quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Um canto passarim de amor

Vim aqui hoje pra cantar um canto dos "passarins",
Canto de vindoura alegria
Solta, leve, transparente, amarela ou carmim,
Que se estende pela linha dos dias
Pela régua das fontes,
Que água antes,
Depois, barro na frontes da minha bizarria,
Se fez canto deles,
Seres alados pela Divina Alforria.

Vim hoje aqui cantar como quem pede desculpas,
Pela insistente poesia.

Vim aqui hoje cantar como quem examina com lupas,
A própria letargia,
E nada vê além do que parece dolorosa alergia,
A não compor,
A não cantar,
Anão que sou neste dispor,
De mim, do que parece apontar
Minh'alma de pequeneza insignificância.

Vim aqui hoje como quem não queria vir,
Como quem só vinha pra comer,
Como alguém que não queria jogar,
Apenas se sentar,
E assistir.

Mas vim, porque o tremer da pena se fez notar,
No cheiro que exalava, no suor,
Da tremedeira que passei a fazer vibrar,
Quando sem a esperança, em mim, a ferver,
(na ponta da minha língua a se amortecer),
Fiquei sem escrever, o que não sei dizer píor ou melhor.

E aí, vim aqui hoje pra poder soltar
Este canto incansável,
Que em meu peito irrelatável,
Está sempre a soar.

Vim aqui hoje pra compor este canto sem forma,
O que de toda forma, espanto, receio ou torpor,
É do meu jeito sem jeito e estabanado,
Um canto que olhando com cuidado,
Procurando nos meios e nos cantinhos: um canto de amor.
 

Um comentário: