sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Ecos antepassados


Estava estes dias ouvindo vozes distantes, lumes,
de uma língua, havida no Chile ancestral
que se inventava à cada palavra
que na emoção que o botão de flor causava,
o dizente, com a Força, em ligação umbilical,
se contorcia nos sons de um magnimorial perfume...

Ou de uma hortelância sentida no gosto
do abacaxi em suco, mexericas de sumo
fazendo dos dedos escárdios cheirantes
ou Saíras fazendo eco-espetaculares rasantes,
só pra exibir suas cores de infinência e resumo,
e soprar as velas e se sentar aos pés do oposto.

As vozes de tantas delicadas vozes de nossas Américas.
Tão brutalmente caladas.
Como se nunca tivessem soado.

Que meu canto, pobre de mais pobre dos cantos,
possa de seu tosco modo entoar
um canto pelos que já sem canto,
e inventivas vidas embebidas do criativo encanto,
nestas Américas possamos de novo gerar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário