sexta-feira, 22 de junho de 2012

De dentro

E assim, pulei por sobre os ventos,
Meu passo,além de tudo que é rápido,
É incauto e destemido,
Como fosse um cão foragido,
Como fosse o ar em movimento,
Um sopro sonolento e cálido.

E ao pulá-lo, trôpego, me firmei,
Nas escoras das colunas de ar,
Que sustentam as abóbodas do Tempo,
Onde ancestrais abades celebram sem parar,
O que mais, motivado pela fé, sonhei,
Quando em idos tempos atravessava o mar
Buscando uma forma qualquer de alento...

Desde lá, tento, tento...
E se quando tudo passar,
E só quando findo todo o mar,
Tudo virá de dentro...

2 comentários:

  1. Oi Chico.
    Bonito poema. Imagens fortes, tão cheias de ânimo que poderiam levar o personagem a tomar seu destino nas mãos. Mas ele prefere ser regido pela fé e esperar que o "tudo" venha num futuro muito distante. Mesmo achando contraditório, goste.

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    1. Grato querido. A contradição é fundamental neste tempo do poema, que é um tempo de antes e depois, simultâneamente. E o personagem sou eu mesmo, vivendo ao mesmo tempo a marcha e a espera!

      Que agora,
      tudo passará,
      e tudo raiará
      na tão antiga aurora...

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