quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O que?

Seguro em meu peito, em minha boca o desfecho
Da pergunta que não se cala mesmo quando
Eu não a permito, e com todas as forças mando
Que se vá, vã e volátil angústia que não me deixo...

Se neste meu apuro, sopro de ventanias velejo,
Subindo por fim o Tejo, pra chegar ao mar sem fim
Quem serei eu que me vejo nestes atos, quem é "mim"?
Quem é o que fui, o que me constitui, e ao me pejo?

E ainda mais grotesco e delicado: o que sou agora,
Quando o vento sopra as cordas desta minha Viola,
Em que me encanto com esta leveza, que me consola?

Quem é este que aqui escreve e canta contando as horas,
E mesmo com toda dor a todos se apresenta alegre e gabola,
Mas que por dentro se assemelha ao viramundo pedindo esmola?

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