quarta-feira, 30 de abril de 2014

Minha casa




Remo meus rumos, meu barco largo,
Meu remo parco,
Minha sina de cachoeiras e corredeiras,
(Qual é a força que faz a água subir, pra depois descer ladeiras?)

Bato as asas como um morcego surdo.
Sigo cantando mudo,
Vasto como um Beija-Flor miúdo,
(Seria voar como nadar neste oceano de ar de tamanho absurdo?)

Passarim que nada, e voa, me fiz
Como um gentil vilarejo cheiroso,
Seus cheiros de flores, lenha no fogão de gostos,

Nunca quero negar o carinho que quis,
Sei, que me encontro nos encantos do vento,
E sinto que minha casa é fonte de vida se vertendo.

3 comentários:

  1. "Bato as asas como um morcego surdo.
    Sigo cantando mudo,..."
    É muita poesia!

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  2. "Remo meus rumos, meu barco largo,
    Meu remo parco," - riqueza no uso das aliterações e assonâncias, uma musicalidade que lembra Cecília Meireles e Fernando Pessoa. Sempre leio e cada vez mais admiro o trabalho deste grande poeta Chico Nogueira.

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