quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Quem?

E eu então, que já passei pelos dias,
Que já vi as naus de guerra, fazendo dor,
Fazendo frio, calafrios, medos, prantos, suor,
Suando a velocidade com que morria a alegria?

E eu, militante ancestral da memória,
Que também vi as dores dos prantos,
E ainda me percebi perdido pelos cantos,
Quando nada mais fazia sucesso ou glória?

Que dizer de mim, vagante das vagas,
Nas canoas em que as espumas passavam,
Nos cantos em que os peixes se amontoavam,
E o medo do infinito sob os pés chegava?

Qual o meu pecado,
Qual a minha paga?

Que poderá acontecer comigo,
Depois de tudo que vem sendo,
Depois de tanta peleja eu perdendo,
Ou vencendo, como ser meu amigo?

Como me encontrar com as bocas beijadas,
Com as mãos calejadas e laboriosas,
Que pedem, sucedem, plantam as rosas,
Dos canteiros que cercam a minha jornada?

Quem serei eu, meu companheiro,
Quem estava e está agora, nesta caminhada,
Quem comigo desbravou e desbrava esta estrada,
Em que vou me procurando, aos poucos, inteiro?

2 comentários:

  1. Eita, esse blog tá lindo mesmo. E cheio de versos profundos.

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    1. Grato querido! Vamos inaugurar uma seção que chamaremos "Poesia Convidada". O Senhor é nosso convidade de honra....

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