quarta-feira, 12 de março de 2014

Sem fim



Porque será que, se me alegro,
Me empanturro, me caustico e casmurro
De ter sempre esperança de afagos onde murros,
Ter insuspeitados amassos e berros,
E seguir sendo aldeão de dentro dos muros?

A quem será que curo,
Quando busco remédios e erros,
Onde o Amor da Vaca por seu bezerro,
Seja o Amor que em mim procuro,
Seja o pão que de meu peito exalo?

A que Deus afinal eu venero,
Se o que faço, o que peço, o que caço,
O que permito em meu ser de valor escasso,
O vão de pouco, que ainda degenero,
Seja meu chão me afastando do espaço?

Se sou passarim, que voe,
O que tão lindo,
Me vem do peito,
De um jeito,
Sorrindo,
Sem fim.

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