terça-feira, 8 de outubro de 2013

Mundo admirável



Em minhas próprias mãos me moldo,
Oleiro de minhas atitudes, minhas crenças,
Minhas sopradas venturas e crianças,
Minhas antiquadas danças, de meus ferros, me soldo.

Em meus próprios pés eu me caminho,
Como não houvesse outro possível sentido,
Em cada parte do infame, do nunca assistido,
Em meus pés descalços, chego ao mundo todinho,

Com meus próprios versos, eu me canto,
Como não houvesse outro som que fosse possível,
Como o infinito todo não se deitasse, risível...

Com minha água me bebo, golfando de espanto,
Com meu ar me respiro, concentrando o inconcentrável,
Com tudo que sou e sinto, percebo-me mundo admirável


Um comentário:

  1. Percebo em seus poemas uma articulação de pensamento e palavras, imagens que o aproximam do quinhentista, o poeta aventureiro dos Lusíadas que certa vez, de um naufrágio escapou (com seus versos a salvo) nadando até a praia. Ficou conhecido como Luiz de Camões e gostava de compor em sonetos.

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