
Empinando pipas de palavras pra que alguém
Veja, me veja, me venha, me escute, me valha,

Pra poder seguir meu caminho pra além
Deste tempo de carícias e perigo de navalhas,
Riqueza de laboramento, tempo de plantar o bem!

domingo, 28 de abril de 2013

Libertação de formosuras!

Quando o umbral for ultrapassado,
E a cor do mal tiver seus matizes,
Re-bordados em tons de amores felizes,
Então eu terei visto o que tenho buscado.

Quando a flor das trevas não for considerada,
Menos flor pelo mais de trevas que carrega,
Mas entendamos que seremos com toda régua,
Medidos pelo que fizemos com a instrumentação dada,

As panelas e o tipiti, a rede, a peneira e a cangalha,
Engenhos do humano dom de recriar com a fartura
A beleza da artesania que está no que em nós dura,

Exatamente em razão do que em nós melhor valha,
Quando celebraremos a União! mais que mistura!
Pois, abre as portas celestes e liberta formosuras!


sexta-feira, 26 de abril de 2013

Iquebana

Um "buquê" de Iquebana funde,
As cores improváveis em que incorrem
Incorremos algumas vezes, flores ocorrem,
Em combinações que de tão lindas, confundem.

O Iquebana ancestral é o próprio mundo,
Este lugar que vivemos, planeta jardim,
Que desponta em pântanos e em capim,
E arranjamos o arranjo pra que seja fecundo,

E nos fecunde da inspiração pelo improvável,
De uma sequência em que destacamos o que sozinho,
Nem pareceria tão imensamente lindo carinho,

Que na Natureza nos acontece, no mínimo admirável,
Na correnteza do rio que cria e emociona,
Meu canto sonha ser como um buquê de Iquebana!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Do planeta, minha sede

Mesmo aqui, onde o burburinho da cidade canta,
Seu canto de "som lá longe", se ouve o bem-te-vi!
Se ouvem  pardais,  pixorolês, assanhaços e chupins,
Como voassem por sobre os carros, nesta missão santa,

Que é nos lembrar deste planeta onde nosso mundo está,
Nos fazer re-encontrar com a sensação de que é um lar,
Esta nave entre estrelas que nos conduz ao nos encontrar,
Nesta viagem desde longe de casa até o retorno pra lá.

"Nossa casa não é aqui!", nos dizemos porque sentimos.
Mas, se aqui é só sofrimento, como é que o Uirapuru,
Com seu canto paralisa o canto de tudo na mata, no céu azul?

E nós sentimos isso? Como é que pode isto afetar o que vimos?
Quando escuto os periquitos passando alegrando o dia de verde,
Aqui, no burburinho da cidade, matando do planeta minha sede.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Deus

Deus é reto, mas é criativo.
É até mais que criativo, é criador,
Cria tudo que é ativo e cria toda dor,
Deus é mesmo imaginativo.

E é mais que imaginativo,
É a imagem dinâmica de tudo que é ativo,
É o dia a dia, multidimensão do que é vivo,
Conhecimento que é, a reação com o reativo!

É o princípio, mas já estava lá antes dele.
É como se Ele fosse muito maior que Ele,
O tempo todo, em tudo que está abaixo da pele,

O mundo, as pedras, as ostras e os marimbondos,
Os leões marinhos, Eu, Só, só-zinho, crio estrondos,
Deus é o que criou paraísos inimagináveis sobre escombros!

terça-feira, 23 de abril de 2013

Pássaro cantando no fio

O grande Carcará bate suas asas com solenidade,
Águia de onde não pode, canteiro de flores leves,
Sua força o leva pro alto, além de chuvas e neves,
Leveza exige dispersão e foco, alegria e seriedade.

O Bem-te-vi altaneiro enfeita outeiros e se anuncia,
Amarela o verde das copas, ali, só por estar sendo,
Toda beleza e festa, cantando e a todos bendizendo
E de fio pra fio, de galho a galho concentrado neste dia.

O dia é a chave que nos dão os passarinhos:
Viver o que deve acontecer na sequencia do voo
Do pouso, da pedra, da bala, da flor que entoo,

Eu Carcará/Bem-te-vi/Albatroz/Andorinha
Mistura de voar e cantar, pra viver o desafio,
De seguir voando e cantando, por todo fio!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Força e delicadeza da canção que ecoa no Universo

Um canto ecoa onde nada se ouve,
Alarde Sagrado de Rabecas semitonadas
Alagamentos fazendo lagos longe da estrada,
E o som infinito sendo o que há, haverá, houve.

