sábado, 19 de julho de 2014

E eu sigo vendo

foto ClaudioBP
Eu nem era tanto, nem nunca, nem nada,
eu apenas vagava vazio feito matinas,
feito infante do instante de amar colinas,
voante sopro do ínfimo, íntimo da passarada,

que passou por mim ventando, e inda passa,
e linda Sarça que arde por si, criança de fogo,
de pouco em pouco se dá nos muitos papocos,
que do sufoco de sermos este nosso ser, nos refaça,

e o que hora chamo de eu, nunca, hoje, sigo,
afável como a mãe Leoa com seu filhinho,
adorável como leite quente que internaliza o ninho,

e o vento das ventanias, de cenas que lembram castigo,
são na verdade a exuberância que o movimento
por si faz, e re-faz, e desfaz, e eu sigo vendo.

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