segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Flor tecer

Detalhe do bordado de Aldinéia

São sempre tantas lidas,
tantas lambidas de mãe,
de instantes de feras arrefecidas,
de naves lembradas,
em cantigas antigas,
em sonetos, modinhas,
marolas, mandingas,
miragens mais novas e lambidas...

Quem é o que vê, e o que é visto, na miragem?
Quem sabe quem esta, quem vê,
de que lado da paisagem?

O espelho reflete sua imagem?
Quem saberá, de fato?

Canta o vendedor de doces sua
cantilena azulada, fria e encalorada,
nas tardes onde a hera sobe o muro,
e o horizonte é inspiração, fervura e apuro,
na preparação da vida que a madrugada crua
é canto mudo, cão de desabsurdos falando de nada...

No vento ainda se escuta o andar de sapatos,
o ventar dos carros,
como fossem quem fizessem o movimento
onde o tudo o mostrasse ser insensato
fosse o que eles levassem por dentro...
Ah! Os carros...

Ah!, estes olhos de nem ver,
pensar que ver,
que tudo pensa ver
e o que não pensa,
em pouco tempo pensa,
e tudo flores ser, flores sendo..
Em tudo cantigar, em cada flor tecer.

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