sábado, 4 de janeiro de 2014

O mais cortante aço




Eu canto, canto, e este meu peito,
Nem diz mesmo do que sinto tanto,
Do que espasmo, espaço, intento,
E no entanto, só deste canto enfeito,

Meu jeito, de inconstância e pranto,
De alegria e trejeitos, de caras e vastos,
Pastos, florestas, vãos, arestas onde castos,
Monges em busca de prazer nos cantos.

E em tudo em que corro e deito,
Coração, feito maldade de confeito
Nada vê sem seus olhos de defeitos,

Eu mesmo, meu inefasto espaço
Onde sou o que posso, e me faço,
Carne mole feito o mais cortante aço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário