sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O Real

E nos cantos, de tudo, habita o que é mudo,
O que não se fala, nem se cala,
Nas lidas cansadas destas estradas,
Deste nosso mundo...
E isso, hoje, nem mais me abala!

Pois que eu, viajante de roupas sujas,
Das poeiras que se depositam,
Nas beiras das bordas do que visto,
É o que, absoluto!, me habito, vejam,
Eu, não mais que o velho das cujas,

O velho das águas que se passaram por baixo,
De tantas pontes, de tantas troças,
Naquela infinita poça em que se represou,
Os carinhos de todas aquelas moças,
Onde por amor, prazer, deleite, tudo me fiou,
E me ficou como o lugar onde me encaixo!

Mas sei, antes, desta grande jornada,
É que, se o finito mancha o sublime,
O real resiste nos cantos de cada ato inusitado,
E marca meus cantos com a dor  por mim arcada,
Que a mim e a nós redime,
Pelo Amor do que nos foi passado!

Nenhum comentário:

Postar um comentário