Mas o ar que se respira é um só sempre,
O mundo em que todos estamos e seguimos,
Em tudo por nossos pais e mães que parimos,
Paridos, para o ar, a Luz, o que vem do ventre.

E quem tem ouvidos pra ouvir, que ouça,
Este canto sensacional que ecoa no infinito,
(As vezes está tão alto o som, que parece perdido),

Poucos ouvem do infinito a música/louça,
Fina e colorida, a compor as belezas da mesa,
Do Universo, forte e controverso em sua delicadeza.

domingo, 21 de abril de 2013

Canto de Festa onde estivesse

O dia amanhece com pesos que vem de antes
Dele, este dia que agora acontece com tudo,
Que daria errado não fosse maravilhoso agúdo
Profundo, pro alto, de possibilidades delirantes...

Pois que este dia, domingo, acorda com todas as dores,
Mas também com todos os sabores que permitirão, um dia,
Que nossas cabeças encontrem a Paz que alimenta a alegria,
E então, já hoje, cantaremos com todas as possíveis cores.

E o domingo será não mais repouso da tormenta,
Que é o trabalho, mas antes, celebração deste,
Gratidão pelo que do trabalho tu recebeste,

Eu recebi, e neste domingo trabalhar me representa,
Como um cantante que folgasse do canto? Ou se esquecesse,
Do seu compromisso: canto de festa onde estivesse!

sábado, 20 de abril de 2013

Mestre Amado

Jogo os dados, a vida mudará seu rumo,
A mão ou encontrará seu rimo, sua rima
Ou avançará mais na vida que me redima,
Mas os dados saltitam buscando prumo...

Neste jogo que jogo o risco é o que corro,
Corra eu pra onde correr, onde for o show,
Onde a ferida ainda dói, onde a faca pegou,
Ou onde nunca há de doer, e disso eu discorro,

Quando digo que os dados foram à mesa lançados,
E um novo tempo, seja como for arquitetado,
Seja como for sentenciado, pensado, imaginado,

Será um tempo em que estes meus dados lançados,
Na história do mundo, neste nosso tempo vivenciado,
Trará canções deste aprendiz, e seu Mestre Amado.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Canção pra Diva

Hoje, agora a pouco, me perguntei assustado:
Que é que eu vou escrever, do que dizer no poema,
O que o dia me reserva, que realmente valha a pena,
Escrever, alguém ler, os de hoje versos versados?

O que me assusta, enternece, afasta e cativa,
Brilha em toda a natureza, por todo tipo de lugar,
Acende as cores das tochas que vem em mim laborar,
É a gentileza e generosidade que tem a Diva!

Ao contrário do que por vezes se pensa,
A Diva "não se gasta" de tanto se contatar,
Mas quanto mais, mais o contato faz criar,

E me lançar neste mar de ondas intensas,
Me permite a gratidão, exercício de lembrar,
De onde vem a canção, quem é Seu Titular.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sentir o mundo

Re-conhecendo o mundo, todos os dias,
Re-vendo coisas, que apesar de desgastadas,
Pelo tempo, e vezes e vezes re-visitadas,
Velhas coisas se renovam pela alegria.

Se renovam pelo compromisso de seguir,
O caminho, tão triste, tão cheio de esperança
Feito uma terna e surpreendente criança,
Dizendo o inesperado, voo de colibri.

Assim, apesar da dor e do medo do inusitado,
Seguirei rumo ao pantanoso caminho à frente,
Como antes os evangélicos, se diziam crentes,

Creio na superação da tolice que é o pecado,
A insensatez de fazer por não conhecer da gente,
O de cada um re-conhecer como o mundo sente...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Tantos embalos

Minh'alma voou seu voo de regresso,
Antes até do que eu peço, que deveria,
Mas neste dia, com esta melodia,
Meu condão se desfez e novo me teço...

E me remexo pelo que invento enquanto amo,
Enquanto chamo a mim na que me bem quer,
E vejo o sensacional porvir que o futuro trouxer,
No galope da candura que o som mais puro eu clamo.

