quinta-feira, 24 de abril de 2014

Canto despermitido



Desenho de Camilo Solano

Eu então apenas sorria,
Feito um pato n'água,
Vento frio desfazendo névoas,
E, meu peito, só doía.

Sorrir era ao mesmo tempo,
Ferida e ferinte, eu, desmedido,
Eu próprio feridor, e de dor ferido,
Cantando pra desdoer por dentro,

Cantando por fora, pra quem escute,
Gralha no azul do céu de pinhas,
Antes que aqui quisesse ser a terra das vinhas,

Cantei sem pensar além, só no meu desfrute
Pois, antes que o Sol plantasse vida nas plantinhas,
Eu amanhecia sorrindo de minhas cantorias.

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