quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quem é poeta?

Um amigo, ao lhe contarem que eu tinha feito uns versos
Se indignou, e disse com a força de quem se espanta:
E é poeta este arrebatado e desajustado sacripanta?
Pode ele se arvorar a juntar palavras, o perverso?

Sua indignação era justa e razoável, delicada e genuína!
Que eu seria por acaso desmiolado a ponto de me proclamar,
Do ofício mais Divino, mais cretino sendo eu a me chamar
Pelo nome que se dá a quem acalma as feras e encanta as meninas?

Não, não mesmo. Nunca me daria este nome pelo peso que sei que tem
Pelo arroubo que nunca convém a quem sabe do valor da vida discreta
Pra quem diz sempre o que se pede, e retrocede, e aceita ser amém,

Não ousaria ser um insensato a descer a cascata de bicicleta
Tentando rimas por todos os rumos em frases que não valem vintém
Na penúria que me trinca a vida, que me inclina à pergunta: Quem é poeta?

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