Pra que nos venha a inspiração ancestral,
Que geme nas gambas tremendo abalo,
Que verte Violas e toques como o canto do galo,

Quem ouve, não sabe de onde, só que é normal,
Cantamos o que já escutamos claro como o que falo,
Que nos conhecemos, e tocamos já tantos embalos...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Passarinhos e existência

O Pixorolê quase comeu em minha mão!
Tamanha a proximidade de seu movimento,
Tamanha a alegria de meu contentamento,
Tanta foi a algazarra que gritou meu coração!

Gritou, e o passarinho se foi na manhã,
Como um novo rumo do vento no infinito,
(Vento e passarinho tem medo de grito,)
E meu Pixorolê, sem dar "voi", saudade vilã...

Saudade do que só imaginei, seu biquinho,
Comendo em minha mão, cena Franciscana,
Pureza primordial, que à alma não engana...

E eu ia quase ficando triste, acabrunhado, mesquinho,
Quando o amarelo transcendente do Bem-te-vi,
Me lembrou do que os passarinhos representam pro existir...

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Tu-Pi

Canto, afinal não sou mais que o som que caminha,
Tu-Pi, Som em pé, Verbo em movimento,
Energia que observa, e intervém no curso do vento,
Canção mais antiga e definitiva que qualquer outra minha...

E minha Viola me toca,
Arrancando-me suspiros/acordes,
Enquanto esta memória, com mãos rápidas e fortes,
Com seus Tambores de Santo, aos Santos invoca!

E pra que nos atentemos, agora, urge,
Que nos acordemos com os acordes, de acordo,
E nos encantemos com os ancestrais acordos,

Porque nosso canto coletivo re-surge,
Nossa canção de nos reconhecermos, agora, aqui,
Filhos de todos os sons, herdeiros Tupis.

domingo, 14 de abril de 2013

O escondido

Em meu caminho tenho ido por vielas,
Muitas vezes escuras, muitas vezes sombrias,
Muitas vezes escusas, de maldade clara e fria,
Mas em todas eu só quis saber como era trilhá-las...

Algumas vezes também entro em ruelas,
Onde a claridade assusta quem vem das sombras,
Onde a areia se limpa com a vinda das ondas,
E o meu  coração se enche de Amor só por estar nelas...

Mas na maior parte das vezes sigo a velha trilha,
Gado que marcha rumo ao pasto conhecido,
Formiga que caminha o trilheiro permitido,

Porque na estrada, esta caminhada é uma ilha,
Onde nos mantemos longe da água do desconhecido,
Viva a água libertadora das vielas e ruelas, o escondido!

sábado, 13 de abril de 2013

Beleza e talento.

No vento no galho da pitangueira, eu vi,
Um lagarto verde com olhar interessado e astuto,
Para a brisa nas flores de mirra, encanto absoluto,
Perfume, cores, movimento, graça, tudo ali.

E vem de lá os periquitos enquanto é dia,
Numa zoada forte, que destrói os paradigmas,
E desacredita os pretensiosos e seus estigmas
Só pela crença na importância da alegria.

Assim, eu vertente de mim mesmo, outro rio,
Me rio, me choro, me ausento enquanto tento
Pra ser perfeitamente presente à precisão do alento.

Que vem de ver um fim de tarde no vazio,
Tempo de Luz que se abranda, estar dentro,
De si, cada um, encontrar com beleza e talento.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Namoramento

Vi flores novas, em velhos canteiros,
Nas beiras dos caminhos onde suspiravam,
Casais de namorados velhos, em gorjeios,
De namoramento antigo, se re-namoravam.

Namoramento é quando o encontro da gente,
Se encontra perdido, sem sentido de pensamento,
Como um vento que vira sobre o chão quente,
Como um navio singrando o asfalto cinzento,

Mas com a suavidade que consegue ter a água,
Quando recém-nascida, na grota, burburinho,
Ou como um beija-flor, que ao peso apaga,

Com sua prática de leveza, seu voo mansinho,
No ar, seu Pai, que a todo ser vivente afaga,
Que o nosso namoramento nos permita o carinho.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Minha corrida

Como fica minha corrida,
Desde agora até o tempo que for necessário,
Pra me encontrar com o receptáculo do Tesouro da Vida,
Pra ser de novo profícuo dignatário,
Sem que seja necessário ascender o incensário,
E me sejam feitos reconhecimentos pela vida sofrida,
E a boa intenção de que me valho?


Corro como quem quer encontrar a saída,
Como quem procura por todo lado o agasalho,
Na noite fria em tudo que vejo é toda esperança perdida,
É todo calor escondido e trancado num pesado armário,
E quem quisesse usar, teria que ser cadastrado num inventário!
Mas afinal, pra que serve a vida,
Se não pra quebrar o mal com a suavidade e o Amor do malho?

Tudo que sei,
é que não me furto o direito de continuar minha corrida...

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Viagem

E se vou, e se faço, e se me entrego,
Ou volto e venho, e solto ou passo,
Ou me deixo na correnteza do cansaço,
Em cada pedacinho destes pesos que carrego.

E se permito o badalar do vento no infinito,
Do meu corpo, onde os sininhos mensageiros,
Cantam esta canção de sons passageiros,
Na própria canção, o que é que será definido?

Então, como não sei se fico ou se me deixo ficar,
Embarco sem sombra de dúvida quando o navio
Se aproximando do porto, apitos e assobios,

Ou deixando o porto rumo aos desafios do mar,
Na primeira hora embarcar, e me entregar ao fio,
Das águas, dos mares de calores e grandes frios!

terça-feira, 9 de abril de 2013

Nos dera

O meu mérito é curto,
E, se esmerilha...
Como um carretel do absurdo,
Que aqui se descarrilha!

O meu cabidel é um insulto,
Como fosse guerrilha,
Contra general estunto,
Que não agrega e se ilha...

A guerra ideal é a que só se anuncia,
Que não sai da régua,
Que a si mesmo nega,

E desaparece sob o Manto da Virgem, que um dia,
Numa velha terra,
Sua Luz nos dera!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Meu coração

Que faço eu, hoje, que a sorte me lambeu,
Que o ocaso lançou sua rede e me deu
Esperanças, que o eu criança ávido comeu,
Fome de tanto tempo, que nem sabe como viveu.

Que faço este que sou mar que vem e vai,
Sopa de tantas formas de vida, tudo que ecoa,
Caminha, rasteja, festeja, vida sua e minha, voa,
Pelos ares e águas, Amor de mãe e pai...

Que faço eu, menino confuso, com medo e mágoa,
Numa hora sem o mar passar do umbigo, pé no chão,
Noutra sem temer perigos, além da arrebentação,

Que faço eu, sonhador nadando em infinitas águas
Prato de ágate, onde deposito apreço e opinião.
Sagrado receptáculo a que chamo meu coração.

domingo, 7 de abril de 2013

O caminho do trono

Este meu dileto amigo, o senhor vento,
Passando por este escritório não respeitou
Papéis por sobre a mesa, os derrubou,
E sobre meu café, cinzas... que desalento....

Esta senhora, a mim muito querida, a claridade,
Me acordou pela manhã quando ainda,
Sentia os efeitos da noite mal-dormida,
Só pra me chamar pra enfrentar a realidade...

E a chuva então, que tirou de minha boca,
Com seus pingos frescos, o gosto do sono,
Que saboreava enquanto pensava que era dono,

Da terra, de todo alimento, do sapato, da toca,
Que nos foi deixado quando viemos ao abandono,
De ter que vencer a dor sentida pra chegar ao trono!

sábado, 6 de abril de 2013

Que nem se diga

... Mas me escapa a razão de parar.
Nada, nem nunca houve alguém alado,
Que ventasse a vida, e assim ainda ao lado,
Que nem aquele velho, filho da areia com o mar...

Ou este velho, que faço estes alfarrábios,
Como uma conta de contas coloridas,
Como um unguento pra todas as feridas...
Sou um velho que sonha um dia ser sábio.

Nasci velho, e já em bem tenra idade,
Sabia que sabia do que ainda nem sonhava,
Ainda que em sonho por vezes aparentava,
Que até em meu sem saber havia claridade.

Eu ainda era menino e já parava, por nada
Num canto escuro e claro, como o infinito,
Pra buscar o ar, inspiração, de um grito,
Que chamaria velhas experiências, re-visitadas.

