sábado, 12 de maio de 2012

Gênesis

Nas árvores que há tanto tempo fizeram a vida
Eu estava, meu ser, meus inícios, meus carbonos
Estavam lá onde se firmavam meus abonos
E se sentiam meretrícios sem culpas ou feridas

Mas antes mesmo de tais árvores, nas gramas,
Nas lamas da terra fecunda gerando capins,
Assim, estava eu em minha essência sem saber de mim
Parado, saltando o viver antes das mamas.

E ainda antes das gramas, estavam meus fundamentais
Estavam minhas bactérias espremendo dos minérios
Sorrisos de movimento em seu inerte tão sério
Num tempo antes do tempo e antes dos ais

Mas, por incrível que pareça, antes de ser terra
Que floresceu em simples vida transmutada
Que na noite escura fez radiante e luminosa alvorada
Era eu o espírito solto que o movimento desemperra.

E antes da tristeza destes olhos meus,
Antes do tudo que ao infinito encantava
Quando era muda a sinfonia do nada
Vagava entre abismos o que chamamos Deus.

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