Sofia Laranjo |
A Poesia por vezes me toma a alma,
E nela geme a força e a frieza do destino,
E eu assustado, incauto e levado menino,
Assisto como quem nunca tivesse tido calma.
E me pergunto como ter calma, preso a fios?
Como ter alma na medula, nos pés, nas mãos,
Quando o cutilar dos aços aponta longe do chão
E os cães e os bargaços se agarram aos navios?
Como respirar normalmente quando o novo venta,
Nas ventas do povo que nos construímos errantes?
Pois que o inaudito nunca dura mais que instantes,
E nunca se acaba, voa pra aquém das abas lentas,
Deste meu chapéu de céu, eu e a Poesia, Sol escaldante,
Ambos na sombra, onde lambemos a lombra deste instante.
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