Desde o começo que tudo sempre foi um caleidoscópio:
Sem fim de cores e belezas, sem nenhum ordenamento,
Toda a inspiração e nenhum anterior procedimento,

Que me passasse por sobre a dor, e que o estetoscópio,
Só ouvisse de meu coração sua batida de contentamento,
Acompanhando uma minha canção, pr'alma alimento.

E o mar, este mesmo mar que me trouxe de ares distantes,
Cantou-me importantes acordes da canção mais antiga,
Soprou sua flauta de corais, e se ouvia ondas na cantiga,

E me pediu que me lembrasse sempre, depois, agora, antes,
Que eu sempre terei por perto sua mão forte e amiga,
E que eu mesmo sou um inteiro feito de partes que nem se diga.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Enrede em Deus

Quando penso no que preciso, digo, 
"Quase passo", quase piro, quase solto,
A mão da corda que envolve o pescoço,
E deixo o fundo do poço encontrar-se comigo...

Quando penso no que vasculha minh'alma,
Meu alter/eu, involuntário como uma pomba,
Que voa solitária, inexata e lenta bomba,
Indo de encontro ao Palácio da perdida calma!

Assim sou eu, ou sinto sintético e sintático,
Como um saco preto que envolve quem morreu
Ou um suave enrede que ao fim se deu,

Que será quando nossa alma viverá o desfrute tático,
Conhecido em algumas paragens como o que sucedeu,
Minh'alma deitada na rede do Repouso em Deus..

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Harmonia nesta terra

O Bem-te-vi e o Pixorolê cantaram, logo ali,
Numa alegria que motiva a este aqui lembrar,
Que depois de toda a noite, a Luz enche o ar,
E nos sacia a sede de conhecer e sentir...

Em todas as palavras existentes, só gratidão,
Perfuram os vazares das agulhas que incomodam
Caminhos dos coseres que meus sensos bordam
Na imensidão do tecido que produz meu coração...

Na vazante do rio do mangue em amor com o mar,
Nas idas e vindas que fecundam nas águas e nas serras,
Em tudo que nada, caminha ou voa, n'alma encerra,

As cores todas do mundo, onde o olhar avistar,
As árvores no bosque do mundo, onde a Paz berra,
Seu sussurro de perfeição, tão em harmonia nesta terra.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Do que nos habita, do invisível!

Cumprir com minha responsabilidade,
As que eu mesmo me dei, na sensabência,
Como o inocente faz santamente indecências,
Eu assumi, quem sabe, algo de maior idade?

Mas, no que isto me faz um pouco menos responsável?
O passo a ser dado é o passo além do possível.
Um voo no espaço do eminente tangível,
Um capricho inesperado do Construtor do Imponderável!

É hoje, e aqui, que faremos a construção
Da verdade insuprimível,
Para além do simplesmente aprazível,

Pra que um posse eu ser são,
Como o pássaro terrível,
Que nos habita no invisível!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Lastrando meus ares

Sou como uma visão de mim, na neblina,
Quando meus olhos não me veem, e me admiram,
Feito um sonho que minhas tristes vistas já viram,
Em que, sem caminhar, dobrava todas as esquinas...

Sou uma espécie especial de simplório ordinário,
Uma que se sonha farrabeiras, sondácia, inventiva,
Se vê nas capas de alfarrábicas e exóticas narrativas,
Se lambuza da audácia que nos enche o imaginário...

Assim caminho aqui estes meus caminhos,
Como buscasse acariciar estrelas, ventos lunares,
Como buscasse eu vê-las como seres/altares,

Onde saciaremos nossa vontade do novo, novinho...
Meu desejo de que neste caminho, os meus calcanhares,
Sejam o toque do concreto, e que lastrem meus ares...

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Neste dia

Eu vi o risco que corria, e ainda assim,
Segui como um vassalo da sombra, na Luz,
Do Sol, da Lua e no céu, onde cada Estrela reluz,
A Luz do mais alto, e onde tudo terá fim!

Ali olhei os estranhos rabiscos que desenhou,
Esquemas e indicações do caminho que é forte,
Como um passarinho do Sul, vivendo no norte,
Naquele terreiro claro, de noite galo contou,

E vendo tudo que vi tive muito medo,
Como um Curiango preso na Luz do dia,
Como um Carcará sem fome, fazendo acrobacias,

Assim escreveremos nós um novo enredo:
Histórias de maldição, Bendição, simpatia,
Memórias dos riscos vistos, agora, neste dia!