quarta-feira, 9 de setembro de 2015

As pretas e a água

Debret: Negra tatuada vendendo cajus, 1827

A rampa do bica,
do poço, neste sonho,
a pretinha de olho tristonho
carregando água e cantiga...

Vergonha repetida,
como normal, criança
preta desesperança,
desde nova sua lida...

E o desdém, e a ferida,
não fera só a menina,
fere o tempo e nossa sina,

e a bonita rampa, sentida,
mais que água traz,
o que havemos de nunca mais...

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