quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os dois lados da Porta da Vida

A Poesia se mete em qualquer lugar, no meu peito.
É a única que pode realmente fazer isto.
Não respeita meus fios de barba branca, minha feiura,
Meu indisfarçável mau humor que parece não ter jeito,
Meu calo, meu corte, meu abalo, meu quisto,
Minha cansada hora, meu desgaste com a pequenez da minha usura...

Eu me canso de mim com a facilidade de um suspiro.
Me levanto, inda assim, como se o mundo pelejasse,
Numa batalha tremenda, tiros, suspiros, alívios, explosões,
Dualidades da vida em que me desbasto e me viro,
Como se tudo que faço nunca, nunca bastasse,
E o meu mais útil estado fosse o de não ser, pra não ter confusões....

Mas de novo me levanto, porque o caminho pede,
A estrada chama, o dever, que devo, ainda clama,
E não posso suspender a caminhada por meu gosto,
Então, o que é mais sensato em mim sempre cede,
E vou tenteando minha entrega final à Sagrada Chama,
Que ao sono sem fim da inatividade promete me deixar exposto...

E a Poesia, incauta incubadora de senões,
Diz que não há inatividade de nenhum dos dois lados da Porta da Vida.
E eu peço que abra as compreensões,
Inclusive a deste analfabeto da grande Ciência da lida!

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